O espaço era muito fechado, e Aranha não tinha como se movimentar muito, e um combate corpo a corpo contra um ser líquido era fora de mão, ele não tinha outra opção. Estendeu o cabo desencapado de energia o mais rápido que pode para acertá-lo, e houve um breve contato com o criminoso, mas ele rapidamente imobilizou os braços do aracnídeo, assim como as pernas. Ele abriu a boca e uma corrente de água saiu por ela, envolvendo o rosto dele com água, assim como fez com a mulher. Mas ela não podia deixar isso acontecer com o homem que veio salvar a sua vida, gritando “Seu Monstro!” ela levantou uma cadeira próxima e tentou acertá-lo. Ele facilmente bloqueou o ataque e a lançou contra a parede. Ele parecia feliz e sério ao mesmo tempo, estava na hora de acabar com aquilo, até que se ouviu uma voz, de um menino muito novo.
- Mamãe… O que tá acontecendo?
Morris parou na hora, libertando o Aranha. Ele olhou em volta para o quarto devastado pela luta, para Amanda desmaiada no chão, seu rosto uma mistura de ódio e arrependimento, pensando que aquilo não era o melhor para o seu garoto, mas que ele não iria sair dali sem se vingar de alguém. Não houve tempo de reação da parte dele quando ele se virou para avançar no aracnídeo de novo, o herói vermelho e azul avançou como um borrão e levou o cabo de energia até ele, não para alguma parte exposta do corpo dele, e para o grande disco branco no peito de sua roupa. Toda a energia do prédio repulsou entre um brilho cintilante, quebrando muitas das lâmpadas, e entre um brilho baixo e quente, e o Homem-Hídrico gritou muito alto, enquanto seu corpo vibrava e começava a se liquefazer completamente. A energia de todo o quarteirão caiu, e o prédio foi lançado em uma escuridão completa, ambos aranha e hídrico fugiram pela noite.
Quando chegou no galpão onde se escondia, Morris não podia acreditar no que havia acontecido. Ele podia até odiar Amanda por ter abandoná-lo, mas ele não queria que nada disso acontecesse pra machucar o próprio filho, a quem estava espantosamente vivo. Que tipo de monstro ele havia se tornado? Não, ele não estava pensando direito em quem deveria pagar por tudo que lhe foi tirado durante sua vida. Se sentando em sua poltrona, percebeu, são as pessoas que controlam a vida de outras, as que tiraram tudo o que lhe sobravam. São os poderosos que guiavam o destino daquela cidade. Logo, ele acabaria com tudo isso. Logo, a Oscorp deixaria de existir permanentemente.
Faltavam dois dias pra nova proposta de projeto para o estágio. Peter ainda contemplava a tela de seu computador, quieto, assim como a parede vazia de seu quarto. O que ele poderia fazer com Morris? O que ele vai fazer a seguir, e onde. E o que foi aquilo na noite do dia anterior? Foi então que ele percebeu que Morris falou de nano robôs. A Oscorp claramente estava por trás disso de novo, e então percebeu tudo a respeito da nova forma de Bench. Os nano robôs se reajustando em nódulos maiores através do corpo, a placa no peito dele, são todos nódulos maiores de controle, aqueles eram os seus nano robôs. Ele rapidamente reabriu os programas que usava para controlar o comportamento deles. Se esse cruel experimento que fizeram com Morris não tiver sofrido muitas alterações, ele poderia reescrever a programação deles e… Bom, esperava não ter de usar isso.
Logo, ele gravou um novo programa numa espécie de dispositivo eletrônico com várias pequenas pontas no topo, as quais usava para manipular a nanotecnologia que estudava, com um plug na ponta oposta que acoplava na saída dos lançadores de teia. Realmente não esperava ter que chegar a esse ponto, mas ele tinha uma última medida. Sabia que os ataques de Morris não iam acabar agora, então falou que ia ficar ocupado o dia todo para sua tia e saiu correndo para se tornar o Espetacular Homem-Aranha. Do topo do Empire State, ele vigiou a cidade, e foi ao meio-dia que as águas do atlântico começaram a ganhar vida e sobrevoar os céus da cidade, as pessoas olhavam amedrontadas o evento enquanto o herói aracnídeo analisava o movimento, ele já sabia para onde ele estava rumando.
Não demorou para ele encontrar o epicentro, um pequeno homem translúcido estendendo seus grandes membros de água sobre o grande edifício da Oscorp. Ele se pôs entre o homem e o edifício, o poderoso Homem-Hídrico não gostou nem um pouco disso, se aproximando para falar com o outro super-humano.
