- Sr. Solaram ? - Henry o chama ao bater à porta e logo depois entra.
- Sim, venha. - Octavian o chama, mas continua com sua atenção nos documentos que estava revisando.
- Trouxe o chá que pediu. - ele põe a xícara sobre a mesa do seu escritório, em frente a Octavian.
- Ah, sim. Obrigado! - Octavian agradece rapidamente e logo volta sua atenção para o que estava fazendo.
- Com licença. - Henry acena com a cabeça e segue em direção a saída.
Após alguns minutos, Octavian faz uma pequena pausa e se acomoda melhor na cadeira, em seguida pega a xícara e bebe um pouco do chá, que já estava começando a ficar frio.
Ao engolir o líquido, uma sensação de queimação, seguida por uma sede extrema se espalha por sua garganta. Octavian se assusta e olha para a xícara, que acaba caindo da sua mão e molhando os papéis sobre sua mesa. Ele se levanta com dificuldade, sentindo seu corpo formigar e sua boca se enche de saliva.
- K-Krodo... - Octavian murmura, tentando chamá-lo, mas acaba perdendo a força em suas pernas, o que o obriga a de apoiar na mesa.
- Sr. Solaram ? - Henry o chama ao entrar em seu escritório e tranca a porta logo atrás dele.
- Sa-saia! - Octavian tenta gritar e impedir que ele se aproxime, mas sua voz falha.
Henry o ignora e começa a se aproximar devagar, mas para de repente e tira uma pequena faca de trás das costas.
- Sinto muito por isso, Sr. Solaram. - ele fala em um tom tristonho e com uma expressão de culpa em seu rosto. Em seguida, usa a faca para cortar sua mão e a estende para frente.
- Por favor, beba!
Octavian observa tudo atônito, tentando ao máximo se manter são e evitar uma catástrofe, mas seu instinto o diz para beber tudo até deixá-lo seco. Afinal de contas, era um monstro sem escrúpulos que se alimentava de sangue para continuar vivo.
- Não... não posso! - ele murmura para si mesmo e fecha os olhos, mas o cheiro do sangue invade suas narinas e seu corpo se excita. Octavian começa a ficar ofegante e a dor se torna cada vez mais forte, ao ponto de fazê-lo tremer.
- Você pode beber tudo, eu não me importo... - Henry insiste e se aproxima mais um pouco. No mesmo instante, a razão deixa a mente de Octavian, o fazendo avançar sobre ele, o jogando contra a parede.
Henry se assusta, no entanto, se mantém em silêncio, disposto a aceitar que aquele seria o seu fim. Octavian o segura pelos ombros e abre sua boca, mostrando suas presas afiadas, pronto para mordê-lo, mas ao ver as lágrimas que brotam dos seus olhos de forma repentina e a sua falha tentativa em esconder o choro, acaba se afastando. O que dá tempo o suficiente para que Krodo o empurre para longe.
- Vá! agora! - ele grita novamente e luta para manter Octavian longe do seu sangue. Henry se assusta com os barulho da luta e segue apressado em direção a saída, esbarrando em alguns móveis.
- Porra, me solte! - Octavian esbraveja e tenta se soltar, mas Krodo consegue domina-lo e quebra seu pescoço. Aquilo não o mataria, só o deixaria inconsciente por algum tempo.
- Porra, que bagunça... - ele resmunga e arrasta seu corpo para perto da mesa, o acomodando no canto. Logo depois vai atrás de Henry e ao sair do escritório, o vê sentado no chão, próximo a porta, aos prantos.
- E-ele está bem ? E-eu sinto muito! - Henry murmura entre o choro ao ouvir seus passos pesados.
- O que diabos você fez ? - Krodo o agarra pelo braço e o puxa para perto do seu corpo. Queria mata-lo ali mesmo.
- E-eu não queria. Eu juro!
- O que você deu ao Sr. Solaram ?
- Eu não sei, só me pediram para dar a ele...
- Quem pediu ? O Sr. Demetrius ?
- Não posso dizer... eles vão matar o meu avô! - Henry grita e tenta se soltar. Mesmo arrependido, não poderia pôr em risco a vida da única família que conhecia.
- Idiota, eles enganaram você! Seu avô está morto! - Krodo fala furioso e o segura com mais força. Ao ouvir suas palavras, Henry fica em silêncio, atônito com a notícia.
