- A casa está limpa e pronta para a sua estadia. Toda semana serão enviados suprimentos de comida e higiene pessoal. - o motorista o informa enquanto tira suas malas de dentro do veículo.
- Uau... que consideração! - ele revira os olhos e fala de forma irônica.
- Há algo que queira pedir antes que eu vá ?
- Não, não, tudo bem. Tenho comida e um teto, já está bom assim! - Alec gesticula com a mão, a movendo como se estivesse o despachando.
- Certo, então já estou indo. Boas férias! - o homem se curva e entra no carro, dando a volta e saindo do terreno. Alec observa enquanto o carro some no horizonte, coberto por poeira e deixa mais um longo suspiro sair.
- Okay, vamos fazer essa merda de uma vez! - ele pega suas malas e caminha com certa dificuldade até a porta principal, ao abri-la, várias memórias da sua infância vem a sua mente. Sua avó materna foi a primeira pessoa a saber sobre sua decisão de iniciar a transição, ela era sua melhor amiga.
- Estou aqui, vovó. - Alec sorri e seus olhos ficam marejados, mas logo ele afasta aquelas lembranças e entra na casa.
Após guardar todas as suas coisas, Alec pega um suco de caixinha que estava na geladeira e se senta na varanda, aproveitando a brisa fresca do verão. Ele observa a forma como as árvores se movem de acordo com o vento e o barulho relaxante que suas folhas produzem.
- Até que não é tão ruim assim... - ele sussurra para si mesmo e apoia sua cabeça em um dos pilares, fechando seus olhos e limpando sua mente.
- Ah! Olá! - uma voz feminina fala de repente, chamando sua atenção.
- Sim ? - Alec responde um pouco confuso e se levanta, indo até o portão de madeira.
- Eu sou a Alana, sua vizinha. Você comprou essa casa ? Estava vazia a tanto tempo... - ela estende sua mão para cumprimentá-lo, mas sua atenção está no interior da casa.
- Sou Alec, e não, não comprei a casa. Era da minha avó. - Alec força um sorriso gentil e a cumprimenta. Odiava pessoas curiosas como ela, mas não queria arrumar uma briga logo no seu primeiro dia de castigo.
- Sério ? Não me lembro que a Sra. Dumont tenha tido um neto... - Alana franze o cenho, parecendo pensativa.
- Mas tem! - ele sorri novamente e sua mandíbula se contrai.
- Enfim, se precisar de algo é só falar! - ela se despede e segue em direção a sua casa.
- Espera! - Alec a chama de repente.
- Sim ? - a mulher para e volta sua atenção para ele.
- Faz anos que não venho aqui, poderia me dizer onde fica o centro da cidade ou se tem algum local onde eu possa fazer uma ligação ?
- Claro, eu te levo lá! - Alana sorri animada e parece realmente empolgada em ajuda-lo.
- Okay, obrigado... - Alec sorri sem graça, se perguntando se realmente foi uma boa ideia pedir sua ajuda.
- É aqui ? - Alec questiona com certo desdém ao ver que o centro da cidade consistia apenas em uma conveniência velha e um posto de gasolina com uma cabine telefônica.
- Sim!
- Certo... - ele sai de dentro do veículo e caminha até a cabine telefônica, mas logo percebe que não tem fichas para fazer uma ligação. Alec respira fundo tentando não surtar e decide ir até a loja de conveniência, ao abrir a porta ele acaba esbarrando em um grande par de peitos, que parecem ter saído de algum filme de super-herói.
- Porra, olha por onde... - Alec esbraveja enquanto acaricia seu nariz dolorido, mas logo para ao ver o rosto do dono daquele corpo. Era totalmente o seu tipo.
- Você abriu a porta de repente. - o homem de olhar frio fala de forma calma.
- Eu sei, me desculpe. - ele sorri um pouco envergonhado e não consegue tirar seus olhos daquele lindo rosto.
- Tudo bem, não foi nada. Pode me dar licença agora ?
- Ah! sim, sim! - Alec sai do caminho e o observa boquiaberto enquanto o homem pega um enorme saco de ração que estava próximo a entrada e segue em direção a uma picape.
- Senhor, precisa de ajuda ? - o caixa, um homem que aparenta estar em seus quarenta anos, o questiona de forma amigável.
- Ah, certo... preciso de fichas para o telefone! - Alec fala um pouco desnorteado. Nunca viu uma beleza como aquela.
- Sim, a ligação está meio ruim, mas consigo te ouvir!
- Ótimo, porque eu tenho novidades! - ele fala animado e um sorrisinho se forma em seu rosto.