- Isso precisa parar aqui, Bench. Tem muitas pessoas inocentes dentro deste edifício. Acabar com esse lugar não vai te trazer paz
- Você não entende, Homem-Aranha! Não sabe como é ter tudo tirado de você, ser abandonado por tudo e por todos. Eles merecem pagar, todos eles que me veem passando e não tem um pingo de empatia por mim! Eu quero o que me é por direito!
- Eu não posso deixar que você faça isso.
- Então vai morrer, Aracnídeo.
Aranha rapidamente se jogou para cima dele, antes que um dos seus gigantes tentáculos pudessem o alcançar, os dois entram em um conflito corpo a corpo, Aranha usou o traje dele, que era mais sólido, ao seu favor, e os dois se jogaram por entre as ruas e os arranha-céus. Muito dano foi feito no meio do conflito, um dos membros gigantes de água acertou com tudo a fachada da Oscorp, derrubando o letreiro nas ruas. Os policiais corriam de um lado para o outro, mobilizando a população para se afastar. Aranha usava todo tipo de elementos nas ruas para lutar, tampas de bueiros, postes, antenas e janelas. Eventualmente, um dos tentáculos acertou Peter em cheio, que foi voando a uma altíssima velocidade para o prédio da Oscorp. Usando uma teia, ele conseguiu suavizar a velocidade, mas ainda atravessou uma das janelas e de chocou com tudo em uma das paredes.
Suas costas doíam muito, e ele gritava para todos os funcionários correr e fugir. Ele já conseguia ver o adversário se aproximando, mas precisava ganhar tempo para todos os civis. Lançando várias bolas de teia na direção dele, ele atraiu a atenção do vilão com um “Hey, senhor hidrante, aqui ó”. Ele avançou em uma velocidade maior, e aranha procurou alguma coisa para distraí-lo. Quando chegou, Morris foi surpreendido por… Uma série de móveis jogados nele. Um pouco confuso e irritado com o que estava acontecendo, ele avançou no Aranha numa posição defensiva, até que ele voltou a falar.
- Eu sei como é, Morris.
- O que…?
- Ter tudo tirado de você e estar sozinho. Este lugar me fez tanto mal quanto fez pra você. Sabe por quê? — Ele permaneceu em silêncio, e Peter tirou a máscara — Eu sou como você.
- Peter… — Ele sussurrou, colocando os pés no chão, chocado — Você é o Homem-Aranha…
- Vem comigo, Morris, por favor. A gente vai encontrar uma solução pra isso, juntos.
- Solução… Não, Peter. Olha como eu sou, as coisas que eu fiz, eu vou passar o resto da minha vida na cadeia. Não tem mais como me salvar. Por favor, se tudo o que me aconteceu, também aconteceu com você, me deixe vingar nós dois.
- Não. Os inocentes não deveriam pagar pelo que as pessoas ruins fizeram. Só eles pagaram até hoje, com as próprias vidas. Meu Tio Ben, Capitão Stacy, Max… Gwen. A gente precisa parar com isso, Morris.
- Não, eu não posso mais ser fraco assim… Não!
Em um acesso de fúria, Morris voltou a atacar Peter, que conseguiu desviar a tempo. E então, colocando sua máscara de volta, ele pulou pela janela e a perseguição continuou. Peter teria que usar o drive de reprogramação, mas havia muita água para ele controlar e se defender. Foi então que ele viu uma grande construção de um prédio, e teve uma ideia. Os dois entraram no local de construção, que já estava vazio, e Aranha se escondeu por entre as paredes inacabadas do local. O Homem-Hídrico começou a destruir todas colunas e muros procurando pelo herói, que se esgueirava furtivamente, em busca do que procurava. Eventualmente, ele achou um container cheio de cimento, e soube o que fazer. Ele chamou a atenção do inimigo mais uma vez, já jogando um saco de cimento na direção dele, que se desfez e começou a ser absorvido pela água.
Morris se sentiu muito incomodado com a substância penetrando seu corpo, como várias formigas estivessem debaixo de sua pele. Ainda mais irado, ele avançou na direção do cabeça de teia, que permaneceu estático enquanto preparava um poderoso jato d’água, flutuando velozmente em um ataque. No momento exato, Aranha lançou suas teias em direção do container e o puxou com tudo entre ele e Bench, que não pode parar a trajetória de impacto, com seu jato perfurando a parede, com ele entrando pela abertura com tudo, atingindo a quantidade colossal de cimento. Aranha se aproximou vagarosamente, até que um gigantesco jato de água destruiu o container, com apenas o Homem-Hídrico em seu epicentro, que se encontrava em um forte tom de cinza, ele se movimentava lentamente, e não conseguia estender e moldar seu corpo como antes.
