FUYUKI HUN - FANTASY PARTY CLUB
LOCAL: ENTRADA DA PISTA – 2:55am
Depois daquela conversa estranha que Shizuka e eu tivemos, ela pareceu um pouco mais… emotiva e grudenta. Era estranho já que eu não a conhecia muito bem. Tentei ser passional naquela hora. Mikel e Mya não estavam mais na pista e em nenhum lugar que eu pudesse encontrar a minha vista.
Olhei novamente aos arredores, mas nada deles. No entanto, bem no fundo da multidão, um rapaz me encarava. Ele estava rodeado de outras pessoas, mas por algum motivo, ele continuava me encarando enquanto vinha em minha direção. Era estranhamente familiar aquela aparência, aquele olhar, e eu tinha certeza de que já havia o visto.
Seus olhos pareciam querer se encontrar ao meus, e seus lábios mexiam como se quisesse me dizer algo, mas era impossível ouvir por causa daquela barulheira. Aquela cor avermelhada nas pontas do cabelo, e aquele sinal sutil em cima dos lábios. Nossos olhos se desencontraram quando ouvi ser chamado:
― Ei, Fuyuki! ― Shizuka me chamou a fim de ter atenção naquela hora. ― Já são quase 3 da manhã. Eles vão soltar os “fogos de papel” daqui a pouco. Quer encontrar os outros? ― Ela deu uma pausa, fazendo uma expressão de preocupação e surpresa. ― Ei, Fuyuki… tá tudo bem?
A voz de Shizuka foi lentamente se apagando, e minha visão se tornou turva. Tudo o que eu sentia era um grande vazio invadir meu corpo. As pessoas se animaram quando soltaram fogos de papel, mas à medida que gritavam seus rostos se tornavam escuros, turvos, como se estivessem derretendo.
― E-Eu tô bem! ― Resmunguei, mas a veracidade daquelas palavras se tornou duvidosa quando um líquido azul escorreu pela minha boca.
― Você não tá bem! Tem algo errado! Eu vou chamar os outros! ― Shizuka estava realmente preocupada.
Ela olhava de um lado para o outro à procura dos outros, ainda que estivesse uma multidão animada com a festa. Uma segunda onda de repulsa começou a brotar dentro de mim, seguido de uma ânsia de vômito. Tampei a boca e sai em disparada em direção aos banheiros.
― Espera, Fuyuki!
Eu senti a preocupação das palavras de Shizuka, mas naquele momento, meu corpo estava em total desespero.
Meu corpo está se formigando como nunca, e nem mesmo minha respiração saia. O líquido azul continuava saindo da minha boca. Era como água, mas era salgada. Seu gosto era salgado e seu cheiro era… de mar…?
O azul foi se tornando um tom mais escuro, e por fim uma gosma escura que mais parecia ter vida própria, se enroscando por onde caia.
― Está… doendo. O que tá acontecendo dessa vez? ― Minhas palavras falharam quando foram misturadas ao líquido que saia da minha boca.
Uma voz doce começou a soar e enfim meu corpo relaxou. Meu corpo paralisou como se um veneno estivesse percorrendo as minhas veias. Senti que estava afundando leve e calmo, mas era aterrorizante; eu não conseguia me mexer. Algo me puxou em um mergulho profundo, e a cada momento que passava, mais coisas pareciam se perder em minhas memórias. Eu estava se esquecendo de algo importante naquela hora e lutava para saber o que era.
Quando submergi, algumas luzes rodearam meu corpo em sensação de calmaria.
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