O sol mal tinha nascido quando Loghain, Felipito e Elizabeth partiram de Eldoria, deixando para trás a tranquilidade do vilarejo. Com mochilas cheias e corações pesados, eles iniciaram a longa jornada para Koujia, uma cidade que, segundo Loghain, abrigava as respostas que precisavam.
Os primeiros quilômetros foram silenciosos, quebrados apenas pelos sons da natureza ao redor. Loghain, carregando a memória de Darius, sabia que a jornada não seria fácil, mas era necessária.
— Pai, quanto tempo até chegarmos a Koujia? — perguntou Elizabeth, olhando para o horizonte.
Loghain respirou fundo, mantendo a calma e a voz firme.
— Koujia fica bem distante. Vai levar pelo menos três ou quatro dias de viagem, se formos rápidos e não encontrarmos problemas no caminho.
Felipito, com uma espada presa às costas, sorriu sarcasticamente.
— Bem, pelo menos teremos bastante tempo para nos acostumarmos com a ideia de que estamos em perigo constante.
Elizabeth, que carregava um arco mágico capaz de disparar flechas flamejantes, revirou os olhos.
— Sério, Felipito? Você sempre tem que ver o lado negativo?
— Só estou sendo realista, Liz. Prefiro estar preparado para o pior do que ser pego de surpresa. — retrucou Felipito.
Loghain olhou para os filhos, percebendo a tensão crescente entre eles.
— Ouçam, vocês dois. Essa jornada vai exigir o melhor de cada um de nós. Precisamos trabalhar juntos, não importa o que aconteça. Felipito, sua calma e inteligência são essenciais. Elizabeth, sua energia e determinação são vitais. Juntos, somos mais fortes.
Elizabeth bufou, mas assentiu.
— Tudo bem, pai. Mas, falando nisso, quem vai pegar qual arma se formos atacados?
Felipito deu um sorriso irônico.
— Ah, ótimo. Vamos decidir isso agora, antes que alguém nos ataque de verdade.
— Eu fico com o arco, obviamente — disse Elizabeth, segurando firmemente seu arco mágico.
— E eu fico com a espada. Mas temos que ser flexíveis, Liz. Se estivermos em uma situação em que o arco não é útil, precisamos estar prontos para trocar. — respondeu Felipito.
— Flexíveis? Você com uma espada? Isso vai ser interessante. — provocou Elizabeth.
— Melhor do que você tentando usar um arco em uma caverna fechada. — retrucou Felipito, sorrindo de canto.
Loghain riu, apesar da situação.
— Vocês dois são impossíveis. Lembrem-se, o objetivo é chegar a Koujia em segurança. Se formos atacados, usem suas habilidades da melhor forma possível e protejam-se.
O dia passou lentamente, com a paisagem mudando de campos verdes para florestas densas. Eles pararam várias vezes para descansar, reabastecer suas provisões e discutir estratégias.
— Pai, por que Koujia? — perguntou Felipito, enquanto caminhavam por um trecho de floresta.
Loghain olhou para o filho, ponderando a melhor forma de responder.
— Koujia é o lugar onde precisamos ir. Confiem em mim. É lá que encontraremos as respostas que buscamos.
Elizabeth, curiosa, olhou para o pai.
— Então, estamos indo atrás de respostas. Parece meio... anticlimático.
Loghain sorriu.
— Às vezes, o conhecimento é a arma mais poderosa que temos. Saber quem são nossos inimigos e o que eles querem pode fazer toda a diferença.
Ao anoitecer, eles encontraram um lugar seguro para acampar. Felipito acendeu uma fogueira, enquanto Elizabeth preparava algo para comer. Loghain olhava para as estrelas, perdido em pensamentos.
— Pai, você acha que estamos prontos para isso? — perguntou Elizabeth, se aproximando dele.
Loghain colocou uma mão no ombro dela.
— Não temos escolha, Elizabeth. Temos que estar prontos. Estamos juntos nisso, e eu acredito em vocês.
Na manhã seguinte, o grupo continuou sua jornada. A floresta começou a se abrir, revelando um caminho que levava a uma pequena vila à distância.
— Aquela é Eucrates, a vila vizinha. Podemos descansar lá e reabastecer nossas provisões. — disse Loghain, apontando para as luzes da vila.
— Finalmente, um pouco de civilização. — disse Felipito, com um sorriso de alívio.
— Só espero que não nos tragam mais problemas. — disse Elizabeth, observando a vila com curiosidade.
Ao se aproximarem de Eucrates, a sensação de segurança aumentou. As casas simples e as pessoas ocupadas com suas rotinas diárias eram um sinal bem-vindo de normalidade em meio ao caos que haviam deixado para trás.
— Vamos descansar e nos preparar para o próximo trecho da nossa jornada. Koujia ainda está longe, mas cada passo nos aproxima das respostas que precisamos. — disse Loghain, com determinação.
Os três entraram na vila, prontos para enfrentar o que viesse pela frente, sabendo que a verdadeira batalha estava apenas começando.
Após desmontar o acampamento improvisado, Loghain, Felipito e Elizabeth continuaram sua jornada para Koujia. O sol da manhã iluminava o caminho à frente, e o grupo avançava com passos determinados.
