Os fins de semana são os únicos que Peter podia se dedicar completamente. Mas depois daquela noite de sono, ele não podia pensar em outra coisa. Ele precisava contar para o público sobre a farsa de Screwball. Mas primeiro, ele alçou voo pelos arranha-céus de Nova York. Depois de balançar por um tempo, percebeu que uma jovem, mais ou menos da mesma idade que ele, estava tendo sua bolsa roubada, sem ela perceber. Trabalho rápido, ele rapidamente prendeu o assaltante em sua teia, e correu para devolver a bolsa.
- Hey, moça — Ele exclamou, inocente — A sua bolsa! Aquele ali quase levou ela.
- Uh?! — Ela parecia assustada com a aparição do herói, pegou a bolsa dela das mãos dele e começou a caminhar para longe, pegando o celular, fazendo uma ligação.
Peter não sabia o que estava acontecendo, mas então ele começou a perceber os olhares de muitas pessoas, o julgando ao longe. Ele decidiu ir para um lugar que se sentia confortável. No topo do edifício do colégio, ele abriu suas redes sociais, tirando a máscara. Uma bomba, era tarde demais para Peter fazer alguma coisa a respeito de Screwball, ela já tinha atacado primeiro. Um vídeo, o título era apenas “Homem-Aranha”, e quando ele o abriu, uma voz sussurrante da vigilante era ouvida por cima de uma imagem do grafite que ela havia feito do aranha, só que todo rasurado.
- Ele diz ser o “amigão da vizinhança” — A voz dela começou, calma — O Homem-Aranha é um imã de atenção, um sanguessuga e… Não é quem vocês imaginam. Existe um motivo pelo qual ele veste uma máscara que cobre todo o rosto, ele é egocêntrico e arrogante, uma pessoa de mau caráter. Sempre irá esperar alguma coisa de você em troca. Se sinta sortudo por não ter sido vítima de seus… Avanços.
Peter não podia mais assistir. Ele desligou o celular. Ele está vermelho de ira, sua ansiedade aumentava cada vez mais enquanto ele olhava as pessoas o observando com desdém, correndo para chegar em casa. Já era notícia nos mais variados jornais, o vídeo de denúncia falso da mascarada alcançou a boca de todos, o Teia_Do_Aranha estava num rápido declínio, e algumas pessoas tentaram até acertá-lo com tomates podres quando ele estava voltando pra casa. Ele entrou em desespero, tirando seu uniforme como um animal, e então todos aqueles pensamentos negativos acabaram vindo. Acabou acontecendo de novo, a única coisa que fazia ele se sentir normal depois de tanto tempo, arrancada dele por outra pessoa. Ele gritou de raiva, o que atraiu a atenção de May, que depois que ver todas as manchetes envolvendo o sobrinho, decidiu conversar com ele.
Ela bateu na porta antes de abri-la, e quase foi atingida por um celular voador. Ele se chocou com tudo na parede ao lado dela, e depois do susto, ela reparou em Peter. O pobrezinho estava uma bagunça, seu cabelo desarrumado, olhos vermelhos das lágrimas escorrendo em seu rosto. Sua ira só era comparável ao estado das roupas ele colocou, amassadas e contorcidas, uma bagunça. Ela se aproximou lentamente.
- Peter…
- Não quero conversar agora, May.
- Amor…
- Não, por favor.
- Você precisa — Ela se sentou na cama, junto com Peter — Eu vi os noticiários, e eu sei que não é verdade. Não o meu sobrinho.
- Tudo o que eu faço, May. Todas as coisas boas que eu consigo pra mim mesmo, alguém vem e tira de mim! Eu to cansado — As lágrimas de Peter rolavam enquanto ele balbuciava — Porque fazer o que é certo é tão difícil, será que… Eu vou ter que deixar de ser o Homem-Aranha?
- Oh… — Ela abraçou Peter, e continuou falando com ele em seus braços — Querido… São elas que estão erradas, e não você. Você precisa levar isso como um aprendizado, e não deixar isso te derrotar.
- O Ned tentou me avisar, mas eu não dei ouvidos a ele…
- É, você tem que dar ouvidos aos seus amigos, não importa a situação. Eu tinha meus receios quando vocês fizeram aquele canal, mas você tinha o Ned, então eu fiquei tranquila. Mas você não continuou com ele. Lembra o que eu disse de só sermos eu e você? Isso não tá certo. Você precisa das pessoas que te querem bem, não importa o preço.
- Mas eu magoei ele, tia.
- Olha… — May soltou o sobrinho, e começou a ficar com o olhar distante — Quando eu… Conheci o amor da minha vida, o Ben, nós passamos muito tempo juntos, era como se fosse um sonho. Mas a minha família não gostava dele, principalmente porque ele não era italiano como eu, então todos eles, meus pais, irmãos e irmãs, começaram a me excluir de tudo o que eles faziam, eu só tinha o Benjamin. Por muito tempo, eu me senti sem lar, éramos só nós dois contra o mundo, não importa quem estava contra nós, sempre seguimos em frente. Entendeu? Mas não foi assim pra sempre. Depois que eles tiveram que conhecer ele, de uma maneira ou outra, eles viram o engano que cometeram.
- E você perdoou eles?
- Mas é claro, Peter. Eu fiz o que qualquer pessoa faz por alguém que ama, se essa pessoa te magoou, mas se arrependeu do que fez, e você sabe que esse arrependimento é real, não há por que guardar mágoas, deixar algo tão ruim guardado no coração só abre feridas que não deveriam estar lá. Eu também não tive a melhor das reações quando eles começaram a me julgar, mas eles também estavam dispostos a me perdoar.
