Barton desperta de seu sono com a vibração do impacto dos gêmeos na muralha. Toda a vila está em silêncio, e os únicos sons que se pode ouvir são passos fortes e pesados vindo do buraco. Olhando ao redor, procurando o perigo, Barton percebe que a cidade está vazia, todos os cidadãos sumiram de sua vista, ao olhar para frente, vê um grande buraco feito em sua muralha, e do buraco, muitos soldados passando por ele.
- Um buraco?! - Barton se levanta rapidamente. - Como eles conseguiram isso?! - Ao falar isso, Barton vê Zack e Samuel, saindo de dentro de uma casa quebrada e indo em direção dos soldados. - Droga! Eu vou lá ajudar. - Com muita dificuldade, Barton corre na direção do exército.
Voltando para os gêmeos, Zack pousa em frente ao espadachim, e de imediato, já desembainha sua espada sem falar uma palavra, ele encara o espadachim e fica em posição de ataque.
- Garoto desonrado, você tentará me enfrentar novamente? - Diz o espadachim, olhando de cima.
- Dessa vez, lutarei pra valer.
- Então me mostre. - O espadachim desembainha sua espada e se posiciona para o combate.
Ao lado do espadachim, está o soldado com luva de ferro. Ele olha para Zack, e ri com deboche.
- HAHAHA! ONDE ESTÁ AQUELE COVARDE?
Sem aviso prévio, o homem recebe um chute de Samuel, que veio voando em sua direção. O chute é tão potente, que Samuel carrega o homem pelo ar, com o pé em seu rosto, até a muralha. O choque dos dois na muralha, cria uma grande rachadura na muralha, fazendo cair um grande pedaço da muralha.
- Eu vou acabar com você! - Diz Samuel, enquanto esmaga a cabeça do homem contra a parede.
- HAHAHAHA! ERA O QUE EU ESTAVA ESPERANDO! - O homem agarra a perna de Samuel e o choca na muralha.
O impacto é tão forte, que a rachadura antes feita por Samuel, agora se tornou um grande buraco. A dor passando pelo corpo de Samuel é intensa, todos os seus ossos doem, e vários vasos sanguíneos estouram. Mas, de um jeito monstruoso, Samuel chuta a luva de ferro na mão que agarrava sua perna, e uma pequena rachadura se forma na luva.
- O QUE?! - O homem se impressiona com a rachadura em sua luva, e arremessa Samuel para longe.
Mas Samuel se ajeita no ar e aterrissa em frente ao homem, com um pouso de super herói. O homem olha para Samuel de cima, ele fecha seu punho direito com tanta força, que a rachadura em sua luva aumenta ainda mais, com raiva nos olhos, ele desfere um soco na nuca de Samuel. O golpe atinge com força total na nuca de Samuel, mas ele já esperava por isso.
Ao sentir o metal da luva tocar em sua pele, instantaneamente ele usa toda sua energia para um potente jato de água, lançado do chão nos pés do soldado. A força da água é tão forte, que cria um grande buraco de onde saiu, a velocidade da água interrompe o soco desferido e lança o homem a 20 metros do chão.
- Acho que está na hora. - Samuel fecha seus olhos e começa a se concentrar.
"Eu preciso ser mais forte, para ficar ao lado de meu irmão até o fim. Não vou deixá-lo morrer, vou protegê-lo até o fim."
Samuel continua com um joelho no chão e seus olhos fechados, e como Zack, seu cabelo começa a se tornar água, de seu olho direito, uma lágrima de água começa a escorrer, ele abre seus olhos, e seu olho direito se transformou em uma bola de água, que escorre pelo seu rosto.
- Eu vou acabar com ele agora! - Samuel lança um jato muito forte para baixo, a força o faz voar muito mais do que imaginava. Ele passa direto pelo soldado de punhos de ferro, e sobe para mais de 40 metros de altura. - Droga! Foi demais. - Com um jato de água, Samuel ajusta seu curso e se lança na direção do homem.
Com fervor nos olhos e um sorriso malicioso, o soldado prepara um soco para o momento do impacto. Enquanto Samuel desce em direção do homem, ele repara que ele está preparado para uma batalha no ar, uma quantidade enorme de água começa a sair do corpo de Samuel, o envolvendo e sendo direcionado para seu punho, como se fosse uma grande luva de box feita de água. Os dois se aproximam mais a cada instante, a empolgação no rosto do soldado é evidente, e a expressão de determinação no rosto de Samuel é clara, os dois estão prestes a dar seu último ataque.
Samuel e o soldado ficam frente um ao outro, e nenhuma palavra é dita, apenas seus punhos se tocam, a água de Samuel se espalha por todo o ar com o impacto, criando um grande manto de água acima dos dois e com o impacto dos dois punhos, o soldado sente sua luva e seu braço se quebrando, vasos sanguíneos estouram por todo seu braço, e com a força do impacto proporcionada pelo soco de Samuel, seu braço é arrancado de seu corpo.
