- Falando assim parece até que é um parque de diversões. – Repentinamente, Hory cospe, focado na paisagem atrás de si, e atraindo a atenção dos dois.
- Bem, eu sei. – Jhon continuou. – A floresta Mahatma também é, provavelmente, o lugar mais perigoso desse continente, acho que só mesmo Krista seria corajosa e eficiente o bastante pra aguentar viver tão próxima dela.
- Droga, por quê? Eu não tenho muitas informações sobre isso.
- Hmm, então você é mesmo um estrangeiro?
- Ainda não percebeu? Você é tão lerdo quanto eu imaginei também. – Retruca o garoto.
- Bem... Isso é um ponto que é importante você saber, Fyrr. Os ciranos possuem... uma rixa antiga e uma tanto quanto densa, e com razão, com os kristanos, o que os fazem um tanto quanto perigosos contra estrangeiros de fora; também, há a maior razão de todas que garantiu que nós nunca conseguíssemos tomar realmente aquele território a força. As serpentes da noite.
- Parece ameaçador.
- Você não tem ideia. Todas as noites, uma quantidade exorbitante de serpentes gigantes cobre completamente a floresta como se fossem um mar de piche, e elas atacam todos que ousam perambular por ela. São tantas e todas tão poderosas que ninguém consegue sustentar uma longa batalha dentro daquele território.
- Caramba, mas se ela é tudo isso, como os ciranos sobrevivem lá?
- Ninguém sabe direito. Ter informações precisas deles é bem difícil. O que sabemos é o que eles contaram ao longo de centenas de anos, e também, o que eles querem que as pessoas de fora saibam...
- Fazer o que, - retrucou Nattan do nada, largando a garrafa vazia em cima dos caixotes – eles não podem colocar os pés pra fora do mato sem levar uma bala no meio dos olhos por homens de branco.
- Opa, senti uma treta aqui? – Fyrr comenta, sorrindo com malícia.
- É de se esperar. – Jhon seguiu, trocando um olhar rápido com o espadachim – O meu pessoal... bem, são meio gananciosos quanto a território, e acho que saber que tem um território enorme bem perto de casa que eles não conseguiram dominar por séculos... deve atacar com força o TOC.
- Entendi, então a floresta só faz parte do território de vocês no papel, e na verdade, ela vem sendo um desafio que vergonhosamente, o maior império do mundo não consegue engolir... que curioso. Então pelo visto, essa floresta é bem divertida.
- Hmm, eu não queria perguntar nada desinteressante, mas... você está planejando entrar na floresta em si? Sem pegar as estradas especiais para atravessá-la? – o jovem pergunta, incerto.
- Hmm... o que será, né? – Fyrr retruca, lembrando-o outra vez que não haveria respostas exatas nas quais ele se focar. – Pelo jeito que você anda falando dela, esse parece na verdade ser o seu caso.
- Bem... meio que sim.
- Sério? Você não parece do tipo aventureiro pra mim. Então está indo direto pra boca do leão que você mesmo vem nos dizendo ser perigoso?
- Bem... tem uma coisa que eu preciso fazer que é muito importante pra mim. – O jovem disse, e retirando do bolso um pequeno medalhão escuro com uma joia azul no centro, e a ativando com sua mana, abriu uma pequena placa de anergia azulada, de onde afundou sua mão, no meio do ar, e retirou dela um pequeno objeto.
Os três com bastante cautela fitaram-no segurar contra o rosto um pequeno espelho. Sua moldura era inusual, de madeira, com ornamentos metálicos serpenteando por ela, centradas numa joia dos dois lados encrustadas no centro de cada rosa metálica. O vidro era transparente, refletindo muito pouco a imagem de seus olhares nele.
- É um pedaço de vidro bem chique. – Fyrr comentou. Tentando entender a cena que terminou de ver, fascinado com o feito do instrumento mágico de deposito.
- É um instrumento mágico. Um espelho de visualização. É um presente dado a minha família há muitos anos. – Revela ele, fitando aquela peça com certo carinho. – A pessoa que deu isso a nós foi alguém um tanto quanto especial, e aparentemente, o lugar onde ele está provavelmente é dentro de Mahatma.
