Morena mordeu o canto do lábio inferior, abafando um gemido, e abaixou a cabeça até que o cabelo dela envolvesse os dois como uma cortina. Ela estava com as bochechas afogueadas e Ivan teve certeza que Aleksey a lambera. Longe de Ivan de julgá-lo — ele era o maior culpado entre os três de se distrair facilmente quando Morena estava por perto, ainda mais com ela daquele jeito, com a bunda empinada, excitada, implorando parar ser tocada.
Quando os lábios de Aleksey passaram da pele de Morena para a pele da coxa de Ivan, ele prendeu a respiração, a sensação úmida e quente fazendo-o se contrair, fazendo-o desejar que Aleksey fosse um pouco mais para o lado, um pouco mais para baixo ou para cima, um pouco mais onde ele mais sentiria o alívio do toque. Aleksey fechou a mão no pau de Ivan outra vez, fazendo-o roçar contra Morena, acariciando-a até ela estar quase ronronando, e Ivan apoiou o nariz contra a bochecha dela, querendo absorver cada som, cada suspiro, cada momento. Porém, quando Aleksey finalmente o posicionou contra a entrada de Morena e Morena se abaixou lentamente, tomando-o dentro de si centímetro a centímetro, Ivan fechou os olhos, um grunhido escapando do fundo da garganta, e afundou as unhas nas coxas de Morena. O calor dela o envolveu por inteiro, as mãos hábeis de Aleksey continuavam a explorá-lo, e a respiração ofegante dos três era demais para ele. Se continuasse olhando, duraria muito pouco.
O som alto do tapa de Morena na sua cara antecedeu a ardência deliciosa e Ivan abriu os olhos, vendo-a em cima dele, os cabelos cacheados balançando lentamente quando ela começou a elevar o quadril, a pressão dela ao redor dele o deixando prestes a enlouquecer. Aleksey deslizou um dedo por entre as nádegas de Ivan e o abriu, com um beijo na parte de trás das pernas, e Ivan prendeu a respiração.
— Olhe para mim — ordenou ela, e Ivan sentiu o pau pulsar dentro dela. Ela o segurou pelo queixo, impedindo-o de mover o rosto. — Desse jeitinho.
Ivan obedeceu, encaixando-a melhor, as mãos envolvendo as nádegas de Morena para pressioná-la contra si e ela se moveu lentamente, num ritmo enlouquecedor para os dois, devagar demais para fazê-los explodir de uma vez, o prazer crescendo a cada movimento. Ivan a beijou no pescoço, no queixo, onde pudesse encontrar um pedaço da pele. Sua esposa era perfeita, uma deusa, e ele daria a ela tudo o que ela quisesse, tudo que ela precisasse. Ela poderia tomar tudo dele e ele agradeceria, poderia torturá-lo sem pressa a seu bel-prazer, usá-lo como quisesse, ordená-lo como desejasse. Ele era dela, completamente, e só isso bastava para ele. Morena esfregou o nariz contra o dele e o beijou de boca aberta, rebolando devagar.
Então, naquele instante, Ivan sentiu a pressão de um dos dedos de Aleksey, espalhando o óleo de jasmim entre as nádegas, pressionando-o até que ele cedesse, até estar dentro dele, fazendo-o soltar um som quase animalesco. A sensação de estar dentro de Morena e sentir a pressão e o calor do dedo de Aleksey dentro de si era quase enlouquecedora, e mesmo de olhos abertos, a vista se embaçou quando Aleksey atingiu o ponto mais sensível dentro dele. Ele precisava de mais. Precisava sentir a pele de Aleksey inteira na sua, precisava do pau dele dentro de si, precisava estar dentro de Morena enquanto Aleksey gozava dentro dele. Então Ivan suplicou:
— Por favor, Aleksey. Aleksey, por favor.
— Mas… — Aleksey começou a dizer, pressionando um segundo dedo que venceu a resistência de forma fácil, e Ivan o segurou pelo braço, fazendo Morena abafar uma risada.