Aquele momento parece durar horas, o soldado de punhos de ferro se espanta, ele vê seu braço sendo arrancando aos poucos à medida que o soco de Samuel o atinge. O braço sai voando para longe e o homem não consegue falar mais nada, além de gritar de dor.
Ainda no ar, Samuel gira e agarra a cabeça do soldado com a mesma mão que arrancou o braço do mesmo, o sangue que estava em sua mão escorre pelo rosto do homem. Samuel lança um jato de água pelos pés, e os impulsiona na direção do chão. Samuel olha fixamente nos olhos do homem enquanto eles caem, o olhar de determinação ainda permanece o mesmo, e o olhar de fervor nos olhos do soldado se transformou em um olhar de pavor.
O choque dos dois é inevitável, o impacto faz todo o chão tremer, pedaços enormes do chão voam para todos os lados, e uma grande cratera é criada em volta dos dois. Com a força do impacto, o soldado não aguenta e fica inconsciente, Samuel se levanta devagar, sentindo todo seu corpo doendo e seu braço direito quebrado. Ainda ofegante, ele começa a sair da cratera com um sorriso no rosto, pois sua vitória acaba de acontecer.
Um pouco antes disso, Zack está de frente para o espadachim, o encarando.
- Então vamos começar? - Pergunta o Espadachim.
Sem dizer uma palavra, Zack corre em direção ao espadachim, com sua lâmina em mãos e determinação estampada em seu rosto. Ao se aproximar mais do espadachim, Zack usa suas chamas do pé para saltar, e no ar, ele começa a girar em uma alta velocidade.
A velocidade de Zack é tão grande, que o espadachim não consegue fazer nada além de se defender, ele levanta sua espada acima da cabeça e o choque entre as espadas ocorre. O choque é extremamente forte dessa vez, outra cratera se cria ao redor dos dois, os soldados que estavam perto observando, saem voando com a força do impacto e a muralha perto dos dois desaba. O espadachim continua a segurar a espada com todas suas forças, mas de repente, sua lâmina começa a tremer, e um pequeno rachado aparece onde a espada de Zack está se chocando. Imediatamente, o espadachim se joga para trás e sai do choque entre eles, e Zack cai no chão com a espada enfincando no chão.
- Impressionante. - O espadachim olha pra sua espada e a embainha. - Você está começando a me impressionar, mas ainda não é o suficiente para ser digno.
Zack se levanta e encara o espadachim. - Este será meu último golpe, depois disso, você vai falar seu nome.
- Então me mostre seu último ataque, garoto. - Com um sorriso no rosto, o espadachim desembainha sua espada.
Os dois se encaram por alguns segundos, analisando um ao outro, até que o espadachim faz seu primeiro movimento, ele começa a correr em direção de Zack, e se prepara para atacar.
Zack corre logo em seguida em direção ao espadachim. Tudo parece parar, o mundo fica mais devagar à volta dos dois espadachins, as folhas das árvores são levadas pelo vento e a grama é esmagada a cada pisada que os dois correm. Zack aperta sua espada com força e o mundo para.
"Eu sinto tudo, toda a energia saindo de meu coração, tocando cada célula de meu corpo. Meus ossos, meus músculos, minhas veias sanguíneas, tudo é banhado por essa energia. Que sensação boa, sinto como se pudesse fazer qualquer coisa, minhas forças parecem aumentar a cada milímetro que a energia percorre meu corpo."
Os dois se aproximam cada vez mais a cada segundo.
"Sinto tudo, o vento em meu corpo, o suor escorrendo em minha testa, todos meus sentidos estão apurados. Está na hora de liberar tudo isso. A energia chega aos meus dedos, eu sinto a espada, desde o cume até a ponta de lâmina, uma sensação de como se ela estivesse conectada a mim."
Os dois ficam frente a frente, o mundo ainda parecia estar parado, o espadachim levanta sua espada, realizando um ataque de baixo para cima e corta do pescoço até a sobrancelha de Zack, criando uma enorme cicatriz que jorra sangue pelo rosto de Zack. Mas Zack não desiste, ele realiza o mesmo movimento que o espadachim, fazendo um ataque de baixo para cima, e durante o caminho da lâmina até o rosto do espadachim, da ponta da lâmina quebrada, uma grande lâmina de fogo se forma. A lâmina de fogo atinge o espadachim, fazendo um grande corte do lábio inferior até o olho direito do espadachim, e conforme a lâmina passa pelo rosto, já cicatriza o corte, deixando uma cicatriz toda deformada.
"Pai, então essa era a sensação que você sentia?"
O espadachim e Zack param de costas um para o outro, ainda empunhando suas espadas. Ao mesmo tempo, os dois guardam suas espadas e se viram um para o outro. Em Zack, seu corte ainda está sangrando, um grande corte vindo da lateral de seu pescoço direito até embaixo de seu olho esquerdo, passando por cima de seu lábio superior, formando um grande X junto de sua outra cicatriz, e no espadachim, um corte não tão grande como de Zack vindo do lábio inferior até seu olho direito, porém, com duas diferenças, ela já está cicatrizada e seu olho foi arrancado.
