Morena se aninhou contra Aleksey, encaixando-se melhor embaixo do seu braço sem desviar o olhar da página do relatório que segurava. Quase como reflexo, ele deu um beijo na testa dela, sua atenção voltada para o livro que tinha em mãos. Estavam sentados no sofá do escritório da casa da Capital Vermelha, uma mobília gigantesca que Morena considerara dar fim inúmeras vezes no ano anterior, mas que agora parecia ter o tamanho perfeito para acomodar ela, Aleksey e Ivan.
Antes de Aleksey começar a usar o escritório pessoal dela para tratar de seus negócios — só mais uma das coisas que dividiam agora —, Morena não reparara como achava exaustivo ficar o dia inteiro sozinha. Sem ter ninguém com quem conversar ou compartilhar o que fazia, acabava acumulando sentimentos e opiniões que não tinha onde despejar. Conhecia o marido bem o suficiente para saber que Ivan parava de prestar atenção no momento em que o assunto voltava para algo que não era do seu interesse e, para o azar de Morena, nada do seu trabalho desde que foram para a Corte capturava a atenção de Ivan. Na prática, isso significava que quando ela trabalhava em casa, com frequência ficava o dia inteirinho sem conversar direito com ninguém. Era muito melhor ter Aleksey ali com ela, ouvir sua voz e as suas gargalhadas, perguntar o que ele achava dos absurdos que chegavam na sua mesa e dividir o peso das decisões que precisava tomar. Também descobriu que amava fazer qualquer coisa encostada em Aleksey, acariciando-o distraída, dando e recebendo beijos conforme tinha vontade, a respiração constante dele acalmando-a, deixando sua mente mais clara.
Ivan tentara se juntar a eles nos primeiros meses, mas seu recorde de concentração antes de levar tudo para algo mais inapropriado fora de precisamente quinze minutos, fazendo com que Morena ganhasse uma das inúmeras aposta que fizera com Aleksey. Então ele preferia ficar no laboratório para não se distrair e só subia para informá-los sobre os avanços do dia ou quando precisava de ajuda, seguindo um horário de trabalho um pouco mais organizado e coordenado com o dos outros dois agora que não tinha mais nada a esconder.
Ela suspirou baixinho e olhou para Aleksey de canto de olho, observando-o franzir a testa e entreabrir os lábios, como se estivesse confuso com o que estava lendo. Deu um beijinho nas costas da mão dele e olhou para o relógio que ficava em cima da lareira, que indicava que faltava pouco tempo para o jantar e para Ivan se juntar aos dois.
Ainda não tinha certeza se o marido e Aleksey estavam de fato bem um com o outro. Aleksey aceitara as explicações de Ivan e a proposta de Morena com uma facilidade nata, e não raro estava no laboratório com Ivan, trabalhando ao lado dele, ajudando-o a fechar suas contas, explicando suas anotações de leitura para Ivan, organizando o que Ivan deveria fazer a seguir. Tudo parecia bem. No entanto, Morena conhecia Aleksey como ninguém, e sabia que o homem que a beijava era diferente do homem que beijava Ivan. Era como se ele tivesse uma máscara especial para usar só com o outro homem, enquanto com ela, não usava nenhuma. E Ivan não era exatamente flexível, porque todas as menções a Poroshenko faziam seu rosto contorcer em uma careta. Aleksey ainda morava com Laszlo e se relacionava com ele porque Ivan concordara, e no entanto, na primeira oportunidade que tinha, agia como se estivesse profundamente contrariado. Aleksey fingia não reparar, mas Morena sabia que em algum momento ele iria se irritar com aquele comportamento.
No entanto, ela não podia fazer nada quanto ao relacionamento dos dois, e estava tão cansada de mediar disputas e negociar com pessoas no dia a dia que essa era a última coisa que desejava fazer. Preferia gastar seu tempo com coisas muito mais úteis e aproveitar bem cada momento que tinham juntos. Os dois que se entendessem – Ivan era um adulto e completamente capaz de resolver aquilo sozinho.
Ao lado de Morena, Aleksey se espreguiçou e depois enrolou um cachinho do cabelo dela no dedo e o desenrolou, parecendo pensativo. Então abaixou o livro e Morena agradeceu aos céus, porque ela finalmente podia parar de fingir que estava prestando atenção no relatório.
