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HellHound | Livro 1: Possuído

CAPITULO 1

CAPITULO 1

Mar 12, 2024

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Drug or alcohol abuse
  • •  Blood/Gore
  • •  Mental Health Topics
  • •  Physical violence
  • •  Sexual Content and/or Nudity
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  Era noite de lua nova e matava o tempo em cima do telhado de uma casa térrea abandonada, procurando inutilmente por ela. Tinha acabado de sair do clube Blood Mary, o melhor local em São Paulo para alguém como eu comer um lanche de madrugada. Não gostava de me envolver com eles – já tinha o suficiente de coisas sombrias dentro de mim – mas a dona do bar, uma sucubus chamada Laila, era uma conhecida e ótima informante. Ela me contava sobre cada ser que começava a se sobressair na cidade e eu os caçava.

  Era uma via de duas mãos: ela precisava de alguém para aparar as pontas soltas que atrapalhavam seus negócios, já eu precisava da energia vital dos condenados, almas malditas sentenciadas ao inferno, para alimentar o demônio que habitava em mim.

  – Hei, garoto! Tem um movimento ali no beco. – Falando, literalmente, no diabo, um enorme wolfhound irlandês, de olhos amarelos e pelo vermelho sangue sentou-se ao meu lado atrapalhando minha inútil busca pela lua.

Porém, foquei meus sentidos no escuro que tomava a rua, sem me preocupar em responder ao cão. Com o passar dos anos, aprendemos que falar sozinho só atrai problemas e, como eu era o único que podia ver o cão infernal, confortavelmente alojado em mim, acostumei a não lhe responder sempre.

  Franzi o cenho. Apesar dos meus sentidos terem ficado muito mais afiados que os de um humano comum, os de Hound eram muito melhores. Se o cachorro dizia que tinha algo lá – mesmo que eu não pudesse sentir – é porque realmente tinha.

  Fiquei imóvel, observando a travessa mal iluminada. O problema de caçar vampiros é que, a menos que saiba onde fica o ninho deles, você nunca irá achá-los. É preciso esperá-los aparecer, e eles só saem para caçar.

  Passos ressoaram pela rua mal iluminada, e fixei minha atenção no som. Uma mulher apressada, por volta dos quarenta anos, aproximava-se do beco. Era pequena e esbelta, tinha sinais de envelhecimento no canto dos olhos e da boca, porém mais aparentavam ser um indício de estresse do que de sua idade propriamente dita. Seus cabelos curtos castanho-claros estavam presos com presilhas, afastando-os do rosto, e seus olhos verdes pareciam procurar, agitados, vestígios de perigo por seu caminho.  Estava vestida como uma secretária e levava uma bolsa preta, de aparência sobrecarregada, em seu ombro esquerdo enquanto agarrava uma sacola-plástica cheia de compras de encontro ao peito.

  Me senti mal por usá-la de isca, mas não podia voltar para casa de mãos vazias. Já fazia um tempo desde a última vez que alimentara Hound e, se não o fizesse logo, ele iria voltar a dar problemas.

  A mulher fez uma curva repentina, atravessando a rua na entrada do beco, enquanto olhava para dentro da escuridão. Não sei se chegou a ver algo ou se foi apenas instinto, mas se virou e acelerou o passo. Porém, já era tarde, não chegou a dar cinco passos antes que lhe barrassem o caminho.

  O vampiro que lhe bloqueara a passagem parecia ser jovem, tanto em aparência quanto em idade. Não se movia com muita cautela, mas dava a impressão de ser forte. Estava vestido com roupas esfarrapadas e sujas, quase como um mendigo, e seu fedor de sangue morto chegou até mim com o vento. A mulher se encolheu e arregalou os olhos, mas não gritou. Acho que sabia que não iria adiantar, não estávamos em uma rua residencial e já fazia tempo que as lojas haviam fechado. Ninguém iria ouvi-la.

  Ela começou a falar algo, provavelmente pedia que a poupasse ou deixasse ir, mas não conseguia compreendê-la da distância em que eu estava. Hound, porém, começou a sorrir e supus que ele a ouvia perfeitamente, e seu desespero o divertia.

  Fiquei incomodado, aquilo não estava certo. Querendo terminar logo com a situação, me preparei para atacar.

  – Não! – O demônio repreendeu. – Ele é jovem, transformado. Tem pouca energia. Deve haver mais algum por perto, controlando-o. Não se mova!

  A contra gosto, me aquietei. A mulher começou a recuar em direção ao beco, acuada pelo homem a sua frente.

  – Se tiver mais um, ele não vai se mostrar – Sussurrei com os dentes serrados – O novato vai conduzí-la pra dentro da viela!

– Espere. – Foi a única resposta que obtive.

