Era de noite já, e uma figura fardada com um traje militar todo branco, e apenas um “R” vermelho no peito, usando uma pintura no rosto com um “A” também em vermelho, se encontrava debaixo de uma ponte, escura e vazia, e ele gritava:

- O mundo irá pagar por tudo o que já tirou de mim! Eu, Typeface, o terror da guerra, da opressão e da ganância deste mundo, irei pôr um fim a todos que ousaram não dar apoio às vítimas desse sistema corrupto, onde as pessoas são tratadas como menos do que elas são, e como prova disso, irei atrás da mais brilhante entre os menores, e devolverei o brilho para todas as pessoas menores do que ela, e subirei uma escada da ira, onde cada degrau é um símbolo de poder derr…

- Corta! Corta! — A voz inconfundível de Screwball soou, e ela, seu drone e mais alguns mercenários com seus disfarces de civis, saíram das sombras — Gordon, não ta legal. Isso é pra caber num curta, cara. O discurso tava até maneiro, mas tu precisa dar uma maneirada nisso. Um pouco menos Chicote Negro e um pouco mais Caveira Vermelha, moro? Mais frases de efeito e menos monólogos.

- Eu queria ser ator, sabia? — Gordon Thomas acrescentou, mostrando um sorriso — Mas eu acho que eu não sirvo pra papel de veterano de guerra.

- Eu estou te pagando, Gordon, não importa o que você ache, só faz o seu trabalho — Screwball respondeu, ríspida — Screwball precisa de um arqui-inimigo, fique feliz que você vai ser meu recorrente.

        Todos eles se organizaram novamente, e então Screwball começou outra live, seu drone a acompanhava enquanto ela fingia estar escondida, em uma missão furtiva para encontrar o tal arqui-inimigo que ela havia projetado.

- Galera, eu estou numa localização confidencial. Estou rastreando os rumores de um terrorista que planeja recriar um atentado aos três poderes dos Estados Unidos. Escutem… Acho que eu encontrei ele — O Drone se virou para o cenário de baixo da ponte, onde Typeface caminha lentamente, segurando um comunicador falso em sua orelha.

- Sim, uma tonelada de explosivos C4, dois grupos de milícia e um tanque de napalm… Sim, claro, eu estou esperando ela aparecer… Sim, com licença — Ele fez como se tivesse desligado o rádio — Screwball! Eu sei que você está aí! Revele-se!

- Como você sabia? — Ela saiu do “esconderijo”, fazendo uma pose dramática.

- Eu sou Typeface! O Mestre do Armamento e da Guerra. Por muito tempo eu desejei retribuir tudo o que o governo deste país deixou de fazer e tirou de mim! Está na hora de todos pagarem! E não vai ser uma figura alegre e pública, patrocinada por mais de cinco marcas famosas, que vai me impedir!

- Eu sou tudo o que você despreza, não é?

- Sim! Você é símbolo do que eu antagonizo. Está na hora de eu apagar esse símbolo de uma vez por todas!

- Você quer uma ajudinha, Screwball? — Uma luz intensa brilhou no topo deles, vermelha a com olhos brancos, era o símbolo do Homem-Aranha — Gostou do meu aranha-sinal, a propósito? Lembrei do seu herói favorito e não pude perder a chance.

- Homem-Aranha! — Screwball gritou.

- Homem-Aranha… — Typeface murmurou, trocando sua expressão maníaca por um rosto de angústia.

- Eu tinha até esquecido que o meu lançador fazia isso! Ah, e isso também — Aranha lançou uma teia no drone, obstruindo sua lente.

- Entrei! — Ned replicou no comunicador, já derrubando o drone assim que acessou as funções bases dele.

- Você não falou que o Homem-Aranha vinha! — Gordon gritou, covardemente.

- O que você tá fazendo aqui, aranha?! — Ela gritou para ele, perplexa e claramente zangada — A humilhação que eu fiz você passar não foi o suficiente?