- O que aconteceu ? Você parece bem empolgado.
- Tem um cara aqui, um grande gostoso! Porra, acho que nunca vi um homem tão grande quanto aquele.
- Sério ? Um cara gostoso nesse fim de mundo ? Que surpresa! - Rick da risada.
- Eu tô mais surpreso que você! - Alec também ri.
- Vai investir nele ? Talvez seja hétero...
- Bom, eu posso pelo menos tentar, né ? - ele mordisca seu lábio inferior e um sorrisinho se forma.
- Vai fundo! - Rick o incentiva, mas já pensa em como consola-lo se tudo der errado.
- Pode apostar que eu vou!
- Alana, posso te perguntar uma coisa ? - ele rompe o silêncio de repente.
- Claro!
- Aquele cara alto, de cabelo curto que estava na conveniência. Conhece ele ?
- Ah! O Daniel ? Sim, é um lugar pequeno então todos os jovens se conhecem!
- Sério ? Então vocês costumam sair ?
- Ah, não, não! Daniel é muito reservado, só trabalha na plantação dos seus pais e os ajuda as vezes vendendo a colheita em uma barraca na estrada.
- Nossa, ele parece bem chato mesmo... - Alec bufa e se sente um pouco desmotivado. Como dar em cima de um homem que não sai de casa ? Era uma missão impossível.
- Está interessado nele ? - Alana volta sua atenção para Alec e lhe mostra um sorriso astuto.
- Talvez... - ele dá de ombros e ri.
- Eu tentaria te ajudar, mas mesmo frequentando a mesma escola e lugares, nós nunca nos falamos além do necessário.
- Tudo bem, eu tenho um plano. - Alec volta sua atenção para a janela do veículo, observando a vegetação com um sorrisinho em seu rosto enquanto pensa em maneiras de se aproximar. Queria aquele homem e iria fazer de tudo para tê-lo.
- Ótimo, discreto e bonito! - Alec pisca para si mesmo ao se ver no espelho, mas na verdade não está nenhum pouco discreto. Seu bucket preto, óculos escuros e roupa de cores escuras o faziam parecer um foragido ou um stalker pervertido.
- Espere por mim, bombomzinho, estou indo ao seu resgate! - ele ri e sai de casa animado. E após uma caminhada de quase dez minutos, Alec finalmente chega ao local indicado por Alana onde ficava a barraca dos pais de Daniel.
- Não tô vendo ninguém... - ele murmura para si mesmo e se esconde atrás de uma árvore, esperando que seu alvo apareça, mas só após alguns minutos o homem finalmente aparece carregando duas enormes caixas sobre seus ombros. Por estar usando uma camisa regata apertada e ensopada de suor, seus músculos ficam mais evidentes. Seu corpo e rosto mais pareciam terem sido esculpidos, Daniel era o homem perfeito.
- Nossa... - Alec murmura e mordisca seu lábio inferior, enquanto imagina todas as coisas que poderia fazer com aquele corpo.
Daniel deixa as caixas de frutas sobre o chão e começa a organiza-las cuidadosamente. Após alguns minutos fazendo isso ele está pronto para dar início as vendas, e não demora muito até que alguns moradores da região que passavam por ali de carro ou a pé, parassem para comprar alguma coisa. Alec se mantém atento e seu coração está quase saltando pela boca, só desejava enterrar seu rosto naquele enorme peitoral e ser abraço por ele.
- Será que eu deveria me aproximar ? - ele murmura para si mesmo e logo a chance perfeita aparece. Daniel estava sozinho.
Alec tira seu chapéu e os óculos escuros e se aproxima como quem não quer nada, apenas dando uma olhada nas frutas.
- Deseja alguma coisa ? - Daniel se aproxima o encarando com um olhar frio, mas respeitoso.
- Ah... eu quero... - ele olha ao redor nervoso e diz a primeira coisa que vê.
- Maçãs! Quero maçãs!
- Quantas vai levar ?
- Não sei... talvez uma dúzia ? - Alec sorri sem graça e dá de ombros. Não sabia como comprar frutas.
- Certo... - Daniel pega um sacola plástica e põe as maçãs dentro dela, em seguida lhe entrega. Alec paga pelas frutas, mas continua parado olhando para o homem.
- Mais alguma coisa ?
- Ah! Não, não! - ele se assusta e sai apressado, estava agindo como um idiota.
- Que porra está fazendo, Alec ? Se concentre! - ele se repreende e continua caminhando furioso de volta para casa. Havia falhado totalmente.
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