NATÁLIA
Escondidas em uma blusa social azul-marinho, as minhas costas se arrepiam com a frieza da parede de vidro e minha boca se entreabre quando, sem nenhuma discrição, a ereção de João Gabriel faz uma pressão familiar no meu ventre.
Na tentativa de conter a sensação gostosa que sinto entre as minhas pernas, as fecho um pouco e aperto meus lábios o suficiente pra um suspiro ficar preso entre eles.
Eu sei... Eu estou rendida ao toque desse homem alto e gostoso pra um caralho. E, por saber disso, seguro-me ao máximo, decidida a não dar brecha para racionalidade sair batendo a porta do meu escritório.
Relembrar o local onde nos encontramos agora me faz temer o embaraço de um flagra. Preciso saber se ao menos estamos fora do expediente e pra isso fito o relógio sobre a mesa. 18h10min.
Meus ombros relaxam um pouco com a informação, já que nesse horário a secretária Ângela com certeza já foi embora. Além disso, o pessoal da limpeza deve demorar um pouco mais para aparecer e os responsáveis pela segurança não têm acesso à minha sala, nem ao som da sala à frente, onde Ângela trabalha.
Eu agradeço a deusa pela privacidade, por mais precária que ela seja, afinal, seria constrangedor se meus funcionários me ouvissem gemer, e as chances de isso acontecer seriam grandes, graças as paredes laterais e da frente serem finas, embora resistentes, e João Gabriel, definitivamente, saber o que faz com os dedos... e todo o restante do corpo.
Nunca ter feito nada de imoral durante ou fora do expediente me deixou relapsa com relação a ter privacidade total na empresa.
Eu e Ricardo sempre fomos muito sérios quando o assunto era trabalho. Até chegamos a ter uma regra de não transar em ambientes profissionais e nem onde pudéssemos ser flagrados, mas isso nem de longe prejudicou nossa interação na cama.
Rick era o amor da minha vida. Eu não tenho dúvidas disso, mas esse fato não anula o emaranhado de sentimentos causados em mim pelo João.
João Gabriel afasta o seu corpo e eu agora posso encarar a intensidade dos seus olhos. Como vou me manter indiferente ao castanho das suas íris questionando-me se o quero aqui e agora?
Xingo-me mentalmente, porque sempre separei bem o lado pessoal do profissional, porém, João parece ser capaz de me fazer cometer loucuras, como me deixar ser tocada no meu escritório sem nenhum arrependimento. Ao menos com relação a isso.
"O que deu em mim pra me permitir chegar a essa situação?", penso e minha mão agarra a nuca do João Gabriel em busca de apoio.
Enquanto tenho uma crise moral, sua boca desce pelo meu pescoço e as unhas da minha mão livre arranham suas costas por cima da blusa.
Quando seus lábios grossos percorrem minha mandíbula e seus dentes branquinhos a mordiscam de leve, eu solto um gemido suave, entorpecida pelo contato. "Aí está a sua brecha, racionalidade. Boa viagem."
Minha mente ignora o fato de estarmos sozinhos e me leva a morder os lábios com força para tentar conter os sons que quero deixar escapar.
— Gael — sussurro seu apelido em um gemido sôfrego de quem queria a boca dele na minha boceta agora. É quase uma súplica. Um pedido de que não me solte.
"Foco, Natália, foco!"
João Gabriel me aperta mais contra a parede fria e ergue uma das minhas pernas. Logo sinto os seus dedos alcançarem a minha calcinha e a colocarem para o lado com agilidade.
— Gael... — repito seu nome, os gemidos escapando entre uma arfada e outra. — A gente... A gente não...
Droga, eu não consigo formular uma maldita frase coerente.
"É só juntar as sílabas e deixar elas saírem da sua boca, Natália!" Seria fácil fazer isso se os dedos dele não estivessem me tirando qualquer foco possível e eu não estivesse amando cada segundo disso.
— A gente não...? — provoca, o sorriso estampado nos seus lábios deliciosos.
Seu dedo penetra em mim e faz um vai e vem devagar, quase no ritmo dos meus gemidos baixos.
Tento voltar à realidade, buscar a razão de não podermos fazer isso. É tão bom sentir seu dedo entrando na minha boceta, sua boca desbravando meu pescoço...
Interrompendo suas carícias, o afasto um pouco, e, mesmo tendo sido eu a fazer isso, quase solto um palavrão de indignação.
— A gente não pode porque a Karine gosta de você, é isso — digo, desvencilhando-me dos seus braços e engolindo em seco ao sentir a garganta arranhando.
Arrumo a postura e a roupa, pigarreando para tentar engolir o tesão que sinto ao ter seus olhos me desejando com tanta força. Quase dói fisicamente colocar essa distância entre nossos corpos.
Viro de costas e fito a porta fechada do escritório para desviar das suas lindas íris castanhas, mas Gael segura meu braço, não com força, e sim com carinho, como quem pede para ficar.
Deus, por que tão gostoso e gentil? Assim não dá!
As pontas dos seus dedos tocam meu rosto e eu fecho os olhos. Umedeço os lábios devagar e aproveito o toque ignorando a minha consciência dizendo para eu impedi-lo de se aproximar.
Saber os sentimentos de Karine por Gael transforma a nossa química na cama no maior pecado que eu poderia ter cometido, torna tudo isso um erro com esmagadoras chances de acabar muito mal, mas... como impedir meu corpo de reagir a pele dele? Como me impedir de sentir essa mistura de sensações tão boa?
— Só mais uma noite, Nat — pede sussurrando no meu ouvido, seu corpo colado às minhas costas.
