Austin, Aiden e Zoe chegaram na casa de Austin há algumas horas. Quando chegaram lá, não aguentavam mais de tanto sono, afinal, já passavam dás 4 da manhã, quase 5. O céu já estava até mais claro.
Austin, obviamente, dormiu em sua cama. Tinha oferecido lugar para os outros dois, mas negaram. Zoe preferiu dormir num puff, longe de Aiden, que dormiu perto do girassol dado por Martina. Motivo? Simples, era o mais semelhante à sua Genétri, ele se sentiu mais confortável ali, se cobrindo com um pedacinho de pano e usando um algodão como travesseiro. Quanto a Zoe, dormiu basicamente sentada, se cobrindo apenas com um lençol que o Austin insistiu que usasse. Dormiu com tanta facilidade que fica difícil dizer se já estava acostumada a dormir assim ou se o seu sono já estava maior que o Sol. Ambos, talvez?
Ao amanhacer, além do alarme do vizinho acordando os três ao mesmo tempo, era possível ouvir a Camila, mãe de Austin, indagar "O que aconteceu com os seus pães, dona Martina?!? Um terço já desapareceu! Eu nem contei para o Austin dessa vez", se o ingrediente supersecreto realmente for amor, isso explica o porquê de todos serem viciados nesses pãezinhos caseiros.
Austin, ainda meio sonolento, se levanta e começa a abrir seu quarto, deixando o gato do seu terceiro vizinho - vizinho da direita - entrar pela janela, como faz todas as manhãs. O gato não tem o costume de mexer com as coisas de Austin, mas, ao ver a cabeça de Aiden para fora do pedaço de pano, ele não resiste e sucumbe aos seus desejos mais primitivos; o empurra para o chão bem devagarzinho com a patinha.
- MAS QUE PORRA É ESSA?!?! - grita Aiden, na metade de sua queda. O gato, surpreendentemente, parece fazer uma carinha de feliz ao ver a raiva e o susto de Aiden. Gatos são uns anjinhos. Principalmente os laranjas.
Aiden, assim que se ajeita no chão, já voa com tudo para assustar o gato de volta, resmungando algo como "Gato Maldito". O gato se assusta tanto que pula para o colo de Zoe, que estava do outro lado do quarto, a assustando também!
- AH! GATO MALIGNO!? VOCÊ DE NOVO?! - esses dois têm história.
- Não chame o Laranjinha assim! - Austin defende o gato, eles não têm tanta história. Ele pega o gato, com cuidado, voltando-o para perto de sua janela, fazendo um carinho embaixo de seu queixo. - Viu? Ele é fofinho! Não é Laranjinha?! Não é?! - Laranjinha faz um olhar maligno para Zoe e Aiden, mas Austin está muito hipnotizado por sua fofura para reparar na maldade estampada nas pupilas escuras do felino.
- Esse gato é um capeta, Austin! Sabe aquela minha calça jeans rasgada que você achou que fosse nova? Pois bem, não era. Esse "fofinho" aí me deixou com as coxas vermelhas e arranhadas por dias. - ela diz, se levantando e tirando os pelos do Laranjinha de seu colo, com uma cara bem raivosa.
- Bobagem! - diz Austin, se despedindo do felino que sai por sua janela da mesma forma que entrou. - Entãããooo... - diz se virando de volta para Zoe e Aiden, que está se alongando um pouco e limpando a sujeira que ficou em seu pijama depois de sua queda livre. - Agora você vai explicar tudo tudinho? - pergunta para o Aiden
- Se isso significa que eu não vou ter que ficar sendo arremessado ao chão, sim. - já amanhece emburrado, mas desta vez com razão, pelo menos. Ele se ajeita na cama de Austin, como já havia feito antes, e pensa por onde começar. - Certo... Então, eu sou um- antes que possa terminar, ou começar, sua frase, Camila adentra o quarto de Austin.
- Austin? Tudo bem? Ouvi gritos e alguma coisa caindo do no ch- ela para sua própria frase no meio, ao ver o mini-Aiden na cama de seu filho.
- Ah não... - Aiden resmunga, se preparando para mais uma reação daquelas.
Camila respira fundo, como se tivesse visto um fantasma. Parecia que iria soltar um grito, mas o que veio mal pode ser chamado de grito. Foi tão agudo que perdeu todo o volume que seu corpo tinha preparado para projetar.
- AAAAAAAAAAAaaaaaaaaaannnnnwwwww!!!! Que coisa mais fofa!! - Exclama Camila, com uma de suas mãos no lado de seu rosto e a outra ainda na maçaneta da porta. Sorriso gigante e olhos brilhantes também estão presentes.
- Urgh! É, Austin. Você realmente é filho da sua mãe! - Resmunga, se virando para sua frente de olhos de fechados e cara emburrada. Aiden se indigna que Camila e Austin tenham a exata mesma reação ao verem ele pela primeira vez.
- Você conhece a minha mãe?
