Emika observava o saltitante Isniffi com um olhar desconfiado. Ele sorria tão alegre. Como que pode ele estar feliz? Um frio na barriga fez Emika parar de olhar para o seu filho. Aquela floresta era muito grande. Árvores que cobriam o céu com suas folhas. Barulho de animais, cheiro de fezes misturado com o frescor da natureza. Sakura foi seu lar por tanto tempo que ela tinha se esquecido de como é uma selva.
Segundo Aika, a fada sequestrada poderia estar ao norte, uma vez que ela havia visto pequenas pegadas indo nessa direção. Isniffi era o único que parecia não se importar com o perigo desse lugar. Emika olhou para baixo e se lembrou de uma época passada. Isniffi, em sua forma humana, procurava rastros de uma criatura que vinha fazendo um inferno nas vilas vizinhas. Eles haviam sido contratados pelos moradores, o pagamento era bom e a comida melhor ainda.
— Emika, acho que estamos lidando com um Rex Primal — disse ele com sua voz rouca e corajosa.
— Rex Primal não estavam extintos nesta região? — disse Emika sentada nos ombros do seu filho.
— É o que dizem, o último que matamos foi nas fronteiras de Min-Su.
— Devíamos deixar esse serviço para o exército, o Rex Primal é complicado demais para nós dois.
— Esqueceu que somos heróis de espada e bruxaria? — zombou Isniffi.
— Está quente, por que não vamos nadar primeiro? O Rex Primal não desaparecerá se tirarmos uma folga — afirmou Emika —, depois a gente procura pelo monstro.
— Não é hora de nadar, precisamos ficar atentos para os perigos dessa floresta estranha.
— Lá tem garotas bonitas — falou Emika cutucando a cabeça dele.
— Tudo bem, eu quero! — gritou Isniffi correndo para o lago.
Emika entrou na água quente com uma expressão de satisfação. Isniffi, por sua vez, ficou com um ar de desapontamento. Ela sorriu. A fraqueza do seu filho é mulheres e competição, clássico de bárbaros como ele.
— Aproveite essas águas quentes, estamos andando há dias sem tomar um banho decente… — disse Emika jogando água no Isniffi.
— Tem razão… — respondeu Isniffi devolvendo a enxurrada de água.
— Seu fedelho, quer mesmo competir comigo? — gritou Emika sorrindo.
Os dois começaram uma guerra de água. Eles estavam felizes. As pessoas diziam que eles não se pareciam com mãe e filho, mas irmãos e grandes amigos. Emika o adotou quando ele tinha cinco anos. Isniffi era filho de Argus, o deus das tempestades. Ele disse que não poderia ficar com Isniffi, pois era proibido um deus se relacionar com uma mortal. Emika prometeu que protegeria o menino até o fim de sua vida e, como recompensa, foi transformada numa deusa. Isniffi e Emika juraram, um para o outro, que nunca saíram de perto e viveriam juntos para o todo sempre.
— Espera… — disse Isniffi — está escutando?
— Escutando o quê? — perguntou ela.
— Droga… ele está aqui! — gritou Isniffi apontando para criatura que os observava com um olhar ameaçador.
Isniffi puxou Emika para fora do lago como se fosse uma boneca de papel. O Rex Primal, com seus braços de primata, socou o chão, fazendo a terra tremer. Isniffi olhou para os lados, procurando sua espada.
— Isniffi, ele comeu o cavalo!
— Droga, minha espada e suas botas mágicas estavam nele!
— Não podemos lutar só de roupas íntimas, vamos fugir!
— Nem ferrando, aquela espada é cara, além disso, suas botas mágicas também estão no estômago dele.
— Que seja, vamos ter que lutar à moda antiga!
Isniffi arregalou os olhos. O Rex Primal arremessou duas rochas na direção deles. Emika se desviou da primeira, Isniffi, por sua vez, foi arremessado contra as árvores.
— Está enferrujado? — zombou Emika.
— Vai ficar de graça? — disse Isniffi com um sorriso.
— E que tal tentarmos matar ele de dentro para fora? — afirmou Emika.
