Os dias que vieram a seguir foram únicos nessa nova fase desse novo aranha, seu canal não parava de bombar em todas as redes sociais, e seu números se aproximavam cada vez mais da Screwball, que, como o nome denunciava, mantinha suas postagens na temática do antigo gênero de comédia, até mesmo quando subia vídeos sobre seus atos como vigilante, capturando assaltantes e homicidas com armadilhas cômicas elaboradas. O que mais se comentava no Colégio Midtown era que um encontro dos dois parecia inevitável, e que as maiores tendências mundiais eram sobre como esses dois reviveram a heromania, com até o canal de Bruce Banner, agora com o título de Professor Hulk, fazendo uma volta grandiosa. Notícias percorriam sobre como as pessoas se divertiam, e como os malfeitores temiam, as ações desses dois, e o bom e velho Homem-Aranha finalmente pode deixar as feridas dos últimos tempos para trás e ter a descontração leve, e de sempre, do cabeça de teia.
Uma semana havia se passado, e agora as lives e conteúdos da Teia_do_Aranha já tinham uma programação, o aracnídeo já voava sobre o Queens com sua live matinal, de longe, muitos fãs o observavam de longe enquanto ele os saudava. Em todos os intervalos, os três amigos se sentavam apenas para falar do canal, e quando MJ não estava por perto, para gerenciá-lo também, mas até mesmo ela parecia contente em embarcar no ânimo dos amigos e comentar o conteúdo, chegando até a pegar um favoritismo competitivo pela Screwball, algo que acabou servindo para eles manterem um olho aberto sobre quais as últimas atividades da única celebridade acima deles. Essa implicância excêntrica de Michelle muitas vezes incomodava Ned, mas o humor sarcástico e inteligente da gênio do decathlon acabou conquistando Peter com o tempo, e logo ele está se tornando muito próximo dela.
Foi no fim daquele dia que Peter saiu para sua patrulha diária, como de praxe, com o celular acessível em um compartimento de seu traje, para conseguir gravar qualquer ação para seus adorados seguidores. E foi observando os becos numa noite peculiar que ele viu uma movimentação estranha. Muitos carros estacionados, próximos uns dos outros, perto de um pequeno espaço entre prédios, vinha uma movimentação de luz, com sons de metal se movimentando. Pouco antes de adentrar o beco, ele ouviu uma voz feminina dizer “já!”, e quando finalmente se aproximou, encontrou um grupo de homens mascarados lutando com ninguém menos que a própria Screwball. Logo, ele partiu para a ação, desferindo golpes rápidos para nocautear a onda de criminosos, usando suas teias para prendê-los no chão. Quando a vigilante percebeu a presença ilustre, ela não pode conter o sorriso, e gritar.
- É isso aí, Aranha, uhuuuull!
- De onde saíram tantos deles? — Ele indagou.
- Reduto de crime organizado, só continua batendo!
E em pouco tempo, todos os criminosos foram neutralizados, e assim que ambos perceberam isso, eles foram ao encontro um do outro. Aranha estava com vergonha, mas Screwball estava muito animada, dando uns pulinhos de um lado para o outro. Ela, foi a primeira que começou a falar.
- Antes de tudo, só queria dizer que eu comecei isso tudo por sua causa. Quando eu vi que um cara normal por aí podia ser um grande super-herói que anda com os Vingadores, eu pensei comigo mesma: “Eu posso fazer isso também”. Então, a honra é minha — Ela estendeu a mão, que o aracnídeo apertou sem jeito
- Poxa, nem sei o que te dizer depois disso… Eu gosto muito do seu canal?
- Gosta?
- Gosto, hahaha.
- Me diz, as suas teias saem disso, não é? — Ela gesticulou para os lançadores.
- Sim, eu não produzo teias do meu corpo, muito provavelmente porque elas só iriam sair do meu… Bem, ânus.
- Hahahaha! E o resto das coisas que você faz, como que é? É o traje?
- Como assim?
- Você consegue fazer coisas novas depois que, aparentemente, você ganhou um traje novo do Homem de Ferro?
- Calma, calma — Ele balançou as mãos, confuso — Eu… Faço de verdade tudo o que eu faço. Tirando as teias, é claro, mas eu tenho sim a aderência pra subir paredes, a super força e tudo mais.
- Não brinca! — Ela ficou boquiaberta — E eu aqui achando que podia replicar o que você faz, quando esse tempo todo você tem sim superpoderes. Você devia avisar os outros, imagina se eu tentasse escalar uma parede com um dos meus apetrechos.
