- Quem é ? - Azael questiona ao ouvir alguém parte à porta.
- Sou eu, senhor... - a voz masculina responde. Azael se levanta e abre a porta, se deparando com um homem usando capuz, que cobre metade de seu rosto.
- Estava esperando sua visita. Entre por favor. - ele lhe dá espaço para que entre e confere rapidamente se não há ninguém no corredor.
- A que devo a honra de sua visita ? - Azael questiona ao se aproximar.
- Tenho informações que lhe podem ser úteis, meu senhor.
- Sente-se, vamos conversar! - ele indica a cadeira proxima ao homem e sorri. Era a oportunidade que estava esperando.
- Como ele está ? - Ambrose questiona o médico da família, preocupado com a situação de Desmond.
- Os hematomas estão se curando rapidamente, mas o que me preocupa são as fraturas. Quase não houve sinal de melhora.
- Tem certeza ? Ele é um lobo, seu corpo deveria estar reagindo.
- Sim. Infelizmente os remédios não ajudam muito e ele contínua se queixando de dores. - o médico suspira, se perguntando o que havia de errado.
- Quanto tempo até a recuperação ?
- Se continuar nesse ritmo. Um mês.
- Obrigado. Pode ir. - Ambrose acena com a cabeça e observa enquanto o homem sai.
- Que problemas arrumou dessa vez, minha querida esposa... - ele suspira e esfrega sua testa.
- Senhora, não pode entrar aqui! - o guarda parado em frente ao quarto de Desmond estica seu braço, impedindo a passagem.
- Me deixe passar, eu vim ver a Rainha! - a mulher esbraveja, mas o jovem não cede e logo começa uma pequena confusão.
- Nanber, pode cuidar disso ? - Desmond murmura irritado. Não conseguia descansar com tanto barulho.
- Sim. - ela caminha até a porta e ao abrir, se surpreende ao ver sua mãe.
- Nanber querida... por que está em sua forma humana ? - a mulher a questiona confusa, já faziam alguns anos desde que a viu assim.
- Mãe, eu... - Nanber fala hesitante.
- Ah, isso não importa! Por favor me ajude aqui!
- Mãe, por que está aqui ?
- Vim para agradecer a Rainha!
- Senhora, eu já lhe disse que não pode entrar. São ordens do Rei! - o guarda interrompe.
- Nanber, quem está ai ? - Desmond a chama, curioso com o que estava acontecendo.
- Minha mãe, senhora.
- Deixe que ela entre.
- Mas senhora, o Rei disse... - ele entra no quarto, com medo de que a culpa caisse sobre seus ombros.
- O Rei não tem poder aqui. Deixe-a entrar! - Desmond o encara com um olhar furioso e o guarda recua. Sentia mais medo de sua caprichosa Rainha, do que de Ambrose.
- Obrigado, minha senhora. Eu lhe trouxe alguns presentes! - a mulher entra sorridente e se curva em sinal de respeito.
- Eu agradeço, mas realmente não precisava... - ele fica levemente corado com sua gentileza.
- A senhora salvou minha menina, era o mínimo que poderia fazer!
- Mãe, poderia ter me dado e eu me encarregaria disso! - Nanber suspira. Sua mãe era gentil demais as vezes.
- Não tem problema, é bom receber visitas. - Desmond sorri.
- A senhora é tão gentil quanto dizem! - a mulher sorri e começa a tirar algumas coisas de dentro de sua bolsa.
- Veja, eu lhe trouxe lindos tecidos, algumas frutas e tabaco. - ela lhe mostra os tecidos, contando detalhes sobre sua produção e também lhe ensina sobre as frutas típicas daquela região. Desmond ouve tudo com atenção, adorava aprender coisas novas.
- Obrigado, vou me certificar de fazer lindos vestidos com os tecidos e comerei todas as frutas! - ele segura suas mãos e a agradece com um largo sorriso em seu rosto.
- Serei eternamente grata pelo que fez, senhora. Lhe desejo uma rápida recuperação!
- Mãe, precisa ir agora. A Rainha precisa descansar!
- Sim, tem razão! - ela se despede mais uma vez de Desmond e sai acompanhada de Nanber, que a leva até a saida do palácio.
Ambrose caminha pelo corredor em direção ao quarto de Desmond e ao chegar, pode ouvir sua voz animada do outro lado. Ele bate à porta, que logo se abre e é recebido por Nanber, que já não disfarça mais seu desgosto.
- Nos deixe sozinhos. - ele ordena e ela rapidamente some no corredor. Ambrose entra e se depara com Desmond descansando na cama, seu aspecto havia melhorado desde a ultima vez que o viu.
- Por que está aqui ? - ele o questiona sem rodeios. Sua presença nunca era algo bom.
- Conversei com o médico da família mais cedo, ele me disse que sua recuperação está sendo mais lenta do que o esperado.
- E qual o problema nisso ? Acha que sou uma espécie de super-herói ? - Desmond brinca em um tom sarcástico.
- Não, mas para um lobo duas costelas quebradas não são nada.
- Não sou como vocês, já disse isso milhares de vezes! - ele revira os olhos.
- Alguma vez já mudou de forma ?
- Não, eu sempre estive assim... - Desmond fala hesitante.
- Isso explica tudo. - o lobo suspira e se aproxima da cama, puxa uma cadeira e se senta ao seu lado.
- Do que está falando ?
- Desmond, acho que deveria se transformar.
- O quê ? Não! Definitivamente não! - ele esbraveja, mas acaba recuando devido a dor.
- Está doendo, não é ? No dia em que te toquei pude sentir... - os olhos de Ambrose caminham pelo seu corpo até chegar em suas costelas.
- Vai curar sozinho, então me deixa em paz!
- Mesmo que duvide das minhas intenções, eu estou preocupado com sua saúde. - ele segura sua mão e encosta seu focinho na palma dela.
- Na forma de lobo, você pode se recuperar facilmente e não precisará mais ficar preso na cama...
- E do que adianta ? Meu castigo é permanecer aqui, não é ? - Desmond puxa sua mão e a deixa próxima ao seu corpo. Não queria ser tocado.
- Sem castigos, sem brigas. Okay ? - Ambrose acaricia seu rosto e põe uma mecha de seu cabelo macio e dourado atrás de sua orelha.
- Acha que pode me convenver com galanteios baratos ? Isso é patético! - ele o encara com desdém, fazendo o Rei recuar.
- Tudo bem, eu volto outra hora. - Ambrose suspira e se levanta.
- Por favor, não venha. - Desmond o encara furioso, mas o Rei apenas sorri como resposta e sai.
Alguns dias depois.
Lyter salta pela janela, entrando no escritório de Ambrose e se depara com seu amigo debruçado sobre uma pilha de cartas.
- Tenho algo para você. - ele se aproxima e estende a carta em sua direção. Ambrose volta seu olhar para ele e o encara parecendo um pouco distante.
- A quanto tempo está aqui ?
- Eu não sei... - o Rei sussurra e dá um longo suspiro, em seguida pega a carta de sua mão e começa a lê-la.
- Jantar... - ele murmura e esgrega os olhos. Estavam começando a doer.
- Mande avisar ao Willbur que irei ao jantar.
- Jantar com o Willbur ? Tem certeza ? - Lyter ergue uma de suas sobrancelhas.
- Não tenho escolha. Apenas faça o que eu mandei.
- Okay. - Lyter revira seus olhos e some rapidamente ao pular pela janela.
- O que quer agora, Willbur ? - Ambrose se recosta em sua cadeira e fecha seus olhos, se sentia esgotado.
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