O raio de sol toca as costas de Barton, seu punho permanece levantado, e os gritos dos soldados podem ser ouvidos por toda a pequena vila. Barton permanece parado, apenas ouvindo sua libertação chegando.
- E então? - Pergunta Samuel, chegando atrás de Barton. - Qual é o plano?
- Você é o líder dessa revolução. - Diz Zack com um sorriso no rosto. - A gente vai te ajudar.
- Eu fico grato com isso. - Diz Barton, levando sua mão esquerda ao seu peito. - Pra falar bem a verdade, eu só pensei em atacar meu pai sem um plano.
- Então qual o motivo de fazer uma revolução?! - Pergunta Samuel.
- Eu achei que seria mais fácil falar de revolução do que tentar matar eles.
Samuel leva sua mão ao rosto. - Não acredito que tenho que cuidar de outro idiota.
- Eii! - Zack e Barton gritam juntos.
- Deixem comigo. - Samuel passa na frente de Barton e fica diante dos soldados. - Senhores, meu nome é Samuel, sou o receptáculo do Elemento Água. Ficarei responsável por coordenar vocês nessa revolução.
- Ele sabe como falar. - Cochicha Barton para Zack.
- É, ele sabe mesmo. - Diz Zack com um sorriso no rosto e observando a liderança de Samuel.
- Nós, os três receptáculos, iremos enfrentar diretamente o General César, como será uma luta dentro da cidade, haverá civis. O trabalho de vocês será levar todos os civis para fora das muralhas e trazer mais soldados para o nosso lado. Enquanto vocês fazem isso, nós três manteremos César ocupado, e no momento em que todos os civis e soldados estiverem fora da cidade, quero que lancem um sinal para nós, todos devem atirar para o alto com suas armas ao mesmo tempo. A partir do momento do sinal, ninguém deve entrar dentro da cidade! Todos entenderam?
Todos os soldados ficam em silêncio olhando para Samuel.
- Pronto, agora é com você. - Diz Samuel olhando para Barton.
- Certo. - Barton toma a frente. - Homens, vamos marchar em direção à nossa liberdade!
Os soldados começam a gritar e marchar em direção ao buraco da muralha.
- Bora também. - Diz Zack, seguindo na direção dos soldados.
- Acho que você deveria conversar com elas antes. - Samuel aponta para Frida e Maya, que estão paradas um pouco para trás da multidão dos moradores.
- Pode ir, eu alcanço vocês. - Diz Barton, já indo em direção de sua mãe e irmã.
Samuel se junta a Zack e segue em direção a cidade Seranin. Barton passa por toda a multidão e chega até sua mãe e Maya. As duas o olham com um olhar de felicidade e lágrimas escorrendo de seu rosto. Maya se solta de sua mãe e o abraça com muita força.
- Por favor, não morra. - Diz Maya, com soluços no meio de suas palavras.
- Meu filho. - Frida encosta sua mão no rosto de Barton e o olha no fundo de seus olhos. - Eu estou tão orgulhosa. Eu lhe desejo boa sorte.
Barton põe sua mão sobre a cabeça de Maya e aperta a mão de sua mãe com sua outra mão.
- Não se preocupem. Eu vou voltar inteiro. - Diz Barton com um sorriso em seu rosto.
Barton se despede das duas e segue viagem junto do exército e dos gêmeos até a cidade. A marcha dura 1 hora, e agora, todo o exército e os três receptáculos se encontram em frente ao portão da cidade. Barton fica de frente a todos os soldados e começa a falar.
- Está na hora senhores, vamos seguir o plano à risca. Conto com a ajuda de todos.
- SIM SENHOR! - Todos os soldados gritam.
Samuel chega ao lado de Barton e começa a falar. - Preciso que alguém esteja disposto para comandar todos os soldados. Alguém se voluntaria?
- Senhor Barton. - Diz um soldado, com aproximadamente 16 anos, se aproximando de Barton. - Meu nome é Octavius, e estou pronto para liderar a evacuação.
- Eu conto com você, Octavius. – Responde Barton.
Os soldados começam a entrar dentro da cidade e ir em direção dos cidadãos, os orientando a saírem de suas casas e os encaminhando para fora da cidade. Zack, Samuel e Barton começam a andar pela cidade em busca do general, mas não o acham em lugar algum, os três então decidem ir em direção ao centro da cidade, onde fica a base do quartel general.
Chegando lá, Zack e Samuel percebem que a base tem uma forma em pentágono, com um grande muro em volta, não há guardas no local e a entrada dentro da base é fácil. Eles passam por um comprido corredor circular, que dá para várias salas que estão cheias de aparelhos eletrônicos que os gêmeos desconhecem. Depois de passar por muitas portas, eles encontram um corredor reto, que dá para uma grande porta de madeira.
- Aqui é a sala dele. - Barton se aproxima da porta. - Se preparem.
