Após deixarem a casa de Kemiro, Mandipha e seus atendentes estão retornando para sua casa no território L1, abordo do jato particular da Casa Hauveron.
— Algipha, por que você está sendo tão insistente? — Indaga Mandipha, suspirando.
— Vocês dois sumiram para um lugar que ninguém consegue acessar, e após voltarem, vocês estão agindo tão intimamente. O que você esperava?
Embora Alber e Almer estejam sentados à distância, conseguindo ouvir a conversa, já que também estão interessados no tópico, ambos não intervêm, apenas em silêncio. Mas eles não têm status suficiente para questionar sua Sacerdotisa, que possui status superior ao do líder da família Hauveron. Isso também se aplica para Algipha, porém, como irmã mais velha, ela não liga.
— Eu já te disse, mas você se recusa a acreditar. Nós passamos todo esse tempo conversando.
— E por qual razão você não quer revelar sobre o que vocês conversaram? Isso que eu não consigo entender.
Mandipha massageia entre suas sobrancelhas, pois não sabe como responder, já que para ganhar cem por cento da confiança de Kemiro, ela fez um juramento em Nome da Hein’Ra, o maior grau de jura que um indivíduo pode fazer, seguido apenas pelo Pacto da Alma, que, embora mais brando, não é menos perigoso por lidar diretamente com a Alma.
Eu entendo que ela está preocupada, mas, em tudo que se trata de mim, minha irmã acaba ficando emocional, perdendo muito de seu discernimento. Bem, sua total lealdade a mim é um de seus pontos mais fofos.
Olhando nos olhos de Algipha, Mandipha diz:
— Eu escolhi você como minha Guardiã e Confidente. Você realmente acha que eu não estou dizendo nada sem razão? Eu preciso que você seja mais perspicaz.
Percebendo o olhar sério e as nuances em suas palavras, Algipha fica em silêncio, apenas observando Mandipha.
Ela está certa. Mandipha nunca escondeu nada de mim. Ela não tem razão de esconder nada. Minha vida pertence a ela. Se ela não está dizendo nada por vontade própria, isto reduz as possibilidades. — Algipha reflete, então pergunta com um olhar frio:
— Kemiro fez algo com você?
Ouvindo a questão, ambos Alber e Almer olham para as duas. Percebendo a expressão séria de todos, Mandipha sorri respondendo:
— Não. Foi escolha minha.
Sua resposta faz Algipha franzir suas sobrancelhas. Ela rapidamente chega a uma conclusão dizendo:
— Claro! Você fez um juramento. Mas, por que você não está dando nenhuma pista? Kemiro foi tão estrito nas condições…
Percebendo algo, Algipha olha incrédula para Mandipha, apenas para notar que Mandipha possui um sorriso orgulhoso.
— Você jurou em Nome da Hein’Ra!
Ouvindo isso, Alber e Almer possuem expressões de espanto.
Sorrindo da expressão do trio, Mandipha fecha seus olhos dizendo:
— Foi necessário para ganhar sua confiança.
— Necessário? Mandipha, você perdeu sua cabeça? — Algipha levanta-se exaltada. Mas antes que pudesse continuar, Mandipha diz com firmeza:
— Sua Qualidade é maior do que vocês conseguiriam imaginar! Foi um preço justo a pagar.
O trio possui expressões graves, pois, conhecendo Mandipha, eles sabem que ela não é alguém para dizer palavras vãs. Ainda mais sendo uma Sacerdotisa e descendente direta da Casas Hauveron. Para ela, elogiar alguém desta maneira é algo a se levar a sério.
Pelo visto, a capacidade de Kemiro em esconder segredos é uma de suas habilidades mais notáveis. Nós não sabíamos nada sobre ele. — Reflete Alber.
Sem palavras para reagir, em como Mandipha exalta a Qualidade de Kemiro, Algipha se senta em silêncio. Manidpha explica, suspirando:
— Para melhor ou pior, nós temos uma grande vantagem contra a Casa Boronéa. Porém, Kemiro poderá brilhar apenas se ele conseguir quebrar as correntes que o prendem à sua Casa. Até lá, ele é apenas uma pedra preciosa submersa em lama, no fundo, de um lago.
