Kahelat estava de frente para Deimos, o dragão que criara a escuridão e se tornara o primeiro litch da história, criando o processo de restrição sombria. Claro que, aquela não era sua forma verdadeira, mas por algum motivo, o ser divino gostava do aspecto de morto vivo que acontecia com os mortais que viviam menos de 100 anos e se tornavam um litch:
_O que você quer Deimos? Você não me procura a o que? 200 anos?
_237 anos e 2 meses para ser mais exato... Um minuto – Deimos abre um portal dimensional em sua frente, e lança uma poderosa baforada de energia necrótica nele, o fechando logo em seguida – Algo está deixando a barreira entre os planos muito frágil, e vem de Malvunnin, isso tá deixando os dragões em Su’umzoljoor com uma mão atrás-
_Você quis dizer um pé atrás?
_Isso mesmo, bem, o que importa é que pediram pra mim e Héstia darmos uma olhada, e a gente decidiu mandar você e um dos filhos dela, alguma recomendação inclusive?
_se a Héstia não for o dragão mais incompetente do multiverso ela vai escolher Amélia, a garota é a melhor maga que eu já vi nos meus quinhentos anos de vida, e eu já vi muitos magos bons...
_Entendi... Obrigado pela dica, irei falar pra ela. — O dragão então desce de seu trono e vai até Kahelat, modificando sua forma para um elfo sombrio alto e musculoso com um manto cerimonial de um clérigo da morte, uma túnica preta com detalhes em roxo verde e dourado, uma mitra roxa escura com tons de verde escuro e dourado, seus olhos davam lugar a chamas negras que pareciam sugar toda a luz do lugar — Mas mesmo assim, não acho que vocês vão conseguir fazer muito com você só sabendo o básico de magia primordial...
_Como assim o básico? Eu descobri tudo que podia da magia da escuridão primordial, já que não existem livros dessa porra.
_Não que você conheça... fale com a sua amiga maga de luz primordial, ela pode ter algo que te ajude, e como tu é um cu doce do caralho, toma isso aqui pra te dar um apoio. — Deimos joga para Kahelat uma pedra com inscritos na linguagem draconica que diziam “assimilação sombria” — Quebre quando precisar usar isso, vai te dar um boost de mana e a habilidade de utilizar as habilidades de uma das suas sombras do exército de Deimos, e sem perder ela.
_Isso é interessante... vou lembrar disso.
_a magia tem três estágios, só que você não aguenta os três agora, então se esforce filho... tinha mais coisa que eu queria falar, mas você tem que voltar agora, alguns demônios passaram para o Plano Material, boa sorte.
Após essa fala, Deimos então se vira e ao sentar em seu trono, volta a forma de dragão morto-vivo, lançando uma baforada de energia necrótica, fazendo com que Kahelat, de forma dolorosa e pouco ortodoxa, voltasse ao Plano material, onde estava caído no chão como se tivesse desmaiado recentemente, e com um ser humanoide que o elfo não conseguia reconhecer a raça preparado para assassina-lo, o que fazia ele deduzir que aquele que estava com uma adaga apontada para seu coração não era deste plano, Kahelat então lança uma rajada de sombras imbuídas com magia primordial no ser interplanar, o arremessando contra a parede e ganhando uma abertura para conseguir se erguer e avançar contra a mesa onde havia deixado suas armas, pegando instintivamente as duas adagas e entrando em posição de combate:
_Eu posso perguntar quem é o cara que tentou matar um dos Espectos de Malvunnin? É algo um pouco importante pra mim sabe...
O assassino pronuncia sibilados e grunhidos em resposta, que lentamente viram frases na linguagem élfica:
_Eu sou Volfath, o mais forte demônio do nono círculo infernal, fui designado pelo próprio Asmodeus para mata-lo, Kahelat Thanor’Thym, o ultimo filho do Pesadelo.
“Isso foi magia... por que as medidas de alarme contra mana desconhecida não ativaram ainda?...” Pensava Kahelat enquanto encarava o demônio. O elfo então respira fundo e avança contra Volfath, deixando um rastro de sombras que emanam uma poderosa mana roxa:
_Tecnica de sombras primordiais... domínio das trevas... segundo estágio: Friedzsche.
As sombras do rastro então automaticamente se expandem e se ergue duas enormes paredes, deixando ambos em um corredor abismal, Kahelat sorri, ele tinha uma poderosa aura roxa saindo de seu corpo, que cobriam o elfo e as adagas, seu olhar, era o mais mortal possível, como se seus olhos penetrassem no corpo do demônio e atingiam sua alma como poderosas flechas envenenadas com o mais potente veneno criado, a força de sua aura era capaz de induzir o medo até mesmo no mais corajoso dos Orcs fugir como uma garotinha assustada que se perdeu dos pais, e o demônio em sua frente não agiu diferente, ficara paralisado de medo com a potência da mana sombria:
_Bem-vindo ao Abismo demônio, você olhou demais para ele, e agora ele olha profundamente para você.
