Octavian torce o pano para tirar o excesso de água e o desliza gentilmente sobre o antebraço de Henry, limpando seu corpo. À medida em que faz isso, observa envergonhado todas as marcas que havia deixado em seu corpo.
- Droga, agi como um animal... - ele murmura para si mesmo e continua limpando seu corpo.
- Sr. Solaram...? - Henry o chama com a voz fraca e está um pouco confuso.
- Ugh... meu corpo dói. - ele choraminga e tenta se levantar, mas Octavian o impede.
- Por favor, continue deitado. Estou limpando seu corpo.
- N-não, eu posso fazer isso!
- Shh, fique quieto. Fui eu quem fez esse desastre, então eu me encarrego da limpeza.
- Sim... - ele sussurra envergonhado e sente seu rosto ficar quente. Às vezes Octavian era estranhamente gentil.
- Ótimo, apenas relaxe. - Octavian sorri e continua a limpeza.
- Krodo! - Adelea o chama ao vê-lo passar apressado pelo corredor.
- Adelea... - ele abaixa a cabeça, escondendo seu rosto.
- Tem notícias do Henry ? Estou muito preocupada! - ela o questiona aflita e tenta se aproximar, mas Krodo recua.
- O Sr. Soloram está com ele. Tenho certeza de que Henry está bem.
- O que aconteceu ? Sei que tem algo errado!
- Não posso te dizer, são ordens do Sr. Solaram. Por favor, não pergunte mais.
- Krodo... - Adelea o segura pelo antebraço e o puxa para perto bruscamente. Ele se surpreende e gira o rosto em sua direção o encarando com os olhos arregalados.
- Cuide dele, entendeu ? - ela murmura enquanto o encara com um olhar determinado.
- Sim.
- Sr. Solaram. - Krodo fala ao entrar no escritório.
- Krodo, a quanto tempo está comigo ? - Octavian, que está parado em frente a janela do seu escritório, observando o jardim, o questiona de repente.
- Há muitos anos, senhor. Mais do que possa me lembrar. - Krodo responde rapidamente, apesar de estar confuso com aquela pergunta.
- É bom saber que não sou o único ruim com datas aqui. - ele ri e se vira, o encarando com um olhar extremamente tranquilo.
- Krodo, eu tenho um plano ousado em mente, que se falhar, ambos morreremos.
- E se funcionar ?
- Serei a criatura mais influente desta cidadela, e você poderá ser livre. - Octavian fala confiante e o observa atento, esperando para ver qual seria sua reação.
- Livre...? - Krodo murmura. Nunca havia cobiçado ser livre, estar ao lado do seu mestre e servi-lo como um cão fiel era tão natural, que parecia ser o único caminho a trilhar.
- Então, Krodo, o que me diz ?
- Se tudo sair como espera, posso ter o que quiser em troca ?
- Alguma vez o seu mestre já mentiu para você ? - Octavian ergue uma das suas sobrancelhas. Não queria ter sua palavra posta a prova daquela maneira.
- Então eu o seguirei até o fim dessa jornada. - Krodo concorda rapidamente e logo depois se curva. Continuaria sendo o seu cão fiel até que Octavian alcançasse seu objetivo.
Ao entrar no quarto, Octavian vê Henry na varanda, parado próximo ao parapeito. Ele está de olhos fechados e com um sorrisinho sereno em seus lábios, como se a brisa fria do final da tarde envolvesse seu corpo.
- Com fome ? - Octavian o questiona ao se aproximar. Henry se assusta e gira seu rosto para o lado.
- N-não... - ele responde envergonhado e um pouco assustado.
- Venha para dentro, precisamos conversar. - o vampiro segura sua mão direita e com a outra, arruma seu cabelo bagunçado pelo vento.
- C-certo! - Henry gira seu rosto para o lado, afastando o seu rosto e tentando esconder o seu rosto corado. Octavian sorri com sua reação e o guia para dentro, em seguida o ajuda a se sentar na cama.