- Você quer entregar o espelho a ele?
- Sim... houve uma promessa em que o meu pai deveria devolver..., mas muitas coisas aconteceram. Agora, estou tentando terminar esse favor antigo e devolver a ele, antes que as coisas fiquem mais complicadas e terminem de um jeito desagradável.
- Então e isso?
Um pouco surpreso, Fyrr viu o jovem assentir, vendo claramente a sinceridade descuidada de seu companheiro de viagem. Agora entendia melhor como funcionava a cabeça dele pelo menos um pouco. O kristano não estava disposto a mentiras e cercos para obstruir o caminho do grupo, ele estava sendo verdadeiro consigo mesmo a aos outros.
O jovem colocou de volta o espelho na dimensão de bolso e os olhos da raposa brilharam maravilhados.
- Caramba! O que é esse instrumento mágico?
- Hmm? Você nunca viu um medalhão de carga?
- Não tinha isso de onde eu vim. Deve ser bem conveniente ter um apetrecho mágico pra guardar tudo o que você tem. Que inveja.
- Toma um pra você então. – Jhon o diz, oferecendo um medalhão reserva do bolso.
- Hã? Que? Hã?
Inocentemente pegando seu medalhão reserva do bolso, lançou na direção do garoto, que agarrou com muita surpresa a peça no ar, e a fitou completamente incerto do que acontecia.
- É sério isso?
- Eu ainda tenho alguns reservas, e esses nem são os que armazenam toneladas, então, tudo bem.
- Uoooooohh! – gemendo de excitação, a raposa pegou de dentro de seu kimono o saco de moedas de cobre e prata – Viu só? Porque você não pode ser legal como ele, Nattan?
- Você quer dizer idiota como ele, não é? – retruca o espadachim, antes de se afastar em busca de outra garrafa de bebida próximo a janela que dava ao segundo vagão da carroça.
Pressionando o medalhão contra o lado do saco, o garoto esperou babando de expectativa para vê-la sumir no interior da dimensão de bolso do instrumento, mas mesmo após longos segundos... nada aconteceu. E conforme a paciência sumia, o desgosto também crescia em seu interior.
- Tá quebrado? Que sacanagem... – ele comenta.
- Esta funcional, você só precisa... – parou-se Jhon, atento a expressão e atitude do garoto, deduziu algo inesperado diante da criança misteriosa de véu na cabeça – Fyrr, você precisa imbuir mana pra ativar o medalhão.
- E como eu faço isso?
- Hã? Você não sabe mesmo? Quantos anos você tem?
- Magia é o de menos. – Nattan comentou em seu canto – esse bostinha parece ter acordado nesse lugar depois de naufragar.
- Não enche, huff, - suspira ele, se encostando na parede da carroça e fitando o kristano com certa pressão – as coisas são um pouco mais complicadas do que parecem; bem, como vamos ficar um tempo significativo juntos, não deve ter problema mostrar agora. – disse ele.
Casualmente, Fyrr agarra o véu que cobria seus cabelos, e o puxa, desfazendo o nó suave no processo, e deslizando por ela, sua cabeça é descoberta e suas orelhas finalmente experimentam o ar puro após tanto tempo, tremendo um pouco. Tanto Jhon quanto os outros magos o fitam surpresos por não terem percebido mesmo depois de tanto tempo que aquela criança tão estranha se tratava de algo diferente do que já viram.
- Primeiramente, eu não sou um ser humano, como podem ver, devo estar classificado no que vocês chamam de ser semi-espiritual, e segundamente, mesmo tendo uns vinte anos segundo o calendário humano, ainda sou apenas uma criança para os meus pares, o que acaba me fazendo deixar muito a desejar em vários aspectos. E apesar disso tudo, ainda tenho algumas condições particulares que não me convém explicar agora, então, não precisam vir me tratar como um idiota. – Ele terminou de explicar, intensificando seus olhos violeta com um brilho malicioso - Acho que mostrei o suficiente do que sou capaz até agora.
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