Após essa frase de efeito, Kahelat tira a aura de medo, desferindo um rápido golpe com a adaga, mirando diretamente no olho esquerdo do ser demoníaco, mas com certa tranquilidade, Volfath bloqueia o golpe com sua adaga e lança uma magia de fogo contra Kahelat, mas rapidamente o domínio das trevas absorve a magia:
_que bruxaria é essa mortal?
_Mana primordial, presente de Deimos — Kahelat sorri — aqui, as únicas magias que podem ser conjuradas e luz e escuridão.
Depois desse comentário, Kahelat faz dois braços de sombras que tentam de forma falha esmagar Volfath, mas o demônio pula e em um mortal escapa do golpe, lançando uma revoada de corvos que acertam o elfo de raspão por sorte, o cortando como o metal afiado de uma espada cortaria, criando um sério ferimento. Kahelat levemente espantado dá um pulo para trás e colocando a mão no ferimento:
_Cuidado, se pega no olho isso aí cega na hora, é perigoso. — Diz o elfo criando um curativo improvisado com sua magia de sombras primordiais, não resolveria o problema, mas quebraria um galho até o fim da luta. — Mas acho que você sabe disso, o inferno deve ser meio complicado...
Após tal comentário, a Sombra de Malvunnin some entre as paredes de Friedzsche, aparecendo atrás do demônio e desferindo um potente ataque com as duas adagas, conseguindo por pouco fincar uma delas na coxa de Volfath, que percebe o ataque e dá um pulo para frente, saindo do maior perigo do golpe, mas Kahelat havia previsto o movimento, e deixou uma armadilha no chão, que é ativada pela poeira levantada pelo demônio no pouso, erguendo uma estaca de sombras solidas no local.
Kahelat então sorri e avança contra o ser demoníaco, desferindo uma revoada de golpes ferozes com a adaga restante e garras feitas de escuridão, e Volfath usava sua adaga e a do próprio Kahelat para bloquear e tentar revidar, mas o elfo não deixava brechas para um contra-ataque.
_NÃO QUERIA ME MATAR DEMONIO? EU SOU UM FILHO DO PESADELO A SOMBRA QUE AMEDRONTA OS CORAÇÕES MORTAIS DESTE PLANO! PRECISA DE MAIS QUE UMA ADAGA E UMA NINHADA DE PASSAROS PARA ME MATAR!!
Grita o usuário das sombras primordiais enquanto encurralava Volfath, até que o mesmo esbarra na mesa onde as armas do elfo estavam, e automaticamente ele larga a adaga de Kahelat para pegar a espada, afinal, todos conheciam ela, a espada de Deimos, a Lamina do Senhor do Abismo, as lendas diziam que ela havia sumido da existência, porém a verdade é que foi o presente de 100 anos do dragão para Kahelat, dizendo que seria de suma importância no futuro para que “ele” seja derrotado, sem muito mais explicações. E essa mera distração do demônio foi o suficiente para que o filho de Deimos conseguisse usar as sombras para agarrar a arma largada, e fincar as duas adagas nos olhos de Volfath, puxando ambas em direção a boca logo em seguida, fazendo o demônio desabar sem vida no chão:
_Eu avisei que podia cegar... — Kahelat diz pensando que deu muita sorte, já que ele era apenas do nono círculo dos nove infernos, o mais próximo do plano material primário e onde habitava os demônios mais fracos do plano, nem mesmo o mais forte deles seria páreo para um Aspecto de Malvunnin, e mesmo assim Kahelat venceu por sorte, se ele tivesse vacilado por um milésimo de segundo na onda de golpes para pegar a espada morreria igual o demônio, afinal, o Friedzsche gasta muita mana — Bom, vou pegar essa sua adaga de recordação e...
Antes de terminar a frase, Kahelat desfaz o domínio e desaba no chão, semi-inconsciente por causa da falta de mana, o que revela um grupo de cinco pessoas, que o elfo não conseguia reconhecer devido a perca de consciência, com exceção daquela voz que nunca sairá de sua cabeça:
_Pelos dragões Kahelat..
☬
Kahelat levanta em um pulo, em uma maca com Amélia do seu lado, a dona da voz que ouvira antes de desmaiar completamente, automaticamente o elfo a metralha com perguntas sobre o ocorrido:
_Ele morreu? Era o único? Descobriram o culpado?
_Sim, sim, não. Caramba Kahelat! Você acabou de acordar e já quer sair em uma guerra santa?! Relaxa homem! Vai fazer uma semana que você tá dormindo pelo gasto excessivo de mana!
Kahelat olha para os lados e finalmente entende a ocasião, e suspira, relaxando um pouco:
_Que bom... seria problemático se os civis tivessem que lidar com um demônio... Bem, a reunião já aconteceu né? Vou indo entã-
_Vai indo o caralho Thanor’Thym — Amelia simplesmente puxa ele com as mãos e Kahelat senta na cama novamente, fraco demais para evitar o movimento — Primeiro que a reunião não aconteceu ainda, estávamos esperando por você — a elfa das neves dá uma leve corada mas rapidamente se recompõe, causando uma reação parecida no elfo sombrio — agora, outra coisa... nessa semana, foram abertas as inscrições para tomarem sua posição, coisa do novo diretor da Guilda...
