Durante o Jantar ele ainda estava na sala só que agora balbuciando algo inaudível, ele se levantou e saiu, quando terminei de comer fui andar junto do Black, sentado sobre a cerca olhando as estrelas, o vento soprava dava pra ver os bisões pastando no horizonte, repentinamente o Black mudou a postura, em meio ao rosnado ele saiu correndo em direção a casa, me levantei e o segui chamando seu nome mas antes de encontrá-lo ouvi seu ganido de dor misturado com choro, meu coração entrou em frenesi, corri o mais rápido que pude em sua direção, quando o encontrei ele estava caído no chão perto da arvore do jardim com dois cortes um nas costelas e outro na base do pescoço, tentando parar o sangramento com as mãos, ele gemia um choro triste e doloroso eu falava que tudo ficaria bem, Black estava morrendo eu não podia fazer nada o desespero da impotência fazia meu coração se contorcer ele estava se debatendo afogando no próprio sangue, enquanto a vida se esvaira do corpo do meu melhor amigo, que me consolou e protegeu até no último momento com quem chorei e me confortei, quem desabafei coisas que não podia falar com mais ninguém, dores, rejeições e tristezas.
Novamente aquele desespero paralisante inundou meu ser, as lágrimas caiam descontroladamente.
Por que isso tá acontecendo?
Quem fez isso?
Porque Black?
Como alguém consegue derrubar um lobo?
Logo agora, quem fez isso?
Quem invadiu nossa casa?...
Um grito ecoou na casa, me arrancando dos meus pensamentos. Era o grito da minha mãe, eu precisava fazer alguma coisa, mas meu corpo se recusava a se mover, controlei minha respiração me levantei peguei o canivete no meu bolso fui em direção a porta dos fundos quando entrei pela porta, Enzo estava caído em frente à mesa com um corte na nuca, me debrucei sobre seu corpo já sem vida, mais um pedaço da minha alma foi arrancado abruptamente de mim, um desespero ainda maior fazia meu corpo tremer e meu estômago se revirar, me fazendo arremessar todo jantar no chão, minha visão ficou embasada e vi meu corpo vacila. Olhando no novamente para a ferida que matara Enzo era do mesmo tamanho que as do Black.
Quem matou os dois?
Preciso encontra Wagner, Mamãe e Papai.
Fui puxado novamente dos meus pensamentos pela voz do Wagner vindo do corredor, ele estava caído ao pé da escada sobre a poça de seu sangue, com um corte na barriga, o sangue escorria pela sua boca sempre que ele me chamava, corri para ajuda-lo, colocando sua cabeça sobre minhas pernas, ele apertou minha mão é um lágrima escorreu do seu olho direito, ele me olhava é em meio a tosse ele falou a mamãe ele subiu, “tosse” a mamãe.
Quem?
Quem fez isso?
O papai ele me respondeu, o papai, ele foi atrás dela “tosse” a proteja.
Ele falou enquanto sentia sua mão perder a força é novamente estava vendo alguém que eu amo morrer e não consegui fazer nada, uma fúria carregada com todo remorso, insuficiente, raiva... Queimou no meu interior, eu quero matá-lo, eu vou matá-lo.
Deixei o corpo dele no chão e subi as escadas, ele estava sentado na cama o corpo da minha mãe estava no chão entre o quanto e o banheiro.
Chequei tarde demais outra vez, ele olhava pra mim segurando o machado em pigando sangue nas suas pernas.
A CULPA É TODA SUA.
VOCÊ OS CONVENCEU A IREM EMBORA.
A MIM ABANDONAR, VOCÊS TODOS MERECEM MORRER.
EU DEI TUDO DO BOM E DO MELHOR E VOCÊS ME APUNHALARAM PELAS COSTAS
VOCÊ FEZ ISSO, VOCÊ ME OBRIGOU A FAZER ISSO, SEU BASTARDO IMUNDO.
