Eu estava assustado...
Depois de alguns segundos chocado tentei remover a corda do pescoço do cadáver de Josh e carregar seu corpo, mas senti um profundo arrepio que me fez soltar seu corpo.
- Não, isso não pode estar acontecendo! – Gritei tentando limpar lagrimas que se misturaram a chuva
[Salvando diálogo...]
Entrei em posição defensiva com um frio na barriga e completamente abalado. Sentia que cada momento minha cabeça girava cada vez mais e minha visão escurecia. Em uma questão de segundos o cadáver de Josh desapareceu atras de mim e um silencio ensurdecedor se instalou, parecia que até o som da chuva tinha parado...
Fiquei paralisado em choque com tudo que havia ocorrido, quando sinto a criatura centopeia surgindo na minha retaguarda. Instintivamente meu corpo saltou, eu me senti perdido por um momento, mas percebi que tinha saltado por cima da criatura quando ela tentou me atacar. Quando alcancei o cão o monstro rapidamente tentou me abocanhar novamente, mas consegui desviar rolando para a direita.
Meus pensamentos ainda estavam nublados, mas meu corpo não me deixava ficar parado e ser atacado.
[você sabe o porquê isso aconteceu?]
Acho que não queria que o esforço de todos fossem em vão...
A criatura parecia ter se irritado por ficar abocanhando o ar e tentou me cercar enquanto eu tentava fugir. Isso se prolongou por 10 minutos até que a criatura realizou uma investida e acertou de raspão o meu braço esquerdo e rosto. Eu consegui bloquear ou desviar dos ataques que vieram em seguida, mas sentia que se isso se estendesse eu acabaria morrendo.
A criatura recou após seu último ataque, mas eu segurei uma de suas pinças perto da boca, e usando as duas mãos enquanto forçava meus pés ao chão consegui arrancá-la. A criatura entrou em um estado de agonia e rugiu me fazendo perder o foco, quando olhei de volta a criatura estava recuando e minhas mãos estavam cobertas por sangue. Eu corri para longe enquanto segurava a pinça.
A pinça tinha seus 60cm, e mesmo assim estava coberta pelo sangue das minhas mãos. Enquanto corria da criatura consegui enfaixar minhas mãos com um pedaço do meu casaco esfarrapado...
Os dias depois daquele vieram a se tornar cada vez mais difíceis e cinza, o ambiente se tornou ainda mais rigoroso e perigoso. Eu conseguia me esconder em pequenas grutas enquanto desenterrava cascalhos para fazer um lugar para descansar e usava a pinça para cortar o cadáver do que sobrou de monstros que encontrava.
A única coisa que se passava pela minha mente desde que fiquei sozinho, era que não importando como, eu iria sobreviver.
10 anos depois...
Meus pés estão completamente calejados e minhas mãos cheias de feridas, no reflexo da água nem me reconheço mais. Meu cabelo grisalho se tornou fosco e branco como prata e sinto como se meu corpo não me respondesse mais, apenas andando por dias sem nem mesmo eu perceber.
Me arrepio quando percebo uma mudança brusca do ambiente com um forte vendaval quase me arremessando para trás, afundo meus pés no chão e avanço sobre uma barreira de vendavais. Do outro lado a tempestade estava mais fraca e a barreira de vento em volta da área parecia estar girado como um furacão. Quando eu olhei para cima consegui observar uma esfera gigante de rochas e gases flutuando sobre uma planície cheia de cadáveres de monstros. A esfera possuía um núcleo brilhante visível na qual liberava um feixe de luz ao céu e logo abaixo existia uma estrutura em forma de pilar com um arco central e runas talhadas em pedras. Nesse momento percebi que tinha chegado na fonte da luz...
Me aproximando do pilar, caminhando entre ossos, uma luz saiu do centro da esfera caindo sobre o pilar e as runas brilhando em branco. No momento me senti aliviado e eufórico, mas em questão de segundos tive que recuar com um pulo, uma criatura se rastejava por traz do arco enquanto sentia um arrepio nostálgico.
Saindo de uma pilha de ossos uma criatura em forma de centopeia com mais de 30 metros e placas que blindavam sua carapaça. Por um momento pensei que seria alguma outra criatura, mas quando brandi a pinça percebi que faltava uma de suas pinças em sua boca.
[Fator evolutivo registrado]
- Esse filho da puta vai me perseguir por todo o inferno? – Me questionei com um sorriso de canto
A criatura me percebeu e se entrelaçou no pilar enquanto rugia em minha direção. A única coisa que consegui pensar era em correr na direção oposta procurando por uma saída.
A criatura após rugir começou a atacar e derrubar a estrutura brilhante enquanto não sabia oque fazer. Uma luz começou a surgir no centro do arco, mas a criatura se chocou contra a estrutura fazendo a luz falhar.
