O sol estava nascendo naquele dia de 1578, e apesar disso,Gabriel e Valentina estavam já de pé, prontos para o treinamento mensal. Após assentir, Gabriel ficou em posição de ataque, e quando aprontou-se, Valentina avançou em alta velocidade.
No auge de seus 18 anos, Gabriel concentrou magia na perna e chutou a mulher para o lado, fazendo com que ela atingisse com força o muro rochoso que separava a casa do terreno vizinho. Em seguida, o garoto pulou e, juntando magia nos punhos, deu um soco no local onde o corpo de sua tutora estava. Agilmente, a moça saiu dali e criou correntes mágicas, prendendo-as na cintura e depois, o lançando na jasmineira. Mas Biel amorteceu o ataque colocando uma certa quantidade do Quinto Elemento em suas costas, e, consequentemente, o empurrando de volta.
-Se acha esperto, né? - resmungou a Feiticeira, teletransportando-se. Gabriel acertou com força o muro, deixando seu pé preso. -Agora você está encurralado! - e a mais velha saltou e avançou.
-Ao contrário - declarou o discípulo - É você quem cavou sua cova.
Acumulando o elemento em sua perna presa, conseguiu desprender-se, e manipulando magicamente as rochas e as arremessou na mulher, que foi acertada bruscamente pelo contra ataque inesperado.
Apesar disso, ergueu-se com o rosto machucado e batendo palmas.
-Nunca vi tanto poder - elogiou ela - Evoluiu muito nesses 6 anos de aprendizado, pivete.
-Ai se não tivesse aprendido - comentou o outro, causando as risadas da educadora.
-Vamos entrar.
-Mas e o muro?
-Pare de se preocupar. A barreira mágica altera a realidade, fazendo com que quem está do lado de fora da casa não veja nada do que ocorre aqui dentro.
Ao ingressarem, o colegial percebeu a ausência de Alonso, o criado negro, e perguntou à professora onde ele estava.
-Ontem a noite tivemos uma discussão - ela contou, colocando a comida do café da manhã na mesa - Ele saiu com raiva dizendo que eu iria me arrepender por tudo que fiz nestes 8 anos com ele.
O jovem pensou em dizer algo, mas calou-se. Já cansou de brigar com a mais velha por causa da forma de tratamento do servo.
Após o café da manhã, Valentina exclamou:
-Joana vai ser queimada viva hoje no Terreiro do Paço.
Gabriel olhou fixamente para Valentina. Seu rosto indicava ódio.
-Que droga - resmungou.
-Quer ir?
-Sim.
-Tá bom.
Valentina Vales era uma mulher de 30 anos, de corpo bem feito, cabelo negro sedoso, olhos castanhos e pele branca bem lisa. Apesar de sua beleza exuberante, era uma Feiticeira e mestra de Gabriel, seu discípulo, um jovem de cabelos lisos castanhos e olhos negros, além de um corpo másculo.
Às 10:00 horas em ponto, uma multidão se acumulou na principal praça de Lisboa, onde ficava localizado o palácio imperial. Inclusive, alguns nobres contemplavam o fato do castelo.
No meio havia 3 mulheres presas com cordas em troncos de madeira, e de frente a elas, o padre Bento dava um discurso:
-Essas três mulheres são feiticeiras! Mulheres que venderam suas almas ao Diabo em troca de poder! Mataram crianças e jovens em nome de seus malditos demônios, mas eu estou aqui para castigá estas feiticeiras em nome de Deus!
-Ai, que conversa fiada - reclamou Valentina.
-Esse cara viaja - acrescentou Gabriel.
-Porém, - continuou o padre - eu não teria conseguido nada se não fossem os Inquisidores Assassinos. Eles ajudaram-me muito investigando e caçando elas, e quero chamar aqui o Capitão.
Atrás da multidão surgiu uma tropa de Inquisidores Assassinos.
-Ele, conhecido como o “Inquisidor Vingativo”,“Cavaleiro Arcanjo” e a “Ave de Rapina Imbatível"...
Passos metálicos começaram a ecoar no meio da multidão.
-...filho do falecido Conde Nilson Graccio, irmão de Tito Graccio…
Um homem de 1,80 apareceu do lado do eremita, trajando a armadura de bronze com o símbolo da Inquisição Portuguesa.
…Lucius Graccio, o Capitão do Décimo Quinto Esquadrão de Inquisidores Assassinos!
Palmas e gritos de alegria foram dados pelas pessoas ali presentes àquele homem de 35 anos, cabelo dourado bagunçado e olhos verdes.
A Inquisição era - e é - uma instituição da Igreja Católica que caçava e julgava os hereges e feiticeiros. Os funcionários da intuição que não pertenciam ao clero eram chamados genericamente de Agentes da Inquisição ou Inquisidores, e haviam vários: os que torturavam, os que condenavam, e outros. Os mais raros e respeitados eram os Inquisidores Assassinos, lutadores que caçavam e lutavam frente-a-frente com os feiticeiros e hereges sobrenaturais. Muitos deles eram Magos ou haviam feito parte do exército. E Lucius era um dos mais famosos. Além de ser filho de um conde, era irmão de sangue de Valentina
-Vamos embora daqui - ordenou ela, brava por ver seu irmão ali.
O garoto, que conhecia a história dela, apenas assentiu e a seguiu em direção a morada.
Eles chegaram à rua da casa quando o sol estava se pondo. Ambos iam calados, submissos em seus próprios pensamentos. No entanto, estremeceram ao ver que em frente a habitação deles, havia um homem de aparentemente 32 anos, loiro, bigode enrolado e com uma camisa de seda que no peito tinha o símbolo da Inquisição, sentado em cima de um barril de vinho. Do outro lado da rua, um cavaleiro com armadura completa e segurando o elmo, estava sentado de pernas cruzadas no chão. Ao ver a chegada da dupla, o bigodudo declara:
-Ah, buon pomeriggio! Eu me chamo Fabrizzio, e sou um Inquisidor Assassino, e tenho um mandato de prisão contra vocês dois!
-Eu me chamo François, - disse o seu companheiro - Mademoiselle Valentina e Messieur Gabriel, e fomos enviados pelo Capitaine Lucius. Espero que não estejam planejando um comb–
-Criação de Fogo! - exclamou o garoto, e duas esferas de fogo avançaram contra o dueto.
-E eu achando que seria fácil - resmungou Fabrizzio, pulando. Magicamente, o barril de vinho se desfez e formou uma armadura em volta do corpo dele, e com força, chutou as esferas, que explodiram em chamas que não o afetaram.
-Ele é um Bruxo! - deduziu a mais velha.
-Eita que tamo ferrado - murmurou o mais novo.
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