Escuridão, à apenas escuridão já não queima nem sinto mais aquela dor infernal, os vermes consumindo meu corpo, agora tudo está escuro até mesmo aquele frio que parecia estar congelando meus ossos passou, o que restou foi a escuridão.
Será que o acordo deu certo?
Será que aquilo foi realmente real?
Será que terei minha vingança? ou tudo já está acabado.
É como se estivesse sendo lentamente devorado por essa escuridão por esse vazio, é bom mergulhar nas trevas, se entregar, não lutar. Mas a voz dela retornou, novamente estou escutando suas perguntas, a mesma proposta.
- Sim, eu aceito.
Todas as minhas lembranças foram trazidas à tona, cada palavra, cada cena, cada olhar, cada agressão. Aos poucos fui sendo tomado por uma cólera que me consumia em chamas, eu quero mata-lo, eu quero ver ele é toda aquela casa ser consumida pelas chamas da minha fúria.
Em eu me vi correndo em direção a quela maldito lugar, quando cheguei fiquei parado olhando para a velha árvore segui para a casa, usando o lampião que sempre estava na varanda, iniciei o incêndio na sala de jantar, com pedaços em chamas de uma cadeira, espalhei o fogo pela casa e na árvore que um dia foi meu refúgio, de longe eu pude ver todo o lugar queimar, ser consumido pelas chamas.
Novamente a escuridão começava a tomar conta de mim, eu só mergulhei sem medo, deixando tomar novamente.
Imerso nas sombras, senti o gosto de sangue e vi vultos de corpos sendo estraçalhados por uma besta selvagem, aquela sensação era boa e a cada novo corpo era ainda melhor, já conseguia até sentir o calor quando minhas mãos rasgavam seus corpos fracos, o desespero e impotente refletido nos olhos de cada um, era uma delícia.
Eu os estava libertando de todo sofrimento de estar vivo, os libertando do sofrimento de serem traídos.
Eles me alimentavam é eu os libertava de suas vidas repletas de sofrimento. Eu estava levando o equilíbrio e paz, permaneci nesse ciclo de me deleitando na escuridão é êxtase.
Uma voz ecoou na escuridão e junto dela uma luz surgira, a cada vez que repetia ia ficando mais alta e a luz mais brilhante.
- a.
- Ac.
- Aco.
- Acor.
- Acord.
- Acorde.
- Acorde.
- Acorde.
- Acordei.
Despertei, como em uma manhã qualquer que dormirá no meu quarto, mas agora estava na entrada de uma caverna, uma fogueira estralava na minha frente, a Luz do sol iluminava todo lugar, eu estava deitado sobre uma pilha de feno, pelado a pele de um lobo preto me cobria.
- Finalmente acordou.
A mesma voz de antes, vinha do outro lado da fogueira. Era uma mulher, com seus 40 anos, cabelos negros presos em duas tranças, olhos negros, com roupas simples de couro recém tirado, pelas pinturas e roupas, era uma navajo, tinha a pele de um urso negro sobre seus ombros, ela permaneceu ali, me observando enquanto usava o cachimbo. Levei um tempo até conseguir me mover, não tinha mais nenhum dos machucados que eu lembrava ter, minha perna também estava melhor ela me achou antes de morrer e me curou.
- Dormi pôr quanto tempo? - Saul
- Por dois florescer
- Aonde estou? - Saul
- Você que me curou? - Saul
Ela permaneceu em silêncio, fumando. Me deitei e deixei que ela terminasse.
Estava muito claro, a metade do dia, mas o vento era frio, como no inverno, ela se levantou e saiu.
O barulho de água correndo vinha do fundo da caverna, se misturando a madeira queimando, tem 3, 5, 6 sapos dentro da caverna, tem uma manada de bisões em volta da caverna, estão subindo pelo lado direito, 2 perus estão brigando nos arbustos, em frete a entrada, esquilos corriam nas árvores do lado esquerdo, uma cascavel os espreitava, uma águia pegou um dos perus, isso me surpreendeu. Tanta vida, eles estão em equilíbrio, isso é muito bom, sem humanos, só a paz é equilíbrio.
A luz do sol já estava fraca ela retornou com uma lebre e madeira, acendeu novamente a fogueira e esmagou o coração, fígado, celebro e outros órgãos com algumas ervas numa tigela de madeira até virar uma pasta e enfiou na minha boca era horrível, mas familiar, era como o sabor nos meus sonhos.