— Por favor— repetiu, as duas únicas palavras que parecia capaz de proferir naquele momento.
Aleksey trocou olhares com Morena e com um gesto sutil de cabeça, ela concordou.
— Ele prefere o mais grosso, lembra? — disse a esposa simplesmente, e Ivan não entendeu do que ela falava, mas Aleksey ficou escarlate e dobrou os dedos dentro de Ivan, fazendo-o empurrar o quadril contra os dedos dele.
Aquilo pareceu convencer Aleksey e Ivan soltou o ar que sequer percebera que prendia, observando quase hipnotizado enquanto Aleksey se posicionava entre as pernas de Ivan, enquanto Morena se sentava para acomodar melhor a posição dos três. Aleksey deslizou uma mão pelas costas de Morena, fazendo-a se arquear contra ele como uma gata ao mesmo tempo em que se pressionava contra Ivan.
Ivan balbuciou alguma coisa incoerente e Morena o beijou, devorando o gemido alto que acompanhou a ardência e o prazer e a dor que se misturaram quando Aleksey o penetrou, uma sensação deliciosa que iria matá-lo ou fazê-lo gozar bem ali, naquele instante. Era diferente de tudo que já sentira antes — não era como o brinquedo, impessoal e rígido, nem como os dedos de Morena, finos e hábeis; era quente e grosso e gostoso, acima de tudo, e Ivan teve a sensação de que estava completo, de que era para aquilo que servia. Ele queria que continuassem, que Morena se movimentasse mais rápido, que Aleksey a acompanhasse. Porém, em vez disso, os dois pararam, Morena e Aleksey, deixando-o ofegante e tonto e cheio de tesão. Morena se afastou dele, para se sentar em um encaixe ainda melhor, encostando as costas contra o peito de Aleksey, que quase por reflexo levou uma mão a um mamilo dela, acariciando-o entre os dedos.
Ivan mordeu o lábio quando os dois se beijaram, subindo uma mão pela coxa de Morena enquanto observava a mão de Aleksey deslizar pelo corpo da sua esposa até encontrar o lugar onde ela e Ivan se uniam, acariciando o clitóris dela lentamente de forma que Ivan pudesse ver cada um dos movimentos. Aleksey se mexeu um pouco, para testar, e Ivan afundou mais dentro de Morena, uma reação em cadeia que arrancou gemidos dos três. A cada estocada, lenta, torturante parecia mais que Aleksey estava usando Ivan para foder Morena, seu pau nada além de um brinquedo para o prazer deles, e Ivan nada além de um espectador que era usado da forma como preferiam. O corpo de Ivan parecia uma corda retesada, prestes a arrebentar, e ele não se lembrava de ter ficado tão excitado assim antes, não se lembrava de nunca ter se sentindo tão realizado.
Morena se inclinou para a frente, apoiando as mãos nos ombros de Ivan e mudando o ângulo para conseguir roçar o clítoris contra a pélvis dele, os movimentos dos três ficando mais frenéticos, e Ivan se arqueou para frente para chupar um mamilo de Morena, afundando o rosto contra o seio dela enquanto a lambia. Ela se contraiu mais ao redor dele e Aleksey acertou o ponto perfeito dentro dele, preenchendo-o, na melhor sensação do mundo. Quando Ivan achou que não conseguiria aguentar mais, que não conseguiria ficar melhor, Aleksey apoiou uma mão em uma das coxas de Morena e mudou s posição de leve, fazendo Ivan ver estrelas, fazendo-o gemer e suspirar e fechar os olhos, afogado no aroma do suor da pele de Morena, nos sons dos gemidos e súplicas e suspiros, na sinfonia perfeita que eram os três juntos.
O mundo parecia ser somente aquilo, só os três, só o prazer crescente, desesperador e maravilhoso que era estar dentro de Morena enquanto Aleksey o tomava, em um turbilhão cada vez mais frenético de toques e beijos. Sentiu uma pressão adicional — de dentro de Morena — deixando ainda mais apertada, fazendo Morena xingar alto, fechar os olhos, rebolar ainda mais contra o dedo com que Aleksey a provocava e então, finalmente, a tempestade se rompeu em um único lampejo.