- … O que eu faço agora?
- Primeiramente, você vai passar o fim de semana todo aqui comigo, o Homem-Aranha não é muito querido lá fora e você raramente passa um comigo desde quando você começou essa vidinha dupla sua, eu suponho.
- Hahaha, desculpa — Peter já enxugava as lágrimas.
- E segundo, quando você voltar pro colégio, vai se desculpar com o Ned, e ir atrás dessa Screwball, não importa quanto tempo leve.
- Sim senhora.
- Agora vem, me ajuda na cozinha.
O fim de semana sabático do Homem-Aranha foi algo que ele realmente precisava ter. Peter às vezes esquece como é bom estar na presença da tia, a única família que lhe resta além de Ned, eles conversaram mais sobre as inseguranças e todos os dramas que eles passaram juntos até o dia que ele voltou para o Colégio, desta vez sem carona na teia. Ele ficou aliviado de não ter saído com o uniforme naquele dia, pois, como todos os dias desde quando ele criou o tal canal, o papo era sempre sobre o Homem-Aranha. Ele não teve coragem de falar com o Ned até o intervalo, ainda estava pensando no que dizer, apesar de passar o fim de semana todo nisso. Assim, quando ele criou coragem, no intervalo, ele se aproximou da mesa onde estavam ele e MJ, com quem também teve que considerar nos últimos dias, então não era problema ela estar lá. Ele se aproximou lentamente deles com a bandeja do almoço.
- Oi… — Ele disse, com voz baixa, vermelho — Posso… Me sentar e falar com vocês?
- Senta aí — MJ disse, depois que Ned olhou para ela, vendo se ela estava confortável com isso.
- Eu… — Ele começou a dizer, depois de se sentar — Só queria dizer que eu sinto muito. Pra vocês dois. Eu não tenho muitas pessoas com quem contar, e eu já tenho uma família bem pequena, eu não quero afastar mais ninguém. Vocês… Podem me perdoar?
- Prova — Michelle disse, para espanto tanto de Peter quanto de Ned.
- Como eu posso provar?
- Fala que eu tava certa sobre o que eu falava desse negócio da Screwball e do Homem-Aranha.
- Ah… Só isso? Claro, você tava certa.
- Isso é tudo o que eu queria ouvir — Ela sorriu, um sorriso genuíno dessa vez — Bem-vindo de volta ao mundo dos lúcidos, Peter.
- Obrigado, haha — O sorriso dela, o sorriso real dela, era um presente que Peter não pensava ser tão recompensador.
- Peter, olha… — Ned continuou — Eu não to com raiva de você, eu sei que tudo o que você tem passado nos últimos anos tem sido um inferno, e eu não te culpo. Eu só estava preocupado com você, e é bom ver que tá tudo bem. MJ, você pode dar licença pra mim e pro Peter, por favor? Sabe como é, papo de homem.
- Hm? — Ela levantou uma sobrancelha, curiosa — Ta bom…
- Eeentãaaooo… — Ned esperou ela se levantar, e depois que ela saiu, continuou — E o negócio com a Screwball.
- Ela é horrível, Ned. Todos os atos de heroísmo dela eram uma farsa, atores pagos, acidentes, assaltos, incêndios, tudo obra dela pra ganhar mais visualizações. Ela sabia que eu ia vazar tudo e acabou com a minha popularidade online por causa disso.
- E o que você quer fazer?
- O que a May me disse pra fazer, ir atrás dela e acabar com essa farsa de uma vez por todas. Mas como fazer isso que é a parte difícil.
- Peter, você tem seu nerd da cadeira de volta. Eu já sei o que gente pode fazer.
Mais tarde, eles estavam na sala de informática, escondidos, enquanto o sinal do fim do dia letivo soava, Ned, se preparava para se esconder na sala e utilizar a máquina no missão daquela noite. Ele começou a dizer o plano pro Peter.
- É o seguinte, você tem umas teias meio diferenciadas aí. Você não tem uma teia de choque?
- Sim.
- Me passa a ponta do condutor.
- Aqui — Peter disse, logo após abrir o lançador de teias pegá-la de um dos compartimentos
- Certo, você abre ele e começa a botar isso dentro — Ned mostrou uma chave USB para ele, e assim Peter começou, e ele continuou — Eu vou hackear os sistemas da Screwball assim que você lançar essa teia em alguma coisa da rede dela. Eu consigo entrar em qualquer sistema com tempo, você sabe, invadi até traje de tecnologia Stark, umazinha qualquer igual ela não vai ser problema. O problema mesmo vai ser quanto tempo eu vou demorar pra fazer isso, e você precisa deixar ela ocupada quanto tempo for necessário, e até lá, você não pode fazer nada que te incrimine aos olhos do público, se não ela com certeza vai usar contra você.
- Então eu tenho que distrair ela, mas não posso fazer nada que me comprometa?
- Sim, pelo menos até eu entrar no sistema dela. A última parte é pegar tudo que incrimina ela vazar na rede do jeito mais popular possível, já que o seu canal não é mais uma opção…
- Entendi, vou falar com ele depois — Peter confirmou os pensamentos do amigo, é claro que eles iam recorrer ao maior poder que eles tinham disponível.
- Plano definido, meta traçada, você ta pronto?
- Não, mas eu não tenho opção.
- Boa sorte, cara, a gente continua se falando no traje.
- Valeu — Os dois fizeram seu toque, e Peter saiu pela janela.
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