Encontrei minha moto na vaga de sempre no estacionamento do prédio onde moro junto de Edward. Apesar de já ter caído a noite, meu dia ainda não acabou e meu outro afazer é mais distante do que o restaurante onde trabalho.
Eu já ia sair dirigindo pelas ruas mas, por sorte, me lembrei de algo que havia esquecido. Esta viagem terá que esperar um pouco mais.
Consegui reunir o pouco de energia que me restava após estabelecer que preciso subir até o 18° andar do prédio, onde fica meu apartamento. A parte ruim: Já faz uma semana que o elevador está quebrado.
Foi uma dolorosa jornada que fez minhas pernas doerem até o fundo da minha alma.
Quando finalmente alcancei o último degrau e atravessei o corredor em direção a porta do meu apartamento, vi a porta do elevador se abrindo.
“Sério isso?”, pensei enquanto suspirava, recuperando o fôlego e sentindo a humilhação.
Vi com a visão periférica uma jovem de cabelo preto saindo do elevador enquanto carregava algumas sacolas de compras. Ela estava resmungando alguma coisa, mas decidi não dar muita atenção.
- Pelo menos agora sei que o elevador está funcionando de novo…- Eu murmurei para mim mesmo enquanto entrava no apartamento.
Já dentro do recinto, vi que tudo estava silencioso. Edward já havia ido para seu segundo emprego como sempre… Aliás, me parece que ele saiu apressado já que seu uniforme do restaurante está jogado no sofá.
De qualquer forma, só vim aqui para pegar minha jaqueta. A velha, desbotada e surrada jaqueta roxa com bordados desfiados. Apesar do seu estado, ainda é possível ver o desenho do cervo azul de chifres rosa no ombro direito.
O caminho que sempre percorro de moto até meu destino também é coberto por cartazes de procurado. A polícia tem se esforçado muito para aumentar sua busca pelo tal terrorista.
Eu não falo muito sobre isso, mas sei o porquê de terem o intitulado assim.
Cinco anos atrás houve uma explosão em um prédio empresarial da família Wild. Eles são donos de uma empresa farmacêutica e seu prédio sempre foi um ponto turístico em Ottawa, já que era chamativo pela sua alta tecnologia e tamanha propaganda que faziam.
O terrorista entrou disfarçado e implantou uma bomba no edifício. Na época, existiam boatos sobre ele ter feito George Wild, o CEO e herdeiro da família Wild, de refém. Mas isso é mentira.
George Wild estava em uma viajem de negócios naquele ano e a explosão não foi causada pelo dito criminoso e seus capangas malvados. Foi um ataque dos próprios sócios da empresa Wild tentando esconder algo que não queriam que fosse revelado.
O tal “terrorista” trabalha em uma organização que protege pessoas fora do comum: os chamados “não-humanos”. Demônios, seres humanos amaldiçoados, meio-humanos, todo tipo de criatura que precisa ser protegida da maior parte da humanidade.
Acontece que a família Wild ameaçou diretamente um membro importantíssimo para a mais forte divisão da organização. Eles sempre levam ameaças a sério, então não existia a mínima possibilidade disso ser esquecido.
O dito terrorista é o líder de divisão que só queria proteger seus subordinados tendo uma conversa “amigável” com o grupo que o ameaçou. Mas isso custou caro já que a família Wild conseguiu arruinar tudo colocando a polícia em uma caçada incansável atrás do homem que ameaçou a família Wild.
Enfim, procuram por esse criminoso em todos os lugares, menos atrás do balcão do restaurante de comida japonesa do Senhor Kaito, afinal, eu quase sempre estou lá.
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