Ele se levantou e veio em minha direção com o machado erguido, eu estava com medo, mas a raiva suprimira tudo e eu queria uma chance, eu o deixe se aproximar e quando ele preparava o golpe eu preparei pra me jogar em sua direção com canivete, eu não iria fugir nunca mais, quando o machado veio em minha direção, ele mirava meu pescoço, eu me abaixei deixando ele bater o machado na porta com toda força e violência.
O machado ficou preso na madeira, a abertura que precisava minha chance enquanto eu me abaixava joguei o corpo para frente e enfiei o canivete na perna dele.
Eu só não esperava que ele seguraria o canivete e minha mão enquanto estava cravada na sua perna. E no mesmo movimento ele socou meu rosto várias vezes até eu soltar a faca com um grito ele a arrancou da perna, eu ficará curvado tentando recuperar o equilíbrio, ele sem me dar chance de me recupera a postura, chutou minha perna, fazendo a velha ferida se abrir novamente, senti minha perna girar na direção da outra, meu joelho doía muito como naquele dia, tombei no chão.
Procurei o canivete no chão, eu ainda posso mata-lo.
- Tá procurando alguma coisa bastardo - ele falou enquanto ria, me mostrando que ele já estava com a faca.
- Não conseguiu, nem me machucar quando teve a melhor chance, você é uma desgraça mesmo - Ele falava enquanto ria e me chutava.
Ele me chutou até eu não consegui, mas revidar, meu corpo estava fraco é doía muito, ainda não satisfeito ele amarrou minhas mãos e me puxou pela casa, ouve momento que achei que meu joelho seria arrancado do meu corpo, eu tentei me segurar com o pé na mobília e precisava revidar, eu tenho que lutar. Fui arrastado até a velha árvore aonde eu passará tanto tempo nesse.
- Preparei uma coisa especial pra você, a culpa é toda sua, você que colocou essa ideia de fugir na cabeça deles, mas eles pagaram pela traição deles e você por ser o cabeça vai sofre por isso antes de pagar - Ele falou enquanto amarrava a corda na árvore e laçava meu pescoço.
Quando ele começou a puxar a corda, eu a senti queimar meu pescoço, quando meu corpo começou a levantar, senti um choque percorrer da minha nuca até minhas pernas, a corda puxava meu queixo contra o resto da minha cabeça com muita força, senti minha garganta sendo esmagada, estava engasgado com a tosse, o vomito preso na minha garganta, meu peito estava doendo muito, como se estivesse sido acertado pelo coice de um cavalo, o sangue encheu minha boca, e minha visão estava ficando embasada e vermelha, um zunido muito alto, senti agua escorrendo pelo meus ouvidos.
Em meio a toda dor e desespero o único pensamento me vinha eu supliquei qualquer um que quisesse aceitar minha oferta.
Eu ofereço o que quiserem eu farei o que quiserem, se me derem a força pra me vingar, pra mata-lo, eu vou mata-lo. aos poucos meu corpo parou de se mexer e fui tomado pela escuridão novamente já não sentia nada, nem via ou ouvia, mas eu ainda estava ali, eu ainda quero minha vingança a qualquer preço.
Wendel Hampton ficou ali parado se deleitando vendo seu filho se debater até perder a consciência, após um tempo ele entrou na casa para dar um fim aos restos de seus filhos e esposa, ele arrastou os corpos para uma velha sala nas fundações da casa que ele usava para guardar suas garrafas de bebidas e ali cavou um buraco é escondeu os corpos com terra e pedras, retornando para buscar o corpo do Saul, que abandonará na árvore do jardim, os raios do sol já surgiam no horizonte, mas o corpo já não estava lá, apenas a corda partida e sangue nas raízes e no chão, fazendo uma trilha em direção ao deserto além da propriedade, algum animal o levou, Wendel voltou para a casa, limpou tudo e retornou a sua rotina. Foi para o trabalho, passou na tasca de costume, dia após dia.

Comments (0)
See all