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Arco-íris Cor de Rosa

COMO SE DIZ "FODIDA" EM FRANCÊS? [parte 3]

COMO SE DIZ "FODIDA" EM FRANCÊS? [parte 3]

Apr 01, 2024

SENTADA no sofá e com meus fones bluetooth me mantenho focada na pesquisa que estou fazendo no notebook. Não é algo da escola ou para o vestibular, muito menos por diversão — como faço sempre que fico obcecada por um filme.

Essa pesquisa é uma questão de — quase — vida ou morte, porque se eu não conseguir falar com Eleanor nem que seja por sinal de fumaça sinto que vou explodir.

— Ódio, ódio, cu, merda, caralho! — sibilo ao falhar na busca mais uma vez.

Mordo a unha do polegar pra evitar dar um grito de desespero.

Como é possível ela não ter nenhuma rede social? Tá foragida da prisão ou o quê?

Tudo bem que tem uma chance dela ter Twitter sim, mas em vez do nome de verdade usar algo difícil de identificar. O mesmo com o TikTok, mas no Instagram? Qual a necessidade?

Prefiro crer que ela é só uma maldita low profile que não usa nenhum desses aplicativos.

Suspiro cansada e mexo a cabeça, sentindo meu pescoço e meus ombros pesados. Me inclino para trás, apoiando as costas no sofá e fecho os olhos.

Não sei mais o que fazer e estou começando a me conformar que só vou conseguir falar com ela na segunda mesmo...

Ainda sim, minha consciência tá tão pesada depois de tudo que Monique me contou, que nem sei como vou dormir hoje.

E claro que o fato de eu ainda estar sentindo cólica não ajuda.

Me remexo, tentando achar uma posição mais confortável, quando o que eu queria de verdade era enfiar uma faca na minha barriga e arrancar meu útero.

Abaixo a tela do computador e o deixo na mesa de centro, depois me encolho, abraçando uma almofada e viro o rosto na direção da cozinha, onde meu pai e Alice estão fazendo o jantar.

— Paiê! — ri minha irmã, limpando o trigo do rosto.

— O quê? Não fui eu! — rebate ele, rindo.

Alice o mancha no nariz e então desvia quando o maior tenta alcançá-la.

Respiro fundo, apreciando o cheiro gostoso de pizza assando.

Eles já colocaram algumas no forno e enquanto esperam que fiquem prontas, estão fazendo mais massa. Papai sempre gosta de ter massa à disposição caso precise ou sinta vontade de inventar uma receita nova.

Queria estar ali junto, mas só de ficar em pé a dor piora.

Fecho os olhos um instante, me concentrando apenas na música nos fones. A playlist acabou faz um tempo, mas como o Spotify me conhece bem, está tocando Frank Ocean.

— Chegamos! — A voz da minha mãe me puxa das profundezas do subconsciente.

Abro os olhos devagarzinho, evitando o máximo me mover, como se isso pudesse me tornar invisível para ela.

Minha mãe pendura sua bolsa do cabideiro e ainda sorrindo tira os sapatos. O pai sai da cozinha para recebê-la com um selinho e pergunta como foi a reunião na escola.

Observo a cena como uma telespectadora, como se minha vida fosse um filme e eu não precisasse interagir ou fazer parte de nada.

Em algum momento um vulto passa por trás da minha mãe e se joga ao meu lado no sofá, fazendo almofadas saltarem e empurrando minhas pernas pro chão.

E lá se foi minha paz.

— Afe Kaique! Sai pra lá seu chato!

O menino ri e mostra a língua pra mim.

Normalmente eu gosto de ter Kaique por perto e como tia Isis tá sempre viajando, é comum ele vir prá nos fins de semana, ou qualquer dia da semana dependendo do drama que fizer pra minha mãe sobre estar sofrendo de fome e solidão lá no palácio que ele mora... Mas hoje é diferente.

Ainda estou chateada pelo lance do Pedro Lucas e de quebra meu humor fica péssimo quando tô menstruada, qualquer implicância boba me faz chorar ou querer matar alguém.

Pego uma das almofadas caídas e acerto no rosto dele, que não deixa barato e também segura uma almofada pra se defender.

Estamos prestes a começar uma guerra quando minha mãe grita:

— Dory para com isso! Isso lá é jeito de tratar visita!?

Ainda acerto uma última almofadada no meu amigo antes de virar pra minha mãe.

— Ele não é visita! — justifico.

— Ana Jocilene eu juro que-

— Ai Madalena, deixa as crianças! Tão só brincando! — interrompe meu pai, colocando uma taça na mão dela e enchendo de vinho. — Tudo bom Kaique? Como vai a escola? Aprontando muito?

— Só as vezes tio. — Kaique responde, sorridente. Bufo um pouco enciumada e cruzo os braços. — Tia Lena falou que hoje é pizza. Posso ajudar com alguma coisa?

Alcântara se levanta e dá a volta no sofá, seguindo para a cozinha junto com o papai. Ele cumprimenta Alice com um meio abraço por cima do ombro — o que é hilário considerando que ela é uma testa maior que ele — e pega o avental que está jogado em cima de uma das cadeiras

Meu avental.

Por ter uma irmã e também por ter sido criada grudada com Kaique tive que aprender desde bem nova o significado de "dividir" e com a maioria das coisas, não me incomodo, mas tem objetos específicos da qual tenho muito ciúme. Como meu travesseiro, meu moletom de esqueleto e o avental que o pai me deu de presente.

Ele é vermelho e tem a frase "Ajudante número um" escrito em letra de forma.

E Kaique acaba de enxugar as mãos molhadas nele.

Travo o maxilar, tentando segurar um rosnado pra não parecer um cão raivoso e encaro meu melhor amigo profundamente, morrendo de ciúmes.