- Ainda está com dor ? Deixei muitas marcas... - ele questiona enquanto desliza seu polegar sobre as marcas em sua nuca.
- Não, estou bem.
- Não precisa mentir, Henry. É nítido o quão desconfortável está, ou será que tudo isso é só medo de mim ? - Octavian o provoca e acaricia sua bochecha.
- Gostaria que me dissesse a verdade apenas uma vez. Estou cansado de fingir que acredito em tudo o que você diz. - ele agarra o seu rosto com força e o gira em sua direção.
- Ugh... Sr. Solaram, e-eu...- Henry hesita, não tinha mais desculpas ou motivos para continuar mentindo, mas não conseguia dizer a verdade.
- Sr. Solaram ? Me chame apenas de Octavian, como fez ontem a noite. - ele sussurra próximo ao seu ouvido. Henry se assusta e se encolhe.
- Como eu suspeitava, você realmente está com medo de mim. Mas não se preocupe, não vou fazer nada se disser o que preciso saber, entendeu ?
- S-sim! - ele murmura com dificuldade.
- Então me diga, quem mandou você drogar ? - Octavian solta seu rosto e fala em um tom mais gentil.
- O Sr. Demetrius. Ele me disse que estava com meu avô.
- E ameaçou matá-lo, não é ?
- Sim... - Henry murmura cabisbaixo.
- Ele te disse o que era aquela droga ?
- Não, eu só falei pessoalmente com o Mestre uma vez, alguns dias antes de vir para sua casa.
- E quais instruções recebeu ?
- Ele só me disse para vir até aqui e seduzi-lo, e que quando fosse o momento certo, Haldoc me daria a droga e me diria como usá-la.
- Só isso ? - Octavian ergue uma das suas sobrancelhas e ri. Aquele plano era tão idiota e previsivel, e mesmo assim, por pouco não teve sucesso.
- Sim! Eu juro!
- Tudo bem, eu acredito em você. - ele suspira e acaricia seu rosto.
- Agora que sabe toda a verdade, o que vai fazer comigo ? - Henry questiona ansioso, se Octavian o expulsasse, não teria para onde ir.
- Ainda não sei. - o vampiro o provoca, o deixando mais aflito.
- Octavian... por favor! Eu não tenho para onde ir! - Henry agarra sua mão e implora com uma expressão desesperada em seu rosto.
- Por que eu deveria deixar alguém que já me traiu continuar na minha casa ? Nada me garante que você não vai cometer o mesmo erro.
- E-eu entendo a sua desconfiança, mas por favor me deixe ficar. Farei qualquer coisa! - ele insiste e se aproxima. Estava disposto a tudo.
- Tem certeza ? Essas são palavras perigosas, ratinho... - Octavian segura seu queixo e se aproxima do seu rosto.
- Seu corpo está repleto de marcas e dolorido por minha causa. Não posso garantir que não vai mais se machucar.
- N-não importa! - Henry tenta parecer despreocupado, mas se sente realmente ansioso com suas palavras.
- Se você diz... - Octavian sorri e o beija.
- Fez o que eu mandei ? - Octavian o questiona e bebe um gole de chá, ainda sentia sua garganta seca.
- Sim, fiz como o senhor mandou.
- Ótimo, então logo vamos poder começar.
- Haldoc acha que o plano do seu mestre realmente saiu como o esperado, então logo o senhor deve notar alguma movimentação.
- Pegue, envie isso o quanto antes. - Octavian abre uma das gavetas na sua mesa e tira uma carta de dentro dela, a entregando a Krodo.
- Sim, senhor. - ele guarda a carta, mas continua parado próximo a mesa, parecendo aflito com algo.
- Algum problema ? - o vampiro ergue uma das suas sobrancelhas.
- Henry está bem ?
- Sim, ele está ótimo. - Octavian sorri e deixa um longo suspiro sair.
- Certo. Com licença. - Krodo acena com a cabeça e sai apressado.
- Parece que não sou o único enfeitiçado pelos seus encantos...
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