[Saida do andar registrada]
- Não. Não! ARROMBADO! – Exclamei furiosamente
Quebrei um dos ossos próximos e arremessei contra o monstro rachando uma de suas placas e chamando sua atenção.
- SE QUIZER QUEBRAR ALGO VEM COM TUDO ARROMBADO! DESSA VEZ EU NÃO VOU DEIXAR! – Exclamei gritando para o monstro
Minha voz ecoou enquanto entrava em posição ofensiva enquanto percebia a estrutura cedendo.
A criatura rastejou até o chão e fez uma investida em minha direção enquanto me segurava assustado e furioso.
*BOOM*
Defleti o ataque da criatura deslizando a pinça sobre a mandíbula do monstro, mas não consegui aguentar o impacto e fui jogado metros para traz caindo de costas sobre uma pilha de ossos. Antes que eu possa me recompor a criatura me atacou novamente com um golpe por cima e tudo que pude fazer foi rolar para a esquerda e me agarrar na cabeça da criatura.
- AINDA NÃO CONSEGUE ME ACERTAR? – exclamo gritando a criatura
A criatura ergue a parte superior do corpo me deixando metros do chão enquanto eu aperto as placas da criatura partindo-as. Seguido de um rugido a criatura se balança me arremessando para longe contra uma rocha partindo-a. Sinto meu sangue escorrendo pela boca e algumas costelas quebradas, mas avanço contra a besta.
- Eu lembrava de você ser mais ameaçadora?! – me pergunto
Em seguida pego apoio nos destroços da rocha e avanço contra a criatura em um disparo encravando minha pinça sobre a ferida exposta fazendo-a sangrar. A besta se contorce me fazendo recuar e avança novamente com um golpe frontal na qual não consegui esquivar por estar muito próximo. Como um ato para me proteger coloco a pinça para frente para segurar sua mandíbula, a mandíbula da criatura é perfurada pela minha pinça, mas sua pinça restante atravessa meu ombro direito acertando meu pulmão e quase meu coração.
- huf! – vomito sangue
A criatura era gigante, mas apenas em comprimento, eu conseguia segurar sua mandíbula como se estivesse indo contra a boca de um tubarão gigante. Segurei com meu braço esquerdo a pinça da criatura para impedir que ela me parta no meio enquanto com minha pinça perfurava por dentro da mandíbula da besta.
- ENTÃO É UM EMBATE DE RESISTENCIA??! BOA SORTE FILHO DA PUTA! Hehe... – Exclamo enquanto a criatura rugia.
A criatura gigante parecia estar usando toda sua força para me partir, eu já estava afundado no cão até a canela e sentia minhas pernas quebrando enquanto forçava a pinça e ficava sem conseguir respirar. Meu sangue jorrava não chão e sentia minha visão ficando borrada.
Em um último esforço consegui forçar e arrancar a segunda pinça do monstro e a encravar e um de seus olhos. A besta rugiu em agonia e tentou recuar, mas consegui mantê-la presa enquanto gritava contra seu rugido perfurando seu crânio com as duas pinças.
*CRACK*
O rugido cessou e a criatura parou de se mover enquanto enxergava um brilho forte atrás dela, o portal se abriu. Segurando a minha pinça a usando como encosto para me arrastar até o portal vomitava sangue enquanto tentava estancar meu ferimento. Eu caminhei por anos, mas esses últimos metros pareciam décadas e quando finalmente subi os degraus para o portal tombei para dentro da luz brilhante...
Vazio...
Sentia como se caísse em um limbo...
[...]
Conseguia escutar uma voz feminina e bela, mas não conseguia dizer a direção, parecia estar vindo de dentro da minha cabeça.
[Você encontrou o portal central, para onde deseja ir?]
- C-casa... – Gaguejei
[Redirecionando explorador para “terra¹”]
[...]
[Erro...]
Eu conseguia sentir como se a voz se tornasse cada vez mais rouca e estável, até se possuir um tom maligno.
[as sombras rejeitam sua saída]
[A tempestade já passou, a colheita está morta]
[Pobre broto, o furacão está de olho em você]
- P-pera... oque? E-eu não vou voltar? – gaguejo com a voz fraca
[Você recebeu um presente de um patrocinador desconhecido]
A voz parecia ter voltado a voltar a ser calorosa enquanto sentia minha consciência se esvaindo.
- S-sim... – gaguejo
[Você recebeu “Diário” do patrocinador, deseja instalar?]
- S-si... – gaguejo
[instalando “Diário”]
[Carregando informações...]
[Salvando história de viajem...]
[Como deseja que seu nome seja registrado?]
- N-nome? – gaguejo
Nesse momento pensei em apenas dizer meu nome, mas por algum motivo lembrei de todos os meus amigos e companheiros me chamando pelo apelido.
- F-Fits... Por favor... – gaguejo enquanto perco minha consciência.
[Registrando andar número 10343]
[Pessoas ao explorar e registrar o andar 1/1]
[Espécies encontradas 9/5327395748204...]
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