— Esse livro é muito divertido, você vai gostar — falou ele, mostrando a lombada para Morena.
— Eu achei… que isso era trabalho? — Morena se sentiu ultrajada. — Eu aqui ocupada com um relatório e você lendo… Katiuscha? Que caralho de livro é esse?
— Isso é trabalho, Masha. Só se fala nesse livro na Corte inteira, e se eu quiser manter minha reputação de devasso irreparável, preciso saber falar dele com propriedade. — Aleksey umedeceu os lábios, reabrindo o livro. — Principalmente agora que sou um devasso não praticante.
Morena achou graça.
— Não praticante?
— Em público, é claro — ele se corrigiu, inclinando-se na direção dela para finalmente beijá-la.
Morena o segurou pelo queixo, devorando o gemido que ele soltou quando ela invadiu os lábios dele com a língua e o empurrou para se deitar no sofá, sem que os dois se desgrudassem. Aleksey subiu as mãos dentro das suas saias, puxando-a para cima dele, o calor das mãos largas subindo por suas coxas se espalhando até se aninhar no ventre de Morena. Ele gemeu novamente quando ela apoiou um joelho de cada lado dos quadris dele, e ela mordiscou o lábio inferior de Aleksey, deslizando a mão sobre seu peito. Ele subiu uma das mãos pela coxa dela até envolver uma de suas nádegas, encaixando-a em cima de si, quadril contra quadril, e Morena roçou o nariz contra a bochecha dele.
— Não sei não — disse Morena em um tom de provocação, apoiando-se nos cotovelos para conseguir olhá-lo, o cabelo caindo como uma cascata ao redor deles. — Hoje você foi muito pouco devasso em sua vida íntima também, talvez esteja perdendo o jeito. Você nem mesmo testou quanto tempo eu demoraria para perder a concentração enquanto enfiava cada vez mais dedos em mim, não te chupei embaixo da mesa enquanto você tentava conversar com Ivan fingindo que nada de diferente estava acontecendo, você não me dobrou em cima da mesa e me provocou até eu implorar para você me deixar gozar… não sei não, viu, não me parece um bom sinal.
Aleksey sorriu, envolvendo o rosto dela com uma mão e a puxando para outro beijo, dessa vez com um pouco mais de suavidade, e ela derreteu contra ele, abrindo mais as pernas, o ventre pressionado contra a ereção nascente de Aleksey. Em certos dias, não faziam nada além daquilo — beijando, se tocando e se esfregando parcialmente vestidos, até o tempo perder sentido, o prazer em um banho-maria até os dois atingirem o clímax, e Morena amava aquilo tanto quanto qualquer uma das outras opções que usara para provocá-lo.
Ela gemeu em protesto quando Aleksey se separou dela e ele riu, beijando-a no queixo antes de dizer:
— A gente ainda tem que trabalhar, não tem como só fazer isso o tempo todo. Alguém tem que ter autocontrole aqui, e se não é você ou Ivan, precisa ser eu.
Morena se sentou em cima dele, contrariada, fazendo um biquinho enquanto arrumava o cabelo em um coque, e o sorriso de Aleksey se suavizou. Ele subiu uma mão até envolver um seio dela por cima da roupa enquanto ela estava com os braços levantados, e ela fechou os olhos, mordendo os lábios para não emitir nenhum som. Ele continuou falando, como se não estivesse fazendo nada demais:
— Como eu ia dizendo… Katiuscha é um livro muito divertido, até bastante fascinante. É a história de um boiardo que contrata uma prostituta para acompanhá-lo em uma viagem ao exterior, fazendo-a se passar por sua noiva, e quando ela descobre que ele é virgem, decide ensinar a ele tudo que ela sabe. A partir desse ponto tem tudo que você puder imaginar, dá para entender o motivo da Corte estar escandalizada.
Enquanto falava, Aleksey cuidadosamente desabotoava os botões da camisa dela, roçando contra o tecido fino do chemise abaixo a cada movimento e quando terminou de abri-la, deslizou um dedo pelo tecido até desenhar um dos mamilos endurecidos de Morena. Ela fechou os olhos com o toque frio de Aleksey, mesmo por cima do algodão, mordendo os lábios para conter um gemido.