Samuel fica em posição de batalha e Zack desembainha sua espada, Barton dá uma respirada profunda, e com uma força sobre-humana, Barton desfere um forte chute na porta, a força do impacto estraçalha a porta, quebrando a porta em vários pedaços. Os gêmeos pulam na frente de Barton, e desferem uma rajada de fogo e água na direção da mesa do general. A água atinge a cadeira e o fogo queima a mesa, entretanto, o general não está em sua mesa.
- Droga! Cadê ele? - Pergunta Zack.
- Acho que está lá embaixo. - Diz Samuel, apontando para a porta branca, que está aberta.
Barton se aproxima da mesa de seu pai, que ainda está pegando fogo em uma das pontas, em cima da mesa onde antes havia vários papéis dos experimentos, agora só há rascunhos e cálculos estranhos, sem nexo e sentido.
- Ele levou os documentos do experimento. - Diz Barton.
- Droga! Ele tá tramando algo. - Diz Zack. - A gente tem que impedir ele!
- Vamos descer. - Diz Samuel, já indo em direção da porta branca.
- Eu... - Barton hesita antes de continuar a falar. - Não quero descer.
Samuel para em frente a porta, seu peito começa a doer e seus olhos começam a encher de lágrimas, o sentimento de impotência que o rodeava, agora está em Barton, e ele sabia disso. Samuel segura o choro, respira o mais fundo que consegue e se vira pra Barton, com um olhar sério.
- Não é fácil enfrentar seus medos, mas se você não enfrentar, a única coisa que você vai conseguir fazer é fugir.
Barton fica em silêncio olhando para Samuel, sua testa começa a escorrer suor e seus olhos ficam arregalados. Seu corpo começa a tremer e seus punhos se fecham com força, mas Barton continua relutante.
- A gente vai ficar do seu lado nessa batalha, então pode contar com a gente. - Diz Zack, com um sorriso no rosto.
Barton respira fundo, e toda sua insegurança se vai junto com o ar que expeliu, é como se aquelas palavras daqueles dois irmãos lhe dessem forças para continuar. Barton bate em seu próprio peito, põe em seu rosto uma grande determinação, e começa a ir em direção à porta branca.
Os três descem as escadas e começam a andar pelos andares, passando pelas celas, eles encontram alguns cidadãos presos, eles começam a soltar um por um e encaminhar para fora do Pentágono.
Pessoa após pessoa, muitos cidadãos são libertos, até que, os três dão de cara com um homem, com os braços e pernas acorrentados de um modo que não conseguisse se mover. Seu corpo pálido e magro está coberto por tatuagens tribais e cicatrizes, uma barba grossa e comprida cobre seu rosto, e um cabelo grande que caí em seus ombros, cobre seu olho direito. O homem está com um olhar baixo e sem esperanças, e no momento que os três chegam em frente a sua cela, ele apenas pronuncia uma frase.
- Me deixem morrer…
- Barton, quem é esse? - Samuel pergunta para Barton.
Barton se assusta ao ver aquele rosto barbado, não imaginava que ele ainda estaria vivo. - Eu o conheci há alguns anos, ficamos na mesma cela por um tempo.
- Barton?! - O homem levanta seu olhar para Barton, e mesmo com seus olhos esbranquiçado, se sente feliz por poder “revê-lo”. - Você foi solto?
- Olá Quividet, já faz um tempo. - Barton solta um sorriso.
- Vamos soltar ele. - Diz Zack, se aproximando da cela.
- É muita gentileza sua, garoto. Mas eu não quero mais viver. - Diz Quividet, abaixando seu rosto.
Um silêncio paira no ar, Zack fica imóvel em frente às grades que os separam. Aquelas palavras atingem Zack, e dentro de si, um sentimento estranho começa a crescer, um sentimento diferente que não sentia a muito tempo, a grande chama de raiva que estava dentro de si, começa aos poucos ser transformada em uma centelha de esperança, um futuro ainda é possível ao lado de seu irmão. Mas o passado não pode ser esquecido, a raiva dentro de Zack ainda existe, e a pequena centelha de esperança não é párea para a enorme erupção de raiva e desejo de vingança.
Zack agarra as grades a sua frente e começa às derreter, ele entra dentro da cela e quebra as algemas de Quividet.
- Eu falei pra me deixarem morrer. - Diz Quividet irritado.
- Por que? - Zack pergunta, com um olhar vidrado para os olhos brancos de Quividet.
Relutante, Quividet fala. - Eu já não tenho mais uma vida. Minha família está morta, minha visão não existe mais… - Quividet leva sua mão até seu pescoço, onde um dia poderia haver um colar. - Eu só estou pagando pelo que eu fiz.
Zack se ajoelha em frente a Quividet, põe sua mão no ombro do homem e diz. - É difícil seguir em frente, mas as pessoas que ficaram pra trás... - Enquanto Zack fala, sua voz começa a tremer, e seu olhos começam a querer lacrimejar. - Merecem um final honrado por nós. Por mais que seja difícil seguir esse caminho. - Lágrimas começam a escorrer do rosto de Zack, mas ele continua firme em frente de Quividet, Barton e Samuel.
