Narrado por Oliver.
— Você é inacreditável! — eu não poderia gritar mais alto. A sala de descanso ficava aberta a partir das nove da manhã, então decidi ir para lá e ligar para Noah enquanto ele provavelmente estaria na escola.
Suponho que vocês devam ter pensado que as letras que enviei a ele foram um SQN, VSF ou até mesmo um NÃO, bem, elas, na verdade, foram um simples SIM. Eu sei, eu sou um idiota com "I" maiúsculo por isso, mas desde que peguei Noah com aquele garoto, nem mesmo uma vez, tivemos uma conversa. Eu absolutamente não quero voltar com ele, eu só quero acabar com qualquer chance que ele pensa que tem em voltarmos e por um ponto final de uma vez na nossa história, quer dizer, nesse conto de terror que eu cai.
— Eu sei, está bem. — Noah gritou de volta. — A tentação é mais forte que o amor, você sabe disso!
— Você estava fazendo sexo, Noah, com um cara que você mal conheceu! E nem mesmo é por isso, eu pensei que estivéssemos juntos! Mas acho que esse não é um detalhe relevante, né?
— Nós estamos... estávamos, sei lá, só por favor, conversa comigo! — a voz suplicante de Noah machucava os meus ouvidos pelo telefone.
— Eu já estou conversando. Sabe, eu passei à noite toda sentado num quarto de hospital com Jake, chorando até os meus olhos estarem inchados e você realmente acha que eu pensei em você? Esqueceu o que você fez? A única coisa que eu tenho pensado é em Jake e embora ele seja irritante, pegajoso e simplesmente doido, você nunca vai significar mais para mim do que ele. Então, grava isso na sua cabeça, eu não te quero mais, me esqueça Noah. Faz de conta que você nunca me conheceu, ah, espera... você já fez isso. Só perca o meu número, isso foi bom enquanto durou, mas acho que você nem mesmo se importa, né? Afinal, comeu o primeiro que apareceu. Só me esqueça Noah! — com isso, desliguei na cara dele.
Senhor, de onde veio tudo isso? Mas isso foi bom, falei tudo o que estava preso aqui dentro.
Jake havia adormecido às quatro da manhã da noite anterior. Depois que me manteve perto enquanto assistíamos um filme de Natal no seu notebook. Assistir esse filme com ele, me fez pensar nas coisas pelas quais eu deveria ser grato. Como eu deveria ser grato por Jake ainda ser capaz de assistir filmes comigo e, como eu deveria ser grato por estarmos os dois vivos, claro, o meu pai morreu quando eu ainda era criança, mas isso não significa que eu não deva ser grato a ele também. Ele deu-me a vida juntamente com minha maravilhosa mãe, quem eu sou absolutamente grato, até parece que tenho tudo o que quero como se eu fosse um rei num
palácio de ouro, mas essa não é a realidade, o mundo não gira em torno de mim. Mas agora o mundo deve girar em torno de Jake.
O seu coração é maior do que o de todo mundo e, às vezes, até mesmo mais. Jake é tão bondoso e eu ainda continuo a tirar proveito disso. Talvez isso seja errado. Bem, perder Noah me machucou, especialmente vê-lo completamente nu, fazendo sexo com outro cara. Mas se eu perdesse Jake, eu perderia a minha sanidade!
— Oliver Riley? — uma voz soou atrás de mim. Era uma das enfermeiras do andar de Jake.
— Sim? — me virei não muito rápido para não parecer suspeito, quer dizer, eu estava na sala de descanso dos empregados.
— Tomando um ar? — ela sentou-se num sofá branco e deu um tapinha no assento ao seu lado. Ela era uma senhora de meia-idade com um sorriso acolhedor.
— Sim... — quando me sentei, ela abriu uma pasta na minha frente. — O que é isso?
— Os arquivos de Jacob e também o seu diagnóstico dele. Oliver, você pode me dizer qual é a relação entre você e Jacob?
— Hum... — senti o meu rosto esquentar com a sua pergunta. Que jeito de colocar-me no lugar, droga! — Ele... ele é meu namorado... acho? — desviei o meu olhar, o calor no meu rosto apenas aumentou.