Estava prestes a retrucar, quando escutei um enorme barulho. A mulher tinha acertado o vampiro com a sacola cheia de compras, derrubado a bolsa no chão e disparado em direção de onde tinha vindo.

O vampiro sequer vacilou. Com apenas um salto estava em cima da coitada, que esperneava e se debatia. Desta vez não hesitei, pulei pro chão e disparei em direção aos dois, antes mesmo que Hound pudesse dizer algo. Podia ouvi-lo rosnar contrariado em minha mente.

O condenado agarrou a mulher pelos cabelos e socou sua cabeça no asfalto antes que eu pudesse arrancá-lo de cima dela. Joguei-lhe no chão, aos meus pés, e deixei que Hound dividisse comigo o controle dos movimentos, tornando-me mais forte.

Com a mão esquerda seguramos o jovem vampiro pelo pescoço, mantendo suas presas longe de nossa carne, esmagamos seu ombro esquerdo com um golpe e imobilizamos o resto de seus membros com as pernas. Ele urrava e berrava, tentando se libertar. Seu cheiro fazia arder nosso sensível nariz. Rasgamos a parte da frente de sua blusa puída e, num só movimento, enfiamos o braço até o cotovelo em sua barriga, passando a mão por baixo de seu externo, agarramos seu coração e, fechando com força nossos dedos, estava tudo acabado.

Era isso. Não havia nenhum ritual ou palavras sagradas. Tudo o que precisava fazer era matá-los com minhas próprias mãos e suas almas condenadas não mais iriam para o inferno. Elas desapareceriam absorvidas por Hound.

Voltando a ter controle total de meu corpo levantei o rosto e me deparei com dois olhos frios brilhando acinzentados no escuro. O outro vampiro, escondido no beco, era claramente mais velho e forte, porém, tudo o que pude vislumbrar foi seu rosto marcado por imensas cicatrizes de queimadura, antes que este desaparecesse na rua estreita.

A raiva de Hound se tornou palpável em seus rosnados.

– Eu disse! Eu disse que havia mais um! – Me ameaçava com seu enorme corpo intangível. – Maldito humano! Se tivesse esperado teria ganhado uma presa melhor! – Ele continuava dizendo enquanto eu me dirigia para a mulher caída. – Ao invés de ter ficado com um vampiro que não devia ter nem mesmo uma semana de vida e um defunto para se livrar. Antes deixasse que o vampiro acabasse logo com ela! Assim o corpo iria desaparecer com o dele pela manhã.

– Ela não tá morta – Disse enquanto checava seu pulso.

– Então temos que matá-la!

– Não. Ela não foi mordida... Mas tem um ferimento na cabeça e o tornozelo direito parece estar quebrado.

– Há! E desde quando você é médico? – Gracejou o demônio com escárnio.

Eu hesitei um instante antes de responder.

– Tem razão, temos que levá-la a um hospital.

Hound não respondeu, mas podia sentir sua raiva crescendo como fogo correndo por minhas veias. Levantei e fui buscar a bolsa da mulher antes de pegá-la o mais suavemente possível. Ela tossiu, cuspiu um pouco de sangue e começou a se agitar em meus braços.

– Daniel... Daniel? – Chamava.

Tinha cara de ser mãe. Mas não podia dizer com certeza, não era o mais indicado para discutir esse tipo de assunto. Fazia tempo que não tinha família nenhuma.

– Não. Meu nome é Jesse. Eu vou te levar para um hospital agora... Tente ficar acordada, ok?

Uma lágrima escorreu por sua bochecha, não soube se de dor ou decepção, mesmo assim, tentei sorrir para encorajá-la enquanto corria pela rua.




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#anjos #demonio #ponto_de_vista #Cachorro #hellhound #Inferno #sucubos #mundano

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[Completa, porém precisa ser reescrita e revisada. Vide a Nota no inicio]

“Você já sentiu como se houvesse alguém lhe empurrando a fazer algo ruim?
Que, quando chega a uma encruzilhada, é como se algo o tentasse a desviar do lado bom? Já ficou com tanta raiva, que referiu se como estando possesso?
Pois eu já. O tempo todo.

Quando se divide o corpo com um cão demoníaco, nem sempre é fácil seguir pelo bom caminho. Mas não significa que não ganha pontos por tentar. Mesmo se já estiver atolado até o pescoço no maldito inferno.”

-------------------------------------------------------------------------------

Jesse é um garoto que foi possuído por um cão do inferno ainda muito pequeno. Agora, tendo desenvolvido uma relação simbiótica com o demônio ao passar dos anos, ele se vê enfrentando uma nova reviravolta em sua vida quando ganha uma nova família. A mesma da mulher que salvara de um destino pior que a morte em uma rua mal iluminadas de São Paulo, em uma de suas caçadas para alimentar seu inquilino indesejado com almas condenadas.
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