Sair dali foi mais difícil do que imaginei. Depois que alongaram minhas algemas numa amarra com tamanho suficiente para movimentar, reuniram algumas coisas de dentro das sacolas da câmara e esconderam facas em quase todos os lugares do corpo.
Mas mesmo parecendo ser exímios combatentes Najarah e Tarek não tinham muitas habilidades em escalada, então levamos o dobro do tempo para chegar até o perímetro do primeiro ponto de encontro. A rua fica na periferia do centro comercial então tinha alguns trechos preenchidos com rocha e pó de cincino mas tirando esses pequenos detalhes ainda não tinha encontrado nada que chamasse atenção o suficiente e valesse o esforço e o risco de ser detido.
Se não foi algo, poderia ser alguém. Mas quem?
O objetivo até o momento era evitar se separar e evitar ser pego. Os dois tinham os disfarces então poderiam se safar facilmente, mas além de desarmada, estou com as mãos atadas, como se isso pudesse me impedir de fugir...frescura. Se quisesse, já o teria feito.
— Estávamos aqui na noite em que tudo aconteceu. — Tarek indicou uma viela entre algumas casas. Esse atalho ficava em frente a um movimentado bar, que se você fosse esperto, poderia ser convidado a participar das mesas de jogo.
— As casas de jogos não são o melhor lugar para invadir, o que valia tanto o risco?
— Não é da sua maldita conta — Najarah se apoiou numa chaminé para observar os arredores da construção. A entrada estava até que movimentada, mas nenhum extremista farreando.
— Ela nem sempre é assim. — Tarek comentou, ajoelhado ao lado dela. — Não vejo nada de interessante.
— Vamos esperar um pouco mais, eles vão aparecer. — Ela insistiu.
— É estranho não ter nenhum deles aqui. — Puxei um filete de tecido do meu véu para cobrir o nariz que começava a esfriar por conta do frio da noite. — Geralmente adoram se aglomerar e farrear.
— Não depois do que aconteceu, é surpreendente que ainda esteja de pé.
— Nem tanto, basta ter uma quantidade imensurável de dinheiro. Ou paparicar imensuráveis autoridades. — Apesar do laço mais longo nas faixas de couro que tenho no pulso, ainda não consegui cruzar os braços. Estava realmente ficando frio ali em cima.
— O dono desse lugar tem algo melhor do que dinheiro, ele tem poder. Os homens dele que saíram atrás de Povan e Grillo ontem.
Um frio na barriga me roubou o ar.
— Do que está falando, Tarek? Como sabe disso?
— Hm... — Ele claramente estava em busca de mascarar a verdade — recebemos instruções bastante precisas, antes de invadir, para ter cuidado com Amastor. Você conhece. — Não foi uma pergunta, apesar de soar como uma.
Amastor não tem só poder, ele tem influência com grandes nomes dos Extremistas da cidade. As casas de apostas e prostíbulos dele eram os mais movimentados pelos militares daqui justamente porque existe uma relação muito boa entre ele e o capitão da Fossa. Aquele mesmo que ontem anunciou a sentença de morte de Povan e Grillo. O mesmo que roubei.
— Vocês são loucos se tentaram roubar Amastor, ele os comeria vivos. — Nem sei se isso é exagero.
— Não iríamos roubar Amastor. — Tarek me encarou — Iríamos roubar o chefe dele. — o capitão — Mas deu tudo errado porque você o roubou antes.
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