"Mas que merda foi essa?" Vince disse com certo temor na voz, enquanto enxugava o gelado suor de sua testa. "Isso... Isso realmente é o futuro?"
O gato se afastou um pouco, voltando para sua posição inicial.
"Esse é o caminho para onde as coisas estão se encaminhando para a sua espécie." Ele levantou sua pata direita, como se desejasse um aperto de mão. "Isso é, se você não fizer um acordo comigo."
A expressão de preocupação na face de Vince deu espaço para uma desconfiança crescente em tudo o que o gato falava. 'Como diabos um gato falante pode ser capaz de prevenir o fim do mundo iminente? Nada do que essa coisa fala faz sentido.'
Como se pudesse ler sua mente, o gato soltou um longo suspiro.
"Por que vocês são sempre tão desconfiados com tudo?" Ele dizia enquanto colocava sua pata em sua pequena cabeça peluda em sinal de desaprovação. "Acho que vou ter que te explicar apenas o necessário no momento, porque como eu havia dito antes, estamos sem tempo para essas frivolidades."
"Antes de falar sobre os pontos do nosso acordo, devo deixar uma coisa clara. Normalmente, o Conselho dos Perpétuos julga as ações humanas, e mais uma vez, eles decidiram que a sua espécie deve ser extinta." O tom de voz do gato era sério, o que fez com que Vince apenas ficasse quieto, prestando total atenção nas explicações do felino.
"A primeira tentativa foi mais como um tipo de teste. Como se eles quisessem julgar as capacidades humanas de se adaptar, juntamente com a vontade de viver humana. Parece que esse teste se tornou algo bem famoso entre vocês. Acho que vocês chamam de Grande Dilúvio. Ou algo desse tipo."
A face de Vince havia se tornado um misto de dúvida e intriga. Ele não confiava cem por cento no que aquele ser com aparência felina falava. Mas não era como se ele pudesse simplesmente sair dali, já que ele se encontrava no total vazio.
Analisando a expressão de seu companheiro, o gato ficou quieto por poucos segundos, como se esperasse que ele fizesse alguma pergunta.
"Eu sei que deve ser difícil pra você acreditar nisso tudo, mas prometo que tudo vai fazer sentido no final." E como se falasse para si, ele continua; "Eu espero."
Ele nada disse, apenas esperou o gato continuar a sua história.
"De forma resumida, o Conselho decidiu por exterminar toda a existência da raça humana. Essa torre é simplesmente o modo como os Perpétuos vão dizimar toda a existência na Terra. Por isso a chamamos de Torre da Desolação."
"Um nome um tanto quanto poético, eu diria." Por fim, Vince diz, com total sarcasmo em sua voz. "Então você tá me dizendo que os Perpétuos, o como quer que se chamem, estão simplesmente decidindo se vivemos ou morremos com base no quê? Vocês pensam que são Deus ou o quê?"
O gato suspirou novamente, ter que explicar tudo aquilo parecia o estar tirando do sério.
"Tecnicamente, esse Deus que você fala, somos nós, os Perpétuos. Mas por algum motivo, vocês acham que Ele é apenas um ser." O felino fez uma pequena pausa, e começou a lamber sua pata esquerda. "Bem que os outros haviam me falado que os humanos são muito simplistas com seus pensamentos. Mas não achei que fosse tanto assim."
"Por algum motivo, não duvido que isso seja verdade;" Vince falou enquanto se sentava no que deveria ser o chão do vazio em que ele se encontrava. "Mas vamos direto ao ponto. Por que você precisa de mim?"
O bichinho sorriu, a conversa parecia estar chegando ao seu ponto principal.
"Assim como eu, você nutre um enorme ódio por alguém próximo a você. Marcus era o nome dele, certo?" Só a citação daquele nome fez uma sede de sangue inimaginável transportar de Vince. O felino riu. "Nesse ponto, somos iguais. Fui traído pelo Conselho dos Perpétuos juntamente com a coruja e o corvo e acabamos por ser aprisionados. Tudo porque fomos contra a extinção da sua espécie."
"Por isso, quero que você me ajude a conseguir a minha vingança e impeça o surgimento da torre, e em troca, te darei todos os meios necessários para você ter a sua vingança. Ambos sairão satisfeitos."
O homem havia colocado a mão esquerda em seu queixo, analisando a proposta.
"Caso não tenha percebido, eu morri. A menos que você seja capaz de me ressuscitar, não tem muito o que eu possa fazer por você."
Novamente, o felino sorriu. Parecia que ele já tinha um plano para isso.
"Pra sua sorte, existe uma meio de te reviver." Aquilo havia chamado a atenção de Vince. "Como eu havia dito antes, meu corpo se encontra em uma prisão, mas sou capaz de 'separar' minha energia de meu corpo físico. Desse jeito, irei vincular a minha energia com a sua alma, assim você vai ser capaz de retornar ao seu corpo e ser capaz de cumprir a sua parte do acordo."
O animal parou por um momento, e logo após isso, estendeu sua pata novamente.
"O que me diz, Vince Martino." O gato sorriu novamente. "Aceita esse pacto de vingança?"
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