O Gato acompanhava Vince enquanto ele andava pela rua. Para ele, parecia que ambos estavam andando sem um rumo pela cidade, mas não era esse o caso. Andaram por aproximadamente quinze minutos, até se depararem com um armazém de containers, que ficava próximo ao píer da cidade. Vince cumprimentou o segurança do lugar com um breve aceno de cabeça e, de forma despreocupada, apertou sua mão. Mas o felino percebeu o que realmente estava acontecendo. Vince estava subornando o guarda, passando algumas notas para o segurança, utilizando o cumprimento como uma simples fachada.
Foram escoltados pelo guarda até os fundos do armazém. Uma área que parecia ter sido abandonada há muito tempo. No local, apenas havia alguns containers empilhados em um canto, formando uma pilha de três por três. Eles pararam em frente ao amontoado, e o homem que os levou até ali apenas entregou algumas chaves para Vince, e, sem dizer uma única palavra, se virou e foi em direção até a sua guarita.
"Vinny, você me disse que tinha um lugar em mente para servir como abrigo, mas aqui não tem absolutamente nada. O que você tem na cabeça?" O Gato começou a falar assim que ficaram sozinhos. Quase como se falasse para si mesmo, ele complementa, "Eu até poderia fuçar a sua mente pra entender os seus planos, mas assim perderia todo o suspense da coisa."
Vince pausa por um momento, após ter destrancado a porta de um dos containers. "Desde quando você me chama de Vinny?"
"É mais divertido do que te chamar de Vince. Seu nome é bem simples." O Gato diz, dando de ombros. E por fim, complementa. "Tem como você me explicar o que viemos fazer aqui?"
O homem nada disse, apenas abriu as portas do container e fez um sinal com a cabeça, pedindo para seu companheiro felino entrar. O interior do local era surpreendente e nada parecido com um amontoado de caixas metálicas enormes. Assim que ambos entraram, Vince trancou a porta e se dirigiu a uma estante e retirou um caderno de anotações que parecia já ter sido muito usado. Ele jogou a caderneta em cima da mesa onde o gato estava.
"Páginas 8 a 12;" o homem disse para o felino, enquanto este dividia sua atenção entre Vince e o caderno. Na primeira página recomendada por ele, o Gato pode ver uma foto de uma mulher anexada a página, com seu nome escrito abaixo. "Helena Blossom, ela tem causado uma boa confusão pra muita gente com o passar dos anos. Isso inclui pra família dos Martino." Com essa pequena frase, o Perpétuo havia entendido o que Vince quis dizer. Ele já não se considerava mais alguém daquela família de mafiosos.
"E por qual motivo você tá me mostrando isso?" O Gato pergunta, mesmo já sabendo qual seria a possível resposta.
"Bom, você disse que precisaríamos de aliados, e no momento, ela é a única que pode ser capaz de se juntar a nossa causa." - Vince diz isso enquanto aponta para a foto da mulher.
"Chega desse suspense todo;" - O felino diz, começando a ficar um pouco irritado, "Me diz logo o porquê você acha que ela se juntaria a gente."
"Simples. Porque temos o mesmo objetivo."
"Impedir o fim da raça humana?" O Perpétuo questiona com certa dúvida no olhar.
"Vingança." Vince responde enquanto se senta perto de seu companheiro. "De forma resumida, ela simplesmente está em busca de vingança contra o grupo que a tinha como alvo, e que acabou por assassinar seu marido e filha durante um atentado contra sua vida." Enquanto falava, Vince indicava certas anotações para o Gato acompanhar seu raciocínio. " Ela fazia parte de uma organização da polícia cujo principal objetivo era acabar com o crime organizado da cidade, prendendo os principais nomes do meio. Só que claro que os grandes chefões daqui não iriam simplesmente ficar de braços cruzados enquanto viam todo seu império ruir diante de seus olhos. Foi aí que uma espécie de 'trégua' foi feita entre os maiores grupos daqui, pra simplesmente dar um fim a todos que estivessem envolvidos nessa força tarefa."
O Perpétuo acompanhava toda a história com grande curiosidade.
"E foi nesse momento que tudo começou a desandar. De alguma forma, essa aliança conseguiu diversas informações críticas dos integrantes da força tarefa policial e decidiu agir. O primeiro alvo seria a encarregada de toda essa operação; Helena Blossom. Em uma certa noite, Helena e seu marido estavam levando sua filha até o hospital, pois a criança estava com muita dificuldade para respirar. Nesse momento, um caminhão 'desgovernado' bateu de frente com o carro da família, destruindo por completo o lado esquerdo do carro, e era esse o lado em que seu marido e filha estavam. Todos chegaram a ser encaminhados para o hospital, mas somente Helena sobreviveu."
"E foi assim que ela entrou em busca de vingança, interessante." O gato diz enquanto coloca uma pata em seu rosto, pensando em tudo que havia acabado de escutar.
"Calma que a história ainda não acabou. Porque o que ninguém esperava era que Helena tivesse um treinamento militar como sniper. E desde o dia que ela saiu do hospital, tem caçado e matado todos os principais envolvidos na morte da sua família. Sabemos disso porque todos os corpos daqueles envolvidos nesse caso foram encontrados com diversas marcas de tortura."
"Você me convenceu, precisamos dela no nosso time. Quando iremos atrás dela?"
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