A paisagem lentamente começou a mudar, com a floresta densa dando lugar a campos abertos e pequenas colinas. Após várias horas de caminhada, avistaram uma placa de madeira ao longe.
— Olhem, ali está a placa que menciona a vila mais próxima. — disse Loghain, apontando para a estrutura simples.
Ao se aproximarem da placa, leram a inscrição: "Bem-vindos a Eucrates". A vila estava a apenas algumas centenas de metros à frente.
— Parece que encontramos um lugar para descansar. — comentou Felipito, com um suspiro de alívio.
— Só espero que não nos tragam mais problemas. — disse Elizabeth, observando a vila com curiosidade.
Ao entrarem em Eucrates, perceberam imediatamente que algo estava errado. A vila estava estranhamente deserta. Nenhum som de atividade humana, apenas o vento sussurrando através das árvores e o ranger das portas das casas, que estavam entreabertas.
— Algo não está certo aqui. — murmurou Loghain, mantendo os olhos atentos ao redor.
Enquanto caminhavam pela vila, um homem idoso, de cabelos brancos e barba longa, apareceu de uma das casas. Ele tinha um sorriso estranho no rosto e se aproximou do grupo.
— Bem-vindos à nossa vila! — disse o homem com um sorriso que não alcançava os olhos. — Sou Elmar, o ancião da vila. O que os traz a estas terras?
Loghain, sempre estratégico e cauteloso, respondeu com uma voz calma, mas firme.
— Estamos em uma jornada para Koujia e precisamos de um lugar para descansar e reabastecer nossas provisões. Seria um prazer conhecer mais sobre sua vila e falar com o verdadeiro ancião.
Enquanto seguiam Elmar pela vila, Loghain observava atentamente as casas ao redor. Notou que muitas estavam desarrumadas e havia marcas de sangue na porta da casa que Elmar indicou como sendo do ancião.
Loghain parou subitamente e puxou a espada das costas, apontando diretamente para Elmar.
— Onde está o povo da vila e o verdadeiro ancião? — perguntou Loghain, sua voz firme e imponente.
Elmar deu um passo para trás, surpreso, mas tentou manter a compostura.
— O que você quer dizer? Eu sou o ancião e todos estão... ocupados. — disse ele, hesitante.
Felipito e Elizabeth olharam para Loghain com surpresa, não entendendo o que estava acontecendo.
— Pai, o que está havendo? — perguntou Elizabeth, confusa.
Loghain manteve os olhos fixos em Elmar.
— As casas estão desertas e desarrumadas. E há marcas de sangue na porta da casa que você disse ser do ancião. Algo terrível aconteceu aqui, e você vai nos contar a verdade agora. — disse Loghain, aumentando a pressão.
Elmar olhou ao redor, buscando uma saída, mas viu que estava encurralado.
— Está bem, está bem... — disse ele, levantando as mãos. — Eu não sou o ancião verdadeiro. Sou um ladrão. A vila foi atacada por saqueadores há alguns dias. O verdadeiro ancião e alguns dos habitantes estão sendo mantidos prisioneiros em uma caverna próxima, a Caverna do Lobo Marrom.
Loghain manteve a espada apontada, mas abaixou um pouco a guarda, ainda cauteloso.
— E o restante do povo? — perguntou.
— Muitos foram levados pelos saqueadores. Outros conseguiram fugir para as florestas. Eu fui deixado aqui para enganar os viajantes e garantir que ninguém suspeitasse. — confessou Elmar, sua voz cheia de medo.
Felipito e Elizabeth ficaram chocados com a revelação, percebendo a gravidade da situação.
— Pai, o que vamos fazer? — perguntou Felipito, ainda segurando sua espada.
Loghain respirou fundo, ponderando a melhor estratégia.
— Vamos sair daqui imediatamente e continuar nossa jornada para Koujia. Precisamos evitar problemas desnecessários e focar em nossa missão. — disse ele, guardando a espada.
— E quanto a ele? — perguntou Elizabeth, apontando para Elmar.
Loghain olhou para o homem, seus olhos frios e calculistas.
— Deixe-o. Ele já tem seu próprio fardo para carregar.
Mas antes que pudessem partir, Elizabeth insistiu.
— Pai, e as pessoas na caverna? Não podemos simplesmente deixá-los lá.
Loghain refletiu por um momento, sua mente estratégica considerando as opções.
— Você está certa, Elizabeth. Não podemos deixá-los. Vamos verificar a Caverna do Lobo Marrom. Se pudermos ajudar, faremos isso rapidamente e depois seguiremos nosso caminho.
Elmar, agora claramente amedrontado, forneceu mais detalhes.
— A caverna fica ao norte daqui, não muito longe. Por favor, só não me machuquem. Eu fiz o que fui obrigado a fazer.
Loghain assentiu, sinalizando para que Felipito e Elizabeth o seguissem. Enquanto se afastavam da vila, ele refletia sobre o quão importante era ensinar aos filhos a responsabilidade e a compaixão, mesmo em tempos de crise.
Com determinação renovada, o grupo se dirigiu para a Caverna do Lobo Marrom, prontos para enfrentar qualquer perigo e resgatar os habitantes de Eucrates. A jornada para Koujia poderia esperar um pouco mais; primeiro, havia vidas a serem salvas.
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