Nos aproximando do grande portão da muralha de pedra consegui escutar sons de correntes antes das 2 portas que formavam a entrada abrirem. Todo o ambiente parecia possuir um ar rustico e desgastado.
Pude observar outras pessoas do lado de dentro na qual estavam puxando as correntes do portão enquanto outras estavam sentadas conversando. Fazia muito tempo que não observava algo assim, diversas casas feitas de madeira e pessoas andando por estradas de chão batido.
- Como essas pessoas conseguiram estabelecer uma vila? – Questionei incrédulo
- Não se impressione muito esse lugar é apenas um barraco velho – disse Nikol com um olhar indiferente
Durante todos os meus anos desde que me perdi nesses andares nunca tinha visto um lugar tão grande. Se assemelhava a uma pequena vila da idade média com pessoas carregando materiais de uma área para outra, parecia ser um lugar incrivelmente cheio para a pouca quantidade de casas.
Acompanhei Nikol enquanto andava pelas ruas observando algumas pessoas com armas e armaduras, feitas de metal e couro, indo em direção ao portão.
- Aonde eles estão indo com tanto equipamento? – Questionei
- Você não cansa de fazer perguntas né? Vamos tenho que ir a um lugar. – Respondeu Nikol
Chegamos a um estabelecimento velho, mas com seu charme, feito de madeira escura e com uma placa escrita à mão “Boca da raposa” presa acima da porta.
- Tenho algumas coisas a resolver aqui dentro, enquanto isso vê se encontra algum trabalho com os construtores naquelas mesas.
- Não pretendo trabalhar aqui, já lhe disse que... – antes de terminar minha frase Nikol se afastou.
Nikol entrou e se sentou frente ao recepcionista, enquanto decidi me sentar em uma mesa frente ao balcão.
Essa pequena vila por algum motivo me passa um ar melancólico, como se algo estivesse errado.
Meus farrapos que estou usando de roupa me fazem parecer um mendigo frente as roupas limpas dos demais no salão. Estou um pouco confuso de como as pessoas conseguiram estabelecer essa vila e do porquê tantas pessoas armadas em uma planície calma.
Desde que cheguei nesse andar não percebi a presença de nenhuma criatura hostil, mas isso é o que me preocupa.
Desde a chegada de Nikol o bar parece ter ficado mais silencioso como se algo estivesse prestes a acontecer, pelas suas vestimentas e espada não seria errado dizer que ele deve ser algum tipo de espadachim nobre ou algo assim, se tudo nesse andar a continuar se assemelhar a uma temática medieval.
[Ola Sr.Fits, todos os seus dados foram salvos no “diário”]
[Sistema operacional funcionando 100%]
- Que merda é essa? – Murmurei
[“Diário” é seu sistema de armazenamento de informações automático recebido como presente pelo “patrocinador”]
Eu devo estar ficando louco, agora estou ouvindo aquela voz novamente, a mesma voz de quando sai do 10 andar...
- O que esse “diário” é capaz de fazer? – Murmurei
[O “diário” registra todas as suas informações que são redirecionadas para um armazenamento externo na qual você pode acessar a qualquer momento]
- Armazenamento externo?
[Exato, assim você pode acessar quaisquer informações disponíveis salvas por você ou outras pessoas que também usaram o diário]
- Quaisquer informações?! – Minha voz saiu um pouco mais alto do que eu queria, atraindo alguns olhares estranhos.
[Quaisquer informações disponíveis]
- Como que eu volto para casa? – Questionei eufórico
[Informações inconclusivas. Não possuo registros o suficiente para responder essa pergunta. Mas provavelmente deve haver um “portão de transporte” que o retorne para o andar desejado]
- Hum... Não sei o que esperava disso! ... – Reclamei enquanto batia minha cabeça na mesa.
[Baixando informações sobre o andar atual]
- Que?
[ Andar número 4² “Corrente de montanhas”
Nível de ameaça: Moderado
Status: Habitável
Um complexo de montanhas e vales que se entrelaçam formando uma paisagem única, a flora é bem vivida enquanto a fauna é escassa. Grande parte da terra é fértil e alguns lagos podem ser encontrados em áreas remotas.
A maior parte da vida selvagem se encontra escondidas em cavernas e áreas escuras por serem extremamente sensíveis a luz. Os poucos animais que se adaptaram à luz do dia são ou muito pequenos ou preferes se manter escondidos, pois durante o cair da noite as criaturas que vivem nas profundezas saem para caçar uns aos outros.
Número de entradas conhecidas (1/?) {Portão antigo 10 andar}
Número de saídas conhecidas (1/?) {Ravina mais a baixo}
Mais informações indisponíveis...]
Focado na leitura do painel brilhante que surgiu em minha frente, percebi que o salão parecia ter ficado um pouco barulhento. Um grupo de 3 homens encapuzados entrará pela porta indo em direção ao balcão, dois deles sentaram ao lado de Nikol enquanto um deles sentou junto a mim pedindo um copo de cerveja.
O homem encapuzado ficou encarando o Nikol e os demais no balcão enquanto bebia sua cerveja, seguindo o seu exemplo pedi um copo de cerveja a uma garçonete.
Talvez esse tal “diário” me seja útil.
De algum jeito ainda me sentia desconfortável mesmo sentindo o doce gosto da cerveja, a muito tempo não bebia algo assim.
- Você não é daqui certo? – Perguntou o homem misterioso com uma voz forte.
- Estou só de passagem, vou embora assim que possível - respondi enquanto tomava um gole de cerveja.
O homem misterioso logo tirou seu capuz, se revelando ser um homem esbelto de barba rala e cabelo curto. Parecia estar nos auge de seus 40 anos, mas as rugas não escondiam sua feição alegre, que contradizia muito de sua voz forte.
- Prazer meu nome é Herold, espero poder te ajudar – disse enquanto estendia sua mão para um comprimento.
Aceitei o cumprimentando enquanto senti calos em suas mãos em um aperto firme. Ele parecia estar embainhando uma espada em sua cintura por baixo do manto, que me fez pensar se ele não fosse algum dos guerreiros que saíram a pouco da vila.
- Se você quiser sair daqui acho que vai precisar de alguns equipamentos, eu e meus homens estamos a traz de alguém para nos ajudar durante essa noit... – Dizia Herold antes de ser interrompido por um som abrupto.
*BANG-BANG*
- MAS QUE PORRA FOI ESSA? – Escutei um dos homens no balcão gritar.
Quando tirei os olhos de Herold me levantei da cadeira ficando frente ao balcão. Esse som me era familiar. Coberto de sangue estava Nikol Apontando um revólver rústico contra um dos encapuzados, enquanto outro estava ensanguentado com um buraco na cabeça caído no chão.
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