Felipe e Eni estavam sentados em uma pequena sala de conferências na sede da agência, prontos para apresentar o relatório sobre o caso do Clópe. As paredes estavam adornadas com diversos mapas e documentos relacionados a casos anteriores, e a atmosfera era séria.
Eni começou a falar rapidamente, recapitulando os eventos da missão:
— Bom, encontramos o Clópe no local designado. Ele já havia começado o processo de canibalismo com as vítimas. Conseguimos intervir antes que ele causasse mais estragos, e o derrotamos, graças à intervenção de Felipe...
Kaisen, o supervisor de Felipe e Eni, levantou a mão, interrompendo Eni.
— Devagar, Eni. Precisamos de um relatório detalhado e claro. Não podemos perder nenhuma informação importante — disse Kaisen, com seu tom autoritário habitual.
Eni suspirou, assentindo, e olhou para Felipe, sinalizando que era a vez dele.
Felipe, ansioso para contar sua parte da história, começou a relatar os eventos rapidamente:
— Então, eu me levantei depois de ser derrubado pelo Clópe. Estava com aquela aura verde e dei uma bela surra nele. Usei a pistola e...
— Calma, Felipe. Preciso entender exatamente o que aconteceu, sem detalhes apressados — interrompeu Kaisen, franzindo a testa.
Felipe parou por um momento, respirando fundo antes de continuar, desta vez mais devagar.
Nesse momento, Tatsuya entrou na sala, fazendo uma rápida reverência para Kaisen. Ele parecia estar com pressa.
— Kaisen, preciso falar contigo sobre aquele outro caso — disse Tatsuya em voz baixa.
Kaisen assentiu, inclinando a cabeça em direção à porta, indicando que Tatsuya deveria segui-lo. Antes de sair, Tatsuya lançou um olhar curioso para Felipe e Eni, como se quisesse ouvir mais sobre a missão.
Felipe e Eni aproveitaram o intervalo para conversar em voz baixa, discutindo pequenos detalhes que poderiam ter sido esquecidos no relatório. Alguns minutos depois, Kaisen retornou, acompanhado de uma mulher alta, com cabelos castanhos ondulados e um sorriso caloroso.
— Felipe, quero que conheça a senhora Aiko. Ela será sua mãe adotiva. Você terá uma casa para dormir e viver confortavelmente — anunciou Kaisen, com um sorriso satisfeito.
A senhora Aiko, que era a mãe de Tatsuya, aproximou-se de Felipe com um olhar afetuoso.
— Vou cuidar muito bem de você, meu novo bebê — disse Aiko, dando-lhe um abraço caloroso e animado.
Felipe ficou surpreso, sem saber exatamente como reagir à notícia. Olhou para Eni, que sorriu e deu-lhe um sinal de encorajamento.
Naquele momento, a porta se abriu e Tatsuya entrou, com uma expressão de surpresa no rosto ao ouvir as palavras de Kaisen.
— O quê? — exclamou Tatsuya, olhando para sua mãe e para Felipe.
Todos riram da surpresa de Tatsuya, enquanto ele tentava processar a ideia de Felipe se tornar parte de sua família.
Mais tarde, Tatsuya estava andando pelos corredores da agência com passos pesados, claramente frustrado. Ele entrou no escritório de Kaisen, batendo a porta atrás de si.
— Por que o Felipe tem que ser parte da minha família agora? Isso não faz sentido! — reclamou Tatsuya, cruzando os braços e olhando diretamente para Kaisen.
Kaisen, que estava sentado atrás de sua mesa, observou Tatsuya por um momento antes de responder. Seu tom era calmo, mas firme.
— Tatsuya, Felipe é um rapaz que precisa de um lar e de apoio. Sua mãe é uma pessoa incrível, e sei que ela pode oferecer isso a ele. Além disso, ele já faz parte do nosso time, não é tão diferente de ser parte da sua família — explicou Kaisen, mantendo a paciência.
Tatsuya bufou, ainda contrariado.
— Mas por que justo na minha família?
Kaisen levantou-se, caminhando até Tatsuya e colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
— Às vezes, a vida nos surpreende com novas responsabilidades e laços. Isso é uma chance de aprendermos e crescermos juntos. Agora, pare de reclamar e vá para a escola. Você tem coisas importantes para aprender lá também.
Relutante, Tatsuya assentiu e saiu do escritório, embora ainda não estivesse completamente convencido.
Enquanto isso, Felipe estava escutando a discussão do lado de fora, oculto em um canto do corredor. As palavras "família" o fizeram lembrar de Marie, uma figura maternal que sempre se preocupou com ele. A lembrança aqueceu seu coração, mas também trouxe preocupação.
Perdido em seus pensamentos, ele foi surpreendido por uma voz familiar.
— É falta de respeito bisbilhotar os outros, sabia? — Eni estava parada ao lado dele, um sorriso travesso no rosto.
Felipe, pegando-se no flagra, ficou comicamente irritado e virou-se para Eni.
— O que você está fazendo aí? — perguntou Felipe, tentando soar indignado, mas não conseguindo esconder o tom humorado em sua voz.
Eni deu uma risadinha, sabendo que o pegara de surpresa. Ela estava usando apenas uma camisa transparente e uma calcinha, algo que Felipe notou, mas tentou ignorar.
— Só queria ver a cara do espião sendo pego em flagrante — provocou Eni, piscando para ele.
Felipe revirou os olhos, mas não pôde evitar sorrir. Estar entre amigos e fazer parte de uma nova família era algo que ele ainda estava aprendendo a valorizar. O calor e a camaradagem desses momentos faziam-no sentir que, finalmente, ele estava começando a encontrar seu lugar.

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