O som ritmado das máquinas hospitalares e o branco excessivo do quarto já não mais incomodavam Elliot tanto quanto o desespero que ele insistia em fingir não sentir.
— Elliot… Elliot! — quase foi preciso que a mulher o chamasse uma terceira vez para que ele escutasse e desviasse o olhar da vista fornecida pela janela — Você está calado, distante… Está tudo bem, meu amor?
— Tá tudo bem sim, eu só… Só tô pensando em como vai ser o acampamento com a turma do curso amanhã, me desculpa — sentou-se ao lado da cama nada confortável e beijou suavemente a mão da paciente. Ela não sabia, mas era mentira. Enquanto observava os pássaros que voavam livres e saudáveis no céu lilás ainda claro, Elliot segurava as lágrimas e, com elas, segurava dentro de si a preocupação profunda em que se afogava. Não era a viagem da turma de Ciências Místicas à Floresta de Nizes que tomava sua mente, era o motivo pelo qual escolhera esse curso.
Elliot foi bruscamente trazido à realidade novamente ao ouvir a pessoa que mais amava no mundo entrar mais uma vez em uma crise de tosse. O garoto então correu para fora do quarto, chamando desesperado pelo enfermeiro, e, conhecendo o protocolo, ficou por lá, em pé no corredor, assistindo a porta do quarto tão familiar fechar diante de seus olhos. Antes de tomar seu caminho de volta para o dormitório na faculdade, secou a lágrima solitária que teimou em escorrer por sua bochecha.
— Eu te amo… — sussurrou para nada além da madeira escura que o impossibilitava de ver a paciente que ainda escutava tossir.
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