Quando Amira e Kemiro atravessam o portal, os cristais desaparecem de Kirianna, que continua a observá-lo, refletindo:
Parece que minha preocupação de Amira estar solitária finalmente pode diminuir. Ela parece mais feliz desde que conheceu Kemiro.
Mesmo feliz pelo progresso de Amira, Kirianna sente seu coração entristecer, um sentimento complicado que apenas a faz suspirar.
— Aannh♥!
Kirianna tem um sobressalto com um gemido doce emitido atrás dela.
Ela volta sua atenção para Daliah, que está inquieta cruzando suas pernas, enquanto usa sua longa língua para lamber o restante de sangue no fundo da taça.
Seu rosto, até suas orelhas, estão vermelhos. A cada respiração, ela exala um ar condensado.
— L- Liah? — Já que estão sozinhas, Kirianna chama Daliah por seu apelido.
Lambendo todo o sangue da taça, Daliah também lambe seus lábios e dedos com destreza. Ela possui um olhar enamorado e respiração errática, dizendo:
— O que eu faço, Anna? Eu vou ter que punir Amira por esconder uma preza tão deliciosa, só para ela. Como ela se atreve a ser tão egoísta. Aannh! Eu estou tão orgulhosa. Mas eu quero tanto puni-la!
Acostumada com tal visão, Kirianna suspira, indagando:
— Foi tão gostoso assim, o sangue de Kemiro?
Fechando os olhos, se inclinando para trás em sua cadeira, ainda degustando o sabor que ainda existe em sua língua, Daliah comenta:
— Sim. Sim! Seu sangue é o mais puro que degustei em décadas! É impossível nascer com um sangue tão puro. Tal pureza só pode ser cultivada. Eu tenho certeza de que ele refinou seu corpo perfeitamente até o ranque 4.
Kirianna tem uma expressão de espanto, comentando:
— Isso explica em como ele conseguiu escapar da minha imobilização.
— Sim. Mas, não somente isso, tem algo a mais. Tem um sabor único. Algo que eu já provei antes. Na verdade, parece ser ainda melhor. Um sabor Divino…
A expressão de Kirianna vai de choque a um olhar frio, indagando:
— Você quer dizer, melhor do que o daquele bastardo?
Olhando para Kirianna, ao notar seu tom irritado, Daliah sorri, afirmando:
— Sim. É um sabor muito superior ao dele… do pai de Amira.
Após refletir em silêncio, Kirianna comenta:
— Mas isso não é estranho? Kemiro não possui a aura de alguém Iluminado, o que dirá do Caminho Divino.
— Sim. Ele está apenas no Patamar de Iniciado. Porém, seu corpo está mesclado com algo Divino. Disso, eu tenho certeza. Só posso imaginar que é devido ao seu Par Azarthine, ou sua Constituição. De qualquer maneira, se esta é apenas uma das razões, como ele comentou, eu me pergunto, o que mais minha filha descobriu que eu não consigo ver?
Notando a expressão interessada de Daliah, Kirianna diz:
— Bem, Kemiro afirmou que permitirá que a senhorita Amira revele o segredo para você, então é apenas uma questão de tempo até descobrir. Mas, eu estou curiosa pelo fato de ele não mencionar submetê-la a um juramento também.
Ajeitando sua posição, Daliah responde:
— Isso porque ele sabe que não é necessário.
— Como assim? — Kirianna indaga, com uma expressão confusa.
Olhando através da taça, agora limpa e cristalina, Daliah responde:
— Pense bem. Que benefícios eu teria em descobrir e revelar seus segredos? Pelo contrário, se os segredos de Kemiro forem revelados, Amira que sofrerá todos os malefícios. Seja lá o que ele está escondendo, a Casa Boronéa desconhece. Se o segredo for revelado, eles farão o possível para controlar Kemiro, assim, ele não poderá suportar Amira como tem feito até agora.
— Você realmente acredita que ele é capaz de manipular a própria família e conseguir esconder sua Herança até hoje? — Kirianna indaga, ainda com dificuldades de conceber tal ideia.
Sorrindo da expressão incrédula de Kirianna, Daliah comenta:
— Não é uma questão de acreditar. Quer seja, que ele tenha recebido ajuda de seu Par ou de Safix, é um fato que ele conseguiu esconder até hoje. Mas esse não é o ponto.
— E qual seria então?
— Agora, eu estou certa de que seu relacionamento com a Sacerdotisa da Casa Hauveron avançou depois de um ano, porque, de alguma maneira, ela conseguiu que ele revelasse seu segredo. Como ele mesmo admitiu que, até mesmo com Amira, a quem ele jura ter a maior estima, ele requisitou um pacto, ele deve ter feito o mesmo com a Sacerdotisa. Ainda mais, a Casa Hauveron possui uma cultura de poligamia comum entre aqueles em posição de liderança, então, Kemiro deve ter sugerido incluir Amira. Ele não perdeu a oportunidade de levantar o assunto para descobrir em como eu reagiria. Imagino que isso seja, por ele não saber quando teria a oportunidade de me encontrar novamente. — Daliah suspira. — Eu só posso sentir pena da incompetência da Casa Boronéa, por perder um indivíduo com uma Qualidade excepcional como Kemiro.
Notando certas insinuações entre as palavras de Daliah, Kirianna indaga:
— Da maneira que você está dizendo, parece que a Matriarca não é realmente contra a união da senhorita Amira e Kemiro?
Balançando sua cabeça com a provocação de Kirianna, Daliah responde:
— Como eu poderia controlar ainda mais a vida de minha filha? Já basta ela passar vinte e cinco anos de sua vida presa dentro de uma barreira. Se esse for o caminho que ela escolher, eu apenas posso suportá-la e me preparar para suprimir a Casa Boronéa de interferir.
— Você irá contra até mesmo uma Casa Pilar? — Kirianna questiona, mas possui um sorriso voraz.
— Uma Casa Pilar não é digna nem de ser mencionada. Se for necessário, eu vou passar por cima da barreira divina que protege o território da família Real. Se Kemiro é audaz o suficiente para professar matar Deuses por minha filha, o que eu não faria por ela, sendo sua mãe?
— Parece que o futuro, onde eu finalmente vou poder liberar meu selo, não está distante. — Kirianna comenta, com seu sorriso se alargando ainda mais.
— Sim. Eu também estou sentindo falta de uma batalha digna. — Após uma breve pausa, Daliah se virá para Kirianna ordenando. — Já faz anos desde que meu sangue ferveu tanto. Anna, tire sua roupa, você vai me ajudar a apagar este fogo que Kemiro ascendeu!
— Eh?
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