- Entendeu ? - Octavian o questiona ao terminar de explicar.
- Sim. - Henry responde confiante.
- Ótimo, então pegue isso. O encontrei na coleção de um colega. - ele lhe entrega um livro.
- Nossa… é pesado! - Henry sorri ao sentir o peso do objeto.
- É um livro antigo, por isso a escrita dele é um pouco diferente. Me avise se não conseguir entender.
- Sim, senhor. - ele acena com a cabeça e seu rosto ganha um leve tom avermelhado. Estava ansioso para começar sua leitura.
- Agora preciso ir, já é quase hora da minha viagem. - Octavian retira o relógio de dentro do bolso da frente do seu colete e confere as horas.
- Quanto tempo vai ficar fora ? - Henry questiona um pouco inseguro. Não queria ser um intrometido.
- Só alguns dias. Talvez uma semana.
- Entendo…. - ele segura o livro com força e se encolhe na cadeira. Não queria ficar sozinho.
- Krodo vai ficar aqui e cuidar de tudo, fale com ele se precisar de alguma coisa. - Octavian acaricia seus cabelos e sorri, um pouco feliz por vê-lo tão cabisbaixo com a sua partida.
- Certo…
Dois dias depois.
- Henry, tudo bem ? - Adelea o questiona ao notá-lo um pouco abatido. Ele parecia estranho desde que Octavian viajou.
- Sim, só não dormi muito bem noite passada. - Henry põe um sorriso em seu rosto e tenta parecer bem. Não queria deixá-la tão preocupada.
- Tem certeza ? Você pode descansar se quiser, não precisa me ajudar com os trabalhos da casa.
- Não, eu gosto de trabalhar. Me ajuda a pôr os pensamentos em ordem.
- Certo. - ela suspira e acaba deixando passar, sabia que não iria convencê-lo do contrário.
- Pode ir limpar o quarto do Sr. Solaram ? Tenho certeza de que conhece cada cantinho daquele cômodo! - Adelea brinca e ri ao vê-lo corar como um tomate.
- N-não é bem assim! - Henry balbucia nervoso.
- Se você diz! - ela dá de ombros e ri.
- Sério, você é tão…! - ele resmunga, mas acaba não terminando a frase. Estava envergonhado demais para isso.
- E-eu vou limpar lá em cima. - Henry se apressa e segue em direção as escadas do segundo andar.
- Não vá cheirar as roupas dele como algum tipo de amante psicopata, entendeu ? - Adelea fala um pouco alto e continua rindo. Nunca se cansava de brincar com ele.
Ao entrar no quarto, Henry é recebido pelo forte cheiro de Octavian, que estava impregnado por todo o local.
- É como se ainda estivesse aqui… - ele sussurra para si mesmo e suspira tristonho. Não podia negar que a ausência de Octavian estava afetando seu dia a dia.
- Bom, eu deveria me apressar e terminar logo ou Adelea não vai me deixar em paz. - Henry fala para si mesmo e logo começa a limpeza. Depois de alguns minutos, fazendo coisas simples como tirar o pó dos móveis, varrer o chão e garantir que o ambiente fique arejado, ele vai até seu closet para organizar as roupas limpas que haviam sido recolhidas mais cedo.
Henry abre as portas do antigo guarda roupa e o cheiro de Octavian invade suas narinas mais uma vez, o deixando um pouco desnorteado. Ele desliza a ponta dos dedos pelas peças, fazendo com que o cheiro fique ainda mais forte e nítido.
- Octavian… - Henry murmura e agarra uma manga de uma das camisas penduradas, ele aproxima seu rosto e respira fundo, levando todo aquele aroma para dentro dos seus pulmões.
Henry respira profundamente mais uma vez e segura a peça com mais força, logo algumas lágrimas começam a rolar pelo seu rosto, molhando o tecido. Se sentia sozinho sem Octavian, mesmo que ainda estivesse rodeado dos outros empregados e Krodo, não era a mesma coisa. Queria sentir o sutil toque do seu corpo frio e ouvir a sua voz profunda, que sempre o fazia sentir arrepios.
- Me sinto como um idio… hm ? - ele sussurra ao afastar a peça do seu nariz, mas deixa a frase inacabada ao sentir algo escorrendo pelos seus lábios. Henry desliza seus dedos sobre o líquido e fica confuso.
- O que… - Henry se questiona, mas repentinamente suas pernas perdem a força e ele acaba caindo no chão. Sua mente dava voltas e seu corpo parecia cansado, como se tivesse trabalhado no sol o dia todo.
Ele se encolhe próximo ao móvel, se apoiando nele, e tenta se manter consciente. Não queria preocupar ninguém.
- Octavian, no que está pensando ? Sua mente parecia distante durante toda a reunião. - Demetrius o questiona curioso.
- Não é nada, pai. Só me sinto um pouco cansado.
- Se está tão cansado, é melhor se recolher. Preciso que esteja bem para amanhã.
- Sim, farei isso. Com licença. - Octavian deixa o copo com Bourbon sobre a mesinha de centro e se levanta. Ele segue em direção ao seu quarto e ao entrar, deixa um longo suspiro sair, se sentia cansado depois de um dia tão agitado.
- Porra… malditos políticos! - ele resmunga e desliza os dedos entre os fios do seu cabelo, os jogando para trás. Todos ali mantinham um falso sorriso em seus rostos enquanto lutavam nas sombras para derrubar uns aos outros.
Octavian vai até o armário de bebidas e se serve com um pouco de uísque, ele pega o copo e está prestes a beber quando ouve alguém bater à porta.
- Quem é ? - ele questiona um pouco irritado.
- O Senhor Aldrich pediu para vê-lo. - a voz masculina responde do outro lado da porta. O vampiro encara a entrada por alguns instantes, surpreso e também um pouco desconfiado, mas decide abri-la.
- Onde ele está ? - Octavian questiona o empregado.
- Por favor, me siga. Eu o levarei até ele.
- Senhor, ele está aqui. - o empregado anuncia ao abrir a porta. Octavian entra e logo depois o homem a fecha, os deixando a sós.
- Octavian, é bom vê-lo! - o vampiro, que estava parado em frente a janela, se vira em sua direção e fala com um sorrisinho em seu rosto.
- Aldrich, não esperava por um convite seu.
- Imagine a minha surpresa ao ver um membro aposentado na reunião após tantas décadas. Não poderia perder a chance de falar a sós com um velho conhecido!
- Nós dois sabemos que a minha aposentadoria nunca foi levada a sério.
- É claro, depois de tudo, você é o herdeiro.
- Sim, é verdade. - Octavian acena com a cabeça e sorri. Todos ali nunca o deixariam esquecer da posição que ocupava, que para ele, mais parecia um fardo.
- Bom, sente-se. Temos muito o que conversar! - Aldrich fala com um sorrisinho em seu rosto e aponta para o assento próximo a ele.
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