The Rejected Family
Capítulo 20
Rejeite mais mortes
Tremores agitam um corredor de cadáveres. A luta entre Saul e Pac se aproxima de seus momentos finais, quando o som inesperado de uma explosão distante rouba a atenção do inimigo.
"Parece que tem mais alguém se divertindo por aí."
Diante de dois monstros em combate, Honda se apavora com um confronto brutal, "ah! Espera, desta vez não foram vocês!?"
Um físico grotesco. Ela observa o seu marido, com uma distância que lhe permite ver a clara diferença entre os corpos que se enfrentam. Seu parceiro já havia ultrapassado os limites de qualquer humano.
"Não importa o quanto você cresça. Não faz diferença o quanto ela se regenera. Ambos são ineficazes na minha presença."
O tio de Muro investe contra o homem inquebrável, que é impulsionado contra a parede.
Criando um buraco que perfura a estrutura rochosa, o impacto do ataque é avassalador. Pac é atingido com tanta força que abre um caminho pela parede, chegando em outro corredor da caverna.
A batalha muda de ambiente.
"Esqueci que não dá mais para conversar com você. Parece uma máquina de destruição," Pac permanece sem dano algum, exaltando seu adversário.
O casal segue o alvo, indo para um local menos destruído.
A mente de Honda é preenchida pelo medo, aquela outra coisa que causou a explosão… será que tem mais gente nesse nível participando da provação?
Saul engrandece mais uma vez. Com a largura de dois canhões, seus braços parecem prontos para bombardear qualquer um à sua frente.
Possuindo cerca de três vezes o tamanho de Pac, as pernas do tio de Muro o deixam com mais de cinco metros de altura. Todos os seus músculos se adaptam exageradamente ao padrão do seu novo corpo.
"Minha nossa… você é como uma árvore," o inimigo não sabe como reagir.
Um único soco.
Um rombo de dez metros de espessura marca a caverna, gerado após Pac ser impulsionado contra a parede, mais uma vez. O impacto da colisão estremece os arredores.
Sem que seu oponente conseguisse sequer enxergar o ataque, Saul o atingiu em uma velocidade sobre-humana, graças à potência surreal de seus músculos.
Impossível. É impossível corpos assim existirem, o cérebro de Honda nega a verdade.
Em meio aos destroços do novo buraco, Pac se ergue novamente. De postura ereta, ele permanece intacto, se colocando novamente na frente da fera musculosa.
Os dois combatentes se encaram, ambos em condições completamente diferentes, mas igualmente temíveis.
"Olha só para você, hahaha! Nenhum arranhão!"
Enquanto escuta os risos de seu adversário, os olhos do homem inquebrável são preenchidos por uma única figura, que se distancia cada vez mais de um humano.
"Acho que ambas as nossas vistas podem ser bem assustado—"
"Isso só quer dizer apenas uma coisa."
"Credo, parece até que perdeu a consciência—"
"Meu soco…"
"Ei, você está me ouvin—"
"Foi fraco."
Ignorando qualquer outra informação que o mundo possa lhe oferecer, as palavras ditas por Saul parecem sair exclusivamente de sua boca. Sua mente utiliza toda a sua capacidade apenas para mover os seus músculos, pensamentos não possuem mais valor.
Os tremores movem a caverna mais uma vez. Rachaduras surgem sobre o solo rochoso, aparentando não suportar mais o peso de uma criatura em constante crescimento.
Cada massa muscular presente no corpo de Saul dobra de tamanho.
Um único braço é o suficiente para sobrepor inteiramente o inimigo. Ao ser agarrado por uma mão, Pac não acredita no que vê.
"Que aberração."
Aterrorizada, Honda apenas observa, "Repulsores são mesmo…"
O tio de Muro caminha para o centro do campo de batalha, carregando o homem inquebrável. No ponto desejado, a vítima é erguida ao alto pelos imensos braços daquele que um dia já foi humano.
"Bizarros."
Pac é arremessado contra o solo, através de uma força bruta indescritível.
Uma cratera é formada em todo o espaço do corredor. Todos os competidores caem dentro do buraco, que possui dez metros de altura.
"Credo, cara! Apenas, credo! Você é uma abominação."
"Ele… afundou o nível do solo de todo o corredor."
Ferida com a queda, Honda se regenera. Por outro lado, Pac permanece intacto.
"De todo modo, acho que já entendeu que isso não vai resultar em nad—"
"Hahaha! Eu devo estar perdendo o jeito mesmo! Continua fraco!"
Pac se enfurece, "você não escuta!? Só fala!? Que tipo de concentração específica é essa!?"
"Ainda está tentando ver sentido nas coisas que esse cara faz?"
"Essa não é uma batalha que podem vencer naturalmente. Cada uma de suas habilidades é inútil contra mim."
Em contraste com as perfeitas condições do inimigo, a dupla da família Mamoru está exausta. Mesmo fazendo uso de suas rejeições, ambos se esforçam para manter a compostura.
