Vince sacou sua arma, a apontando para a porta do banheiro. Esperando que quem tivesse invadido a sua casa, entrasse por aquela porta para seu súbito fim. Por um instante, ele prendeu a respiração. Estava totalmente focado no momento.
Mas estranhamente, nada aconteceu.
'Pra alguém que ouviu a minha voz há menos de uma hora, você realmente esqueceu dela bem rápido,' a voz havia retornado a sua mente.
Como se por um passe de mágica, o gato materializou-se na pia de Vince, o fazendo derrubar a arma.
"Puta merda, como você veio parar aqui do nada!?"
"Nossa essência vital foi vinculada, e como meu corpo físico tá preso, achei melhor ao menos te acompanhar nessa forma etérea, pra caso você precise de alguma ajuda no futuro." O Gato diz enquanto parecia se divertir com a expressão de susto na face de Vince.
"Porque essas coisas importantes você não falou no momento em que você me propôs o acordo?"
O felino da de ombros, era como se ele não tivesse uma resposta descente para a pergunta.
Vince suspira, se dando por vencido. "Só me diz, tem mais alguma coisa que você deixou de me falar?" Ele indaga, mesmo sabendo que, provavelmente, não teria nenhuma resposta satisfatória.
"Bom, tem mais uma coisa," ele diz enquanto coloca sua pata no queixo, como se pensasse em algo, "você agora é uma criatura única, não pertencendo mais ao mundo dos humanos. Mas também não é capaz de ser considerado um Perpétuo. Você se tornou algo que todo Perpétuo sente medo, o único ser capaz de matar um deles."
Aquela informação pegou Vince de surpresa. Existia mesmo uma forma de matar um Perpétuo, e parecia que ele era o único capaz disso.
"Então você tá me dizendo que um Perpétuo não é capaz de matar outro?" Vince apenas para por um momento, analisando toda a informação que havia recebido. "Isso explica o motivo de você ter sido preso, ao invés de executado. Mas aí vem outra questão, por que simplesmente os Perpétuos não fizeram um acordo com um humano pra simplesmente te matar? Não seria mais simples do que te manter preso, sabendo que existiria uma chance de você escapar?"
"Quem diria que você seria tão perspicaz ao ponto de notar isso," o animal diz isso com visível perplexidade na voz, o que deixou Vince irritado. "Explicando de forma resumida, pactos com humanos é considerado um tabu, e devido a tamanha arrogância dos Perpétuos, eles não se rebaixariam ao ponto de dependerem de uma 'raça inferior' para fazer algo pra eles. Um pensamento imbecil, mas que foi capaz de salvar a minha vida."
"Ou seja, temos certa vantagem contra eles, isso é mais do que suficiente pra mim. Agora me faz um favor e some do banheiro, tô precisando urgentemente de um banho quente." Dizendo isso, Vince coloca o gato do lado de fora do banheiro e vai tomar seu banho.
Ao notar que Vince estava saindo do banho, o felino o chama. Parecia que a conversa anterior não havia terminado.
"Sinto informar, mas temos mais um assunto urgente pra tratar."
Vince nada diz, apenas repousa seu corpo no sofá e olha atentamente para o Gato.
"Precisamos deixar esse lugar quanto antes. Marcus vai começar a investigar o desaparecimento de seus dois capangas, e vai começar a suspeitar da sua morte."
"Pode ficar tranquilo, Gato. Eu já planejava fazer isso mesmo. Já pretendia procurar por um lugar temporário enquanto prosseguia com meu plano original."
"E esse plano seria?"
"Juntar aliados pra essa guerra contra os Perpétuos. Nesse caso, montar minha própria família."
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