- Ficar forte, vai ficar forte.
Ela se sentou é comeu a carne do coelho que ainda pingava sangue. Isso aconteceu durante nos dias seguintes, com perus, esquilos, cobras... Ao longo dessas duas semanas eu já conseguia andar pela caverna. Ela me proibiu de sair de lá. Até que um dia ela trouxe uma lança e roupas e me mandou segui-la, andamos pelo deserto pela floresta, até um Rio, tomamos banho e nos dias seguintes ela permitiu que eu saísse, mas deveria trazer comida. É assim os meses passaram, o seu silêncio era a única coisa que eu tinha de resposta e isso não era de todo ruim, algumas noites eu ainda tinha aquele sonho e era muito bom. Eu era o predador alfa é devorava a doença do mundo eu os libertava de suas existências podres é trazia equilíbrio a essa terra.
As folhas caiam das árvores lentamente naquela manhã, já havia se passado 2 ciclos da lua e estava descido a retorna à cidade, para velha casa, levaria meio dia de caminhada, mas estava tudo bem quando chegar lá vou ver minha mãe e meus irmãos, vou contar pra eles que estou bem que apesar de tudo eu sobrevivi.
Atravessei a cidade, mas ninguém me reconheceu e estranhamente não havia novos moradores apenas os que já estavam na minha infância, todos estavam com o olha de pânico, deve ser meu rosto que se deformado e as roupas velhas que eu usava, fui para o cemitério, em meio as lápides, não encontrei nada, nenhum deles estava ali, corri em direção a velha casa alguns eram enterrados dentro de suas propriedades.
Mesmo com dor e mancando eu fui correndo, mas para a minha surpresa já não havia mais casa nem a velha árvore, tudo tinha sido reduzido pedaços e cinzas a muito tempo.
Retornei à cidade é pelas tascas, descobrir que, depois daquela noite ele não foi preço é executado, mas retornará a sua vida rotineira de trabalho e tascas mas adicionará bordéis e quando era questionado sobre o nosso desaparecimento dizia que havíamos o abandonado, pegado o trem e ido embora, levando grande parte da sua fortuna, que graças a mim eles o deixaram sem nem mesmo se despedir.
O boato foi confirmado pela esposa do médico e seus devotos que declarava a desobediência se iniciou em mim e o pecado como uma doença se alastrou neles, ela mesmo havia visto minha mãe é meus irmãos vendendo os bens e presentes que meu pai com tanto esforço havia conseguido, ela mesma testemunhara minha mãe comprando as passagens e premeditando a traição, que semelhante as escrituras, como filho ingrato tomamos o que ainda não era nosso e partimos, abandonando seu bondoso pai. É através de nós e os pagãos o mal entrou naquela terra e agora matava seus conquistadores.
Wendel Hampton agora vivia em um dos quartos do hotel já que perdera todos seus bens no terrível incêndio que se abatera sobre o pobre miserável.
O sol estava já começava é preencher o horizonte quando sai da última tasca e iniciei minha busca por aonde ele poderia ter enterrado os corpos, eu precisava encontrá-los procurei por quilômetros em volta da cidade é dos destroços da casa e nada nem vestígio, retornei para a caverna, o Sol já estava desaparecendo quando avistei a caverna.
Eu estava tão frustrado com tanta raiva, aquele maldito ainda está vivo é nem se quer deu uma cova apropriada para eles, eu não consegui nada, nem vestígio deles, minha mente se encheu de lembranças seus rostos, suas vozes, seus sorrisos.
Enzo, tão chorão, mas com aquela risada que me arrastava junto e ficávamos horas rindo sozinhos olhando um pro outro.
Wagner, sempre mandão e chato, mas sempre me protegia, me defendia das outras crianças se eu fazia alguma coisa errada ele assumia a culpa.
Minha mãe sempre tão gentil é cuidadosa.
- Mãe, Enzo meu caçulinha, Wagner meu irmãozão... Ma... Mam... Mamãe.