— Isso é adorável. — a mulher falou, o sorriso no seu rosto apenas cresceu. — Ouvi os pais dele dizendo que ele tem muito fascínio por você.
— Ouviu? — sorri de volta para seu comentário.
— Agora... Oliver, você sabe que Jacob passará um bom tempo no hospital, né... você não tem escola? — a sua mão quente tocou as minhas costas.
— Isso... isso não importa agora, a minha única preocupação é ele.
— Mas...
— Eu vou recuperar toda a matéria que perdi com uma amiga. Mas eu sei porquê você está aqui, você quer que eu vá para casa, só
que… eu estou bem, senhora. E o dia que Jake sair por essas portas, eu também saio!
— Deus, o que há com vocês adolescentes e toda essa compaixão com o próximo. — ela riu. — Tudo bem, sendo assim, fique, querido. Só fique longe de problemas e volte de vez em quando para casa para poder descansar. As próximas semanas serão duras, especialmente nessa época do ano. Os feriados são tão cansativos. — ela sorriu. — Ah e por favor, sinta-se livre para vir para cá sempre que quiser, os sofás daqui são melhores que os dos quartos e você também pode pegar um café se quiser.
— Por que está me deixando ficar?
— O amor não é um jogo, você não pode realmente vê-lo, mas você pode senti-lo e no seu caso, querido… eu o vejo e nada deve ficar no caminho disso!
Sem outra palavra, ela saiu da sala de descanso, indo para o corredor.
Essa mulher é incrível!
***
Uma semana inteira se passou enquanto Jake continuava se recuperando. Ele estava sentado ao meu lado furiosamente apertando os seus polegares no controle do Xbox e matando zumbis na TV. Eu estava copiando a matéria que Bianca me mandou, afinal, eu não vou ter um atestado para refazer provas e trabalhos. Por sorte, não era muita matéria, mas havia um trabalho de história. As coisas entre Bianca e Hyun estavam as mil maravilhas, acho que ela finalmente achou o garoto certo.
Aiden continua foragido. E, aparentemente, desde que o seu plano falhou, ele sumiu da cidade. Cartazes com fotos dele foram espalhados por todos os arredores, e a última vez que ele foi visto foi numa cidade bem distante daqui. Bem, podemos dizer que o garoto foi rápido.
Senti Jake se mexer ao meu lado. Ele estava se sentindo bem melhor. Os pontos no seu abdômen já estavam quase cicatrizados, o que significa que não vai demorar muito até que a ferida esteja cicatrizada por completo.
— Jake, o que é um fator realmente importante na segunda revolução industrial? — perguntei, mordendo o lápis. Ok, talvez história também não seja o meu forte, mas todos nós temos os nossos pontos fracos, não é?
— Se eu soubesse, te diria. — ele continuou abusando do controle, mas olhando-me de canto de olho, vendo a minha carranca crescer. — Urgh, difícil de relaxar hoje. — ele jogou o controle para longe após pausar o jogo. Ele então se inclinou e puxou o seu notebook e começou a digitar ansiosamente, obviamente irritado por eu estar lhe incomodando.
— Obrigado, garotão. — baguncei seu cabelo, provocando e ele rosnou.
— Você é o garoto, garoto. Sou mais velho que você, agora cale a boca e me deixa te ajudar. — Jake se sentou e pegou o papel do trabalho das minhas mãos rapidamente rabiscando informações do computador. — Oliver, posso saber por que você está fazendo um trabalho de pesquisa, sendo que você não tem nada para pesquisar? — Jake quase riu, tentando manter uma expressão séria.
— Bem, eu não queria pedir para usar o seu computador...
— E por que isso? — ele animou-se, ainda escrevendo algo.
— Porque eu não quero que sinta que a escola é uma preocupação agora e o computador é seu. — ele zombou.
— Tudo o que é meu é seu, idiota. Sabe, isso é um lance de namorados, não é?
— Bem… — hora de mudar de assunto. — Eu sei o que é meu.
— Hm e o que é seu? — inclinei-me e beijei os seus lábios macios, arrastando as minhas mãos pelas suas costas até o seu cabelo, puxando-o suavemente. Ele queria mais do que o beijo suave que lhe dei, mas puxei a sua cabeça para trás pelos cabelos e olhei para seu rosto.
