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Lapso Paradoxal

Fuja do Passado (II)

Fuja do Passado (II)

Nov 05, 2024

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Mental Health Topics
  • •  Physical violence
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- AJUDEM, POR FAVOR! – Várias pessoas correram em direção da nossa mesa, eu não podia ficar ali, o portador iria me encontrar e fazer algo, eu aproveitei o aglomerado e tentei sair sem que percebessem, mas um dos seguranças, um homem negro com cabelos rasos e bem alto me segurou pelo braço de uma maneira bruta.

- Você tava com ele né? – Ele provavelmente devia ter nos visto, eu não tinha mesmo como sair dali, mas o melhor que eu poderia fazer era ficar do lado daquele segurança enquanto Marco seria levado para o hospital, eu não entendi como o portador conseguiu mexer em nossas bebidas, foi então que senti um frio na espinha, pensei que algum outro portador poderia estar ajudando-o, e isso já me fez tremer.

- Ele desmaiou do nada, deve ter sido a bebida, ele tomou e logo depois passou mal já! – Eu me sentia mal pelos funcionários do Starbucks, quando descobrissem do provável sonífero ou o que quer que seja na bebida, eles vão ser os culpados, mas eu não podia fazer nada, o alvo ali era eu e Marco, eu queria ajuda-lo, mas não sabia como naquele momento.

- A ambulância tá chegando, você é namorada dele? Precisa acompanha-lo até o hospital. – Acompanhá-lo até o hospital? Talvez isso fosse a chance de me manter segura. Não tem como o portador agir assim, no meio desse caos, mas se ele proporcionou tal estado, ele provavelmente já tinha o próximo movimento programado, então tentei pensar como ele. Originalmente, seu alvo era eu, ele pretendia me deixar desmaiada e atingir Marco? Ou ele queria isso e... Espera, ele queria que eu fosse colocada em uma ambulância? Eu já estava entendendo tudo, talvez Marco estivesse certo, recorrer a polícia seria o meu escudo, e não uma faca de dois gumes.

- Sim, sou! Pelo amor de Deus, vamos pro hospital. – Minutos depois a ambulância chegou na porta lateral direita do shopping, uma multidão toda se reuniu ao redor dos paramédicos que colocaram Marco em uma maca enquanto consultavam seus batimentos cardíacos e respiração, ele foi levado até a ambulância e eu me ofereci para acompanha-lo me passando como sua namorada. Ao entrar na ambulância, senti uma enorme dor em meu peito, eu tinha usado Marco para me proteger, era pra eu estar no lugar dele, mas, nessa situação, eu acabei nos salvando, porque se fosse eu em seu lugar estaria morta.

- Você é namorada dele né? Sabe se ele tem alguma doença ou se estava tomando algum remédio recentemente? Ele já desmaiou antes? – Enquanto a ambulância partiu direto para o hospital, do outro lado da maca onde Marco estava, uma enfermeira com cabelos negros longos começou a me questionar.

- N-não, ele nunca desmaiou antes, eu acredito mesmo que foi a bebida que ele tomou. – Se minhas suspeitas estivessem corretas, o portador iria fazer o seu último movimento do dia agora, e para ele, deveria ser o ato final.

- Ele parece que foi dopado, a polícia já está investigando o Starbucks, você se sente bem? Estava tomando a mesma bebida também né?

- Sim, eu me sinto bem, mas não acredito que tenham colocado algo, sabe, pode ser só um ataque de hipoglicemia... – No momento em que a mulher iria me fazer outra pergunta, a ambulância fez uma curva brusca mudando de direção, ela já não estava indo mais até o hospital.

- Mas que porra é essa Marcelo? – A suposta enfermeira foi até a grade que ficara no meio da ambulância questionar o motorista, foi quando percebi que a armadilha já estava armada. O motorista atirou com um revólver na cabeça da mulher através da grade, um tiro a queima roupa bem em sua testa, eu fiquei suja de sangue, seus miolos ficaram espalhados por toda ambulância e em cima de Marco, o branco do interior fora manchado por vermelho, eu fiquei sem reação, apenas em choque olhando o cadáver da enfermeira com um buraco enorme em sua cabeça, seus olhos arregalados e sua boca aberta me fizeram vomitar enquanto a ambulância acelerava cada vez mais, o portador estava dirigindo-a.

- Me entregue a chave e deixo você cair fora. Estou te dando essa escolha e não vou falar outra vez. – O homem em minha frente gritou enquanto dirigia na rodovia, ele estava querendo sair da cidade, depois de vomitar mais um pouco, limpei minha boca e recobrei minha consciência, tentei ver o rosto do homem, mas ele fechou a grade em forma retangular na minha frente.