Com as palavras, as lágrimas rolaram como pedras, meu coração batia com tanta força, um aperto forte em meu peito ele estava sendo esmagado, apenas grunhidos saiam da minha garganta misturado as lágrimas e tosse, parecia que alguém estava apertando com muita força minha cabeça é meu peito, eu não conseguia respirar, era uma dor diferente de todas as outras, não sangrava mas a dor era muito mais intensa a pior que eu já sentirá, meu corpo não reagia e não conseguia parar de chorar, meu corpo não me obedecia, parecia que estava sendo puxado pelo chão, as lembranças me atropelaram, não conseguia controlar minha cabeça. Fiquei no chão sendo consumido, até a lua está alta no céu, me levantei é fui pra caverna, apenas me joguei sobre o feno é me enrolei na pele.
Estava sendo sugado pela aquela dor, meu corpo se contorcia e meu coração era esmagado constante mente, seus rostos estavam constante mente em minha visão e suas vozes em meus ouvidos, porque estou vivo, qual o motivo de conseguir sobreviver, minha paz era quando estava mergulhado naquela escuridão seguido pelos sonhos aonde eu trazia equilíbrio e caçava ele e todos aqueles malditos que trairão minha mãe.
O vento estava frio é a neve caia lentamente, a lua iluminava tudo com num fim de tarde.
- Grande poder dentro de você. - Ela falou quebrando o silêncio.
- Não a medo, aceitou o caos, a escuridão.
- Já consegue acordado agora.
- Você futuro yenaldooshi - Ela se levantou e se cobriu com a pele do urso que estava em suas costas, mãos e pés nas patas, a pele da cabeça cobriu seu rosto.
Sua respiração ficou pesada e ela ficou sobre as 4 patas sua sombra se estendeu até o interior da caverna, trazendo uma neblina que subiu pelo seu corpo a tomando e foi ficando escuro como a fumaça mais densa que eu já vi a cobrindo por inteiro, tudo que saia daquela escuridão era sua respiração cada vez mais pesada, como a de um urso, dois pontos amarelos brilhantes surgiram em meio aquela fumaça, o nariz do urso é dentes enormes romperam a escuridão, em minha direção, suas garras rasgavam as pedras do chão, cada passo trazia fumaça como se estivesse saindo do seu corpo, sua respiração fazia uma névoa branca, eu me preparei pra fugir, mas fui paralisado pelo rugido, senti toda força ser arrancada do meu corpo, meu suor estava gelado, não meu corpo estava gelado, eu vou ser devorado por essa coisa.
Ela parou na minha frente tão perto que podia sentir o cheiro podre do seu bafo.
Eu ainda não desisti, preciso revidar, preciso lutar, mas meu corpo não se movia, não me obedece, ela levantou lentamente a cabeça abriu a boca, assim que ela abriu a boca o mundo desapareceu para mim no fundo daquela garganta escura, de um vazio sem fim. Seus dentes furavam minha a cabeça e meu queixo, senti o sangue escorrer no meio do cabelo e pelo meu pescoço. Com a minha cabeça presa na sua boca ela soprou uma fumaça densa como a que envolve seu corpo, aquela coisa bateu no meu rosto parecia óleo fervendo, senti cada pedacinho do meu corpo queimar na mesma dor insuportável minha visão ficou vermelha novamente era como se estivesse torcendo meus membros, quebrando ao meio meus ossos, ela abriu a boca e meu corpo desmoronou no começando a se rebater e eu estava afogando no meu vômito.
O som do rugido paralisou meu corpo novamente, me sentei e virei a cabeça é vomitei pedaços de uma gosma preta misturada com sangue.
Eu sentia essa coisa se mexendo embaixo da minha pele, dentro do meu corpo, ela jogou a pele negra que eu dormia sobre mim, alguma coisa reagiu e estava subindo pela minha garganta, eu podia sentir, suas patas rasgando minha garganta, abri a boca como se fosse vomitar mas uma lacraia enorme maior que minha língua saiu e subiu pelo meu rosto para minha costas, seguida por dezenas de outras com vários tamanhos, eu queria me esfregar no chão arrancar essas coisas de mim, mas estava sentado ali sem conseguir me mover, novamente vomitei e lacraias saíram da gosma e subiram pelas minhas mãos, eu podia sentir elas andando e picando a minha pele e dentro de mim. Lágrimas pretas escorreram e pingaram no chão, eram como óleo velho das máquinas. Tombei no chão sentindo meu coração parar junto da minha respiração, um desespero ainda maior tomou conta de mim eu vi minha vida inteira passar diante de mim em um piscar de olhos é apenas trevas no final esse é o fim, esse é o meu fim.

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