- Ele... morreu ? - sua voz quase imperceptível sussurra, mas logo um sorriso doloroso aparece em seu rosto. Havia machucado um homem inocente atoa. Era mesmo um idiota.
- Então eu finalmente estou sozinho, não é ? - Henry sorri mais uma vez e sua expressão ganha um ar de derrota. Krodo franze o cenho e sente compaixão por aquela pobre criatura, foi apenas um peão naquele jogo. Dois dias depois.
Octavian abre seus olhos devagar e olha ao redor, ainda um pouco confuso, ele pisca algumas vezes, tentando focar sua visão em alguma coisa e logo percebe que está no subsolo da mansão, em um local que construiu para si mesmo caso perdesse o controle algum dia.
Octavian tenta se levantar, mas seu corpo está acorrentado a cama, ele deixa um longo suspiro sair e fica feliz que aquilo tenha funcionado.
- Krodo ? - Octavian o chama.
- Senhor ? - Krodo aparece de repente e o encara surpreso e ao mesmo tempo preocupado.
- Tire essas correntes, por favor.
- Sim, senhor! - Krodo se apressa e o liberta daquelas correntes. Octavian se senta na cama e seu servo rapidamente nota que ele está fraco e faminto.
- Krodo, onde ele está ? - Octavian o questiona em um tom frio e o encara com um olhar distante, quase decepcionado.
- Preso. Estava esperando que acordasse para decidir o que fazer com ele.
- O que mais eu poderia fazer com um traidor além de mata-lo ? - ele sorri com uma expressão cruel em seu rosto e se levanta.
- Você pode ir, vou resolver isso sozinho. - Levante-se. - Octavian ordena ao vê-lo encolhido no canto da cela.
- Sr. Solaram ? - Henry murmura e ergue a cabeça. Em seguida rasteja na direção de onde havia ouvido sua voz e estende sua mão direita, procurando pelo seu corpo.
Ao encontra-lo, Henry se agarra a sua roupa e as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto. Ele parece fraco e seus olhos estão inchados, além do corpo trêmulo, que denúncia sua ansiedade.
- Sr. Solaram... por favor me perdoe! E-eu não queria te machucar, eu só... - ele murmura entre o choro e chega a soluçar. Era visível o seu desespero e arrependimento.
- Eu fui um tolo... pensei que poderia proteger o meu avô... - Henry ergue sua cabeça e tenta segurar o choro.
- M-me desculpe... - ele murmura novamente entre o choro. Octavian observa tudo em silêncio e sua ira cresce a cada palavra dita por Henry.
- Como ousa... - ele o agarra pela camisa e ergue sua outra mão, pronto para golpea-lo, mas ao ver o seu rosto choroso, desiste. Como poderia bater em alguém que parece tão frágil e arrependido ? Além disso, Octavian sabia que Henry havia sido enviado para sua casa com segundas intenções e mesmo assim deixou que ele fizesse parte da sua vida. Não pode culpar uma cobra por ter morder, depois de ter mexido nela.
- Porra... - Octavian murmura e o puxa para cima de repente, logo depois o agarra pela nuca e o beija. Henry fica desnorteado, mas tenta seguir o seu ritmo.
- Se não quer se machucar, precisa me afastar agora... - ele sussurra ofegante e excitado. Naquela altura era inegável que sentia desejo por aquele humano.
- Sr. Solaram... - Henry murmura e se agarra a sua roupa, seu rosto ganha um leve tom avermelhado e ele parece impaciente.
- E-eu quero fazer isso. - ele usa sua mão esquerda para acariciar o rosto de Octavian e ao chegar até sua boca, aproxima o rosto devagar, lhe dando um beijo rápido e inocente.
O vampiro contrai sua mandíbula e o agarra pela cintura de repente, mantendo seu corpo próximo ao dele.
Octavian, um vampiro centenário e de uma das famílias mais influentes no meio político da sociedade vampirica, se recusa a beber sangue humano após um incidente do seu passado que o deixou traumatizado.
Indignado com seu estilo de vida, que vai contra tudo o que acredita, seu pai e criador, manda Henry para sua casa. Um jovem cego e doce, criado no viveiro junto com os outros serviçais e fiel aos ensinamentos de que os humanos devem servir aos vampiros.
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