Isniffi tropeçou. Ele caiu no chão com os olhos cheios de lágrimas. Seu coração estava acelerado. Ver sua mãe ser capturada por um lunático não era fácil, ainda mais para alguém inocente como ele. Ele se encolheu no chão e chorou por horas até que duas figuras surgiram em meio às árvores.
— Sofía, que criatura é essa? — perguntou a primeira com um olhar fofo.
— Agápi, não faço a mínima ideia! — Respondeu a segunda olhando curiosa para a pequena quimera no chão.
— Acredito que devemos perguntar para ele — afirmou Agápi correndo na direção da criatura.
— Agápi, não podemos ficar interferindo na vida dos mortais!
— Larga a mão de ser chata!
— Não sou chata, só não acho legal ficar quebrando as regras.
— Que se danem as regras… essa coisa é muito fofa! — gritou Agápi pegando Isniffi em seus braços.
— Quem são vocês? — perguntou ele enquanto encarava uma mulher de 4 metros de altura o observando com um sorriso.
— Meu nome é Agápi e aquela ali se chama Sofia, somos duas Aióbios.
— Aióbios? Isniffi nunca ouviu falar sobre esse nome! — respondeu ele limpando as lágrimas dos olhos.
— É porque somos as criadoras ocultas desse mundo — disse Sofía.
— Criadoras? Vocês criam gado? — perguntou ele com um ar inocente.
— Ele é um pouco… "fofo", não acha? — falou Sofía sorrindo.
— Vamos levar ele para casa, essas roupas estão imundas!
— Agápi, sei o que você está fazendo, não podemos interferir no destino dos mortais!
— O que eu estou fazendo demais? Só estou ajudando uma pobre alma, só isso!
— Sei o que você está vendo… isso é trapaça!
— Não escuto, não sou mico, meu ouvido não é pinico! — disse Agápi desaparecendo.
— Tudo bem… que seja, mas se der merda, vou falar que foi ela!
Agápi apareceu em meio a uma névoa amarela com o Isniffi em suas mãos. Eles estavam numa casa um pouco estranha para época, ainda mais que mal tinham descoberto a energia para poder existir televisão! A casa era grande, semelhante às que vemos por aí. As paredes eram rosadas e na sala tinha dois sofás com uma TV gigante pendurada em cima de um rack. É claro que tudo era proporcional à uma pessoa de 4 metros de altura. Não me pergunte como diabos elas tinham essas coisas há mil anos atrás!
— Que lugar estranho! — disse Isniffi olhando para os lados e tentando entender aquelas coisas estranhas.
— Gostou? Essas coisas nem chegaram a existir ainda, mas como conseguimos ver o futuro, pegamos algumas ideias emprestadas para enfeitar nossa casinha — respondeu Agápi.
— Isniffi precisa voltar, moça…
— Emika está em perigo, não é? — perguntou Agápi.
— Como você sabe disso?
— Eu sei de tudo… — explicou Agápi — não precisa se preocupar com sua Emika, ela ainda está viva, mas o goblin que a levou deseja matá-la no dia de amanhã para poder trazer de volta uma feiticeira orc conhecida por acreditar que os goblins é o caminho para dominar Seichi.
— Você pode ajudar o Isniffi? — perguntou ele assustado.
— Até posso, mas acredito que você está precisando tomar um banho e vestir roupas decentes.
Isniffi não sabia explicar o que era aquilo, mas as bolhas que ela fazia eram muito relaxantes. Agápi esfregava as costas dele, enquanto Sofía o segurava com um sorriso amistoso. Elas também estavam na banheira, vestindo roupas de banho cor de rosa. Essa coisa era duas vezes maior do que elas, deixar o Isniffi sozinho era pedir para ele morrer afogado.
— Seu olhar é triste, como se estivesse cheio de dúvidas — perguntou Agápi.
— Na verdade, Isniffi não sabe quem ele é! — afirmou ele com uma expressão fofa.
— Como assim? Tente ser mais específico — falou Sofía.
— Emika disse que Isniffi era um bárbaro sanguinário… mas não lembro de nada disso, a única coisa que sei é que meu nome é Isniffi e que Emika é minha mãe… mas se o antigo Isniffi era diferente de mim, por que diabos minha pessoa de hoje seria ele? Também existe aquela menina, Ayaka, Isniffi pensa como ela é até tem o rosto e a voz dela, mas não se lembra nada dela e nem sequer sabe quem ela foi… Em resumo, quem é o Isniffi?
— Nossa, você está cheio de dúvidas de quem é você! — brincou Sofía.
— Eu consigo ver quem foi Isniffi o Bárbaro e Ayaka Puper Puper — falou Agápi — O Bárbaro foi um grande mercenário que saía por aí matando pessoas e conquistando virgens. Ayaka foi uma aprendiz de bardo que viajava pelas cidades cantando músicas ao lado de seu instrutor. Você se identifica com um assassino ou uma cantora?
— Isniffi não é nada disso… sinto que sou diferente do que você disse.
— É claro que você é diferente… não pense que viver é uma pergunta e respostas, na verdade, viver é um mistério que deve ser vivido — disse Agápi.
— O que isso tem a ver, moça? — perguntou Isniffi.
— Você é quem você deseja ser, não o que os outros querem que você seja. Na verdade, o que você é hoje e o que você será amanhã dependerá dos seus pensamentos… — afirmou Sofía.