— Você quer mesmo ser engolida por aquilo?
— Eu? É você que entrará no estômago dele!
Isniffi sorriu. Ser devorado por um monstro gigante seria a primeira vez em seu histórico perfeito de mercenário. O Rex Primal, bufando, correu na direção dos heróis feito um gorila raivoso.
— Isso vai ser divertido!
Isniffi correu na direção dele gritando igual a um louco. A criatura abriu sua boca e engoliu nosso herói. Emika, sentada numa rocha, acenou para o Rex Primal com um olhar de zombeteiro. A criatura ficou confusa. Era para aquela mulher correr, ainda mais vendo seu companheiro sendo devorado daquele jeito!
— Que foi monstro, está com medo do quê? Vem me devorar!
A criatura deixou suas dúvidas de lado e correu rumo à Emika pronto para esmagá-la. De repente, uma forte dor de barriga o fez cair de joelhos. A ponta de uma espada rasgou sua pança.
— Como foi seu tour no estômago do bicho? — perguntou Emika.
— Foi muito legal! — gritou Isniffi saindo da barriga do bicho com um sorriso.
Ele foi rumo à Emika tentando abraçá-la, mas ela se afastou com uma careta engraçada.
— Você está sujo, só vou te abraçar quando você tomar um banho, seu fedido! — gritou Emika.
“O que será que aconteceu com aquele Isniffi que não tinha medo de entrar na garganta de uma besta selvagem?” Disse Emika em seu íntimo enquanto esquadrinhava o pequeno Isniffi.
— Emiquinha, Isniffi nunca viu uma fada antes… será que ela tem asas iguais à sua? — perguntou ele com sua voz doce.
— Estou mais para uma humana com asas do que uma fada — respondeu Emika com um olhar seco —, quando isso tudo terminar, vou dar um jeito de arrancá-las!
— Não precisa fazer isso… gosto delas.
— Gosta delas?
— É claro que sim, você ficou mais linda do que antes!
— Larga a mão de falar bobagens… essas asas e sua aparência é algo estranho que precisamos dar um jeito de reverter.
— Isniffi… desculpa, não quis dizer que isso é legal, só que a Yumiko deixou claro que isso é irreversível.
— Sei disso… mas perder as esperanças nos fará desistir de viver.
— É tudo culpa do Isniffi… se ele tivesse ouvido você, a gente nunca estaria nessa situação — afirmou Isniffi chorando.
Emika não conseguiu encontrar palavras. Ela estava confusa e com medo. A resposta para suas dúvidas estava longe de se encontrar. Ela respirou fundo e apontou para uma pequena caverna. Isniffi acenou com a cabeça. Aquele seria o abrigo deles naquela noite. Emika pegou galhos e fez uma fogueira para eles, Isniffi, por sua vez, observava as chamas com um olhar desanimado. Emika não sabia o que falar para animá-lo. O pequeno abriu sua boquinha e cantou uma canção. Emika nunca havia ouvido essa música antes. Fofa e inocente, era algo que ela nunca escutaria na boca do antigo Isniffi.
Doce, docinho
Com todo amor
Quero seu carinho…
Não me deixe sozinho
Seu braço é meu paraíso,
Vivo feliz em seu sorriso…
Emika se levantou. Ela foi para fora da caverna com os olhos lacrimejando. Isniffi continuou sua canção sem perceber a tristeza de sua mãe. A sua voz doce fez os pássaros voarem para dentro da caverna e acompanharem sua melodia. Os animais de Seichi são mais inteligentes do que você imagina, tudo que é diferente, eles correm para ver!
— Emika… — disse Isniffi tocando as costas dela.
— O que foi? Precisa de algo? — perguntou Emika enxugando as lágrimas.
— Onde ouvi aquela canção?
— Não faço a mínima ideia…
— Acho que vou dormir, quer dormir comigo?
— Dormir com você? Pensei que você não gostava de dormir comigo!
— Sério? Isniffi não se lembra… Mas você quer dormir mesmo assim?
