Alguns minutos depois, chega um homem com algumas escamas reptilianas no pescoço, ele tragava um grande charuto e vestia roupas de grife, apesar de não ser isso o que destacava o homem do resto, e sim a sua grande cicatriz atravessando o rosto na altura do nariz e sua cegueira obvia, além de ser visualmente o humanoide mais velho do salão e estar descalço. Após ele passar da mesa, a visão de Kahelat e Amelia alcança a pequena cabaça em sua cintura. Ele era Fenyang Effe-Jush, o “lagarto com olhos nos pés”, Especto da Terra e maior mafioso do continente, líder do tráfico e gênio da manipulação. Ele havia adquirido seu lugar no grupo após um acordo com o rei e seu grupo mafioso, onde a máfia tirava seus homens da capital e arredores, e os crimes da máfia eram perdoados, além do lugar do líder dos mafiosos nos Espectos de Malvunnin.

Fenyang olha para o elfo sombrio e dá um sorriso leve, Kahelat retribui com um belo dedo do meio dele, e de Throgg. Mas logo sua atenção se volta a porta, pois um barulho de metal batendo com metal era claro vindo daquela direção.

        Do corredor entra um meio orc paladino armadurado completamente com um par de óculos em seu rosto e o capacete de baixo do braço, ao passar pela sala a armadura magicamente some, dando lugar a uma bela meia orc que vestia uma camisa regata e uma calça justa, sua roupa revelava que a jovem poderia facilmente se disfarçar de humana se não fosse a pele verde e as presas sobressalentes, não grandes como as de um orc, mas estavam ali, seu curto cabelo negro tinha pontas amareladas e azuladas, seus braços e pescoço, repletos de tatuagens de runas arcanas para auxiliar a conjuração sem necessário um grimório, a jovem olha diretamente para Kahelat e diz: 

        _Bem vindo de volta Mestre Thanor’Thym, como você está?

Kahelat sorri e acena com a cabeça:

        _Bem Talor, vejo que você agora controla cem por cento a sua metamorficação, era um saco ver você puta porque não se sentia mais uma garota e o corpo não mudava.

        _As runas ajudam nisso — ela da de ombros, era Talor Urzalina, o Especto dos Céus, uma meia orc tocada por dopplegangers, que graças a isso tinha a capacidade de mudar de forma entre seres de estatura parecida, o que veio muito a calhar quando ela se descobriu uma pessoa de gênero fluido, podendo então alternar entre uma forma feminina e masculina — voltou com Amélia? Fico feliz, eu sempre achei os dois um ótimo casal.

        _Não voltamos Talor — responde Amélia secamente, mas com melancolia no olhar — mas foi bom, minha prataria nunca foi tão duradoura

        As garotas dão risadas e Talor se senta ao lado de Fenyang, rapidamente mudando para a forma masculina, que detinha as roupas, mas tinha um cabelo mais longo e cortado nas laterais. Ao fazer isso, uma cela elétrica cerca ambos os magos, o que diz a Kahelat que Talor se tornara o principal vigia do mafioso, gerando um belo sorriso em seu rosto.