- Eu não estou com a chave aqui! – Eu não podia dizer que estava com a chave, mas duvido que ele acreditaria, mas eu só precisava esperar mais um pouco.

- Não brinque comigo! Quer o mesmo fim dessa moça aí? Seu amigo também vai dançar. – A voz do homem era de alguém bem novo, parecia a voz de uma pessoa de vinte anos ou até menos, como ele conseguiu matar alguém a sangue frio assim?

- Antes de tudo, eu queria saber... - Encostei minha cabeça perto da grade para que ele pudesse ouvir minha voz. -  Quem são vocês, portadores?

- Quem somos nós? Somos pessoas que apenas querem salvar a porra do mundo! Você é uma assassina, não venha me julgar pelos meus atos, estou fazendo tudo isso pra salvar mais de 7 bilhões de pessoas, uma ou duas mortes são necessárias e inevitáveis, você é a maior ameaça da humanidade nesse momento. Quando ele nos visitou, nos disse tudo, que você tinha a chave e se ela não fosse destruída em noventa dias, o mundo iria ser dizimado, ele me ofereceu esse poder pra sempre, caso eu conseguisse pegar a chave por primeiro, ele escolheu dez pessoas e deve ter feito a mesma oferta, a primeira que conseguir a chave vai ter direito a ficar com seus poderes, mas temos uma regra, nenhum de nós pode se matar, o alvo é só você, Naiara, não tem como fugir, são dez pessoas como eu atrás de você, você será caçada dia e noite sem descanso, eu considero o meu poder um dos mais fracos, pelo que foi me dito, duvido que alguém vá querer cooperar comigo por isso tomei a iniciativa primeiro, eu não vou deixar que os outros cheguem, você vai me dar a porra da chave ou vou abrir vários buracos no seu corpo. – Agora eu havia entendido, eles não podiam cooperar, até podiam, mas só um deles podia ficar com seu ‘poder’ pra sempre, e a condição era tomar a chave de mim. Isso me deixou muito aliviada, eles não iriam me caçar ao mesmo tempo, mas mesmo assim, ele estava correto, como eu poderia lidar com tudo aquilo? Vitor... Quando pensei no futuro que me aguardava, me recompus e ouvi várias sirenes de polícia.

- Você chamou a polícia? Mas como é possível!? Coloquei um aparelho para bloquear sinais de celulares aí dentro. – O rapaz havia me subestimado. Antes mesmo de entrar na ambulância, eu já tinha ligado para a polícia e dito que eu seria sequestrada nessa ambulância, passei a placa para o policial que me atendeu e informei que ele pegaria a rodovia para o final da cidade, já que estávamos no shopping, se ele desviasse do hospital, só restaria esse caminho. Ele foi quem caiu na minha armadilha.

- Eu sinto muito, mas é melhor se render agora. – Fiquei com medo, mesmo com várias viaturas atrás da gente, ele poderia apenas parar a ambulância e me matar, e considerando que ele já fez as três viagens no tempo, ele não tinha como fugir daquela situação, ele seria preso e eu teria apoio da polícia, diria para eles que estou sendo perseguida por uma gangue, e assim, eu seria protegida. Parece que o plano do rapaz havia saído pela culatra.

- Hahahahahaha, você é mesmo boa, Naiara, você está mesmo lutando contra mim, isso é incrível! – Ele estava rindo, rindo de uma maneira bem insana, não entendi muito bem, mas ele devia estar desesperado, foi quando percebi que ele havia saído da estrada, eu não conseguia ver onde estávamos indo, mas parecíamos fora da pista.

- Eu não vou morrer, eu vou sobreviver, vou salvar meu namorado, vou derrotar todos vocês!

- Então tente sua vadia! – O rapaz abriu novamente o suporte no meio da ambulância e jogou um pedaço de papel, naquele momento, a ambulância foi freada repentinamente, eu fui jogada para frente dando de cara com a lataria, fazendo um pequeno racho em minha cabeça enquanto percebia que o veículo havia parado. Fiquei um pouco sonsa e quando percebi, o rapaz não estava mais lá na frente.

- Filho da puta... então ele não tinha feito as três viagens. – Peguei o bilhete que ele havia deixado e comecei a ler. “Você se mostrou esperta, mas não tem pra onde correr. Quero que entregue a chave nesse endereço: Rua Júlio Novaes, 342, até amanhã ao meio dia, caso não faça isso, eu não irei atrás de você, mas de sua família. Naiara, não dá pra fugir do nosso....passado.”

Kamihat3
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