O prazer de Ivan se espalhou por suas coxas enquanto Morena mordia seu ombro, também atingido o ápice com as coxas estremecendo, deixando tudo ainda mais escorregadio. Ivan sentiu o corpo todo contrair antes de se derramar dentro dela, as respirações entrecortadas dos dois se misturando e Aleksey os seguiu logo depois, com um palavrão que Ivan sequer conseguiu discernir, preenchendo Ivan de uma sensação calorosa. Subitamente, entendeu um pouco mais porque Morena gostava tanto daquilo: era quase como um prêmio, cada gota daquele líquido uma prova do prazer que acabara de proporcionar para Aleksey, uma evidência inegável do que acabara de acontecer.
Ivan abraçou Aleksey, Morena no meio deles, e afundou o rosto no cabelo da esposa, ofegante, satisfeito, querendo que ficassem daquele jeito pelo resto da noite, pelo resto do dia, pelo resto da vida. Aleksey roçou o nariz no ombro de Morena, e Ivan sentiu ela sorrir contra a sua bochecha. Ele suspirou pesadamente, fechando os olhos por um instante, o coração em sintonia com o da esposa, o compasso diminuindo a cada instante. Ivan acariciou as costas de Aleksey enquanto retomavam o fôlego e preguiçosamente, os três se desvencilharam.
Morena se aninhou na lateral esquerda de Ivan, com o rosto afundado em seu pescoço, a respiração fazendo cócegas na pele do marido. Aleksey se acomodou do lado direito depois de se espreguiçar como um cachorro, apoiando a cabeça no peito de Ivan, e Ivan conteve seu sorriso. Não sabia o que fizera para merecer algo tão bom quanto amar duas pessoas que o amavam de volta, e Ivan os abraçou, puxando-os contra si, colando a pele nua dos dois contra a sua, querendo aproveitar cada segundo. Ivan acariciou descuidadamente o braço de Morena e o cabelo de Aleksey, as mãos dos dois entrelaçadas em cima da barriga de Ivan, e fechou os olhos com um suspiro de felicidade.
— Agora eu entendi — disse Aleksey, quebrando o silêncio.
— Entendeu o quê? — Ivan franziu a testa, confuso.
— É um bom método, Morena — acrescentou Aleksey sem olhar para Ivan, desenhando círculos em cima da mão de Morena. — Muito robusto, funciona bem, dá resultados que fazem sentido. Falta ver se são replicáveis, mas fica para depois.
Morena gargalhou e Ivan franziu a testa, sem entender nada. Ele sentia que deveria acompanhar o que estava sendo dito porque método era quase o segundo nome de sua especialização de Alquimista, mas Aleksey levantou o olhar para ele com um sorriso torto, os olhos em um tom verde-acastanhado como o mar depois de uma tempestade e Ivan perdeu completamente a linha de raciocínio.
— Você fala como se não tivesse agarrado com unhas e dentes a oportunidade assim que a possibilidade passou pela sua mente — Morena comentou com humor na voz, inclinando-se por sobre Ivan para poder olhar para Aleksey, o cabelo cacheado envolvendo-a como uma moldura, descendo pelos ombros e pelas costas, insinuando as curvas dos ombros.
— Eu não sou lá muito conhecido por dispensar oportunidades — Aleksey respondeu com o mesmo tom brincalhão de Morena, e também se apoiou em Ivan, inclinando-se para beijá-la.
Algo surgiu no peito de Ivan ao ver os dois juntos, ao repassar as palavras dos dois, os sorrisos, o carinho. Ele não precisava entender, não precisava nem ser parte do mundo dos dois na maioria do tempo, bastava que pudesse vê-los sorrirem e brincarem, que pudessem ter algum momento que fosse de paz e tranquilidade, que estivessem ali, deixando que Ivan fizesse parte dos dois. E antes que pudesse perceber, os lábios estavam se movendo e ele deixou escapulir:
— Eu amo vocês.
