"O teto tem tantas cores diferentes", foi oque Cris pensou naquele momento. Hoje era um dia de pouco clientela, todos estavam la fora aproveitando o festival. Incluindo o seres. Poucos ficaram interessados em ficar e ler, quando tudo estava literalmente as poucas e altas la fora, e os que ficaram são antissociais conhecidos, ou pessoas que não aguentam barulhos por ter uma audição sensível. Oque é bem comum em Driel. Cris contava os tics e tacs que o relógio da biblioteca marcava em quanto olhava para o lado de fora, vendo todas as pessoas que passavam pela grande janela da biblioteca. Cris pensavam em quão diferentes eles eram, com formatos diferentes, cores diferentes, animados ou sem energia. Ele não se encaixava nesse mundo "humano" que eles viviam. Ou até mesmo no "não-humano". Cris se apoiou por completo na sua mão, sentindo seu rosto se contrair como se estivesse derretendo ao encostar. Uma das Pixies que passava tentava empurrar seu rosto para cima, que percebeu que era fútil e passou reto por ele e se juntava aos outros. Um ato verdadeiramente elogiável.
— Não vai se ajeitar mesmo? -- perguntou o pequeno Birbiri que passava pela mesa. Cris olhou para baixo e o contemplou por um tempo. Ele era quase a metade de seu dedo mindinho, se vestia em uma roupa bem moderna. Camisa pintada com cores que parecem aleatórias e uma mini calça jeans, camisa tinha a marca do pintor. Um estalar quase foi ouvido na cabeça de Cris. "Sirur". Um nome distante e conhecido.
— Eu sei que você me ouve! Um amigo me disse que já conversou contigo -- Gritou o Biribiri
— Do que precisa? -- perguntou Cris, acordando agora de seus pensamentos
— Antes de tudo, de que você ajeite sua posição -- Falou o biribiri com um tom irritado. Cris então ajeitou sua postura, se sentando melhor em sua cadeira e tentando levantar sua cabeça que esta pesada de sono.
— Melhor?
— Já é algo. Agora ao foco principal, eu preciso de uma recomendação de livro e uma adaptação ao meu tamanho.
— Não damos o serviço de adaptação senhor.
— Oque?
— Atualmente somente eu vejo vocês, então se eu oferecesse esse serviço, eu não dormiria de noite
— Então só me recomende um bom livro, eu procuro alguém para me ajudar com isso
— Claro senhor -- Falou Cris em quanto estendia a mão para ele subir. O biribiri então subir e levado até o ombro, onde se ajeitou e se segurou bem a camisa de Cris.
— O senhor tem nome?
— Libiro -- Respondeu "Libiro"
Cris via de canto de olho alguma das poucas pessoas o olhando, como um olhar confuso. Percebendo isso, Cris se direcionou ao canto de sempre, a parte mais ao fundo da biblioteca, a onde habitava a maior quantidade de livros antigos e fictícios.
— Ei! Eu não falei que eu queria vir aqui!
— Ficar conversando com o vento não parece normal, sabe? -- Falou Cris com um tom cansado, como se já tivesse falado isso trezentas vezes. Libiro finalmente percebeu a situação que ele se encontrava e ficou sem graça.
— Desculpa, deve ser difícil viver assim.
— Não muito, entendi melhor oque fazer nessas situações.
— Mas mesmo assim, ter que fingir que não nos vê para os outros e ainda assim tentar nos ajudar.
— Faço o meu melhor para viver normalmente. Algum gênero em comum?
— De fantasia e comedia, por favor. Mas como você vive com isso?
— Como assim?
— Como você vive vendo tantas coisas, e ainda se mantêm em pé?
O Libiro soube onde pegar, Cris não sabia ao certo oque ele fez para continuar com a sanidade intacta vendo tanta coisa assim. Algumas vezes até ele se pergunta disso. Escrever o ajudava a ignorar o terror que é ver coisas assim, sem sentido e muitas vezes horríveis, mas não acabava com a sensação de medo.
— Curiosidade talvez?
— O quê?
— Ah… Talvez eu só estou curioso sobre esse mundo, sabe? Não é algo que se vê todo dia e com certeza não é normal. Então acho que só estou curioso para ver oque vem por aí.
— hmmm -- Libiro o encarava com um olhar profundo em quanto Cris trazia um livro com uma capa estranha para Libiro. "As aventuras de Lady Boreal, e as tentadoras comidas do além" era um livro sobre uma menina chamada Boreal que gostava de comer todo tipo de coisa. Com essa paixão em mente. Ela partiu em uma aventura para comer todos os tipos de comida do mundo.
— que tal?
— Deve dar, eu acho. Pode deixar em cima do seu balcão até eu chegar com alguém?
— Claro.
Cris então voltou com Libiro para o balcão e colocou o livro no balcão e Libiro no chão. Acenando para ele em quanto ele anda para algum lugar. Cris se sentou e começou a divagar novamente em seus pensamentos, em quanto via o tempo passar por seus olhos.
Comments (0)
See all