— Não vai perguntar como foi a reunião? — diz minha mãe, bebendo seu vinho.

Me obrigo a desviar o olhar da cozinha, para meu próprio bem.

Mexo os ombros e encolho as pernas pra que ela possa sentar.

— Eu não. Nem fiz nada errado. — bufo, mal humorada.

Madalena arqueia uma sobrancelha para mim. Os cantos da sua boca estão caídos, numa expressão que já deixa claro que em outro momento, à sós, vamos ter uma conversa desagradável. Ela solta o cabelo e tira o relógio pesado de prata do pulso.

Mesmo que tenha sido só uma reunião de escola ela fez questão de ir bem arrumada. Botou maquiagem, vestiu uma camisa preta de babados e uma calça social.

— Única coisa boa de você não ter puxado sua irmã. Não dá trabalho na escola. — debocha.

Uau. Que legal, nem é como se eu já me cobrasse o bastante por não estar no mesmo nível da perfeitinha da Alice.

Bom, perfeitinha não né. Porque se o que vivo escutando dos professores for verdade, ela só faltou tacar fogo naquela escola.

— Ei! Eu ouvi em! — reclama minha irmã fazendo cara feia. — Dory vem timbora lavar os pratos!

Reviro os olhos, mas levanto do sofá porque agora que mamãe tá bebendo é melhor ficar em pé e com dor do que na mira das merdas que ela vai soltar.

— Sai do mei ai. — implico com Kaique, empurrando ele pro lado com a cintura.

Ele abre a boca descrente e me joga um pouco de trigo, depois volta a conversar com minha irmã. Os dois estão discutindo sobre algum k-drama.

Fico muito tentada a obrigá-lo a tirar o meu avental e oferecer um dos outros que a gente guarda junto com os panos de prato, mas brigo comigo mesma que sou grandinha demais pra uma birra dessas.

Tiro os fones já que tô longe demais do celular pra mudar a música e enfio eles no bolso do meu short de algodão, bem quando Alice muda o tema para "O que teve na reunião".

— Vão proibir o trote?

— Acho que não... — divaga Kaique. — Mas pra fazer qualquer coisa agora temos que comunicar a coordenação antes.

— Ô besteira. Na minha época uns moleques da turma roubaram os extintores pra fazer corrida com cadeira de rodinha.

Rio baixinho com o jeito que minha irmã fala, como se fosse uma senhora de noventa anos.

— Caralho que massa! E eles... Foram expulsos?

Alice para de mexer na massa um instante olha para o teto, refletindo.

— Um deles sim, mas foi porque já tava na corda bamba.

Olho por cima do ombro, confirmando que a mãe e o pai estão na sala, distraídos na sua própria conversa. Fico muito tentada a espiar o que estão dizendo também, só pra ter certeza que papai não vai contar sobre o sumiço que eu dei no Mercado.

Ele não é de dar bronca ou... Por de castigo, mas a falta de qualquer reclamação assim que encontrei ele lá plantado na barraca de feijão verde tá me assombrando o dia todo.

Suspiro e decido deixar isso pra lá, tem coisa mais importante rolando.

— Fiquei sabendo que foi a Eleanor quem cabuetou. É verdade? — pergunto pra Kaique.

O menino me lança um olhar triste e confirma com um aceno de cabeça.

— O pessoal tá puto que só.

Umedeço os lábios, ansiosa.

— Até a Lud?

Convencer a turma toda a perdoar Cavalcanti é uma missão difícil pra porra, mas talvez com a ajuda da Ludmila que é super carismática aja chances.

— Especialmente a Lud. A mãe dela ficou fula da vida. — diz Kaique, destruindo minhas esperanças.

Merda. E agora? O que eu faço?

— Mó vacilona essa menina. — fala Alice, rindo com descrença.

Mordo o interior da bochecha e me viro pra pia novamente, concentrando minha frustração nos pratos.

Não importa como, vou dar um jeito de ajudar Eleanor. Devo isso a ela.

As pizzas ficam prontas mais ou menos no tempo em que eu termino de lavar e por os pratos no escorredor.

Minha mãe — após sua segunda taça de vinho — anuncia que vai tomar um banho antes de jantar e eu aproveito que meu pai está distraído contanto alguma situação engraçada que rolou no restaurante pra Kaique para escapulir da cozinha.

Quero pegar o controle da televisão primeiro e por algum filme bom, porque quando juntar todo mundo vai ser difícil entrar em consenso.

— Cadê essa droga? — sibilo, revirando o sofá e procurando pelo chão também.

— Procurando isso aqui? — sinto meu corpo tenso ao ouvir a voz debochada de Alice. Giro nos calcanhares e encaro a mais velha. De pijama da Hello Kitty e máscara de argila já no rosto, ela é a personificação do diabo pra mim. — Hoje é minha vez de escolher o filme. — decreta.

— Mas cê escolheu da última vez! — lembro.

— Sua palavra contra a minha. — revida, toda convencida.

Garota_X
Robin Sonata

Creator

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AJ sempre se sentiu como uma coadjuvante na própria vida, ou quem sabe apenas uma telespectadora que vê todas as cenas passando em câmera lenta, sem poder alterar o script. No seu último ano do ensino médio - iniciado com o pé esquerdo após uma gripe forte que a fez perder a primeira semana de aula - a dinâmica do seu grupo de amigos sofre uma mudança e tanto com a chegada de Eleanor Cavalcanti.

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Obrigadas a por as diferenças de lado graças a situação inusitada ambas acabam descobrindo que possuem muito mais em comum do que contra e assim um acordo de paz é selado - com uma condição um tanto... Incomum.
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