_O filho do velho Jason? Qual o nome dele mesmo? Quando eu sai daqui esse moleque era a definição viva de pirralho...
Antes que Kahelat conseguisse concluir sua linha de pensamentos, a porta do quarto da enfermaria é aberta de forma brusca, revelando um humano de estatura média, vestindo um terno vermelho cor de vinho, ele parecia um poderoso lutador, mas a sua face de medo diante dos dois magos mais poderosos do continente mostrava o contrário, ele tinha uma espada longa presa na cintura, mas ela era apenas uma espada comum, já que nem Kahelat, nem Amelia sentiam mana vindo daquela arma:
_Então você acordou Filho da Escuridão... Bem vindo de volta do mundo dos mortos, eu já tava vendo o melhor mago de sombras da gui-
Antes mesmo que o homem que entrou na sala pudesse concluir a sua mensagem, Kahelat já havia avançado em uma altíssima velocidade em direção ao tal homem, o pegando pelo pescoço, o levantando e pressionando contra a parede:
_Jack... que merda de inscrição pra tomar minha posição é essa? Eu posso não gostar de ser um Especto, mas isso é algo que um mero mago comum não pode fazer, principalmente o cargo de sombra de Malvunnin!
Jack, o diretor da guilda do Falcão Branco de Femto, sorri e ergue as mãos, estranhamente, o medo que ele sentira ao entrar na enfermaria sumiu assim que Kahelat avançou contra sua garganta.
_Um Especto não é só o mago mais poderoso da guilda? Qual o problema de fazer um campeonato para decidir o próximo?
_Primeiro, os Espectos são os magos primordiais mais poderosos do continente, não “os magos mais fortes da guilda” como sua cabeça idiota pensa — Kahelat aperta um pouco mais a garganta do humano — É feito assim para que protejamos o Plano Material Primário. Se um mago qualquer entrar, vai ocorrer o desequilíbrio e uma parte do plano vai estar desprotegida. Os dragões deram essa mana primordial para nós para podermos proteger o plano! O dever da Guilda é apenas garantir nossa comunicação! Nada mais que isso! Se quer montar um grupo de magos fortes para a guilda, fique à vontade, mas não coloque os deveres dos Espectos nisso!
Kahelat solta o cara e volta pra cama, deitando e automaticamente se aninhando próximo a Amélia, que se afasta dele na velocidade da luz, mantendo a compostura, e Kahelat se estica na cama confortavelmente.
Vendo aquela cena, Jack mal consegue segurar a expressão de nojo, “esses dois... elfos nojentos... esnobando essa relação de amor e ódio enquanto exibem seus poderes ancestrais... um dia eu ainda vou matar todos esses seres nojentos com a benção do meu mestre...” pensava o humano com um ar de superioridade:
_Então orelhas de fl... Espectos da Luz e Sombras, a reunião vai começar logo, sugiro que se dirijam a sala de reuniões da guilda.
Ambos os elfos olham para o humano, com uma clara expressão que dizia: “você não ia dizer isso né?”
_Que isso meus amigos, eu nunca usaria termos tão baixos para falar com vocês, esqueceram quem é meu pai? John Darkwood III, ele ensinou a seus filhos que todas as raças são iguais, e a nossa pouca expectativa de vida comparada aos elfos e anões era uma benção, pois desfrutamos mais da vida, ou algo do tipo.
Ele dá de ombros e sai do quarto, fechando a porta quando uma adaga voa em direção a ele, cravando na porta onde anteriormente estaria a cabeça do diretor da Guilda do Falcão Branco.
_Sério... as vezes eu sinto que devia largar de mão essa porra e viver em algum lugar remoto como um arqui litch e protegendo o plano sem mover um dedo sequer...
Kahelat levanta e vai buscar a adaga na porta, criando um portal de sombras no meio do caminho para usar a magia como uma forma de trocar rapidamente de roupas. Kahelat atravessa o portal com uma roupa totalmente preta, com um peitoral de couro batido sobre o traje, um coldre de espada na cintura com a sua Lâmina do Senhor do Abismo, a espada de um dragão. Nas costas do coldre tinha as duas adagas embainhadas com os punhais cruzados. Uma capa verde com um capuz estofado com uma pelagem branca, a calça era envolta de um par de botas longas, com a parte da canela protegida por placas metálicas do mesmo tom marrom do couro, e nos punhos haviam duas luvas de couro com uma placa de metal nas costas da mão cada.
Amelia olha toda aquela roupa, claramente para combate e se levanta, indo em direção ao elfo, que parecia pelo menos uns cinco centímetros mais largo para os lados, cruzando os braços e olhando para Kahelat com um tom de ironia:
_Tá indo matar quem?
_Torça para que ninguém, porque eu quero ver cada segundo dessa reunião.
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