— Você não é o Bárbaro e nem a menina, mas algo novo que nasceu deles, uma nova pessoa.
— Em resumo — concluiu Agápi —, você é quem você deseja ser.
— Isniffi quer ser bonitinho e Kawaii! — pronunciou ele com uma expressão feliz.
— Então seja o Isniffi bonitinho e Kawaii! — sorriu Sofía.
Isniffi vestiu suas novas roupas, um gibão, shortinho semelhante aos de lolita com sapatos brancos e uma meia comprida. Sofía entregou uma pedra mágica em sua mão e sussurrou algo que somente o Isniffi pode entender. Ele guardou a pedra e abraçou Sofía, agradecendo pelo presente.
— Agora eu vou salvar a Emiquinha! — disse ele com entusiasmo no olhar.
— Sozinho? Nem pensar! — exclamou Agápi.
— Vocês vão me ajudar?
— Não podemos interferir, são as regras — respondeu Sofía.
— Mas podemos te dar presentes mágicos que vão te ajudar em sua jornada — afirmou Agápi.
— Isso é trapaça! — gritou Sofía.
— Tecnicamente as regras deixam bem claro que não podemos interferir, lá não diz nada sobre dar presentes ou algo do tipo — sorriu Agápi.
— O que você pretende fazer?
— Que tal darmos um kuratoro para ele?
— Agápi, isso é só em casos especiais!
— E esse não é um caso especial?
— Tudo bem… convoque um para ele, mas só dessa vez!
— O que diabos é um kuratoro? — perguntou Isniffi com uma expressão fofa de dúvida.
— Já ouviu falar da palavra curador? — indagou Sofía.
— Não!
— Um curador é responsável por proteger algo, ele zela por algo ou cuida de alguma coisa, dando toda sua atenção a ela, entende? kuratoro é a mesma coisa, só que muda que eles são mágicos.
— Agápi, depois você explica, vamos criar logo um para ele, Emika não pode ficar esperando!
— Que seja… Isniffi, me dá um fio de cabelo… obrigada. Agápi, me dê 1% de qualquer coisa…
— Eu acho que um 1% do meu amor já tá ótimo! — disse Agápi puxando um pequeno coração luminoso de seu peito e o entregando a Sofía.
— Para que tudo isso? — perguntou Isniffi.
— Você já vai ver… agora é a minha vez… eu entrego 1% da minha sabedoria, não é muito, mas já tá bom — disse Sofía puxando um fio luminoso de sua testa e o juntando ao fio de cabelo do Isniffi e o coração de Agápi.
Ela fechou sua mão e gritou as seguintes palavras:
— Mi alvokas kuratoron por protekti iun specialan al mi!
O coração se uniu ao fio de sabedoria e ao cabelo do Isniffi, criando uma pequena mulher careca vestindo um dangui de dama da corte. Seu rosto tinha maçãs gordinhas e fofas, olhar encantador, lábios carnudos e pele branca feito porcelana.
— Onde estou? — perguntou a pequena mulher com um olhar de medo.
— Você está em Seichi, mas isso não importa muito — sorriu Agápi.
— Onde está Isniffi Ikari? — perguntou ela —, no caminho para cá, fui encarregada de ser sua mada da corte!
— Isniffi está aqui! — disse levantando sua mão com um sorriso.
A pequena mulher saltou das mãos de Sofía e correu rumo ao Isniff para abraçá-lo.
— Você é meu mozão! — disse ela enquanto o abraçava.
— O que significa isso? — perguntou Isniffi curioso.
— Que um dia vamos ser namorados! — disse Nini sorrindo.
— Certo… — disse Agápi — Essa kuratoro parece ter gostado de você, isso é bom. Essa nossa amiguinha foi uma mulher da terra de Min-su, por isso usa essas roupas.
— Eu não tenho nome… qual será o meu nome? — perguntou ela.
— Isniffi ouviu um nome quando viaja para essa ilha, Nicole Nicolini!
— Legal, adorei esse nome!
— Mas podemos encurtar, que tal Nini? — disse ele sorrindo.
— Adorei!
— Nini, Isniffi está indo salvar sua mãe, por isso, quero que você o proteja, além disso… — dizia Agápi — sua mãe está no covil dos goblins, vamos levá-los até lá, mas tome cuidado, aqueles monstros são os mais cruéis dessa ilha.
— Pode deixar, Isniffi vai salvar Emiquinha e dar uns chutes na bunda deles! — gritou o nosso herói com entusiasmo.
O que ele não sabe é o que lhe espera no covil dos goblins. Criaturas terríveis e demoníacas, conhecidas por suas crueldades. Será que uma pessoa tão doce como o Isniffi vai conseguir sobreviver no ninho dos goblins?
— Antes de partir, lembre-se de que você é quem você deseja ser — disse Sofía.
— Se você não acreditar ser capaz de salvar Emika, provavelmente nunca a salvará — respondeu Agápi.
— Vamos nos ver de novo? — perguntou Isniffi.
— Não, essa é a última vez que nos vemos.
— Tem certeza… gostei tanto de vocês.
— Não chore — disse Sofía abraçando o pequeno —, isso é uma regra e regras foram feitas… para serem quebradas.
— Pisque os olhos três vezes… — pediu Agápi.
— Isniffi espera ver vocês um dia! — falou ele piscando os olhos três vezes.
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