— Tube bem, se isso vai deixá-lo mais feliz…
Isniffi guiou Emika até sua cama improvisada com os panos que tinha em sua bolsinha mágica. Ele deitou primeiro. Emika foi logo em seguida. Ela virou de lado, olhando para as rochas emboloradas. Os pequenos braços do Isniffi a envolveram. Ele dormiu logo em seguida. Emika sentiu sua respiração, era calma e suave, como se confiasse sua vida nas mãos dela.
— Eu não sei o que aconteceu com você — sussurrou Emika —, mas prometo que vou protegê-lo com minha vida.
Enquanto eles dormiam, no lado de fora, dois orcs assassinos os observavam. O líder deles sorriu. Aquela seria a presa mais fácil que eles já pegaram.
— Avise o Rei Rasmus que encontramos uma fada grandona! — disse o líder dos orcs lambendo sua faca.
— Estou mais para uma humana com asas do que uma fada — respondeu Emika com um olhar seco —, quando isso tudo terminar, vou dar um jeito de arrancá-las!
— Não precisa fazer isso… gosto delas.
— Gosta delas?
— É claro que sim, você ficou mais linda do que antes!
— Larga a mão de falar bobagens… essas asas e sua aparência é algo estranho que precisamos dar um jeito de reverter.
— Isniffi… desculpa, não quis dizer que isso é legal, só que a Yumiko deixou claro que isso é irreversível.
— Eu sei disso… mas perder as esperanças nos fará desistir de viver.
— É tudo culpa do Isniffi… se ele tivesse ouvido você, a gente nunca estaria nessa situação — afirmou Isniffi chorando.
Emika não conseguiu encontrar palavras. Ela estava confusa e com medo. A resposta para suas dúvidas estava longe de se encontrar. Ela respirou fundo e apontou para uma pequena caverna. Isniffi acenou com a cabeça. Aquele seria o abrigo deles naquela noite. Emika pegou galhos e fez uma fogueira para eles, Isniffi, por sua vez, observava as chamas com um olhar desanimado. Emika não sabia o que falar para animá-lo. O pequeno abriu sua boquinha e cantou uma canção. Emika nunca havia ouvido essa música antes. Fofa e inocente, era algo que ela nunca escutaria na boca do antigo Isniffi.
Doce, docinho
Com todo amor
Quero seu carinho…
Não me deixe sozinho
Seu braço é meu paraíso,
Vivo feliz em seu sorriso…
Emika se levantou. Ela foi para fora da caverna com os olhos lacrimejando. Isniffi continuou sua canção sem perceber a tristeza de sua mãe. A sua voz doce fez os pássaros voarem para dentro da caverna e acompanharem sua melodia. Os animais de Seichi são mais inteligentes do que você imagina, tudo que é diferente, eles correm para ver!
— Emika… — disse Isniffi tocando as costas dela.
— O que foi? Precisa de algo? — perguntou Emika enxugando as lágrimas.
— Onde ouvi aquela canção?
— Não faço a mínima ideia…
— Acho que vou dormir, quer dormir comigo?
— Dormir com você? Pensei que você não gostava de dormir comigo!
— Que isso, Isniffi adorava dormir com você… mas adultos fingem ser o que não são para agradar os olhos dos outros.
— Tem razão, até porque, não tem ninguém nessa ilha para nos julgar…
Isniffi guiou Emika até sua cama improvisada com os panos que tinha em sua bolsinha mágica. Ele deitou primeiro. Emika foi logo em seguida. Ela virou de lado, olhando para as rochas emboloradas. Os pequenos braços do Isniffi a envolveram. Ele dormiu logo em seguida. Emika sentiu sua respiração, era calma e suave, como se confiasse sua vida nas mãos dela.
— Eu não sei o que aconteceu com você — sussurrou Emika —, mas prometo que vou protegê-lo com minha vida.
Enquanto eles dormiam, no lado de fora, dois orcs assassinos os observavam. O líder deles sorriu. Aquela seria a presa mais fácil que eles já pegaram.
— Avise o Rei Rasmus que encontramos uma fada grandona! — disse o líder dos orcs lambendo sua faca.
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