Embora seus membros gritem de dor e fadiga, Saul responde ao desgaste físico de maneira oposta.
Ainda maior.
A proporção do seu corpo deixa de possuir qualquer resquício de lógica. Com algumas partes maiores do que outras, sua estrutura se deforma de modo a abandonar toda a coerência física que lhe restava.
Uma montanha de músculos desordenada.
Um ser de pele impenetrável.
Prolongando um confronto que já havia quebrado todas as regras deste mundo, os dois competidores continuam se enfrentando, sem intenções de recuo.
Pac declara a sua vitória, "caso continue desse jeito, vai chegar em um ponto onde um simples soco seu vai fazer esse local desabar. Com todo esse tamanho, não vai conseguir fugir daqui."
Os pensamentos de Honda pressentem o perigo, se esse cara fugir e Saul ficar preso aqui, tudo será em vão! Como ele é idiota, é bem provável que caia em uma armadilha como essa. Eu não posso deixar isso acontecer!
Terminando de se regenerar, a mulher corre na direção do inimigo.
"O que você—"
Um agarrão no pescoço. Ela pula sobre o corpo do alvo, tentando imobilizá-lo. Como se estivesse tentando modificar um bloco de aço com as suas mãos, a sua força não consegue mover nada do que toca.
"Tsc. É impossível dobrar um único nervo sequer. Como seu corpo pode ser tão tosco!?"
"Eu te disse. Qualquer ação é inútil."
Um braço atravessa a carne da mulher desprotegida.
Pac perfura o estômago de Honda, assim como havia feito anteriormente.
"AAARGH! QUE DROGA, SAUL!! POR QUE VOCÊ ME FAZ PASSAR POR ESSAS COISAS!?"
O tio de Muro se acalma. O berro raivoso de sua esposa desperta a consciência da criatura musculosa. A seriedade retorna para o ser que havia se descontrolado.
"Parece que as coisas ficaram complicadas por aqui."
"Heh, finalmente saiu de sua loucura?" O inimigo se surpreende.
À medida que Saul olha ao redor, sua mente percebe a situação do local. Um solo que não para de estremecer, paredes que racham como se estivessem com dificuldades para segurar o teto, além de estalactites caindo em uma chuva de detritos. O corredor está desmoronando aos poucos.
O homem observa o estado atual do seu próprio corpo: aterrorizante. Uma montanha de carne formada por músculos, que sobrepõem uns aos outros, causando danos à própria estrutura.
Na sequência, sua atenção se volta para o inimigo. Nenhum dano, completamente isento de qualquer desgaste, ao mesmo tempo em que fere a mulher de maneira letal.
Saul reflete, todos esses ataques e nenhum arranhão sequer. Assim como Honda, ele também tem um poder defensivo, que é crucial para a vitória nessa provação. Se tratando de uma habilidade tão extrema, isso muda um pouco as coisas. A possibilidade de existir alguém para rivalizar com a minha esposa em um teste de resistência…
Através do ranger de ossos, — cada vez mais danificados pelas transformações em seu físico — a montanha de músculos se move mais uma vez.
Se eu não eliminar um cara assim, quem vai? Eu sou o pilar dessa família! Os pensamentos do homem se concluem, a partir de uma determinação incomparável.
Uma vontade herdada.
Em outra zona da caverna, uma batalha chega ao seu ápice. Um jovem possui o mesmo ânimo do tio experiente.
Recuperando a esperança que havia escapado de suas mãos, Muro crava os seus punhos na face de Phoena.
As duas crianças gritam em espanto, boquiabertas, "ele socou!!!"
Dende se surpreende, "o moleque…"
"Que humilhação, Phoena. Você chegou no fundo do poço," Honaka despreza sua companheira.
Após o soco, o corpo do rapaz atacante cai no chão, sem conseguir mais se sustentar. Sua estrutura já havia superado limites demais.
Uma tontura domina a mulher atingida. O caos preenche a mente de alguém que não consegue aceitar o ocorrido.
"Esse pirralho me bateu?"
"Falando em voz alta, fica ainda pior. Você é verdadeiramente péssima."
"E-ele acertou o meu rosto?"
"Eu nem sei mais o que fazer a seu respeito. Já te dei tantas oportunidades…"
"Senhorita Honaka, é o suficiente. Eu não mereço nada além de reclamações. Por hora, apenas terminarei o serviço."
Ainda de pé, o solo ao redor de Phoena começa a derreter. Uma cortina de fumaça cresce de maneira intensa, à medida que os pés da competidora se afundam no chão.
A mulher prepara uma investida na direção do rapaz caído.
"Você não vai vencer nenhuma batalha com um soco, pirralho. Ainda não está nesse nível."
Uma visão aterrorizante assombra cada integrante da família Mamoru.
Muro não consegue se levantar, prestes a sofrer um último ataque. Toki permanece deitada, sem qualquer capacidade de combate. One foge mais uma vez. Dende tenta se recuperar de seus últimos movimentos, também caído.