- Isso acaba agora.

- Oh, o que será que o Homem-Aranha veio fazer comigo? — A voz dela agora era suplicante, estendendo a mão para o bracelete — Não é?

        O rosto dela mostrava uma expressão sádica, mesmo por baixo do visor laranja de seu capacete. Ele sabia que estava sendo gravado em algum lugar, por alguma coisa, de algum jeito, não podia dar sorte pro azar. Ele rapidamente soltou teias que imobilizaram todos os mercenários que estavam ajudando com a produção, e então apenas restavam ele com Screwball e Typeface, o último que começou a atirar com sua metralhadora na direção do aracnídeo. Ele rapidamente desviou, e com um simples tiro de teia, desarmou o mercenário, que começou a correr, ele facilmente teria imobilizado Typeface também, mas então Screwball começou a atacar. Ele tinha pousado do teto da ponte ao lado dela, e ela começou a atacar, mas não com seus bastões comuns, dessa vez eles tinham lâminas em suas pontas, não eram mais bastões e sim foices. Teve que habilmente desviar dos ataques dela, mas também teve de se conter para não a atacar violentamente. Infelizmente, isso limitava o mapa de ações dele, e eventualmente, ela conseguiu cortar o ombro esquerdo, o que o fez saltar para longe dela, e então ela deu um sorriso

- Oh, volte aqui, Homem-Aranha! Você não vai fugir da justiça! — O olhar dela era obsessivo, ela realmente gostou de ter o machucado.

- Nerd da Cadeira… — Ele sussurrou — Falta muito?

- Praticamente acabei de começar, Homem-Aranha. Você vai ter que segurar a onda dela.

        E então, Homem-Aranha saltou para trás dela, e ela continuou desferindo seus ataques com as foices. Ele esperou pacientemente entre as tacadas da criminosa e, no momento certo, deu um salto para trás, e subitamente lançou suas teias, que grudaram nas foices, e com um só puxão, ele as mandou para longe do alcance dela. Ela parecia muito mais furiosa agora, e o cabeça de teia teve de admitir, estava com medo do que aconteceria a seguir. Ela levantou seu braço direito, e o canhão das bolas de tinta se abriu, seu sorriso era estático, e completamente insano. Ela começou a lançar as bolas, e pulou no teto da ponte novamente. Seus movimentos de aranha eram quase indistinguíveis na escuridão daquele lugar, no meio da noite, ele teve uma boa sorte em não deixar o campo de visão dela claro. Ela começou a exigir que ele saísse logo das sombras, e quando viu que ele não atendia, começou a caminhar em direção às foices que ele havia desarmado.

        Visto que ele não podia dar brecha pra ela se sentir relaxada, ele rapidamente perguntou para Ned sobre o progresso novamente. Com resposta negativa, ele teve de interceptar a vigilante duas caras novamente, saltando entre ela e as foices. Sem demora, as bolas começaram a ser lançadas novamente, e ele teve de confiar em seus reflexos para desviar das rajadas, grudando uma em suas teias antes mesmo de estourar, e redirecionando outra para atingir os pés de Screwball. Ela grunhiu, e abriu outro lançador na mão esquerda, espirrando uma espécie de solvente para soltar os pés, e enquanto ela fazia isso, aranha correu para as foices, e as quebrou com as mãos. A influencer começou a bater palmas, parada enquanto o solvente dela agia na tinta de cola.

- Parabéns, aranha. Vamos conversar, o que acha, eu sou razoável, quero saber o que você quer comigo agora.

- Só se você desligar qualquer gravação que esteja rolando.

- Privacidade? Respeito isso — Ela teclou nos controles de seu braço novamente — Feito.

- Só um momento — Logo, ele sussurrou para Ned — Ela realmente desligou tudo?

- Não — Veio a resposta

- Bom — Ele voltou a falar com ela — Pra que mais eu vim aqui, se não pra te prender.