- Eu conheço mais gente da sua família do que você. Sabia que você tem primos no Canadá? - responde Aiden.
- Onde foi que você achou uma coisinha dessas? Que graça! Olha o coração nos joelhos!
- "coisinha" é a sua bu-
- Ew! A boca não condiz com a cara! - Camila impede que Aiden termine sua ofensiva, soltando a maçaneta e deixando sua outra mão perdida no ar. Não se preocupe, Camila, ele tem frases bem piores no seu histórico.
- Só eu que tive uma crise de pânico vendo ele pela primeira vez? - Zoe sussurra baixinho, perguntando pra si mesma.
Camila não fica surpresa de Zoe estar no quarto de seu filho, ela e Jônatas aparecem do nada com frequência. Ela nem se importa mais. Se acostumou a acordar e ter 3 adolescentes cantando karaokê na sua sala. Às vezes ela até entra na brincadeira.
- Onde foi que você encontrou ele, hein? - Camila volta a perguntar, sem irritar o Aiden, dessa vez.
- Eu não o encontrei, ele que veio no meu quarto ontem de noite, mãe. - responde Austin, sentado no chão perto de onde Aiden está em sua cama.
- Oh! Isso explica a gritaria de ontem, também. Achei que fossem seus jogos estranhos. - diz Camila, se referindo aos jogos de zumbis dele - Então ele que veio? Entendi. Achei que vocês tivessem ido embora há muito tempo.
- Espera um pouco! Você sabe o que ele é? - questiona Zoe, se tocando que Camila não estranhou nem um pouco a existência de Aiden. Apenas se surpreendeu com a ocasião. E seu vocabulário.
- É claro que sei! - Camila responde, estufando o peito, pondo as mãos na cintura e fechando os olhos com determinação. Todos esperam ela continuar sua frase - ... Ele é uma fada! - ela conclui, com um sorriso errático no rosto. Todos os outros ficam meio "não é bem assim..."
- Uma fada? - Austin questiona, meio incrédulo.
- Sim! Veja bem: Eu lembro de ter visto uma quando era pequena! Estava num jardim de uma amiga da época. - Camila revela.
- E você nunca me contou? - Austin questiona, outra vez.
- Eu não tinha total certeza se era uma lembrança minha ou só mais uma coisa da minha cabeça. - ela explica, finalmente se sentando na cama de Austin. - Não lembro de muita coisa, mas essas asinhas e esses joelhinhos são impossíveis de se esquecer!
- Qual é a de vocês falando tudo no diminutivo quando se referem à mim? - Resmunga Aiden.
- Eu lembro que ela era bem quieta e tímida, mas consegui conversar um pouco com ela. Ela dizia que tinha se perdido quando um bando de pássaros a atrapalharam no céu.
- Ah! Disso eu entendo! - Aiden comenta. Ele passou pelo quase mesmo há pouco tempo. Como esquecer?
- Você lembra o nome dela? - Austin está curioso e encantado.
- Nem idéia, filho. Faz muito tempo. - ela se explica - Eu achava que vocês, fadinhas, se escondessem da gente! E não que aparecessem nas casas dos outros assim do nada.
- Urgh. Primeiro de tudo: Não sou uma fada! Sou um alterego! É COMPLETAMENTE diferente. - Aiden começa, não se esquecendo de sua personalidade.
- . . . "Alter" o que? - Camila se perde
- AH NÃO!! EU TENHO QUE EXPLICAR ABSOLUTAMENTE TUDO?!?! - Aiden exclama, batendo o pé na cama e levantado os braços de tanta indignação.
••☆☆°°☆☆••
Todos desceram do quarto de Austin para a cozinha, por mais que seja sábado e ninguém tenha que sair hoje, eles precisam tomar seu famigerado café da manhã.
Após, milagrosamente, conseguir explicar o mínimo de sua existência e de seu suposto dever, sem muitas interrupções, Aiden permite que façam algumas perguntas.
- Por que, quando você foi embora ontem, o meu quarto ficou com um cheiro de queimado?? Eu tive mó trabalho pra tirar o cheiro... - Austin expressa um cansaço só de lembrar.
- Quando um alterego volta para Multiego, uma névoa fica em seu lugar e se dissipa, o cheiro que se espalha reflete a personalidade do alterego. - responde Aiden. Austin pensa para si mesmo "E o seu tinha que ser logo de queimado? Não podia ser algo mais agradável? Poxa..."
- Você pode ir e voltar quando quiser? Sempre vai ser aquele espetáculo de luzes e brilho? - Zoe pergunta, se lembrando de quase ter ficado cega de tanta luz.
- Sim e não, para as duas perguntas. Eu posso vir e voltar quando eu quiser, mas não tenho escolha se me chamam. E o todo aquele show de luzes exagerado é só quando eu sou chamado mesmo, se eu vier por contra própria, não tem nem faísca. - Aiden responde, pondo grãos de açúcar numa xícara de café tão pequena que era usada como decoração. Acabou sendo útil para Aiden, mesmo que a xícara ainda seja maior que suas pernas, chegando na sua cintura. Camila encontrou um canudo perdido no meio de seu material de festas, emprestou para que Aiden possa tomar seu café da manhã sem se banhar em café quente.
