- Venha, vamos até meu carro. Vou te dar um inibidor, entendeu ? - o ômega seguiu o alfa segurando firme em sua mão até seu carro que estava próximo da estação.
- Como sabia o que estava acontecendo ? – o ômega questionou enquanto o homem mexia no porta luvas, procurando pelos inibidores.
- Ouvi você gritar e senti seu cheiro. - Enarê ficou surpreso ao ouvir aquilo, ninguém nunca havia falado sobre seu cheiro antes.
Seu corpo estava tremendo e mesmo sentindo que o sangue que corria em suas veias estivesse fervendo ele se encolheu, tanto pelo frio, como pelo medo. Enarê não entendia o porquê aquele alfa era diferente do outro, mas estava feliz por ter sido salvo por aquele homem.
- Você deve estar com frio, pegue isso... - o alfa tirou seu casaco e o colocou sobre o ômega. O cheiro impregnado no tecido acalmou o seu corpo e também o aqueceu.
- Quanto você pesa ? Quantos anos tem ? É recessivo ou dominante ? – o homem perguntava enquanto segurava três caixas de inibidores, uma para cada tipo de ômega de acordo com as recomendações medicas.
- Eu tenho 20 anos, sou recessivo e sobre o meu peso... não tenho certeza. – o ômega respondeu um pouco confuso.
- Tome isso, depois vou te levar até o hospital. – o alfa entregou um comprimido junto com uma garrafa de água. O ômega tomou o inibidor no mesmo instante, só queria que aquilo parasse o quanto antes.
- Entre, precisamos ir! - o homem o ajudou a entrar no veículo.
- Logo você vai se sentir melhor, então durma um pouco, vamos demorar até chegar no hospital. - o alfa sorria de maneira gentil ao dizer aquilo e por algum motivo Enarê sabia que era verdade, quase como se pudesse ver através daquele homem. Ele se encolheu no banco do carona e adormeceu rapidamente enquanto sentia aquele aroma invadindo suas narinas e tomando conta dá sua mente.
No dia seguinte, 08:30 horas da manhã, Hôpital de Bouvardia.
Quando acordou o ômega estava sozinho no quarto, suas malas estavam em um canto do cômodo e ele não sofria mais com o cio, tudo parecia bem excerto pelo fato de que ele não sabia bem onde estava.
- Ah, vejo que está acordado! – disse uma enfermeira ao entrar no quarto. Ela tinha cabelos escuros e curtos, era simpática e gentil com um sorriso realmente doce.
- Bonjuor! Você é Enarê Santiago, certo ? Eu sou a enfermeira Emma. O Dr. Yohan me pediu para cuidar de você! - ela dizia enquanto dava uma rápida olhada em uma prancheta com algumas informações sobre o ômega.
- Sim, sou eu! - ele se sentou na cama com certa dificuldade e apesar de se sentir um pouco melhor, Enarê ainda estava assustado e meio tonto, além de não ter dinheiro suficiente para pagar nenhum tratamento naquele momento. Estava sozinho em um país que quase não conhecia.
- Está melhor ? Seu cio veio de repente e quando chegou aqui estava desacordado.
- Estou melhor, mas eu acho que não posso pagar por nada disso, sinto muito. – a vergonha tomou conta do ômega deixando seu rosto corado, em menos de 24 horas ele havia passado por tanta coisa que só pensava em ir embora o mais rápido possível.
- Não se preocupe, o Dr. Yohan vai pagar por qualquer coisa que você precisar. Descanse mais um pouco e logo vai poder ir. – Emma se aproximou do ômega e segurou sua mão, sorriu de maneira gentil tentando conforta-lo e logo depois saiu. Durante toda a manhã ela ia até o quarto para verificar se ele estava bem e até teve que insistir para que Enarê comesse algo mesmo dizendo que estava sem fome.
13:02 horas da tarde.
- Pegue isso, são inibidores para o seu tipo de gênero e o cartão do Dr. Yohan, ele disse para você ligar quando estivesse em casa. – o ômega pegou os inibidores junto do cartão e guardou tudo em sua bolsa, estava tão apressado para ir embora que nem mesmo se deu ao trabalho de olhar o que estava escrito.
- Emma, obrigado por me ajudar! - a enfermeira apenas sorriu e o abraçou.
- Se cuide, okay ? - Emma da um tapinha em seu ombro e sai do quarto, precisava continuar com seu trabalho.
Após se despedir de Emma, ele saiu do hospital e pegou um táxi, indo direto para casa. Ainda havia muitas coisas que precisava fazer antes de começar a estudar.
Ao chegar no pequeno apartamento que seus pais haviam comprado para ele, o ômega se deu conta de que tinha mais trabalho do que imaginava. O lugar estava praticamente vazio, com apenas alguns móveis essenciais que ainda estavam dentro das caixas e que precisavam ser montados. Decorar e arrumar tudo iria ser um trabalho e tanto, mas por outro lado o ajudaria a esquecer o que aconteceu.
Depois de arrumar uma boa parte da casa ele parou por alguns instantes e se sentou na cama para descansar, logo acabou se lembrando do cartão que recebeu antes de sair do hospital, Enarê então vasculhou sua mochila até encontrá-lo e enquanto o segurava, o encarou por algum tempo. Não tinha certeza se deveria entrar em contato com ele.
Após alguns minutos olhando para o número que havia nele o ômega suspirou e decidiu que era melhor não atrapalhar, aquele alfa já tinha feito muito por ele.
18:19 horas da noite.
- Mãe, eu estou bem, só acabei dormindo assim que cheguei e esqueci de ligar! - o ômega falava ao telefone tentando acalma-la, ele acabou se esquecendo de ligar com toda aquela confusão e também não queria que ela soubesse do que havia acontecido.
- Sim, eu sei. Sinto muito por te deixar preocupada! - ele suspirou e sorriu, era bom ouvir a sua voz novamente mesmo que ela estivesse brigando. Eles continuaram conversando por um longo tempo até que se deram conta de que já era bem tarde no Brasil e ela precisava ir.
- Tchau mãe, eu também amo você... sim, eu te ligo depois, okay ? Boa noite! - Enarê desligou e deixou seu celular sobre a cama, depois caminhou até a pequena varanda e observou as poucas estrelas visíveis no céu e a Torre Eiffel que de longe brilhava, parecendo incrível. Mesmo cansado depois de ter passado à tarde inteira organizando a casa, havia um pensamento insistente em sua mente que não o deixou em paz durante todo o dia.
- Quem é você Yohan ? - o ômega se lembrava de como a sua voz parecia doce e gentil, de como sua mão o tocou delicadamente e de como o seu corpo era quente, também se lembrava do seu cheiro que até agora estava impregnado em suas narinas, mas ele não se lembrava do seu rosto. O rosto do homem que salvou sua vida e foi tão gentil.
- Quero vê-lo de novo! - ele sussurrou para si mesmo e sorriu, sabia que o encontraria novamente.
Bonjuor: significa bom dia, é usado durante todo o dia em Paris para desejar um ótimo dia.
Comments (0)
See all