Pois bem!
Não há muito o que dizer depois do teletransporte irresponsável de Ilídia. Embora que, considerando que ela é apenas uma jovem adolescente que nunca tinha saído de casa, qualquer um voltaria para o primeiro lugar “conhecido” meio a um ambiente desconhecido. Claro que poderia ser outro ao invés do Antro dos Porcos... enfim, é preciso dar-lhe um desconto.
No final das contas, nada é por acaso não, é?
Para entender o que possivelmente virá a seguir, é necessário entender melhor Karma e os laços que o interliga aos países a sua volta. Digo, Karma e Callun em específico e um exato período da história. Afinal, o homem armado relatado estava em posse de uma arma elétrica Hoshoku-sha e armamento desse tipo só viria de Inv Callun. Este é um bom gancho para explorar um assunto que tem muito a ser explicado.
Há 25 anos, aproximadamente, historiadores dataram os primeiros indícios de que a guerra de todos contra todos aconteceria. Os Anos De Supressão, como denominaram essa época, durou oficialmente 20 anos – era o que Karma e os aliados pensavam. A desventura de Ilídia posta-se 1 anos após, perante uma Callun reclusa atrás dos muros.
Não se sabe muito bem quando os Hor surgiram, mas suspeitam de 10 anos antes da guerra pelo menos. É um fatídico período de uma crescente fartura da ofensiva karman, que bancaria futuramente toda a guerra sem grandes esforços. Segundo as escrituras antigas, os primeiros membros Hor vieram do céu. Os deuses haviam escolhido Karma como a favorita e desejaram prosperidade a eles, com o início da segunda geração da admirada família nobre WoBegon no trono. Contudo, com a fartura, surgiram inimigos e invejosos a altura. Os Hor seriam soldados e conselheiros fieis do trono, anjos protetores da vida e da sua nação justiceira. Além disso, eram guardiões dos selos de aprisionamento dos Dragões da Origem.
Segundo a mitologia karman, o planeta no qual viviam se desenvolveu sobre o corpo de duas criaturas do universo etéreo. Os deuses estavam inspirados e entediados e decidiram criar um mundo, seres vivos que tornassem suas existências mais interessantes. Então, pegaram dois seres incrivelmente poderosos e os tornou corpóreos. Porém, nascidos com energias opostas, brigavam continuamente. A fim de que toda vida não fosse destruída com esses embates, os deuses fizeram os dragões engolirem a cabeça um do outro e amarraram seus rabos. Sob o frio do universo, cristalizaram e adormeceram – selados. Utilizando a força vital deles, sobre seus corpos, estimularam o florescer da vida em todas as suas formas. Os Hor, então, simbolizavam tanto a salvação como a perdição. Muitas pessoas, tolas ou não, tinham medo de que alguém os derrotasse um dia e acordasse os dragões. Por receio de apocalipse, alguns países, por mais forte que fossem, escolheram jamais atacar Karma... na verdade, só por enquanto.
Isso é o que contam, não que estão certos... completamente.
Enfim! Os Hor representavam muita coisa, era nisso que Ilídia cresceu acreditando. Dever, responsabilidade que tinha com o mundo, razão, motivação. Sem ter o propósito de nascença e com a perda de identidade, em sua plena adolescência, sua vida posta-se como um completo e confuso caos.
Quando tudo começou, Ilídia nem era nascida.
Os Anos De Supressão foi soturno, com pequenos sinais da sua vinda. Os 10 primeiros anos foram os mais importantes e decisivos. A terra foi arada e cultivada com sementes sedentas em crescer, firmando suas raízes poderosas em cada ser vivo.
A primeira trombeta, dizem os historiadores, mostrou-se ser quando Callun proibiu a exportação de objetos elétricos. A ilha crescia absurdamente com a descoberta da eletricidade natural e os conhecimentos invum sobre como utilizar sem precisar de magia. Chamavam-no de país luz, magnânima sobre as águas e no ar. Em contraponto, Karma seguia um ritmo bem parecido. Abandonara com louvor a sua precária era feudal repentinamente e, naquele momento, o país estava tão glorioso quanto jamais foi. Suas cidades abarrotadas de magia, alimentadas pelos próprios habitantes. Nem todos eram mágicos e seus feitiços pouco expressivos, mas tinham juntos mana o suficiente para movimentar a cidade.
O problema é que, quando dois alfas estão em territórios muito próximos, tanto o receio como interesse surge. Karma queria entender como a eletricidade funcionava e vice-versa. Contudo, Callun se preocupava com um pouco mais – a aparição repentina dos Hor. Temia que esses magos poderosos compreendessem finalmente o conhecimento elétrico e acabasse sendo derrubado pela mesma descoberta que o ergueu. Inúmeras burocracias e protocolos acometeram os centros de pesquisa karman na ilha e o comércio exterior estava indignado. Todavia, este ainda não é o ponto principal.
Muitos habitantes de Karma olhavam com pena para os invum, magicamente estéreis e que viviam outrora num sistema feudal tão pobre quanto. A ascensão foi encarada com desgosto por alguns. E também havia aqueles que apenas desdenhavam, como se a eletricidade fosse uma cópia genérica e fajuta do verdadeiro poder. No momento em que estavam começando a se acostumar com a ideia – a tolerar – anunciaram a tal proibição da exportação. Em reação, estes mencionados anteriormente, encararam mal a notícia. Entenderam como se não fossem dignos de usar as tecnologias elétricas, feitas pelas miseras criaturas ilhadas. Foram longos 5 anos de preconceito, intolerância e xenofobia. Como esperado, os invum devolveram receios no mesmo nível. Os outros países, que não compreendia nem magia ou eletricidade, reagiram da mesma forma uns com os outros. Afinal, sabiam que, nesse passo, começariam logo uma guerra e a corda iria arrebentar do lado mais fraco.
No ápice do desenvolvimento futurista de Callun, o ambiente internacional mostrava-se extremamente tenso. Quase insustentável. Karma continuou as pesquisas na ilha, porém, sob forte fiscalização e limitações. Já Callun enfrentava a perda de algumas importações, além de exportação de armas ou objetos elétricos genéricos contrabandeados. Muitos davam problemas, por serem produtos pirateados – os estrangeiros começaram a desconfiar da qualidade do produto nacional. Já dentro da sociedade invum, os contrabandistas e traficantes ganharam mais poder. Empresas de tecnologia, legais ou não, monopolizavam grandes setores da cidade e até decisões governamentais. As maçãs pobres estavam tomando conta de todo o cesto!
O atentado elétrico em Karma foi o marcou da segunda trombeta. A região sul da cidade de Alter ficou em chamas, completamente destruída. O medo, insegurança e desconfiança habitou o coração de todos – culpavam o progresso de Callun. Contudo, ao invés de atacarem a ilha, nada aconteceu. O reino ocupou-se em auxiliar as vítimas da tragédia, recuperar porcamente a área e assentar os desabrigados em uma favela pobre – como se jogassem a sujeira debaixo do tapete. Todavia, Callun não se enganava. Algo estranho pairava no ar. Mal suspeitavam que a guerra começava de dentro, não de fora da ilha.
Para contar sobre esse período importante, apresento uma invum específica da época.
Situa-se há alguns anos após a segunda trombeta.
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