Os dois ficam se encarando, e aos poucos, o sangue do corte de Zack começa a parar de escorrer.
- Você não vai queimar esse corte também? - Pergunta o Espadachim.
- Isso não é importante agora.
- Certo. - O espadachim solta um sorriso. - Meu nome é Kaimeto Sasaki, o Lâmina Negra. Sou o segundo no comando de uma organização chamada Leões Cegos. Sou um fugitivo do país de Zaryn, e um antigo comandante das forças especiais da Cidade Kunay.
Zack ainda o encara, seu sangue já havia parado de escorrer, e seu corte começa a cicatrizar.
- Meu nome é Zack Nigeta Lectus, sou o receptáculo do Elemento Fogo. Eu e meu irmão somos os últimos sobreviventes da vila Papalute. E estamos atrás de nossa vingança.
- Nigeta?! - O espadachim se impressiona. - Seu pai por acaso era Musashi Nigeta?
Zack se assusta ao ouvir o nome de seu pai. - E se for?!
- Pela sua reação, deve ser mesmo. - Kaimeto se vira e começa a ir em direção do buraco na muralha. - Nos veremos de novo Zack, espero poder lutar contra você novamente.
Zack observa Kaimeto se misturando no exército, que está paralisado de medo olhando para Zack.
- Cansei. - Zack senta no chão e começa a limpar o sangue em seu rosto.
De longe, ele percebe Samuel, segurando seu braço direito e caminhando lentamente até Zack.
- Conseguiu? - Pergunta Zack.
- Sim, só meu braço quebrou. - Samuel se aproxima de Zack e senta ao seu lado. - Você ganhou outra cicatriz? Agora tem um X na cara.
- Poisé, agora tô parecendo um alvo.
- Eu gostei. - Samuel solta uma risada.
- E o que a gente faz com eles? - Zack aponta para os soldados, que estão os encarando.
- Acho que podemos deixar o Barton resolver isso.
Os gêmeos percebem a aproximação de Barton, que vinha do meio da vila. Ainda cansado e ofegante, ele para ao lado dos irmãos.
- O que aconteceu?! Vocês estão bem?!
- Oi, cara. - Zack acena para ele. - Derrotamos os comandantes do exército, ganhei cicatrizes novas e a gente se acertou.
- Agora temos esses soldados para resolver, mas não acredito que eles irão nos atacar. - Diz Samuel.
- E o que fazemos? - Pergunta Barton. - Não podemos deixar eles aqui.
- Olha, a gente ia deixar isso com você. - Diz Zack dando de ombros.
- E o que vocês querem que eu faça?!
- E eu que vou saber? Dá teu jeito rapa.
- Tá...
Barton se vira para os soldados, todos ainda permanecem sem se mover, agarrados em suas armas, e com medos em seus olhos.
- Eu tenho uma ideia. - Barton começa a caminhar em direção aos soldados, todos agarram suas armas mais forte e apontam na direção de Barton. Um palanque feito de pedra é levantado por Barton na frente do exército.
Lentamente, ele sobe no palanque, olhando para todos aqueles olhares assustados, pessoas inocentes que apenas seguiam ordens. Involuntariamente, Barton levanta seu braço direito e fecha seu punho, e com sua mão esquerda, ele leva a seu peito, e todos os soldados que estão em silêncio, começam a baixar suas armas lentamente.
- Senhores, eu não estou aqui para lutar contra vocês. - Barton abaixa seus braços e continua a falar. - Meu nome é Barton Son di Ablo, sou filho de Frida Son e César di Ablo. Fui mantido em cativeiro por muitos anos, servindo de experimentos para o doentio de meu pai.
Enquanto Barton fala, moradores da vila começam a aparecer de seus esconderijos, entre eles, está Frida e Maya, elas o olham com lágrimas em seus olhos.
- Eu fugi, graças a Samuel e Zack, eles me salvaram e me deram essa oportunidade única. - Barton levanta seu braço direito na altura de seus ombros e serra seus punhos. - A tirania de meu pai sobre a cidade Seranin já durou tempo demais, está na hora de salvarmos essa cidade. - Barton levanta seu punho para o alto e leva sua mão esquerda ao seu peito. - Iremos libertar essa cidade, e todas as pessoas que César machucou, daremos um fim a tudo isso. Vocês ficarão ao meu lado?
Todos os soldados permanecem olhando fixamente para Barton, um grande silêncio paira no ar, até que, um punho é levantado no meio da multidão.
- Senhor! Akamato estará conosco em nossa batalha.
Ao ouvirem aquilo, outros soldados começaram a levantar seus punhos, e todos gritando. "Akamato estará conosco!"
Um sorriso é evidente no rosto de Barton, ele se vira para os gêmeos, que sorriem e levantam seus polegares, afirmando que irão ajudar. Com uma grande felicidade, Barton aperta seu peito, levanta seu punho e grita.
- AKAMATO ESTARÁ CONOSCO!
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