- Tem certeza que não quer que eu procure alguma coisinha pra você usar como cadeirinha? - Camila pergunta, se aproximando da mesa, mexendo seu chá. Ela não gosta de café, nem Austin. O café que Aiden está tomando é o que a vó de Austin trouxe.
- Ainda usando o diminutivo?! - Aiden, resmunga baixinho. - Sim, eu não preciso. - Ele se senta no ar batendo suas asinhas. Não parece a coisa mais confortável do mundo, mas ele não parece se incomodar também.
- Beleza... Agora a pergunta mais importante de todas... - Austin volta a atenção para ele dramáticamente, abaixando sua caneca de leite e achocolatado. - VOCÊ PODE, POR FAVOR, ME AJUDAR COM ESSE CAMPEONATO?! EU TE IMPLORO!! - Ele não chega a gritar, mas deixou seu pedido de ajuda bem claro, juntando as mãos e pondo os cotovelos apoiados na mesa. Sabe como? Dramaticamente.
- Não. - Diz Aiden, bem ríspido. Por mais que dormir, comer e tomar café seja uma combinação das únicas coisas que o acalmam, dessa vez, ele não estava pra brincadeira.
- MAS POR QUÊ?? - Austin se sobrepõe a mesa.
- Toma jeito, menino! - Camila puxa Austin para se sentar de volta na sua cadeira. Ele havia se escorado com tanta força que quase derrubou tudo da mesa.
- Porque eu-
- Eu sei, você "não quer ficar voando o dia inteiro atrás de um moleque que não sai de casa sem jeans", ou algo assim que você já me disse. - Austin interrompe Aiden, já fazia um tempo que não acontecia. - Mas eu só preciso de ajudar pra sair desse bloqueio!! Depois eu te deixo em paz, eu juro!!
- Achei que você nem estivesse tão afim de participar desse campeonato. Quando foi que mudou de idéia? - Zoe questiona. Comendo tudo que estava sobre a mesa, menos os famosos pães caseiros de Martina, ainda está meio receosa quanto a eles.
- Em algum momento entre minha tentativa fajuta de sair desse bloqueio e o surto do Aiden aparecer no meu quarto. - responde Austin - Eu percebi que se não saísse agora dessa, eu poderia nunca mais sair!! Eu já me sinto esquecendo tudo que aprendi. Que nota de vem antes de ré? - Foi uma pergunta retórica, apenas dramatizando, novamente, as coisas.
- Dó, tudo que tô sentindo por você agora. - Camila responde, não se importando que fosse apenas drama.
- Eu juro! Se você me ajudar, eu nunca mais te chamo!! Você vai poder viver como faxineiro em paz lá em Multiego, ou seja lá o quê. - diz Austin, praticamente suplicando.
- Olha, Aiden, ele só tem duas semanas para escrever algo e passar para a próxima fase; pelo menos foi o que o Jônatas disse. Não é muito tempo, se você aceitar, vai passar rápido. Dando certo ou não. - diz Zoe, ainda meio desconfortável, ou melhor, ainda o estranhando um pouco o fato de conversar com um ser do tamanho de um boneco, mas levantando um bom ponto. - Depois desse tempo, duvido que o Austin continue desesperado.
- Hmm... - Aiden encara Zoe, depois Camila e, por fim, Austin, que está fazendo a melhor cara de "cachorrinho triste" que é capaz. Considerando tudo isso, ainda que relutante, ele responde. - urgh, TÁ! Eu te ajudo! MAS, independente de como as coisas saírem, depois do tempo limite, eu vou pegar a jóia de volta e nunca mais respiro o mesmo ar que vocês!! - Exclama, mesmo que relutante.
- FECHADO!! EU PROMETO!! - Austin exclama, pulando de sua cadeira e estendendo a mão para Aiden.
- Que isso? - Aiden pergunta, olhando para mão de Austin e depois para o próprio Austin.
- Vamos apertar as mãos, ué! Só assim eu sinto que é oficial. - Austin responde. Obviamente, a mão de Austin é maior que a de Aiden, então ele apenas segura o indicador de Austin. - Bem, acho que isso conta.
- Bom dia, flores do dia! Como vocês estão? - Martina chega, de seja lá onde ela tinha ido, entrando na cozinha. Se depara com o Aiden segurando o indicador de Austin, sobre a mesa. Ela respira fundo e... você já sabe o resto.
- Haja paciência - Resmunga Aiden - DESSA VEZ EU NÃO VOU EXPLICAR TUDO DE NOVO!! SE VIREM!! - Aiden exclama, segundos antes de de Martina finalmente reagir, semelhante a forma que Austin e Camila reagiram. Aiden nem dúvida que sejam todos da mesma família.
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