        Após está breve conversa entre mestre e aluno Entra no local Abgail, com seu ar soberbo olhando com desgosto para todos, principalmente Talor, por suas condições de descendência, para o Shifter, um mestiço era inaceitável, mas ao sentir a pressão da mana de Kahelat, Amélia, Talor e Trixie, o Especto do fogo cessa os olhares de nojo. Abgail trajava uma nobre roupa formal, parecendo ser o único que se importava realmente com a reunião, ele se senta na mesa e faz um leve batuque aparentemente aleatório, o que faz Fenyang sorrir levemente, como se um plano estivesse sendo concluído naquele momento. Mas o mafioso logo fica sério já que a anã Genya entra no local, o Especto da mente chega trajando um típico traje de cientista. Com uma calça ajustada, um jaleco e uma camisa neutra por baixo, ela conversava com Masao Yamamoto, o Jovem prodígio que se tornara o mais jovem Especto de Malvunnin, ele trajava uma camiseta comum do povo de Femto, com uma gola amarravel, mas ao invés do algodão usado pela maioria da população, ele vestia um fino tecido de linho elfico com adornos em fios de ouro, sua calça era de um nobre tecido também, vestindo uma confortável calça de seda anã, um tecido magicamente criado para que não se desgaste com tempo, não rasgue, pegue fogo ou alargue, sendo perfeita para se trabalhar em minas ou lutar em uma guerra, vendido por um alto preço comercial para não anões. Seu sapato era feito de couro arcano, um fino material capaz de concentrar magia, geralmente usado para armaduras ou artigos de luxo, o que era o caso do calçado. Sobre todo este fino conjunto, o jovem trajava um sobretudo aberto, um sobretudo simples de material não reconhecido pelo elfo, mas com certeza vindo do continente de Izuno, um grande arquipélago ao leste, de onde o jovem vinha, seus detalhes em azul e dourado denunciavam tal origem. Completando o estilo dos jovem, havia um belo colar com um pingente de jade em formato de katana. Kahelat sorri por reconhecer o amigo, Masao era um humano com magia de manipulação de armas primordial, era um jovem gênio tanto no combate quanto nos negócios, tendo se tornado aos 16 anos o mais rico e poderoso magnata de Izuno, fazendo inúmeras negociações com todos os continentes de Malvunnin, principalmente Femto, seu negócio de forjas se tornara quase um monopólio no assunto de armas mágicas, fazendo negócios com grandes exércitos e guildas, sendo o principal fornecedor da guilda do Falcão Branco. Masao rapidamente vê o elfo e sorri, dizendo: 

        _Você não devia estar aposentado vovô?

        _Cala a boca pirralho, eu tô na flor da idade.

        Os amigos se cumprimentam com um aperto de mãos, que emana uma poderosa aura mágica, que deixa os Espectos tensos, e subjulga totalmente Abgail, que começa a ter dificuldades para respirar. Kahelat e Masao se conheceram em uma das missões de Kahelat como mercenário, ambos rapidamente viraram amigos e rivais pelas suas semelhanças em personalidade, ambos odiavam perder e eram serios e sarcásticos ao mesmo tempo em seus combates, Kahelat fez uma rápida contagem e percebeu que o novato que tanto falaram era o jovem empresário, o que o deixou um tanto alegre, o cargo estava protegido de mais pessoas como Abgail afinal.

        Os dois amigos separam as mãos, voltando para seus lugares. Jack então entra no lugar, mantinha as mesmas roupas de mais cedo, ele seria o mediador da reunião, e frente a ele estavam os mais poderosos magos do plano material primário, os Espectos de Malvunnin, um grupo criado a mil anos para proteger o plano de ameaças internas e externas, sem um líder, mediado pela maior guilda do mundo sempre, os Espectos de Malvunnin eram: Luz e Sombras, representando os alinhamentos morais do mundo, sendo a luz aquilo que devem seguir, e as Sombras os trabalhos sujos que ninguém deve fazer. Fogo e Oceano, representando a chama das raças, a ânsia por viver e por se manter bem, e o Oceano representando a sabedoria das raças, a união entre elas e o equilíbrio entre seus povos. Terra e Céus, com a Terra representando os povos para si mesmos, suas individualidades e suas capacidades de se tornarem melhor do que já são, e os Céus representando a ligação das raças para com o Divino, e sua capacidade de se ligar aos grandes dragões que dominam o plano superior. E fechando o grupo Mente e Corpo, com a Mente sendo as evoluções tecnológicas e arcanas, representando o conhecimento dos povos, e o corpo a sua capacidade física e de combate, sendo a força e os músculos de Malvunnin.

        Jack engole seco e anuncia:

        _A reunião dos Espectos pode começar.

        Kahelat mal espera ele terminar de falar para começar a primeira pauta:

        _Alguém está brincando com o que não devia, alguém está mexendo com as barreiras planares, Malvunnin está correndo perigo.

        Genya olha para o elfo e diz:

        _Kahelat... Nós é quem estamos mexendo com as barreiras, eu acabei de descobrir a viagem interplanar.