Após três horas de viagem - que passaram em um piscar de olhos para o grupo, uma vez que todos aproveitaram para tirar um cochilo - o trem finalmente chega à estação ferroviária da capital. Os amigos então saem do trem, espreguiçando-se e se alongando.
- Ufa! Finalmente chegamos - exclama Ílliou, alongando cada parte possível de ser alongada em seu corpo.
- E agora, como vai ser? - questiona Stan, sem muita vontade de acompanhar o grupo para o reporte da missão.
- O de sempre. Vamos dar o relatório da missão para o general Wisdow e depois voltamos para nosso dormitório - responde Thamiso. Nesse momento, Stan faz uma careta e se inclina para frente, jogando os dois braços para baixo, enquanto Lian cruza os braços e olha aleatoriamente para cima.
- Vocês sabem que não precisamos ir nós quatro - diz Thamiso, dando uma leve risada. - Deixem que Ílliou me acompanhe, vocês podem ir ao dormitório antes se quiserem - completa.
- Se o Stan vai poder ir antes, não vai ter jeito, eu vou ser obrigada a acompanhar - fala Lian, aproveitando-se da situação.
Não era necessário que todo o esquadrão estivesse presente na entrega de relatórios de missões, apenas o líder era o suficiente. Na maioria das vezes - 99% das vezes - apenas Ílliou e Thamiso iam juntos, enquanto Stan e Lian iam para o dormitório ajeitar o recinto e relaxar. Essa era a parte final de toda missão e, após reportar ao general que encaminhou a missão, os soldados tinham permissão para descansar e fazer o que desejassem até serem novamente convocados para uma nova tarefa. O grupo então decide se separar, enquanto Stan e Lian iam para o dormitório do esquadrão, os outros dois iriam prestar esclarecimentos sobre a missão. Caminhando até unidade militar em que ficava a sala do general Wisdow, Ílliou cutuca Thamiso:
- Ei, Thamiso, eu entendo que você não está “muito para conversa”, mas tente relaxar. Você sabe que o Stan tem esse jeito “durão”.
- Está tudo bem, Ílliou. Eu já me sinto melhor e pretendo melhorar nesse quesito. A última coisa que desejo é que vocês tenham problemas por minha causa.
Enquanto conversavam, a dupla passa em frente a um garoto de rua de mais ou menos 10 anos de idade encostado em um muro, o qual possuía alguns instrumentos. Acreditava-se que era de um família miserável que perambulava pelas ruas da capital em busca de algum “troco” para sobreviver. Thamiso e Ílliou param de caminhar, enquanto Thamiso observa o garoto e a sua situação deplorável. Após alguns instantes, o jovem aproxima-se vagarosamente do garoto e, de dentro de seu bolso direito, retira uma moeda de bronze que tinha guardada. Thamiso agacha-se para ficar mais próximo do menino, enquanto estende sua mão com a moeda para dar ao garoto. Ao ver a moeda, os olhos do pequenino brilham, como se nunca tivesse visto uma antes.
- Pode pegar - diz Thamiso, com um sorriso amigável no rosto. O garoto, sem pensar duas vezes, agarra a moeda que estava na mão de Thamiso, transbordando de felicidade. Entretanto, a atmosfera tranquila e serena da situação muda drásticamente quando Thamiso cruza seu olhar com o do garoto, enquanto o mesmo toca na mão de Thamiso para pegar o dinheiro. Esse menino de rua com seus instrumentos não era um garoto normal, Thamiso sentia isso. Era um sentimento que ele já havia sentido inúmeras outras vezes e que deixava claro: o pobre menino era um eletherio. O jovem possuía uma habilidade inata de sentir se alguma pessoa era ou não um eletherio, era algo que mais nenhum militar conseguia fazer. Nesse momento, o coração de Thamiso acelera enquanto seu corpo congela em frente ao menino, que não entende o comportamento de Thamiso. Suando frio, milhões de pensamentos cruzam sua mente no momento:
“Por que tem um eletherio justo na capital, em um local tão movimentado? Ele é do tipo que não possui a caracterísitca dos olhos amarelados ou ele está apenas ocultando propositalmente? Quem mais está com ele? Que merda! Por que aqui? O que eu faço? Eu deveria denunciá-lo, é o meu trabalho, é o que eu tenho que fazer… Mas eu não posso, eu não consigo. Não posso condenar a vida de um garoto tão jovem.”. Nesse momento, Thamiso se recorda da discussão que teve com Stan mais cedo e de suas duras palavras:
“Essa sua boca aberta ainda vai nos colocar em problemas”
“O que o alto escalão vai pensar se ficar sabendo que o líder de um esquadrão sente pena de Eletherios?”
“Por existirem pessoas com um emocional fraco como o seu que isso nunca chega ao fim!”
Após se recordar das palavras de Stan, a mente de Thamiso entra em completo conflito entre o que ele deveria fazer e o que ele acreditava ser o correto. Em uma linha tênue entre ações completamente discrepantes, a situação piora e Thamiso cai para trás, sentando-se completamente no chão, enquanto sentia falta de ar e suava.
Percebendo a situação, Ílliou se aproxima do amigo rapidamente, agachando-se e colocando o braço ao redor de Thamiso, encostando em seu ombro, mas o mesmo não conseguia responder a nada no exterior.
- Thamiso, o que está havendo?! - pergunta Ílliou, preocupado. Thamiso não responde, uma vez que estava perdido dentro de si, em seu turbilhão de pensamentos:
“Meu Deus, o que eu devo fazer?”.
Enquanto Thamiso está em conflito interior, duas pessoas mais velhas, igualmente desprovidas de qualquer capital e com as roupas sujas e rasgadas, aproximam-se rapidamente do menino, sem muita cautela.
- Já falei para não aceitar coisas de estranhos, meu filho! - exclama a mulher, que chega próximo ao menino junto de seu marido. Agachando-se e puxando o pequenino para perto, a mulher olha para Ílliou e Thamiso, que estavam em sua frente. Todos percebiam a instabilidade de Thamiso que estava passando mal. Ao ver a farda dos dois amigos, a mulher e o homem arregalam seus olhos.
Após chegarem de sua viagem de trem até a capital, o grupo se separa e Ílliou e Thamiso se dirigem para a unidade militar em que fica a sala do general Wisdow para entregar o relatório da missão. Entretanto, ao verem um garoto de rua no caminho, uma situação inusitada acontece.
The year is 897. The empire's primary goal is to eliminate the Eletherians, a people known for their yellow eyes, on the grounds that they pose a threat to the empire's order and sovereignty. Thamiso, a soldier in the empire's anti-terror squad, wields his blade against these insurgents. However, numerous events in the protagonist's life make him question the morality behind the bloodshed that has persisted for 309 years.
O ano é 897. O maior objetivo do império é: aniquilar os eletherios, povo reconhecido por seus olhos amarelados, sob a justificativa que estes eram perigosos para a ordem e soberania do império. Thamiso, como soldado imperial, dentro do esquadrão anti-terrorista do império, empunha sua lâmina contra esses subversivos. Entretanto, muitos acontecimentos na vida do protagonista fazem o mesmo questionar-se sobre a moral por trás do derramar de sangue que já dura 309 anos.
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