Cris acorda para mais um dia na sua vida ordinária, com sua preguiça do dia a dia tornando seu corpo mais pesado. Cris se levanta em um esforço sobre-humano, quase desafiando a sua própria mente, e fica de pé em frente a uma parede branca com um enorme desenho feito de tinta. Piscando algumas vezes em um ato fútil de acordar melhor, Cris se direcionou a pia do banheiro e molhou seu rosto com a água corrente da torneira, levantando o rosto para se olhar no espelho. Um rosto não familiar. Olheiras visivelmente pesadas, parecendo quase um morto que nunca vai se acostumar a viver novamente. Após tomar seu banho, voltou a sua rotina diária e se arrumou rapidamente, saindo de casa e andando cansadamente pela calçada familiar que via sempre na ida para o centro. Cris abre a porta da biblioteca, se arruma e olha para o seu balcão, que está inesperadamente ocupado por um ser medonho, de pescoço longo e corpo preso nas costas de sua cadeira. Cris encole a seco e se senta em sua cadeira para começar mais um dia de trabalho. Seus pensamentos estavam inquietos. Por que tinha um ser medonho na biblioteca? Aqui era para ser um lugar seguro, então como ele entrou? Como isso veio acontecer? Cris voltou ao mundo, olhou para frente e encarou os olhos medonhos e grandes desse ser, o olhando como se tivesse vendo através de sua alma, procurando algo que falta nos olhos das pessoas comuns. Cris quase grita, contendo o seu grito mordendo a linguá que já sangrava por dentro. Nem um desses seres o encarou desse jeito, eles foram inofensivos, na maioria das vezes. Cris olhou o rosto do ser, estudando a sua forma e o quão perturbadora era. Olhos grandes e vermelhos que quase saem do lugar. Falta de cabelo. Uma pele marrom, morta praticamente e um sorriso costurado em sua boca. Isso não era igual aos outros, estava morto, preso a sua cadeira como se fosse amassado pela mesma. Era como se fosse uma marca de crime, um assassinato medonho.
— Cris… Você ta bem?
— Ah! - Cris se vira rápido, com os olhos vermelhos e uma expressão difícil, medo e desespero. Mescladas em uma sensação completamente confusa. Dor - Estou! Estou bem sim! Só, um pouco cansado.
— Certeza?
— Mhm. Não se preocupe, não é nada grande.
Giovan volta ao seu trabalho, relutante em deixar Cris sozinho com seus próprios problemas, mas sem ter uma ideia de como ajudar. Cris volta a olhar reto, e o ser já havia sumido de sua visão. Seguindo a sua vida normal, Cris voltou ao trabalho até o relógio marca a hora de descansar. Quando Cris ia se levantar, ele sente uma sensação familiar. A inexistência. Uma crise existencial, onde tudo havia seguido rumo a destruição literal do seu próprio ser e a sua barriga. Cris olhou para baixo com um olhar não acreditado e percebeu o mesmo ser atravessado em seu corpo, mesmo sem um buraco. O sangue de uma dor inexistência correu pela sua boca e olhos, um sangue vermelho extremamente escuro misturado com água e um líquido branco. Cris só pensou em como aquilo doía. Não de uma forma física, mas sim estranhamente sem explicação, como se aquele ser tivesse vivo dentro dele, sentindo oque ele sente, vendo o mundo quebrado com o seu sorriso costurado na boca. Uma grande falsa. E então Cris desmaiou, deixando um grande barulho paira a sala da biblioteca e Giovan desesperado correndo até Cris. Tudo escureceu novamente.
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