- Nunca realmente pensei nisso — Os dois riram, e começaram a caminhar para fora do beco — Mas me diz, tudo o que você faz são com apetrechos?
- Sim, eu mesma os desenvolvi, assim como o meu traje. Ah, isso me lembra de uma coisa — Ela aperta um botão em seu celular, assim que o tira de um bolso, e um drone surge por entre as sombras.
- Você tem um drone!
- Sim, eu gravo tudo com ele. Agora que esse encontro co-los-sal aconteceu, precisamos registrar isso para as nossas redes sociais, o que você acha?
- Nada mais justo.
- Aaaahh, vem cá, homão — Ela puxou o parceiro pela cintura, pegou seu celular e preparou uma selfie, dando um largo sorriso.
Aranha, ainda de máscara, não podia fazer nada para expressar sua felicidade, a não ser fazer o gesto do hang-loose com a mão direita, enquanto a esquerda passava pelo ombro de Screwball. A foto rapidamente viralizou nas redes sociais, chegando até a ser comentado nos maiores noticiários dos Estados Unidos como uma manchete rápida. A principal tendência mundial era “#QuandoOsMundosColidem”. No dia seguinte, Ned não podia conter a ansiedade, assim que Peter chegou, ele não parava de perguntar sobre o que havia acontecido no dia anterior, e Peter não continha o sorriso convencido. Mas enquanto eles surtavam pelas reações, Michelle demonstrou estar nem um pouco feliz com tudo isso, algo que já estava tirando Peter do sério. Foi quando eles estavam no recreio, e ela se sentava ao lado deles, enquanto viam os números de reações da infame selfie, e ela permanecia em silêncio, e com a expressão fechada, que Peter decidiu confrontá-la.
- Me diz… Pra que tudo isso? — Ele se virou para a estudante, com um sorriso que expressava tanto impaciência quanto dúvida.
- O que? — Michelle rebateu, com um tom de ironia.
- Você sabe, todo nosso entusiasmo com o Aranha. Você não pode ficar feliz com alguém que é daqui do nosso mundo, um cara simples que precisa de apoio.
- Peter, olha… Se ele precisa de apoio de gente que perde tempo nas redes sociais, ele não é exatamente um super-herói muito eficiente, né — A expressão de Peter saltou com veias de indignação — Se eu fosse uma heroína, como eles, não perderia meu tempo com o que as pessoas pensam de mim, apenas faria o que eu preciso, e deixaria as pessoas me julgarem por isso, e não pelo o que minha contagem de curtidas diz.
- Você…! — Peter exultou em um suspiro de indignação, mas se recompôs e continuou, mais calmo — Já parou pra pensar que ele talvez faça isso pelo mesmo motivo que qualquer outra pessoa. Ser um super-herói deve ser um trabalho bem exaustivo, e talvez essa seja a maneira dele relaxar.
- Mas aí que tá, Peter. Não é divertido ser um herói, do mesmo jeito que não é divertido ser um policial ou um médico, são vidas que estão em jogo, é algo muito sério. E se ele tenta se divertir às custas disso, não deveria. Ser herói e fazer o que é certo deveria ser recompensa o suficiente. Não é um jogo, é uma responsabilidade.
- Ora, mas… Mas… — Mas Peter não tinha palavras para responder MJ, apenas uma expressão enraivecida. Ela se levantou e se retirou.
Durante toda a conversa, Ned observou quieto, com uma expressão de choque. Quando ela se retirou, ele se levantou e foi atrás dela, fazendo uma careta de reprovação para Peter, sussurrando “depois eu volto”. Aquela discussão não é algo que Parker gostava, sempre que pensava nela, se sentia enraivecido, ninguém tinha o direito de tirar dele o mísero vestígio de reconhecimento que ele tinha, então decidiu não pensar nela mais, nunca mais. Ned não estava particularmente incomodado com o status de celebridade do amigo, mas ele tinha que dar o braço a torcer, MJ tinha um ponto, então ele passou a simplesmente apoiar o amigo por cordialidade, ele sabe de todas as coisas que os Parkers já passaram e ainda passam, May sustenta sozinha Peter, e apesar de eles não passarem nenhuma necessidade, a situação deles não deixa espaço para muito luxo, então ele entendia como essa vida dupla de Peter era uma espécie de recompensa para os dois.
