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Revivi Acidentalmente o Celestial Coelho

Capítulo 7 - Xícaras de Dragões

Capítulo 7 - Xícaras de Dragões

Nov 27, 2023


Não por maldade que Mo Tian não se lembrou de Ta Yeh. Na verdade, ele nunca cogitou a possibilidade de vê-lo fora dos quadros espalhados por Lanhua, retratado em toda sua glória e poder, mas nem de longe próximo do que era a sua figura material. Mo Tian simplesmente não assimilou que se tratava da mesma pessoa – do mesmo imortal. Sua mente dava voltas enquanto processava que Ta Yeh estava ali, em pé, a centímetros de distância.

Era como ver o personagem literário ganhando vida. 

Ta Yeh sorriu, traduzindo o reconhecimento em seus olhos. Ele empurrou uma mecha do cabelo de Mo Tian atrás da orelha.

— É bom saber que não fui esquecido por completo.

O toque de Ta Yeh – um imortal que regia as constelações no céu – faria qualquer um estremecer, mas o que causou em Mo Tian foi como um golpe. Acertou em cheio no estômago, criando bolhas que subiram para as bochechas e esquentaram a pele.

Foi o choque de realidade que o rapaz precisava para lembrar da própria situação. Aquele diante de si era um ser Celestial e o novo líder de Lanhua. Se não se prostrasse logo, poderia ser acusado de insubordinação.

Ainda sentindo o formigamento do arrepio, seus joelhos cederam e tocaram o chão. Quando sua testa estava prestes a imitar o movimento para se curvar, porém, Mo Tian foi interrompido.

Só podia concluir que não havia espaço pessoal que fosse respeitado por imortais de Taisui. Conhecia Ta Yeh por histórias contadas em casas de chá e em óperas emocionantes, mas sua mente não conseguia assimilar que estava sendo tocado outra vez por aquela figura lendária. Ta Yeh havia se agachado e não permitiu que ele completasse a reverência. Quer dizer, seus dedos não permitiram, pousados no queixo de Mo Tian e o elevando. Os olhos castanhos se afogaram dentro de um mar vermelho-sangue, com um círculo rosado entre a pupila e o exterior, formando labirintos.

Se perder ali parecia… tentador.

— Venha comigo.

Mo Tian piscou, se achando na porta do labirinto rubro.

— Para onde?

— Já que está de joelhos, deve me acompanhar. Vamos fazer isso da forma correta.

E não deu mais detalhes antes de se afastar, tecendo passos elegantes e silenciosos, um vazio se fazendo presente à medida que saía do escritório sem nem olhar para trás, com a certeza de que Mo Tian iria segui-lo — assim que se recuperasse do choque.

Antes de pensar — antes de sequer levantar e fazer como o ordenado — o servo esfregou os dedos na linha de seu queixo, onde a troca de contato acontecera. Mo Tian sentia-se estranho. Era normal o toque de um Celestial causar formigamento e ansiedade?

Deveria ser.

Ele assistia a barra do hanfu negro se movimentando pelas ruas, o tecido dançando com o vento e as gotículas finas de água que começavam a cair.

Mo Tian vasculhou os arredores e pegou das mãos de um transeunte que passava na direção contrária um guarda-chuva branco com decoração floral. O homem não se importou quando viu que era Mo Tian, ainda mais quando encontrou a figura altiva logo adiante, escancarando a mandíbula de surpresa. O homem ficou para trás, imóvel na chuva, enquanto Mo Tian cobria Ta Yeh com o guarda-chuva, impedindo que as gotas tocassem os fios brancos do seu cabelo e os pelos macios de sua orelha.

Enquanto isso, Mo Tian recebia a chuva como se estivesse debaixo de uma cachoeira, a mão estendida na horizontal para resguardar seu senhor.

Ta Yeh falou sem olhá-lo:

— Você acabou de roubar?

— Todos ficariam felizes em dispor seus bens para ajudar o Celestial Coelho. Esse senhor, que se chama Wei ChaRong, não é exceção — explicou Mo Tian, sustentando um sorriso. — Eu o conheço. Vai contar para toda família com orgulho sobre isso. Mas, pode deixar que depois o pago devidamente, se isso o incomoda.

— Não, não incomoda. É apenas curioso. — Ta Yeh fez uma breve pausa. — Pessoas sem escrúpulos se sentiram à vontade para roubar a minha vida e atrapalhar minha provação nesse plano. Foi assim que acabei preso naquele ornamento. Não é de admirar que eu queira saber a índole de quem vai me servir agora.

— Por que… não, como puderam fazer isso?

Mo Tian seguia os passos de Ta Yeh sem prestar atenção aonde iam. Quando se deu conta que havia perguntado demais, baixou a cabeça.

— Desculpe minha ignorância e ousadia.

— Era a única forma de me parar.

O que Ta Yeh estava fazendo para terem que agir tão drasticamente? Bom, nada que justificasse selar um Celestial em um objeto. Era uma blasfêmia! Mo Tian não iria se atrever a perguntar, sentindo a água da chuva adentrar cada vez mais pelas vestes. A bandana que cobria a testa já estava encharcada, seus fios loiros presos no tecido preto.

— Cada um dos Celestiais cumprem desafios neste mundo mortal para se provarem dignos de continuar regendo suas constelações em Taisui. Isso, obviamente, me inclui. Apesar de sermos imortais, se não cumprirmos a provação do jeito que o Imperador de Jade definiu, a luz da nossa estrela se apaga. Nesse caso, somos descartados. — Ta Yeh soltou um bufo irônico. — Você consegue imaginar? O que é ser traído em uma situação dessas? Ainda mais eu, que…

Ele se interrompeu. Não só a fala, como os passos também. Mo Tian ergueu o olhar. Os pingos de chuva teciam um som abafado contra o tecido branco do guarda-chuva, sobre o eco de um trovão que tinha acabado de ser visto em uma luz no céu. Ele ficou imaginando se deveria falar algo. Se seria de bom tom dizer uma palavra amiga para ter sua confiança. O assunto parecia ser delicado para Ta Yeh.