Morena e Aleksey congelaram em meio ao movimento, os ombros de Morena ficando tensos. Aleksey parecia um animal prestes a ser abatido, a boca entreaberta, como se não fizesse ideia do que fazer a seguir. Morena olhou para Ivan de olhos arregalados, e as conversas que tiveram nos últimos meses voltando todas ao mesmo tempo.
Não assuste Aleksey, ela repetia quando estavam a sós. Deixe ele dizer o que sente primeiro, ela o acalmava quando ele se afobava. Nunca, nunca, nunca diga a palavra que começa com “a” antes que ele fale disso primeiro.
Ivan prendeu a respiração, o sentimento de que era aquilo, ele destruíra tudo, mais uma vez, envolvendo o pescoço dele como o laço bem atado de uma forca. Se ele perdesse Aleksey por causa de uma coisa boba, nem sabia o que seria capaz de fazer.
Porém, Aleksey gargalhou, balançando a cabeça, e se inclinou na direção de Ivan, segurando o rosto dele com uma mão. Ivan sentiu o coração acelerar outra vez e entreabriu os lábios, esperando que Aleksey respondesse as palavras de reciprocidade que importavam tanto naquele momento.
— Você só diz isso porque acabou de gozar — comentou Aleksey em tom zombeteiro e Ivan sentiu como se fosse um cachorro que acabara de levar um chute. O ar parecia entrar rasgando pela garganta de Ivan quando Aleksey se inclinou e encostou os lábios nos dele. — Reconsidere mais tarde que aí eu começo a me preocupar.
Ivan se obrigou a soltar uma risada e sentiu Morena segurando sua mão com força antes de se inclinar também e beijar Ivan e depois Aleksey, e depois os dois ao mesmo tempo, como se aquilo fosse o suficiente para apaziguar o furacão que rugia no peito de Ivan.
Porém, era em momentos como aquele que Aleksey o lembrava que Ivan até poderia querê-lo, até poderia amá-lo, e nada daquilo seria suficiente para Aleksey. Nada daquilo seria suficiente para nenhum dos dois, nada com ele seria tão fácil e tão suave quanto o que Aleksey e Morena dividiam entre si. Só que não podia deixar que aquilo atrapalhasse os poucos momentos que tinha com Aleksey, então se forçou a deixar toda aquela angústia de lado, guardar aquela sensação em uma caixinha de onde jamais poderia sair outra vez.
Quando Aleksey se levantou e cambaleou recolhendo peças de roupas e procurando algo para limpar os três, Morena se enroscou contra Ivan, forçando-o a olhar nos olhos dela, e roçou o nariz no dele.
— Eu também te amo, muito, para sempre — sussurrou ela.
Ivan esboçou um meio sorriso e Morena deslizou os dedos pelo peito dele até a barriga, a respiração dela ecoando contra o ouvido dele. E então ela o atacou de súbito, roçando os dedos no lugar onde ele mais sentia cócegas, fazendo-o se contorcer e lutar contra ela, incapaz de conter as gargalhadas enquanto tentava impedi-la. Quando finalmente conseguiu segurar as mãos dela e prendê-la em seus braços, ele ergueu o olhar e viu Aleksey parado observando os dois, com os lábios entreabertos, com uma expressão de anseio impossível de esconder.
Aleksey queria os dois, queria aquilo, queria o amor que tinham e era óbvio no rosto dele. Não era possível que ele não pudesse admitir por um segundo que fosse, nem em um sussurro, nem mesmo em segredo. Para Ivan, a única coisa que importava era que Aleksey aceitasse o amor que ele tinha para dar, aceitasse ser amado como estava claro que ele tanto desejava.
No fim das contas, era só isso que importava. Quando Ivan se levantou para beijá-lo, ele fechou os olhos e fez uma promessa silenciosa para si mesmo.
Ivan faria Aleksey entender que era amado.
Custe o que custar.
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