— Tenho um trabalho para terminar e você tem o seu jogo. — brinquei com uma risadinha, ouvindo-o suspirar em derrota.
— Tudo bem… por enquanto, mas isso não acabou, tá ouvindo, Riley.
— Tá, tá... — mão conseguia tirar o sorriso do meu rosto e nem ele. Ele pegou o controle e voltou a jogar o seu jogo como quando éramos crianças.
***
— Para! — gemi quando Jake me cutucou mais uma vez. Depois de outros três dias, ele havia finalmente recebido permissão para andar, mas ele ainda não conseguia andar muito bem. Me virei no sofá, enterrando o meu rosto nas almofadas. Jake me cutucou novamente.
— Vem dormir comigo, eu quero bem abraçadinho. — ele pediu, puxando a minha camiseta em direção à porta.
— É uma da manhã, eu estou com você a cada segundo do dia, por favor, me dê um pouco de paz! — bocejei novamente e puxei o cobertor por cima de mim.
— Bem, sendo assim. — Jake foi até à porta, mas não ouvi a porta se fechar. Então, pude ouvi-lo rindo enquanto rastejava de volta para o sofá. Os seus braços se envolveram em mim e eu estava sendo levantado no ar. Com medo, eu pude ver Jake ligeiramente estremecer.
— Me põem no chão! Você tá doido, vai arrebentar os pontos! — eu queria permanecer nos seus braços, mas eu estava com medo de que ele se machucasse. Mas ele continuou, o meu cobertor arrastando pelo corredor.
— Ei, da para cala a boca? Tem gente tentando dormir aqui.
Rapidamente lhe dei um tapa de leve. O seu sorriso bobo apenas aumentou, esfaqueando o meu coração. Quando foi que ele ficou assim tão... atraente? Quando chegamos no seu quarto, ele jogou-me na cama e saltou sobre ela também.
— Olha, muito melhor, não é? — Jake não conseguia parar de sorrir, ele puxou outro cobertor sobre nós, em seguida, envolvendo os seus braços quentes em volta de mim.
— Jesus, vamos morrer de insolação! — zombei.
— Que seja, contanto que citem na minha lápide que eu morri tentando se manter quente com você. Esá ótimo! — nós dois rimos simultaneamente e revirei os meus olhos.
— Eu estou realmente cansado, podemos só dormir?
— Sim. — sussurrou ele.
Então, tudo ficou um pouco quieto. Eu apenas ouvia o suave bater do seu coração contra o seu peito e as ligeiras respirações escapando do seu nariz, que logo se tornaram confortáveis.
— Oliver?
— Hm...? — murmurei, abrindo os meus olhos. Jake me olhava através da escuridão.
— Se... se eu perdesse você aquele dia, eu não seria mais capaz de viver.
— O que você está dizendo? — sussurrei.
— Quando eu ouvi o medo na sua voz no telefone, eu fiquei desesperado, pensando na situação horrível que você estava e uma coisa levou a outra e eu te imaginei morto. Eu comecei a chorar, Oliver. — a sua voz era tão calma quase como um sussurro saindo da sua boca. — Suicídio nunca é uma opção, mas se você morresse, Oli... eu também morreria. Eu só quero que saiba disso.
— Jake, isso é ridículo. — eu não conseguia acreditar em suas palavras.
— Você deve realmente pensar que eu estou brincando, mas eu sou apaixonado por você, Oliver. Esse amor por você, não me deixa nem mesmo pensar direito... literalmente. — ele riu levemente. — Eu não consigo acreditar que tudo o que aconteceu realmente aconteceu, mas eu não consigo odiar tudo isso. Se você um dia, um dia quiser me deixar... eu não vou te parar.
— Isso é novidade, mas Jake, eu não consigo te deixar, a gente construiu uma história juntos que não vai se apagar facilmente da noite pro dia.
— Espera, eu disse que não ia te parar, quis dizer que eu não ia tentar e não ia te persuadir, sabe... — ele riu levemente.
— Eu te amo. — disse calmamente, pressionando a minha testa contra a dele.
— Eu estive esperando por esse momento por mais de três anos. Eu também te amo, Oliver. Mais do que você nunca vai saber.
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