Sinto sua ereção roçando na minha bunda de leve e arfo mais uma vez, desejando tê-lo enterrado em mim bem fundo. Quase posso ouvir os gemidos de Gael ao imaginá-lo afundar sua carne na minha. Um gemido desejoso escapa e não consigo mais impedir meu corpo de se mover, louca para provocá-lo, para senti-lo de mil outras formas.
— Mais uma noite para que, João Gabriel? — pergunto usando seu nome para tentar me lembrar de quem eu deveria ser nesse momento: a empresária séria e indobrável.
Escuto um pequeno riso frouxo vindo dele e quase reviro os olhos de tesão ao ouvir soar dos seus lábios o som capaz de me arrepiar inteira.
Droga de homem gostoso.
Eu quero o Gael em mim, sei disso, o quero cravado na minha pele, quero seu beijo, seu toque, mas não sei se posso arcar com as consequências de ter ele, porque conheço os meus limites e, com certeza, não sou capaz de suportar a perda de mais uma pessoa que eu amo.
E eu amo a Karine como uma irmã e não é correto transar com o Gael sendo ele o homem por quem a minha melhor amiga tem uma queda há dois anos.
— Uma noite para fodermos do jeito que você e eu amamos — afirma no meu ouvido e lambe devagar o meu pescoço. Minha cabeça pende para o lado, dando passagem, em uma reação automática. — Eu não sou um canalha, Natália. Você sabe disso. Sabe que se em qualquer momento você não quiser mais, só precisa me pedir pra ir embora, mas eu sinto que quer tanto quanto eu. E se essa for nossa despedida, que seja a melhor noite de todas.
Por um segundo, esqueço Karine, esqueço os motivos de isso ser tão errado, por pouco o nosso tesão desmedido não me faz esquecer até meu nome.
"A Karine foi quem ficou do teu lado no velório e no seu luto, Natália Alves de Almeida!", repreendo-me e sinto raiva ao notar o como a minha consciência e meu corpo tarado estão lado a lado na batalha travada agora dentro de mim.
— Mas a Ká... — começo a dizer, porém, Gael me vira em direção a ele e eu paro de falar na hora.
— Karine é uma mulher incrível e merece um homem que esteja com ela de corpo e alma. Você não acha? — indaga e eu assinto em silêncio. — Eu não sou esse cara.
— Mas poderia ter sido se a gente não... — tento dizer, mas ele coloca os dedos sobre os meus lábios devagar e eu paro de falar.
— Pensar no que poderia ter acontecido não muda o que aconteceu, CEO — ele afirma. Meu cargo não soa pesado nos seus lábios, e sim suave, como um apelido brincalhão. — Se não entendeu, eu posso ser mais direto: só há uma pessoa com quem quero estar agora. Ela se chama Natália. Conhece? — brinca, e eu empurro seu ombro.
— Bobo!
— Um bobo que só quer a sua boca gemendo meu nome. É no seu corpo que quero me perder, Natália. Eu não consigo parar de pensar em como vai ser me enterrar em você de novo, ouvir seus gemidos enquanto te levo ao céu. Te quero nua implorando pra eu te dar uma atenção especial aqui... — Sua mão travessa puxa minha saia lápis para cima e aperta minha boceta. Eu engulo em seco ao sentir seu dedo roçar na minha calcinha de leve. Isso é tortura, céus!
— Uma noite. Só mais uma noite e nada mais.
Só precisamos disso, mais uma noite louca e quente para acabar com esse tesão de vez.
— Só não se apaixone, CEO — zomba ele, sorridente, aproximando-se e acabando com o pouco espaço entre nós.
Eu mordo os lábios, divertida. A tensão por estar prestes a transar com o cara que minha amiga gosta vai se dissipando aos poucos, o tesão tomando o lugar e fazendo seu trabalho de me deixar menos séria e mais "me fode agora, pelo amor de Deus".
— Você é quem precisa tomar cuidado pra não se apaixonar, chef — digo e me permito ser dominada pelo desejo, ao menos nesse momento.
Espero não me arrepender amargamente por isso, no entanto, por dentro, os fatos já me consomem me dizendo que fazer isso é cometer uma tremenda filha da putagem com a Karine, minha melhor amiga desde o ensino médio.
Percebo o grande problema onde estou medida quando noto o meu lado racional desligado e meu corpo sendo movido apenas pelas minhas falhas humanas, meu tesão pelo Gael e todos os outros sentimentos conflitantes que nossa relação me traz.
Aquela história de "a carne é fraca" é verdade ou isso é apenas eu me deixando ser levada pelo momento?
Bem, seja o que for, estou prestes a trair a confiança da minha melhor amiga.
Mordo os lábios, calculando a altura do tobogã pelo qual irei descer, porque com certeza vou em um direto para o inferno.
📌📌📌
Oi, meus amores. Sejam bem-vindos. <3). O que acham que essa história reserva? Eu só espero que sejam coisas boas e muitos suspiros. Preparei personagens que prometem tirar nossos fôlegos, assim espero. Se sintam livres para comentar suas opiniões, sempre com respeito. Sem esquecer que nenhum tipo de preconceito é aceito nos comentários. Qualquer comentário de ódio, ou que ofenda gratuitamente, será deletado. Vamos espalhar muito amor! <3
Se você gostou do que leu até aqui e quiser contribuir pra que a minha arte continue viva pode fazer um pix! Qualquer valor é válido. Por favor, avise na descrição que é pra minha arte. 💜
Chave aleatória: 961ae2d1-fa83-4259-bfb8-cfe2ca0943
Comments (0)
See all