— Minha irmã tinha medo de trovões. Até que eu contei para ela que o som era apenas a voz do Celestial Dragão que chegava até esse plano. Então ela começou a se concentrar, para tentar entender o que o Celestial estava dizendo.

Não parecia que Mo Tian fazia parte de uma conversa, então apenas se deixou levar pelas palavras ditas para a chuva.

— Ela gostava de vir até uma loja de xícaras que ficava bem ali para colecionar itens que tivessem o símbolo do Dragão, já que ele era seu preferido porque foi o ano em que ela nasceu. — Ta Yeh afinou os olhos estreitos na direção de um comércio de verduras e frutas, como se marcasse um “X” no local. — Mas não me parece ser mais uma loja de xícaras e porcelanas.

— Bom, fazem séculos que…

Mo Tian se impediu de continuar. Seria deselegante, no mínimo, lembrá-lo de sua situação de aprisionamento, se o Celestial estava mesmo dentro do ornamento por todo aquele período. 

A sensação de que precisava falar algo para consolá-lo pelo comentário anterior continuava a cutucá-lo. Deveria ser horrível acordar e ver que tudo estava diferente — que a vida seguiu sem ele e que o lugar onde cresceu estava mudado. Ele era o estranho na própria terra. Mo Tian conhecia a sensação de solidão, poderia imaginar como Ta Yeh se sentia em ter tudo o que lhe era familiar destruído, mas não sabia como dizer isso poderia ajudar sendo apenas um serviçal.

Erguendo o olhar para enxergar a figura imortal, ele reparou em seu cabelo úmido, com orvalhos levantando alguns fios. Encarou a testa dele. Era branca, sem nenhuma marca ou cicatriz. Mo Tian segurou o ímpeto de levar os dedos para a própria tez encoberta pelo pano preto.

— Senhor… Tenho certeza que deve ter sido difícil, todos esses anos — admitiu Mo Tian. — Mas é como dizem, o karma cobra cada uma de nossas escolhas. Eu ouvi um velho charlatão dizer há alguns dias: “A preocupação nunca venceu o destino” e ele tem razão. Se você está aqui e bem, não há nada com o que se preocupar.

— Destino.

A palavra saiu de sua boca acompanhada de um elevar de lábios tímido, quase imperceptível, se não fosse pela pontada de ironia presente ali, naquela linha curva bonita.

— Você tem razão, Mo Tian — ele disse. — Não há nada com o que me preocupar. O que já não posso dizer sobre aqueles que me traíram. Ah, não importa quem são seus filhos ou netos... Todos têm um belo problema agora.

— Pode confiar em mim, Ta Yeh. Eu, Mo Tian, dou a você a minha lealdade, e prometo lutar por você, não importa contra o quê.

Escapou. A frase genuinamente escapou de sua língua. Quando percebeu, ela já tinha atingido o Celestial Coelho. Mas Mo Tian não se arrependia de ter falado qualquer uma das palavras. Poderia parecer precipitado ou um puxa-saco medroso, mas a verdade era que pretendia ser o servo mais fiel.

Acontece que falar assim em voz alta não traz confiança nenhuma: te deixa ainda mais suspeito, uma voz interna alertou.

Foi a primeira vez que Ta Yeh olhou para trás para encará-lo diretamente. Mo Tian se encolheu diante do pesado olhar vermelho.

Então Ta Yeh deu risada. Curto e anasalado, mas terminando com olhos fechados e um sorriso quase amigável. Mo Tian se sentiu um idiota, nem parecia que tinha ganhado a confiança de cada morador daquela vila às custas da sua boa conduta.

— Ninguém disposto a trair diz isso em voz alta — disse o Celestial, dando um suspiro. — Confiar não é fácil para alguém como eu, Mo Tian. Coloque sua confiança na pessoa errada e isso poderá custar a sua vida. Ou, pior, a vida de pessoas queridas. A loja de xícaras de dragões não está mais ali, mas minha irmã não vai sentir falta. Ela está morta.

A cor se espalhou pelas bochechas de Mo Tian e ele sentiu vontade de se esconder depois de ter tocado nesse assunto. O clima pesou.

— Eu sinto muito, eu só quis…

— Mas se você colocou sua confiança em mim, não vou te desapontar.

Mo Tian teve que se apressar, pois o Celestial Coelho havia voltado a caminhar. O vento soprou forte, balançando a haste do guarda-chuva. Respingos da rua atingiram Mo Tian, mas não fazia diferença. Ele já estava todo ensopado — da faixa preta que usava para esconder a testa até os sapatos puídos.

— Ande um pouco mais rápido. Se eu sentir uma gota de chuva em mim, vou considerar uma traição — avisou Ta Yeh, à distância.

Ele… só pode estar brincando!


Continua...

No próximo capítulo...


“Mo Tian arregalou os olhos ao ver o antigo líder ali, fraco e indefeso, com carrascos segurando suas correntes, prontos para atacá-lo caso houvesse resistência.

Ta Yeh andou calmamente até o topo da plataforma. Mo Tian seguiu seus passos, protegendo-o da chuva. A multidão cessou a conversa, prendendo a respiração quando o Celestial alcançou seu destino.” 

No próximo capítulo: "O Poder de um Celestial"


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Até o próximo capítulo!


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