Como tudo chegou a esse ponto? Eu nem lembro mais como tudo foi terminar assim. Sinto uma pesada chuva caindo sobre mim, afogando-me em arrependimentos, andando nessa terra sem fim...
Existe mesmo saída?
11/07/2012
Existiam algumas lendas de desaparecimentos na região aonde eu morava, que se consistia em pessoas de uma hora para a outra sumindo ao atravessar uma porta ou simplesmente ao piscar os olhos. Eu sempre fui cético em acreditar nessas coisas e preferia manter apenas como uma lenda urbana.
Abandonei o colégio no meu 2 ano do ensino médio por causa de problemas financeiros, mas quem se importaria com isso? Pelo que me lembro sempre fui chamado de Fits, mesmo odiando esse meu apelido, dado pelos meus amigos, queria poder viver do jeito que quisesse, trabalhando com esportes e vivendo na farra.
A última coisa que me lembro...
Foi de ter enchido a cara na balada de aniversário do meu amigo Herold, e de ter acordado em outro lugar...
Quando recobrei minha consciência já não estava mais na festa, tudo que eu enxergava era apenas meus colegas e amigos confusos e assustados com alguma coisa. Quando olhei em volta estávamos em cerca de 80 pessoas. 80 pessoas em um espaço confinado por paredes e teto de tijolos de pedra com apenas um corredor. Todo mundo dizia não entender como pararam ali, dizendo que estavam conversando ou enchendo a cara, e quando piscaram não estavam mais na festa. Muitos pensaram ser uma piada de mal gosto ou alguma pegadinha, mas depois de algumas horas, quando todos se acalmaram decidimos seguir pelos corredores.
Uma rede de intermináveis corredores, que se bifurcavam em mais salas e corredores demoramos dias para achar alguma coisa, de algum jeito a comida não apodrecia, não importando o quanto tempo passasse. Conseguimos mapear boa parte do local, mas a sensação claustrofóbica era horrível. Muitos morreram de fome, e os demais conseguiram com restos de pequenos animais e musgos que se criavam pelas paredes. Dentre as 80 pessoas que vieram para esse local, 63 sobreviveram, mas apenas 20 de nós nos juntamos em um grupo de expedição.
Até que durante outra de nossas expedições encontramos algo...
Um grande mural esculpido em uma parede com símbolos e hieróglifos estranhos, com uma grande porta de pedra no meio com um símbolo que mais tarde veio a ser decifrado significado “1444”. De início não entediamos o que significava, então um grupo ficou para tentar decifrar alguma coisa, enquanto os demais abriam a porta.
Lentamente com o passar de semanas a porta se movia um pouco conforme entendíamos o significado dos hieróglifos, até que o espaço se tornou grande o suficiente para se passar uma pessoa de cada vez.
Mesmo eu não entendendo nenhuma palavra...
As pessoas começaram a pensar que isso poderia ser algo maior, como um teste de deus ou um purgatório, deixando-se levar pelo medo.
Após passamos pela porta tudo mudou, o calafrio que subia pela espinha era diferente do que do outro lado. Era impossível ver através da porta, além de uma escuridão opaca, mas ao atravessar a porta era possível ver todo o outro lado. Uma floresta com arvores que facilmente ultrapassavam os 50 metros, com raízes maiores que casas. E assim que você se descuidava a porta atrás de você desaparecia.
Continuamos com a mesma tática que mantivemos anteriormente, um grupo se estabelecia em uma área segura a procura de comida, e os demais faziam as expedições para encontrar a saída, mas com o passar dos dias só nos afundaríamos na nossa própria bosta. Monstros semelhantes a insetos gigantes agora rondavam o local. Cerca de 7 pessoas foram mortas nos primeiros dias de expedição, e durante uma das nossas viagens todo o acampamento foi destruído, e de 62 pessoas restantes sobraram apenas 27...
Eu me sentia enjoado de ver o sangue de tantas pessoas que conhecia...
Dias depois, abandonamos a ideia de acampamento, e decidimos que era mais seguro andar o dia inteiro em busca da saída, e só parar por necessidades básicas.
Tentamos confrontar as pequenas criaturas várias vezes, mas parecia que nunca dava certo, parecia que mesmo os menores dos monstros eram imbatíveis, que não deveríamos estar ali. A cada semana alguém morria até encontrarmos a saída, buscando comida ou porque era encurralado por uma criatura.
Eu ainda me lembro de seus gritos...
Ao chegar na segunda porta,que estampava um grande “2232”, o nosso grupo começou a apelidar esses lugares como andares.
E assim como no inferno...
Vamos indo mais fundo....
10 anos depois: Andar número 9111
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