Enquanto observa o estado de seus aliados, Calos pensa, isso não é hora para algo assim, Muro. Todos nós estamos em nossas últimas ações.
Os olhos do pai preocupado se voltam para Honaka, parada ao lado do cadáver de Dinda.
Ninguém vai intervir na provação, mesmo que pessoas morram. Se isso continuar e elas não se segurarem, quantas mortes ainda podem ocorrer? Seus pensamentos seguem em desespero.
A mulher de cabelos brancos não demonstra qualquer fraqueza, claramente capaz de enfrentar todos sozinha.
No mesmo local onde há pessoas determinadas para se provar, há aqueles que participam com medo, esperando que tenham sorte e acabem passando pelos desafios em algum momento, O pequeno homem pressente o perigo.
De joelhos, ele encara suas adversárias em uma visão de baixo para cima. O suor que lhe aterroriza derrete com a temperatura local.
Calos se desespera com o desfecho de seu raciocínio, no mesmo lugar onde uma vida melhor é concedida para os vencedores, também é permitida a matança sem nenhuma restrição.
Uma voz séria ecoa por toda a trifurcação.
"Mate, Phoena."
A provação é assustadora, o homem conclui.
O pai assustado corre na direção de Muro. Não há outra saída para as suas emoções.
"Corra, Muro!! Corra com todas as suas forças!!!"
Os ouvidos do rapaz captam imediatamente as palavras desesperadas. Reunindo energias que vão além de sua condição, ele tenta obedecer às instruções.
Imóvel.
"Eu não consigo me mover."
"Hein?"
"Meu corpo não se mexe."
Se aproximando cada vez mais de seu objetivo, Calos escuta a voz rouca de seus aliados.
"Ei, nanico! Para onde está indo!? Quer morrer também!?!?"
"Pai!" Toki berra, quando é repentinamente carregada pelos braços de One.
A garota é levada às forças pelo irmão mais novo, que voltou para salvá-la. Ambos se distanciam do calor da batalha.
"Se ficarmos, será pior."
"Não! One, por quê!? Por que está deixando o papai!?"
O solo derrete, a partir da formação de pequenas correntes de magma. Phoena é como um vulcão em erupção.
Pisando sobre o terreno fervente, Calos está há alguns passos de seu filho.
"Vamos, Muro!! Você consegue!"
"O que está fazendo!? Saia daqui, Rápido!!"
Honaka encara ambos os familiares. Lado a lado com Muro, o corpo do pai para de se mover. De forma repentina, ele se encontra imóvel, contrariando a sua força de vontade.
"Hã?"
"Por que parou?"
"Eu não… eu não consigo mais correr. Que droga é essa!?!?"
Com os braços esticados na direção do seu filho, Calos não consegue o contato físico. Mesmo com a distância ínfima entre os seus membros, eles não se alcançam.
"Senhorita, Honaka. Se afaste, mais uma vez."
"Você parece cheia de moral hoje, Phoena. Não abuse tanto de sua sorte."
O vermelho e o laranja se unem nos pés da mulher em chamas, como uma ponte entre a lava que se origina deles.
"Investida de magma!"
Com o máximo do seu esforço, Calos não consegue alcançar Muro.
Esse corpinho pequeno, idiota… ele repudia o seu tamanho.
Um avanço explosivo.
A partir do impulso de uma erupção, Phoena se lança na direção dos dois familiares. Uma ameaça letal, coberta por lava.
A mente do pai implora, me dê o meu filho!!!
"Morram de uma vez!"
Um braço divide completamente o corredor da caverna.
Seu comprimento vai de uma ponta à outra do local, separando a atacante de Muro.
O lugar estremece. O surgimento de um gigante. A altura de Calos não cabe mais na caverna, colidindo contra o teto e rachando parte da estrutura rochosa.
"Nanico?"
"Uau!" Honaka fica surpresa.
A mulher em chamas resmunga, "você está de sacanagem?"
O braço continua separando Muro e Phoena, se assemelhando a uma parede, que protege o filho enfraquecido. O ataque de magma é interceptado.
"Muro! Está tudo bem?" O protetor pergunta.
"Não é assim que se faz, pai."
"O que?"
Os lábios de Muro formam um leve sorriso.
"Sim, isso me irrita bastante. Esse sentimento de impotência."
"Do que está falando?"
"Mas, devo agradecer. Isso me deu mais uma chance."
"Não estou entendendo—"
Calos perde a consciência. Sua cabeça se abaixa de maneira involuntária, por um breve momento. O mesmo ocorre com o seu filho.
À medida que ambas as mentes voltam a funcionar, palavras ditas por Muro saem da boca do seu pai.
"Eu já concordei em não deixar nenhuma delas passar em branco."
Não possuindo mais o controle do seu corpo, as insatisfações de Calos são expressadas a partir da voz do rapaz.
"Droga. Você só pode estar brincando."
Uma troca de mentes altera por completo o rumo da batalha, que se aproxima de um desfecho caótico.
Comments (0)
See all