Henry abre seus olhos e se senta na cama, ainda um pouco sonolento.
- Adelea, que horas são ?
Octavian, que estava lendo enquanto tomava seu café da manhã na pequena varanda do seu quarto, desvia sua atenção do livro e o encara.
- Nove e dez. - ele responde ao conferir as horas em seu relógio de bolso e continua o observando. Curioso para saber como iria reagir.
- Sr. Solaram ?! - Henry questiona assustado.
- P-por que está aqui...?
- É o meu quarto. Seria mais estranho, se eu não tivesse nele. - ele tenta se manter sério, mas sua reação era realmente engraçada.
- O-o que ?! Ah, minha nossa! - Henry se levanta de repente e fica atordoado, sentia que havia cometido um grande erro.
- Henry, tudo bem. Se acalme. - Octavian fala de forma tranquila, mas logo acaba rindo.
- Como eu...? - ele murmura envergonhado e fica acuado. Não tinha certeza de como agir diante daquela situação.
- Você adormeceu na banheira e eu te trouxe para o meu quarto.
- Ah... obrigado! - Henry suspira aliviado e repousa sua mão direita sobre o seu peitoral, sentia que seu coração poderia saltar para fora do seu peito a qualquer momento.
- Me desculpo pelo incômodo. Irei embora ago...
- Espere. - Octavian ordena, o interrompendo.
- Sim ?
- Por que não fica e toma café da manhã comigo ? A mesa já está posta.
- N-não! Como poderia ?
- Não se preocupe com isso, eu o convidei. Mas se for incômodo, ficarei bem comendo sozinho.
- Ah... - Henry suspira e se sente um pouco culpado por deixa-lo sozinho.
- Eu aceito uma xícara de café... - ele responde acanhado.
- Ótimo. - Octavian se levanta e se aproxima.
- Me dê sua mão. - ele pede e no mesmo instante, Henry estende sua mão direita. Octavian sorri ao vê-lo tão obediente e logo depois o guia até a varanda.
Ele puxa uma cadeira para que Henry se sente e o ajuda a se acomodar.
- O que gostaria de comer ? Tem bolo, frutas, café... - Octavian começa a listar tudo o que estava na mesa.
- Café, por favor.
- Só isso ?
- Sim, eu não como muito pela man... - Henry é interrompido pelo barulho do seu estômago faminto. Ele se encolhe na cadeira e seu rosto fica completamente corado.
- Desculpe...
- Tudo bem. - Octavian responde enquanto tenta segurar o riso.
- Pegue, coma o quanto quiser. - ele o serve com um pouco de fruta, suco e bolo.
- O-obrigado! - Henry agradece ainda um pouco tímido, mas logo começa a comer. Octavian se mantém quieto, o observando se empanturrar de comida.
- Sr. Solaram. - ele o chama de repente.
- Sim ?
- Como eu vim parar aqui ? Só me lembro entrar na banheira...
- Você acabou adormecendo e não tive escolha a não ser te trazer para o meu quarto e te vestir.
- Me... vestir ? - Henry sussurra e seu rosto fica ainda mais corado ao seu dar conta de que Octavian havia visto seu corpo nu.
- Me desculpo mais uma vez pelo incômodo... deve ter sido desconfortável carregar um homem nu. - ele fala envergonhado e abaixa a cabeça. Se sentia um homem patético por dar tanto trabalho.
- Henry, eu não sou esse tipo de ser antiquado. Então não se preocupe. - Octavian mantém seus olhos sobre ele, esperando alguma reação suspeita, mas Henry se encolhe na cadeira e continua de cabeça baixa.
- Henry ? - ele ergue uma de suas sobrancelhas e se inclina para frente, segura seu rosto e o ergue em sua direção. Octavian o vê suando e com o rosto corado até as orelhas, uma reação estranha para alguém que deveria estar satisfeito por obter um pouco de informação.
- P-preciso ir agora! - Henry se levanta de repente e estende suas mãos, se guiando pelo quarto até encontrar a saída. Octavian o observa ir embora confuso e surpreso. Não entendia o motivo pelo qual reagiu daquela forma.
Dia seguinte.
- Me dê sua mão, quero te mostrar uma coisa. - Octavian casualmente segura sua mão, mas Henry se afasta de repente.
- E-eu posso fazer sozinho...
- Tudo bem, o livro está na sua frente. - Octavian concorda, mas o observa desconfiado. Ele nunca havia sido tão tímido ou se sentido incomodo com toques físicos.
- C-certo! - Henry estende sua mão, procurando pelo livro e ao encontra-lo, desliza a ponta dos seus dedos indicador e médio pela folha. Ele lê o pequeno texto com dificuldade, já que ainda estava aprendendo.
Octavian apenas observa em silêncio enquanto se pergunta o que estava se passando na sua cabeça. Se Henry estava ali para vigia-lo e agir de acordo com as vontades do seu pai, deveria se aproveitar daquele tipo de situação.
- Henry! - Adelea o chama ao entrar no quarto.
- Sim ? - ele ergue a cabeça ao ouvir sua voz.
- Estou indo fazer compras no centro comercial, quer ir comigo ? Podemos comprar algumas coisas para você!
- E-eu não tenho dinheiro...
- Tudo bem, não se preocupe com isso.
- Bom, se for assim, eu gostaria de ir. - ele se levanta e sorri. Queria comprar uma muda de roupas novas e estar apresentável para Octavian.
- Ótimo, então vamos logo! - Adelea se aproxima e se agarra ao seu braço, o guiando para fora do cômodo. Ela parecia realmente animada e isso era contagiante.
- Ah! Droga... me esqueci dos alfaces! - ela resmunga e suspira.
- Preciso ir comprar, pode ficar aqui e esperar ? Prometo que não demoro!
- Claro, sem problemas. - Henry acena com a cabeça e sorri.
- Certo, eu venho logo. Não saia daí! - ela o adverte enquanto se afasta e logo acaba sumindo na multidão. Henry usa sua bengala para encontrar algum muro e fica parado próximo a ele, evitando estar no meio da calçada ou em alguma passagem de pedestres.
- Fazendo compras, humano ? - uma voz masculina o questiona de repente, como se estivesse próximo ao seu ouvido, apesar de que Henry não consegue sentir sua presença.
- Não estou fazendo nada errado, Haldoc. Meu dono sabe que saí.
- Seu dono ? Aquele traidor não é seu dono. Você pertence ao Sr. Demétrius, não se esqueça disso!
- Sim, não me esquecerei... - Henry suspira e abaixa sua cabeça.
- Ainda estou esperando alguma atualização. O Amo também está impaciente.
- Não há nada de relevante. Octavian passa seus dias sozinho lendo e só.
- Não minta! - Haldoc esbraveja e sua mão surge da parede, como uma sombra. Ele agarra o pescoço de Henry e o sufoca.
- Não tente protegê-lo, humano. Você e seu avô não ganharão nada com isto! - ele sussurra e o solta, sumindo na parede.
Henry respira fundo, tentando recuperar o fôlego e está visivelmente assustado. Precisava se sair bem, ou seu avô pagaria com a vida.
- Henry, tudo bem ? - Adelea o questiona ao retornar e vê-lo tão atordoado.
- E-estou bem... mas podemos voltar agora ? - ele murmura sentindo um nó se formar em sua garganta, como se a mão de Haldoc ainda estivesse em seu pescoço.
- Claro, vamos. - ela segura em seu braço e o guia para o estacionamento, onde um motorista esperava para leva-los de volta.
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