Palácio Brenhin.
- Como se sente ? - Ambrose o questiona ao se aproximar.
- Bem. Apenas minha mão que ainda dói um pouco... - Desmond força um sorriso. Ainda estava atordoado por tudo o que havia acontecido.
- Desculpe se estou sendo inconveniente, mas o oráculo deveria cumprir com seus deveres. Talvez uma viagem até o templo... - o principal sacerdote os encara um pouco hesitante.
- O quê ? Não! - Desmond protesta irritado.
- Nos dê um minuto, Kazimier. - Ambrose suspira e ergue sua mão direita, sinalizando para que ele saia. O sacerdote acena com a cabeça e sai em seguida.
- Não faço a minima ideia de que papo é esse de oráculo, mas não quero fazer isso!
- Okay, tudo bem. Não vou te obrigar! - Ambrose se senta ao seu lado e estende sua mão esquerda, acaricia os fios dourados de seu cabelo e põe uma mecha dele atrás da sua orelha.
- Se não quiser fazer isso, não vou tentar te convencer do contrário, mas se ficar difícil, quero que venha até mim. Entendeu ?
- O que quer dizer com isso?
- O oráculo tem uma ligação especial com a deusa, isso faz com que ele possa se comunicar com o outro lado, mesmo que não queira...
- Então eu vou ser obrigado a ouvir vozes ? Que maravilha! - ele fala de forma sarcástica e revira os olhos.
- É por isso que os oráculos são levados para os templos, para aprenderem a controlar a comunicação. Mas como eu disse, você não é obrigado a nada.
- Obrigado... - Desmond sussurra.
- Estou tentando cumprir minha promessa. - Ambrose acaricia seu rosto, pensando no quão adorável ele parecia naquele instante.
- Senhor... ? - um dos empregados fala hesitante ao entrar na sala de estar. Não queria interrompê-los.
- Venha. - o Rei suspira e gesticula com os dedos. O homem se aproxima e deixa uma bandeja com ataduras, remédio e um pouco de água sobre a mesa de centro.
- Melhoras, senhora! - ele se curva.
- Obrigado. - Desmond lhe mostra um sorriso gentil. O homem fica envergonhado e sai apressado logo depois.
- Me mostre sua mão. - Ambrose fala enquanto molha a ponta de uma das ataduras.
- Você não precisa...
- Me mostre. - ele fala em um tom autoritário.
- Okay... - Desmond recua e mostra a palma de sua mão. O lobo a segura com cuidado e limpa o sangue seco do local.
- Merda... - ele resmunga e se encolhe.
- Doi ? - Ambrose para de repente.
- Arde um pouco...
- Desculpe. - ele suspira e volta a limpar a ferida, ao terminar aplica um pouco de remédio, feito a partir da mistura de algumas ervas medicinais.
- Estou terminando. - Ambrose pega uma atadura e a envolve ao redor da palma de Desmond, que o observa atento e o rosto corado. Ser cuidado era melhor do que imaginava.
- Pronto. - ele sorri orgulhoso.
- Obrigado, me sinto muito melhor agora! - Desmond sorri enquanto encara sua mão. Ambrose fica um pouco envergonhado ao vê-lo sorrir tão alegremente e recua, pensando que se estivesse em sua forma humana, com certeza estaria visivelmente corado, o que seria muito constrangedor para ele.
- Você deveria descansar um pouco. - ele muda de assunto.
- Certo, então te vejo depois. - Desmond acaricia seu focinho e em seguida se levanta, indo em direção ao seu quarto.
- Porra... - Ambrose sussurra para si mesmo e toca seu peito, seu coração estava batendo como louco.
Duas semanas depois.
Desmond acorda de repente e está coberto de suor, mais uma vez havia tido um pesadelo.
- Puta merda... - ele murmura e esfrega os olhos. Não se recordava de muita coisa, mas se lembrava do suficiente para se sentir ansioso.
- Desmond. - Nanber o chama ao entrar em seu quarto.
- Oi... - Desmond responde cabisbaixo e se levanta. As noites de sono perdidas estavam se acumulando e sobrecarregando seu corpo e sua mente.
- Você está bem ? - ela questiona preocupada.
- Sim... só não dormi bem.
- O quê ? Você está assim a dias!
- Fala baixo! - ele esbraveja e tapa suas orelhas. Até mesmo o menor barulho o incomodava.
- Certo, me desculpa... - Nanber murmura e recua.
- Tudo bem, não precisa ficar tão acuada! - Desmond suspira. Havia sido grosseiro sem motivos.
- Sei que não quer ouvir isso, mas deveria pedir ajuda.
- Okay, eu sei! - ele revira os olhos e bufa.
- Mas não quero falar sobre isso, tá bom ? Preciso de um banho!
- Entendo. - Nanber suspira e segue em direção ao banheiro. Sabia o quão teimoso ele podia ser.
- Entre. - Ambrose fala ao ouvir batidas na porta.
- Está ocupado ? - Desmond o questiona ao abrir a porta.
- Não. - ele nega rapidamente, apesar de estar ocupado.
- Okay... - Desmond entra e se senta na cadeira de frente para ele.
- Tudo bem ? Está com uma cara péssima!
- Eu sei, tá bom ? - ele esbraveja e revira os olhos.
- Por que está aqui ? - o Rei fala enquanto tenta conter o riso.
- Não consigo dormir... - Desmond murmura e se encolhe na cadeira. Não queria pedir ajuda, mas não tinha outra opção.
- Tem certeza disso ?
- E eu tenho escolha ? - ele esbraveja novamente. A falta de sono o deixou com um péssimo humor.
- Certo, avisarei ao templo sobre sua viagem e encontrarei algum sacerdote para acompanhá-lo.
- Preciso mesmo de companhia ? Caso seja necessário, Nanber pode ir comigo.
- Apenas os sacerdotes e o oráculo podem estar presentes durante os rituais. - Ambrose se levanta e se aproxima, em seguida se apoia na mesa e o encara, tentando conter seu riso ao vê-lo tão emburrado.
- Quer escolher algum sacerdote para acompanhá-lo ? - ele aperta sua bochecha e sorri. Era como uma criança mimada.
- Eu posso ?
- Sim.
- Quero que o Bosco que trabalha na biblioteca vá comigo! - Desmond se levanta de repente, animado com sua resposta.
- Gosta dele ?
- Ele me ajudou... - ele sussurra se sentindo um pouco envergonhado. Acabou ficando animado demais.
- Vou avisá-lo sobre o seu desejo e preparar sua viagem.
- Obrigado, vou fazer as malas! - Desmond sorri e sai apressado. O lobo suspira ao vê-lo cruzar a porta e encara a palma de sua mão. Durante aquela breve conversa, ele desejou tocá-lo várias vezes, mas se conteve com medo de ser rejeitado.
- Não pense bobagens, Brenhin! - ele bate na mesa e contrai sua mandíbula. Sua cabeça estava repleta de pensamentos inadequados.
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