- Me prender? Hahahahaha! Você não pode me prender, cancelado número um. Eu tenho toda a internet comendo na minha mão, eu tenho o poder de controlar a opinião das pessoas, você não pode me enfrentar. Você deveria ter ficado comigo.

- Você poderia ter sido uma heroína de verdade. Agora você está impedindo gente que realmente quer fazer o bem de fazê-lo porque você não quer perder seus patrocínios.

- O que eu faço é arte, aranha. Meu nome é prova disso, como distrair o público médio americano em meio de uma crise? Comédia Screwball, algo muito mais significativo sobre o tipo de público que estamos agradando. E mais uma coisa, eu ajudo muito mais gente do que você jamais poderia. Eu dou trabalho pra gente como, oh, aquele é o Typeface?

        Logo, Aranha disparou outra teia, desarmando Typeface, que se escondia atrás de um poste de luz. Screwball bufou, insatisfeita, e ele se aproximou.

- Eu prometo ir sem resistência se você não me socar, Aranha — Ele estava tremendo.

- Olha só o que você fez! Um dos meus melhores mercenários virar um bebê chorão, sabe o que eu vou ter de fazer?!

- Não… — Typeface começou a tremer, horrorizado.

- Calma… O que ela tá querendo dizer? — Homem-Aranha ressaltou, sem ter tempo de reação.

        Screwball lançou uma de suas bolas de tinta no rosto do pobre Gordon. Seu rosto estava coberto pela cola colorida da arma, e ele não parava de tentar tirar o composto do rosto, desesperado por ar. Aranha correu para tentar socorrê-lo, mas percebeu que não podia tocar na tinta, uma vez que a própria mão de Gordon havia invariavelmente grudado ao menor toque. Então, Aranha correu para Screwball, que ainda estava esperando o solvente agir, e agarrou o braço esquerdo dela, tentando forçá-la a disparar o solvente no homem. Com um alto “Me larga!”, ela empurrou o desamparado Peter Parker ao chão, que não podia fazer mais nada além de ver o pobre Typeface sufocar até a morte. A ira do herói tinha acabado de ser despertada, ele apertava seus punhos, de joelhos no chão, enquanto Screwball terminava de se libertar da própria armadilha, e caminhava lentamente na direção do aranha.

- Eu não posso deixar ninguém saber o que aconteceu… Eu gostava dele, Aranha. Eu vou ter que fazer o mesmo com você.

- Peter… O que aconteceu? — Ned murmurou.

- Você matou aquele homem! — Ele respondeu para os dois.

- Não gosto de matar, cabeça de teia. Mas as vezes eu preciso.

- Ele nem foi o primeiro?!

- Não, mas com sorte, você vai ser o último.

- Terminei — Ned disse ao comunicador — Não tem mais volta, eu tenho acesso à tudo dela, acaba com isso agora.

        Num salto quase sobrenatural, Homem-Aranha avançou em direção de Screwball, e com um soco, rachou o visor dela, a fazendo cambalear para trás. Ainda claramente atordoada, ela cuspiu um dente, e olhou para o aracnídeo, sangue saindo da boca, seu olho escuro com intensa raiva. Ela correu na direção dele, e os dois travaram uma breve, mas sangrenta batalha. Com golpes rápidos, do que Peter supôs que era Karatê, ela avançou ferozmente no herói, mas ela não tinha chance contra os poderes sobre-humanos de seu adversário. Em um rápido movimento, Aranha deu um soco no estômago dela, ela ficou imóvel, o que deu chance dele a botar de joelhos com uma rasteira, e imobilizá-la, amarrando seus braços e pernas com suas teias. Logo, ela ficou inconsciente, e Peter indagou se ele deveria levá-la. Ned aconselhou que não, ainda não haviam vazado tudo dela, então Homem-Aranha foi embora, tomando a bola de tinta que não havia estourado consigo, só caso precisasse provar o que havia acontecido.