Rugindo de fúria, ele correu na direção do herói, que apenas lhe deu um soco, ele devolveu o soco, e aranha começou a se balançar pela estrutura do edifício, com o criminoso lançando rajada após rajada de água numa tentativa de acertá-lo, algo que apenas o deixava mais rígido. Aranha usou suas teias e a cada movimento, imobilizou um pouco mais o adversário, que precisava se libertar cada vez mais de ainda mais teias que grudavam seus membros ao chão. Quando ele estava muito ocupado se soltando, Aranha plugou o drive na ponta de seu lançador direito, e com uma rajada certeira, atingiu a placa do peito de Morris. no início, ele parecia confuso, mas então ele sentiu seu corpo se distorcer e mudar, para o seu terror. Ele estava começando a perder a consciência, não queria voltar para como estava antes. Seus gritos foram abafados ao passo que todo o cimento era expurgado de seu corpo e seu traje o engolia.
A estranha transformação durou alguns segundos até apenas um pequeno tanque com o líquido que uma vez foi Morris estar aprisionado surgir. O solitário herói se aproximou do objeto, grudou teias para fazer uma alça, levantou-o em seus ombros e se projetou aos céus. Foi na costa do monumento da liberdade que ele leu a interface de Morris, é como se ele estivesse em um sono profundo, isso deu alguma paz para Peter. Um homem como ele nunca iria conseguir viver daquele jeito, ele não tinha nem mais o próprio corpo, então Peter deu uma última liberação ao amigo. Ele desconectou todos os nano robôs de seu corpo e se aproximou das águas… Abrindo o tanque, ele deixou seu amigo descansar nas águas que tanto habitou por todos esses anos, levando o corpo sonolento do amigo para viver nas ondas, sem ter que se preocupar com alguém que leve a paz dele.
Existiam mais algumas coisas que Peter queria checar. Ele viu pela janela do apartamento de Amanda, ela levava o filho deficiente de Morris à Escola, ela estava aparentemente bem, apesar da luta com ele ter deixado ela com sérias marcas no rosto. Ele precisava manter um olho no garoto, por hora, ele vai ficar sabendo que o pai morreu em breve, e Peter sabe como é isso, talvez uma visita do Homem-Aranha possa ajudá-lo no futuro. Outra coisa que Peter precisava resolver era uma certa promessa. Na noite daquele dia, Debra Whitman esperava uma visita de seu parceiro de serviço, ela concluiu que para avaliarem a próxima proposta. Quando ela abriu a porta, encontrou Peter, não com um jaleco, mas arrumado pra sair, e segurando uma rosa
- Peter… — Ela suspirou.
- Debra, olha, fica quieta só dessa vez — Ele cortou — É o seguinte, eu… Você… Sabe, eu decidi que tá na hora de criar a coragem e a força de fazer um pouco de cada vez. Você sabe, de seguir em frente. Você gostaria de seguir em frente comigo?
- Oh, Peter… — Ela pegou a rosa, a encarou um pouco, e voltou a encarar o pretendente — Vem aqui.
Ela o puxou para um beijo, algo que Peter não fazia a muito tempo. Eles passaram os braços um pelo outro num abraço, e quando o beijo terminou, se entreolharam, sorridentes.
- Para onde você quer me levar? — Ela perguntou
- Para onde você quer ir?
Ela segurou a mão dele, e o arrastou para longe dali. Peter cumpriu uma promessa para um amigo, e ainda deixou mais uma pessoa fazer parte da sua vida. Talvez dali pra frente ele pudesse continuar sabendo que pode viver um dia de cada vez. Já no Instituto Ravencroft, Gustav Fiers se aproximava da cela de Harry Osborn, que estava sentado em sua cama, com um lençol sobre seu corpo. Fiers mostrou imagens da batalha final de Aranha e Hídrico, e Harry se levantou, sem tirar o lençol de seu corpo, mas com um claro sorriso de baixo do tecido.
- Então foi um sucesso?
- Sim
- Pode chamar o resto
dos nossos candidatos, está na hora de começar a agir…
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