Mais um dia de patrulha havia chegado para o amigo da vizinhança, e com ele, uma nova parceira. Screwball se encontrou com o Homem-Aranha, e ela imediatamente começou uma live com a câmera de seu drone. Os dois saltavam de edifício a edifício, a dupla era um show de cores sempre que atravessam algum lugar iluminado. Foi naquela noite que eles encontraram um grupo de sequestradores em uma das áreas mais pobres da cidade. Com sua grande van preta, eles sequestraram uma família que chegava em casa tarde da noite. A dupla de heróis voou ao resgate, eram várias pessoas armadas, isso deu chance para o aracnídeo testar seu sexto sentido, que ainda estava se aflorando. Foi no meio da rua quando vários deles saltaram para fora do veículo e começaram a imobilizar os pais e amordaçar os filhos, Aranha chegou com uma voadora no sequestrador que amordaçava a criança mais nova, quando Screwball utilizou um de seus bastões para derrubar outro logo ao lado.
O arrepio avisou Peter de uma figura oculta pela escuridão do interior da van, prestes a atirar neles. Com um rápido disparo de sua teia, ele desarmou o criminoso, e então ele saltou para fora com um facão em mãos. A influencer saltou na frente de Aranha, e começou um intenso combate com criminoso, enquanto o cabeça de teia corria atrás dos outros fujões, que ativaram na direção deles. Um deles quase acertou a mãe, mas Aranha soltou uma rápida teia, e aquela foi a primeira vez que ele se sentiu grato pelo traje ter um disparo tão rápido e limpo, pois a mãe tombou para o chão, fazendo com que a bala pegasse de raspão em seu cabelo. Ele rapidamente desarmou o restante e, com um salto acrobático, caiu na frente deles, e em um rápido conflito, ele desferiu um grande gancho e uma rasteira, todos caíram, atordoados tempo o suficiente para serem presos, ironicamente, pela teia do aranha.
Ele desviou sua atenção para SB, como ela também gostava de ser chamada, e ainda estava lutando com outros três criminosos, um deles sendo até o motorista, deduziu. Assim que Aranha percebeu que os civis já fugiram para dentro de sua casa, ele correu para ajudar, mas em um rápido movimento, quando jogou um de seus bastões para atingir um criminoso que tinha recuado, ela gesticulou para ele parar, e assim ele fez, confuso. Ele podia ver o drone sobrevoando a situação, e assim que um dos mascarados tirou o segundo bastão, ela rapidamente puxou uma de suas latas de tinta spray, algo que deixou Homem-Aranha confuso, mas então ela soltou um jato na face de um deles, e ele começou a gritar, caindo no chão. Uma deles também não pode desviar do jato rosa a tempo, e pegou diretamente em um de seus olhos, também a fazendo cair. Já o terceiro e último rapidamente socou a lata da mão dela, e com um sorriso, avançou para acertar o rosto da vigilante, mas ela foi mais rápida, tirando um taser de um dos compartimentos de seu cinto, e acertando ele diretamente no peito, ele gritou de dor e se afastou, atordoado, o que deu a chance para ela acertar o taser novamente, dessa vez no pescoço, desmaiando o agressor.
- Wow! — Aranha pontuou, batendo palmas lentamente — Você tem mesmo de tudo nesse seu cinto.
- Cinto de Utilidades, nunca falha. Me inspirei no meu super-herói favorito.
- Quem?
- Quem mais? Cinto de utilidades, máscara com a boca pra fora, só falta o mordomo e a caverna, claro.
- Você não é uma rica reclusa que jurou vingança pro mundo do crime, por acaso, né?
- Hahahaha, quem sabe? — Ela se aproximou de Aranha, colocando ambas as mãos no seu peito — Você quer descobrir, por acaso?
- Uhh… N-não! Não necessariamente, você… Quer revelar?
- É uma via de mão dupla — Ela sussurrou, sorrindo sugestivamente.
- Eeeuuuu… Preciso ir, Screwball. A gente se fala depois — Ele disse, saltando da situação, envergonhado com tudo. Ela sorriu, maliciosamente, e caminhou para longe dali.
Ao chegar em casa, ele estava cansado, e estranhamente, May ainda estava acordada. Ela abriu o quarto de Peter e, confusa, perguntou por que ele tinha voltado tão cedo. Evitando perguntas, apenas disse que não estava com pique aquele dia, e fechou a porta. Ele se sentia um pouco assustado pela implicação que a vigilante influencer tinha feito naquele momento, mas também se sentia um máximo, foi a primeira vez que uma garota tinha dado bola para ele sem ele correr atrás disso, talvez ele estivesse pegando a manha da sedução e nem tenha percebido. Ele sorriu ao se deitar, e pela primeira vez em muito tempo, se deixou descansar mais dessa vez, para variar.
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