Quividet ouve a voz trêmula de Zack, ele segura a mão de Zack e começa a sentir, todos os machucados, todas as cicatrizes, cada marca de força em sua mão. Ele leva a mão no rosto de Zack, e sente a cicatriz abaixo de seu olho.
- O quanto você já sofreu? - Quividet pergunta.
- Mais do que eu consigo aguentar. - Diz Zack no meio de lágrimas.
Seu coração antes frio, começa a queimar, Quividet começa a sentir aquele sentimento antigo, que um dia já havia sentido, um novo caminho se abria para ele, um objetivo de vida, que seria uma caminhada extraordinária e difícil.
“Eu preciso ver o seu rosto, com meus próprios olhos.”
- Qual é seu nome garoto? - Pergunta Quividet.
- Zack. - Zack se levanta e estende a mão para Quividet. - Eu te ajudo a levantar.
Quividet se levanta, e de frente para Zack, ele sorri. - Obrigado Zack, você abriu os meus olhos, mesmo eu sendo cego. HAHAHA!
- Quer ajuda para chegar até a saída? - Barton pergunta para seu antigo amigo de cela.
- Não precisa, eu dou um jeito. - Quividet sai da cela e começa a seguir em caminho para as escadas. - Vocês têm uma missão para cumprir.
Os três então voltam a procura de César. Eles descem mais alguns andares, até chegarem no 50° andar, o último andar. Só há um grande corredor, iluminado por tochas, as paredes são feitas de metal e o chão feito de pedras, no final do corredor, há uma grande porta de metal, idêntica às das salas dos andares de cima.
- Deve ser aqui. - Diz Barton.
Os três se aproximam da porta e ouvem barulhos de metal batendo e uma voz familiar para Zack e Samuel.
- Isso não vai dar certo, César. Você vai morrer. - Diz Kaito, do outro lado da porta.
- O Kaito tá aqui! - Diz Zack.
- Vamos entrar. - Diz Samuel, parando em frente a porta. - Consegue queimar? - Ele pergunta, sem olhar para Zack.
Zack para ao lado de seu irmão e observa de baixo a cima aquela grande porta. - Consigo sim. - Com um movimento rápido, uma rajada de chamas sai de seus punhos, e começa a derreter a grande porta, e em pouco segundos, a porta já não existe mais.
Dentro da sala, de costas para a porta, César está mexendo em alguma bancada de ferramentas, no meio da sala. É uma sala igual às outras, com vários equipamentos eletrônicos que Zack e Samuel não entendem, e no fundo da sala, se encontra algo diferente, uma caixa de vidro transparente, conectada a vários cabos brilhantes, e dentro da caixa, há algo que assustou os gêmeos. Uma mão, com algumas tatuagens tribais, que emitem um brilho azul, se encontra dentro da caixa.
- Eu falei que eles iriam chegar. - Diz Kaito.
- Agora não faz diferença. - Diz César, se virando para os três, seu corpo está coberto por cabos e uma armadura que cobre todo seu peito e braços. Os cabos se ligam diretamente à uma espécie de arma, que está na mesa ao lado de Kaito, a arma tem garras na ponta e um espaço do tamanho de uma cabeça no meio, com dois espetos de metal. - Barton, você sabe como essa cidade foi fundada?
- Você controlou todos com sua força? – Responde Barton, com outra pergunta.
- Essa cidade, era um poço de imundices, mulheres vinham para cá em busca de uma vida, e eram obrigadas a viver de seus corpos para sobreviver, enquanto os ricos faziam suas fortunas abusando de tráficos de tudo que você possa imaginar. - César se vira novamente para a bancada e começa a mexer na arma. - Eu andava pelas ruas dessa cidade e as pessoas caiam mortas ao meu redor, essa cidade era uma nojeira que só. Meu pai era um homem rico nessa cidade, e minha mãe, uma qualquer, ela me abandonou sozinho nessas ruas de imundice. E meu pai? Haha! Tentou me vender junto de outras crianças. - César agarra a cabeça de Kaito e começa a levar em direção da arma.
- Ei, ei, ei! Isso não é uma boa ideia. - César então põe a Kaito no espaço da arma, e as estacas fincam no topo da cabeça e no pescoço cortado. - MERDA!
- Então, eu purifiquei essa cidade, coloquei em ordem todos que viviam aqui, e aqueles que não obedecessem, a justiça daria um jeito neles. - César se vira para os três, e olha dentro dos olhos de Barton. - Eu salvei essa cidade, mas não era o bastante, eu consegui uma oportunidade de viver muitos anos e agarrei com todas as minhas convicções. Tive um grande encontro com o destino, o Elemento da Terra veio até mim, um presente divino eu diria. Com isso, eu poderia salvar esse mundo, mas me faltava algo, algo que eu nunca conseguiria buscar. - César olha para os gêmeos, e sorri. - A última peça de meu plano apareceu para mim, trazendo consigo, o meio de me tornar um Supremo. - César liga sua arma, Kaito começa a girar em uma alta velocidade e todos os cabos ligados a arma, começam a brilhar. - Agora, eu me tornarei mais que um Deus. Eu serei um SUPREMO!
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