Se ele decidira brincar daquele jeito, longe dela querer impedir.
— Tudo? — Morena pensou por um instante, demorando um pouco para o raciocínio funcionar. Então se inclinou na direção de Aleksey, apoiando as mãos no braço do sofá. Sabia que naquela posição ele conseguiria ver o corpo dela quase todo pelo decote da camisola, se apenas abaixasse os olhos. — Tem ele sendo fodido por cinco caras enquanto ela fica asssitindo?
Aleksey arregalou os olhos, ficando corado tão rápido que Morena achou que ele fosse desmaiar. Ela riu da cara dele e começou a se levantar para pegar um copo de água, mas ele se sentou e interrompeu seu movimento, segurando-a pela coxa. Ela voltou para o colo dele, apoiando os braços no ombro dele e olhando-o nos olhos.
— Cinco!? — Aleksey franziu o nariz, indignado, e Morena o beijou na ponta do nariz, rindo. — Cinco? Cinco, Morena! Não tem nem espaço.
— Ah, onde existe vontade, existe um jeito, Lyosha. — Morena deu de ombros, jogando sua camisa para longe, uma alça da chemise deslizando pelo ombro. — Você sabe muito bem disso.
— Cinco? — repetiu Aleksey, ainda descrente e Morena riu outra vez. Depois, ele pareceu processar a segunda metade da história. — Você gostaria de ver cinco caras me comendo?
Foi a vez de Morena ficar momentaneamente sem palavras, e ela percebeu que não sabia o que responder. Só pensara no que deixaria Aleksey mais chocado, e não seguira para além disso. Ela gastou um tempo para tentar imaginar Aleksey transando com cinco homens diferentes de uma vez, mas descobriu que o máximo que sua imaginação conseguia eram dois, e não eram dois quaisquer — eram Laszlo e Ivan, especificamente, e Morena não se deixou pensar naquele cenário por muito tempo, porque sabia que era impossível. Porém, ela não negaria que achava a ideia interessante.
— Talvez? — ela se pronunciou, incerta. Aleksey a segurou pela cintura, inclinando-se para encontrar uma das pintas do peito dela com os lábios. Morena sentiu um arrepio percorrer todo o corpo, mas continuou a conversa: — Seriam todos ao mesmo tempo? Realmente acho que seria demais.
— Claro que é ao mesmo tempo, se não, é até tranquilo. Já estive em situações com mais gente, inclusive — refletiu ele, os lábios se movendo contra a pele dela enquanto ele beijava o colo dela até chegar em um seio, a voz abafada. Morena fechou os olhos por um instante, afundando os dedos no cabelo de Aleksey, que continuou falando: — E, não, Katiuschia não vê o pobre boiardo sendo completamente destruído na orgia insana que você acabou de inventar. Não é tão depravado assim.
— Que sem graça — desdenhou Morena e Aleksey fechou os lábios contra um mamilo, por cima do tecido do chemise, usando a língua para acariciá-la. Morena mordeu o lábio inferior, contendo sua reação, o prazer se acumulando entre as pernas com aquelas carícias. Com uma mão, Aleksey segurou o outro seio de Morena e começou provocá-la, circulando o mamilo com o dedo. Ela continuou, tentando não soar ofegante: — O que mais? Ela amarra ele? Bate nele? Impede ele de gozar?
Aleksey se afastou da pele dela, os olhos quase pretos com a excitação, e umedeceu os lábios. Morena sentiu a pressão contra seu corpo aumentar abaixo dela e ela desceu uma mão para encontrar a ereção de Aleksey por cima da calça. Ele fechou os olhos, afundando novamente o nariz contra os seios dela, e ela soube exatamente do que estava se lembrando: da semana anterior, quando Ivan a colocara de bruços em cima de Aleksey e a enchera de palmadas até ela gozar para puni-la por ser tão safada; até Aleksey não conseguir se segurar e gozar só de observar a cena, sem nenhum deles tocá-lo.
— Sim, não, sim — respondeu Aleksey, os lábios movendo contra a pele de Morena. — Eu sinceramente não sei como é que você e Ivan ficaram assim.
— Assim como? — perguntou Morena com curiosidade genuína, puxando-o pelo cabelo para que ele a encarasse.
(...)
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