O trio consegue entender claramente que, para Mandipha, Kemiro é uma peça fundamental a ser adquirida. Com uma sincronia programada, o trio se ajoelha perante Mandipha, onde Algipha indaga com solenidade:
— Qual é seu plano, Sacerdotisa?
— Tenham em mente que, durante seu Direito à Conquista, Kemiro terá meu total suporte! Entretanto, a única incógnita será meu avô. Agora, onde a Casa Boronéa falhou em reconhecer a Qualidade de Kemiro, nossa Casa se tornará a fundação inabalável que permitirá Kemiro ascender mais alto do que qualquer outro!
— Sim! — As palavras de Mandipha surpreendem o trio, mas eles respondem sem hesitação.
Mandipha percebe que seu tio Alber está inquieto, devido ao movimento inquieto de suas orelhas. Ela questiona:
— Você está descontente com algo, Alber? Não se contenha e se expresse.
Mesmo dizendo isso, Alber consegue sentir que Mandipha está lhe observando como se seus olhos conseguissem atravessá-lo.
— Eu não me atrevo a ir contra suas palavras. — Alber faz uma pausa, sentindo-se frustrado, mas reunindo sua coragem, ele diz. — Mas, eu temo que, caso a Sacerdotisa venha a interferir no Direito à Conquista, isso causará insatisfações entre os membros de nossa Casa.
Tanto Algipha e Almer reconhecem os sentimentos por trás das palavras de Alber, mas eles não se manifestam. O trio ouve Mandipha rir, dizendo:
— Quanto a isso, nenhum de vocês precisa se preocupar. Naturalmente, eu me recuso a me casar com alguém fraco. Meu suporte, na verdade, favorece a todos vocês. — O trio fica confuso, mas continuam em silêncio. Mandipha continua. — Na verdade, este é um ponto que Kemiro aceitou de muito bom grado, então, é melhor vocês se prepararem, ou nenhum de vocês conseguirá ter qualquer chance de se divertir e serão derrotados imediatamente.
Espantados, o trio levanta suas cabeças, mas eles têm um sobressalto ao perceber que os olhos de Mandipha brilham com uma luz etérea. Sua presença no momento faz o trio sentir temor, sentindo-se na presença de um ser superior.
— Se vocês tiverem dúvidas. — Mandipha pega seu colar na mão dizendo. — Este é um colar presenteado por Kemiro. Um artefato com consciência.
O trio expressa surpresa, com Almer arfando, por ser a primeira vez que vê de perto tal tipo de artefato.
— E pensar que, neste curto período de tempo, ele conseguiu preparar um dote como esse. Será que ele recebeu ajuda de sua família? — Comenta Algipha.
Balançando sua cabeça, Mandipha a corrigi:
— Você está enganada. Kemiro criou este artefato comigo, ele fez os retoques finais para se adequar como um presente exclusivo para mim. Ele me prometeu criar outro artefato especialmente para ser o dote.
Algipha morde seu lábio inferior com emoções complexas. Alber gargalha, exclamando:
— Eu sabia que Kemiro era alguém interessante, mas para oferecer artefatos desta maneira, mais uma vez, ele superou minhas expectativas.
Mandipha sorri satisfeita, então comenta:
— Eu defini que ele é alguém digno, então, eu espero que vocês possam me dar seu apoio em suportá-lo.
Compreendendo as nuances nas palavras de Manidpha, todos respondem:
— Sim!
Enquanto todos estão em silêncio:
— AAAAAHH!
— O que foi Algipha? — Indaga Mandipha, surpresa com o grito de sua irmã, que pega todos de surpresa.
— Ele não me respondeu qual é o nome da Arte Marcial que ele pratica!
Todos trocam olhares surpresos com o detalhe que esqueceram.
PFFFF!
Mandipha e Alber começam a rir sem reservas. Almer sorri timidamente, enquanto Algipha sente-se frustrada, exclamando com uma expressão determinada:
— Não pense que se safará da próxima vez que nos encontrarmos!
Seu comentário apenas serve como combustível para todos rirem ainda mais.
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